Rapunzel - A História nunca Contada [HIATOS] escrita por Captain Butter


Capítulo 2
Chapter I - The Duchess of Thunder


Notas iniciais do capítulo

Bom, estive escrevendo este capítulo a tarde toda então... espero que gostem!
Neste capítulo falamos sobre Lilly, a personagem feita pela leitora Isaps11. :3

A tradução do título é A Duquesa dos Trovões



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Chapter I - The Duchess of Thunder

Lilly acordou com um estrondo, os fortes ventos diurnos haviam escancarado a sua janela de maneira tão brusca que por um triz não arrebentaram as dobradiças. A ruiva já devia ter se acostumado com aquilo, morava em Nyhx, uma cidade construída em andares no alto de montanhas a leste do país, os ventos por lá eram muito mais fortes do que em qualquer outro lugar num raio de quatro mil quilômetros.

Por um momento a garota simplesmente encarou o teto, com receio de levantar e ter que aturar mais um longo, cansativo e chato rotineiro dia, ela gostaria de poder fazer aquilo para sempre, ficar deitada lá, sem ter que se preocupar em nada, mas uma hora ou outro teria que se levantar.

Jogou sues pés para o lado ficando sentada na cama e encarou o espelho quebrado a sua frente, os cabelos estavam emaranhados e isso a deixava com uma aparência até que engraçada, sua pele, pálida como sempre, e os olhos... tão verdes quanto grama após uma chuva serena, a face ligeiramente redonda e o queixo fino.

Seu rosto seria quase perfeito se não fosse pela cicatriz que possuía em seu olho esquerdo, causada por um acidente de infância enquanto ainda aprendia a dominar os trovões, mas, na opinião dela própria aquilo a deixava ainda mais bonita, não que ligasse muito para que de fato estivesse bonita ou não, vaidade era uma coisa que com toda a certeza não se encaixa em Lilly.

Levantou-se e esticou os braços para cima, espreguiçando e estralando todos os ossos de seu corpo. Lilly gostava daquela sensação, se sentia mais disposta quando fazia aquilo. A garota andou em direção à janela, fechando-a mesmo sabendo que seria inútil e brevemente os ventos a escancarariam pela segunda vez.

A ruiva se despiu e foi em direção ao banheiro, um pequeno cômodo “dentro” de seu quarto que mal cabia uma banheira, e entrou na mesma, instantaneamente uma sensação imensa de relaxamento a invadiu, a água morna era um dos melhores remédios para o stress que a garota sentia, além de eliminar grande parte da dor nas costas por conta do maldito colchão duro. E ela sentia vontade de dormir novamente ali mesmo, apoiada nos joelhos, envolta por um cobertor molhado que emitia calma.

Mas sabia muito bem que não podia por ser um membro da família Becker. Estas eram uma das famílias mais respeitadas da cidade, eram conhecidos desde a fundação, todos os membros, geração por geração, já foram prefeitos ou tiveram algum cargo alto em questão política e ela seria a próxima, mas do fundo de seu coração, ela não queria, não queria mesmo fazer isso. Em sua opinião ela fora amaldiçoada por nascer naquela família, não podia fazer suas escolhas, era como se antes mesmo de estar no útero de sua mãe já possuísse um destino promissor completamente traçado, nos mínimos detalhes.

Ao sair da banheira e colocar suas roupas, o típico e apertado traje de couro negro, que realçava bastante seu busto, acompanhado com um curto casaco de lã, por conta do frio, ela foi em direção à cozinha. Mesmo sendo de uma família considerada classe alta, a garota vivia em uma casa humilde.

A cozinha também era outro cômodo apertado, sobrava-se pouco para mover-se entre a mesa, o balcão e os armários. Naquele momento era possível ver uma moça cozinhando algo num fogão à lenha, o cheiro de fato estava delicioso.

— Está fazendo sopa, Linna? – Lilly rapidamente reconheceu o cheiro, cenoura, nabo-selvagem e alguns dentes de alho.

— O seu preferido, senhora – respondeu a outra.

Linna era uma mulher de vinte e poucos anos que fora contratada por seu avô assim que perdeu uma aposta. Na época, obviamente, ela era mais nova e um tanto mais atraente, agora, devido ao grande esforço e horas sem dormir, tornara-se uma mulher com uma aparência velha. Seus cabelos negros lisos que escorriam como uma cachoeira por suas costas haviam começado a cair, olheira bem profundas marcavam seus olhos castanhos e de certa forma, Linna emanava uma “aura de cansaço” e isso tornava desconfortável ficar com a mesma por perto.

A empregada servia uma tigela para Lilly quando um homem corpulento entrou no cômodo discutindo de forma rápida com outro homem, este era mais velho.

—... Desde que as bruxas liberaram aquela praga o número de mortes tem crescido de maneira assustadora – o homem mais velho ia anotando suas palavras com uma pena e um pergaminho -, o governo está contratando os melhores curandeiros e feiticeiros do país para criarem um antídoto, até o momento os resultados são bastante positivos e logo teremos uma notícia para dar aos cidadãos. – ele finalizou.

— Muito obrigado pelas palavras, prefeito. O anúncio será dado à população logo após o término do horário de treinamento.

— Tem certeza que anotou tudo corretamente?

— Sim, senhor – o velho virou-se e saiu caminhando rapidamente.

O que ficara ali presente era Belnor, o pai de Lilly e atual prefeito da cidade. Desde algumas semanas atrás ele tem lidado com uma terrível decaída financeira nos cofres de ouro da cidade, como na morte da população devido a já dita praga. Ele encarava a ruiva de maneira curiosa.

— Já não deveria estar treinando? – Belnor se sentou a mesa.

— Desde quando se importa se estou atrasada ou não? – ela perguntou de maneira sarcástica.

— Desde agora, ande, termine logo esta sopa, sabe muito bem que Demetria ficará furiosa caso se atrase.

Lilly engoliu em uma só colherada o que restava da sopa, não pelo fato de que ela era aquele tipo de “garota exemplar”, mas sim porque não queria seu pai atormentando sua cabeça, o que, aliás, seria uma novidade. Geralmente, todas as manhãs, ele entrava na cozinha, se sentava e degustava o que quer que tivesse para comer, não conversava ou olhava para ninguém, após terminar a comida, simplesmente saia e rumava a Cúpula, seu local de trabalho.

Aquela atitude diferente teria com toda a certeza haver com outra notícia ruim, seu pai era aquele tipo de homem que guardava todas as notícias somente para si e tentava resolvê-las sozinho, só que, a certo ponto, sua cabeça ficava sobrecarregada e isso afetava de forma incrível em sua personalidade.

A garota agora caminhava pelas ruas de Nyhx, apertados e espremidos becos entupidos de gente. Ia em direção ao Estádio, onde diariamente treinava para aprimorar suas habilidades. Os Backer possuíam, desde os seus primórdios, o poder de controlar e conjurar trovões, assim como criar tempestades com estrondos e mexer com qualquer coisa que envolvesse eletricidade.

Lilly não era diferente. Porém sua maneira de dominação era bem mais elegante e poderoso, ela levava jeito, mais do que qualquer outro parente seu.

Estava se aproximando de uma gigantesca construção redonda, totalmente construída a base de pedra. Sua altura era de aproximados cinquenta metros e a estrutura estava completamente desgastada pelo tempo, sua base era construída com pilares de mármores esculpidos com milhões de detalhes.

Aquilo era seu destino. Os horários de treinamento naquele local eram divididos de acordo com a idade dos jovens, de dezessete a doze anos, em ordem decrescente, ou seja, os mais velhos treinavam pela manhã enquanto os mais novos pela noite.

Ela agora estava adentrando o prédio, de certa forma aquele não era um lugar mais estranho para ela, seis dias por semana, por todo o ano, por cinco anos, ela estivera presente ali. Suando, sangrando e até mesmo perdendo a consciência. Apesar de aquela atividade ser uma de suas prediletas, Lilly estava cansada daquilo, queria com todas as suas forças poder nunca mais voltar ali, poder nunca mais ver ninguém, poder ser livre, ela desejava que alguma coisa de diferente acontecesse naquele dia.

Em seu interior o chão era de argila seca e milhares e milhares de fileiras de assentos se dispunham numa plataforma um pouco mais acima da cabeça das pessoas no centro do Estádio.

Um grupo de adolescente, aproximadamente dezoito, por volta da mesma idade da ruiva, conversavam de maneira casual. Duas garotas e dois garotos.

— Ei, Lilly! – um deles havia notado a presença da menina, seus cabelos loiros, quase brancos, refletiam o sol tornando quase impossível encara-lo, os olhos amendoados eram enigmáticos, impossíveis de se ler, tornando improvável descobrir o que o garoto sentia, exibia um sorriso branco de dentes alinhados.

— Sebby! – Sebby, como já dito, era uma espécie de “ombro amigo” de Lilly, era para ele que ela contava tudo o que sentia e o que pensava, ambos eram bastante íntimos, embora a garota sempre desconfiasse que ele se aproveitasse da mesma, porém essa era mais uma mania da ruiva, não importava quem fosse, ela sempre tinha essa opinião.

— Chegando atrasada de novo? – desta vez quem falou foi Demetria, esta era a responsável pela organização das equipes em treinamento, ela exigia muito, tanto em questão de comportamento como em habilidades.

— Tive um imprevisto. – Lilly mentiu, não queria falar a ela que tivera preguiça.

— Da próxima vez que fizer isso de novo, pode ter certeza, seu pai será comunicado. – ela falou em um tom sério.

— Você deveria estar preocupada com as rugas que estão começando a aparecer em sua cara.

Todos riram, em exceção, claro, a Demetria, esta, mesmo sendo superior, tinha certo “pavor” da garota e simplesmente a ignorou o que acabara de ser dito, como se nada tivesse acontecido.

— Vamos começar logo com isso! – Demetria bateu palmas – Vocês aí – ela apontou para dezesseis dos jovens -, formem dois grupos e rumem ao campo atrás do Estádio, faremos uma batalha em grupos supervisionada pelo vice-líder. Lilly e Sebby, vocês fiquem aqui, batalharão entre si.

Aquilo não era uma novidade, quase todas as vezes que esse tipo de treinamento era requisitado, esses dois sempre ficavam de fora das atividades grupais, segundo a responsável, isso era por ordens de seu pai, que mandara explicitamente que Lilly treinasse com “alguém no mesmo nível que ela”.

Assim que todos os outros saíram, Lilly foi para o lado direito do Estádio, enquanto Sebby foi para o esquerdo, Demetria subira na plataforma com os assentos e observava lá de cima os dois.

— Preparem-se – ambos ficaram em posições de combate -, lutem!

Lilly partiu para cima, correndo numa velocidade espantosa enquanto Sebby permanecia no local. A ruiva concentrou energia em seu punho e desferiu um soco mirando no estômago do loiro, ele, mais rápido que a garota, desviou e também preparou um ataque em direção ao rosto da adversária, porém ela defendeu.

Usando suas habilidades com fogo, Sebby voltou suas mãos para frente e labaredas foram expelidas como línguas de fogo. Lilly, tornando a usar sua excelente agilidade, deu duas cambalhotas para trás e não foi acertada por um triz.

Concentrando novamente energia em suas mãos, a garota partiu para cima em outra tentativa, desta vez acertando-o bem no nariz, ele soltou um grito e levou as mãos no local do ferimento. Aproveitando a distração Lilly levantou os braços para o alto e deles saíram ondas de trovões em tons de azul, roxo e vermelho, tudo isso se fundiu em uma única, pequena e fluorescente esfera laranja.

Estendeu-a para frente e outra onda, dividida em difusos e múltiplos raios, acertou Sebby, deixando-o imobilizado no chão.

Nesse momento Demetria assoviou de forma aguda, indicando o fim da luta e pulou da plataforma para o chão. A ruiva correu em direção ao corpo solto no chão, Sebby desta vez já se mexia e exibia outro sorriso manchado de sangue, devido ao golpe recebido no nariz.

— Se superou, ruivinha – ele iria aceitar a mão que Lilly oferecera para ajudar-lhe a se levantar, porém foram surpreendidos por um tremor.

Algo incrivelmente potente, devastador, forte o suficiente para destruir a construção que estavam presentes... e foi isso que ele causou. O Estádio, que naturalmente ia caindo aos pedaços com o tempo, agora desmoronava com rapidez assustadora, as paredes milenares, os pilares de mármore com milhões de detalhes, tudo caía sucessivamente enquanto a argila seca a seus pés rachava.

— Lilly! Lilly! – Sebby e Demetria gritava de forma desesperada o nome da garota fascinada pela destruição. – Vamos! Precisamos sair daqui!

Os cabelos castanhos de Demetria estavam grudados a sua testa por conta do suor, enquanto o loiro estava com metade do rosto coberto por sangue. Eles correram o mais rápido que podiam até a saída, mas era tarde.

Destroços já haviam coberto a única passagem para o mundo do lado de fora daquela prisão de escombros. Espantados, foram em direção à plataforma, tentaram subir pelas escadas, porém estas estavam bloqueadas, então, de maneira irada, pulavam tentando agarrarem-se nas bordas. Para a Lilly e Sebby era fácil, seus 1,70 de altura contribuíram bastante para isso, porém Demetria, que era mais baixa, necessitou da ajuda de ambos.

Entre tropeços subiram velozmente os assentos rumo às pilastras mais altas, entre o vão de uma e outra, haviam aberturas onde facilmente podiam passar, mas o problema era outro. Ao chegarem lá em cima olharam ao se redor, a cidade de Nyhx estava inteiramente soterrada em pedaços de suas próprias construções.

Gritos de pavor e pedidos de socorro eram ouvidos por todos os lados, crianças, idosos, todos enterrados em pedra, terra e desespero. Era horrível a cena, como uma fenômeno natural, podia acabar destruindo em segundos o que fora levantado em séculos!

Todos olharam para baixo e ficaram, de certa maneira, mais assustados do que já estavam.

— Se pularmos daqui vamos acabar morrendo! – berrou Sebby. E de fato ele tinha razão, a altura do Estádio até o chão era gigantesca, qualquer ser humano que pulasse dali com toda a certeza morreria.

Mas era tarde demais para pensar nisso, o mármore a seus pés começou a ceder, rachaduras surgiram e antes mesmo que percebessem, os três estavam a cair, rumo a morte. A última coisa que Lilly viu antes de perder a consciência foi uma torre, cercada por um solo podre e escuridão.

"E num piscar de olhos, toda a luz havia sido engolida..."


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Notas finais do capítulo

Como já disse, espero que tenham gostado e que esse não tenha ficado confuso (na minha opinião, achei que ficou). Sei muito bem que cenas de luta não são meu forte, mas bem, deem um desconto.
Qualquer erro que vocês virem, por favor, me avisem!
E não se esqueçam de deixar seus comentários falando o que acharam desse capítulo!



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