Rapunzel - A História nunca Contada [HIATOS] escrita por Captain Butter


Capítulo 13
Chapter XII - The Latest Tips


Notas iniciais do capítulo

*desvia de murros, socos, voadoras e paranauês*
Oi, gente! Quanto tempo!! Mentira, faz só duas semanas (ele ainda tem coragem de dizer "só" duas semanas). Pois é, pois é, parece que sempre tem alguma praga tentando me impedir de postar o capítulo, mas vamos às explicações :3 :D
— Em primeiro lugar quero que relevem o fato de que posso estar SIM de férias, mas digamos que bateu aquela preguicinha básica e... é, da pra imaginar o resto >.<!
— Já havia escrito metade desse capítulo semana passada, porém ,entretanto, no entanto, todavia, acabei não gostando do que digitei e apaguei tudo, no fim das contas, dá pra ter certeza que não deu tempo de escrever nem um terço daquilo que foi apagado (principalmente sendo essa anta aqui, néh?! :v)!
Well, hoje é o aniversário de três meses da fic (sim, eu sou desses que comemora aniversário de fic's U.U, me julguem!), sendo assim, trouxe esse capítulo lindão (pelo menos espero que esteja assim) com mais de 5.000 palavras! E queria agradecer a cada pessoinha que comentou, mesmo que seja para um simples "oi", recomendou, favoritou e dedicou um pouquinho de seu tempo para ler essa comédia que eu chamo de escrita, thanks por me motivarem a produzir essa fiction até a data atual! :3 *3* *O*
Com esse capítulo, nós encerramos a Parte I da fiction! (pera aê, para TUDO! como assim parte I?). Bom, a vocês que não sabem (todo mundo, autor anta), a fiction será dividida em partes (III, no total), como vocês saberão em qual parte nos encontramos atualmente? Eu vou avisar aqui nas notas iniciais quando uma finalizar e outra começar, além de ter a frase geral de cada parte, que fica na sinopse (foi acrescentada a poucas semanas), sei que vão ficar com preguiça de ir lá, mas vou deixar aqui mesmo: (ô raiva de não ter como colocar texto centralizado nas notas ¬.¬)

Parte I - Assim como Neve
"Sobre o céu nublado e o chão calcado de escarlate
vi-me caindo sobre a completa escuridão abissal
Assim como neve despencando ao chão...
sem esperança, nem fervor..."

É basicamente isso que coloquei no Word :v (e sim, a frase saiu da minha cachola)

Ahsaushasuhasua, acho que é só!

(é, dessa vez não tenho nenhuma recomendação de música não :v ashaushaushausah)

A tradução do título: As Últimas Pontas.



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Chapter XII - The Latest Tips

Bam... bam...

As batidas incessantes vinham de uma direção desconhecida, provocando um tremor e jogando minúsculas pedrinhas e poeira sobre os olhos de Tymor. O barulho aumentava rapidamente enquanto os segundos passavam, ecoando cada vez mais no interior de sua cabeça e nas paredes da caverna.

De início, não se assustara, pensando que o estrondo não passara de um potente rugido de um gohul selvagem. No entanto, conforme os flocos acumulados em cavidades pedrosas na parte exterior na caverna iam caindo, seu coração se acelerou. Levantou-se, respirando a umidade e analisando atentamente o local escuro com os olhos azuis propriamente adaptados há pouca luz. Uma ligeira névoa poeirenta começara a passear pelo chão, seus grãos saltando cada vez que um impacto era sentido, fazendo a área irregular tremer.

— Tymor! – a voz ricocheteou pelas paredes, um sinônimo de alerta costurado a cada sílaba conforme as retumbadas eram provocadas, arranhando o campo auditivo do garoto.

Apesar de ser uma única palavra, Tymor entendeu o aviso de Gray e avançou pelo túnel estreito, tendo que se apertar um pouco para a passagem, atrapalhando-se um pouco conforme os pés se moviam rapidamente. Sinuosamente, a brisa gélida pairava pela extensão cavernosa, secando os lábios e deixando-os roxos. Liam e Kiam olhavam para o exterior, analisando a paisagem em busca da fonte do fenômeno.

As pupilas atentas, identificando cada movimento enquanto a fera derrubava as árvores a sua frente e, provavelmente, pisoteava o que estivesse em seu caminho. Corvos voavam ao longe, produzindo um gralho agudo e irregular, numa frequência amena e ao mesmo tempo agitada. A ventania do lado de fora havia diminuído um pouco o seu ritmo ligeiro, deixando de cortar a pele de quem estivesse exposto a suas lâminas invisíveis.

Outro urro foi produzido pelo ser, tremendo o monte de pedra onde estavam, fazendo com que mais poeira caísse. Os olhos de Tymor piscaram com o barulho, uma ligeira pitada de curiosidade brotou em seu interior, ansiando para que o monstro revelasse sua face. Mais pássaros voaram, os gritos de terror disfarçados de pios e grasnidos produzidos pelas gargantas doloridas.

Alguns segundos se passaram, esse breve tempo fora confundido com milénios lentos e sofridos, ansiosos para descobrirem o rosto do ser, no entanto, não fora necessário esperar muito, o deformado rosto surgira em meio ao verde coberto de branco, a pele encardida destacando-se em meio as poucas cores.

Os olhos verde pântano localizaram as silhuetas pálidas de frio, um olhar sanguinário e macabro estava estampado em suas íris, as grandes pernas começaram a caminhar em sua direção, a boca escancarada com os dentes amarelos e careados prontos para abocanhar os jovens. Todos tiveram uma última visão antes de pularem para fora da caverna e passarem a correr pelo relevo irregular da montanha, um vulto, com um capuz negro cobrindo a cabeça, um cintilo prateado de um sorriso brilhando em seu rosto, o resto do rosto escondido sobre o manto negro, desfazendo-se no ar e sendo levado pelo vento, como uma rala fumaça obscura.

Parecia que, ao final de contas, eles não haviam ficado um passo a frente do inimigo.

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Allegar. Em todos os poucos dias em que os jovens estiveram ali, o grande carvalho nunca estivera tão agitado, elfos, anões, toda a diversificação de criaturas movimentava-se com tamanha agilidade e rapidez que chegava a surpreender, cada um tinha um destino, no entanto, os ouvidos atentos não podiam deixar de tentar captar alguma palavra dita pela Comandante, que tinha permanecia com um olhar sério e, ao mesmo tempo, curioso.

Por mais que tentasse, não conseguia acreditar nas palavras proferidas por Austeen, Perseguidos por um gigante e fonte do sinal luminoso? as pequenas sílabas davam voltas em sua mente, no entanto, teria que relevar os fatos, estavam em guerra, não era hora de procurar sentido em certas ações, se o ferreiro estava dizendo, vez ou outra levando afirmações e adição de fatos pelos outros que estavam presentes no momento, teria que acreditar.

— Basta. – a simples e curta palavra fez com que o homem calasse a boca e apenas aguardasse alguma espécie de discurso, no entanto, as ordens da mulher foram extremamente diferentes – Vocês – e fixou as íris castanhas nos quatro recém-chegados -, diretamente para minha sala, tenho algumas perguntas a fazer.

— E... por que faria isso, mocinha? – Kiam pronunciou-se, as sílabas foram, acidentalmente, cuspidas com acidez, provocando certa superioridade na frase.

Kenai, acompanhado de outros, voltou uma feição de advertência e medo para a quimera, definitivamente, cometera um tremendo erro com aquela frase. Ragnarok, que havia começado a andar por um corredor esculpido no grande tronco, virou-se novamente, mas ao contrário do que pensaram, a Comandante mantinha uma expressão calma e doce, se estivesse tentando esconder seu verdadeiro sentimento, estava conseguindo.

Com largos passos, ficou cara a cara com a quimera, Ragnarok possuía certa desvantagem na altura, os aproximados 20 centímetros de diferença tinham grande significância se fossem julga-la perto de um daqueles escamados, no entanto, ela ainda assim não deixou recair-se.

— Acontece, mocinho, que estou mandando e, caso não queira uma dor alucinógena e fatal correndo por suas veias, sugiro que venha, Kian Valdez— a ameaça fora dita num tom mais amargo ainda que a própria fala do garoto, em parte, colocara interesse em seu interior, a mulher sabia seu nome, e isso era informação demais para um desconhecido. Seria interessante descobrir sobre a Comandante.

— Que seja. – e passou a caminhar atrás de Ragnarok, a postura charmosa tomando conta de si e modificando a forma que suas pernas se moviam. Em meio ao pequeno amontoado, as outras quimeras se moveram, seguindo o mesmo caminho que os outros, porém, parecia que a de olhos castanhos queria momentos a sós com os garotos.

— Kenai, Jonathan, não. – ambos pararam abruptamente – Quero que fiquem aqui e preparem os outros para o próximo treinamento, pegarei depois o relatório com Austeen sobre a missão. O resto é com vocês.

Não tentando insistir mais, as quimeras seguiram as ordens, passando a guiar o grupo para uma devida refeição, subindo alguns andares do gigantesco pilar. Lilly havia se acostumado, em parte, com a quantidade de degraus, mesmo nos poucos dias em que estivera em Allegar fora obrigada a subir e descer as escadas tantas vezes que em todos os seus 19 anos de vida nunca fizera igual.

Diferente das outras extensões, que davam passagem para mais um corredor, essa seguia por um arco, com as bordas prateadas e os entalhes em ouro, pela primeira vez Ruby notara algo diferente nas paredes. Dentro do salão, grandes mesas se estendiam, cinco no total, simplistas, não passando de pedra lisa colocada firmemente na madeira.

Uma diversificação incrível de pratos de comida eram livremente oferecidos aos que ali passaram a frequentar, os lobisomens, juntamente com Kenai – que possuía certa queda por tal alimento -, olhavam fixamente para a mesa de carnes, os lábios salivando por uma peça devidamente assada.

Sentaram-se próximos uns aos outros, no entanto, era inevitável que algumas pessoas ficassem entre si, isso, definitivamente, não importava, o máximo que fariam seria ficar se encarando, enquanto suco de laranja invadia suas bocas.

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Diferente do dia anterior, os bonecos não estavam mais ali, permitindo com que os nervos de Trix se aliviassem, não gostaria de ter que lutar contra outro e demonstrar que negava atacar até mesmo objetos que ameaçassem suas vidas, porém, ainda assim era preferível que eles estivessem parados a poucos passos de distância, a situação piorara a partir do momento em que Kenai anunciara que lutariam entre si, a notícia fora esquecida, pelo menos até adentrar novamente – a desta vez coberta de neve, produzindo reflexos prateados -, bela copa do carvalho.

Ragnarok os aguardava, trajando desta vez, a comum armadura, deixando com que um alívio enorme percorresse as veias de Rachel, a lobisomem realmente se assustara ao ver a mulher de vestido, mantivera os pensamentos, por um longo tempo, fixos na situação tentando achar um nexo entre a fúria e a vestimenta.

A Comandante estava apoiada sobre a espada, Cum mettali huius..., Lilly ainda tentava identificar de onde reconhecera as sílabas em latim, uma aula que tivera ainda mais nova? De fato quebrava os nervos com intuito de lembrar as palavras que seguiam a frase, porém era impossível, por mais que se esforçasse.

O olhar doce era incrivelmente marcante em sua expressão, no entanto, claro que, vez ou outra, esse sentimento poderia ser substituído por algo mais rígido, capaz de passar medo até mesmo no mais corajoso dos homens, Ragnarok era uma mulher confusa, quanto mais se sabia sobre sua pessoa, mais confusa se tornava. Seu passado – e presente - realmente era um incrível mistério a cada pessoa que caminhava sobre os corredores de Allegar.

Jonathan, que estava na frente, ajoelhou-se, com a cabeça abaixada, diante da mulher, era evidente a lealdade que possuía com a presença da mesma, no entanto, ainda assim era preciso um real motivo para aquilo tudo, os jovens vinham-se perdidos no sentimento que a quimera compartilhava com a Comandante.

— Isso é realmente desnecessário, Jonathan. Já lhe disse milhões de vezes, não é preciso isso. – a de armadura começara – A partir do momento em que lhe promovi, você assumiu a liderança junto a mim. Reverências são inúteis.

Ignorando as linhas de expressão surpresas e pasmas que surgiam pelos jovens, Ragnarok continuou, claramente decidida de que uma hora ou outra tal notícia seria descoberta.

— Hoje, lutarão entre vocês. – a primeira frase sempre era a mais marcante e, para Ruby, essa apontava claramente para um longo discurso – Essa técnica, interpretada de forma errada, pode ser considerada um erro em treinamento, recrutas deveriam lutar contra o inimigo, não entre companheiros. No entanto, o real motivo desta ação é aprenderem as fraquezas que existem entre sua própria pessoa, e a que está a seu lado. Poderia dizer que Trix se limita ao atacar qualquer coisa que se mexa – a garota corou um pouco -, mas Rachel e Ruby poderiam atacar sem piedade caso isso seguisse sua vontade. Com isso tudo apenas quero passar que, de certa forma, um possui habilidade sobre a falha do outro. Isso pode, definitivamente, ser uma boa arma em guerra.

O esquema da Comandante era realmente estratégico, utilizar a habilidade de alguns para completar os defeitos de outros, com um rápido raciocínio, Rachel pôde analisar cautelosamente o plano da mulher, era, como dissera, um boa jogada, mas se não sincronizado perfeitamente, um completo estrago estaria feito.

Foram despertos de seus pensamentos pelo eco de passos vindos do tronco oco onde a escada que permitia o acesso para a área aberta ficava, olhares curiosos se voltaram para lá, todos estavam ali presentes, em exceção a Anna, a garota estivera ocupada com outros afazeres que, em parte, davam certo interesse a mente curiosa de Kris, porém fora reservada, retirara todas as pistas, apagara todos os rastros e limpara extremamente suas mãos a pontos de não deixar vestígio algum para onde seguir.

O ar sádico de sua presença passou a tomar conta do local, a expressão fria revidando as feições surpresas que recebia conforme caminhava até a Comandante.

— Perderam alguma coisa? – as letras saíram congelantes, capazes de deixar a graus negativos até mesmo a mais alegre das personalidades. Parou ao lado de Ruby, emanava certa fúria de si, passando a ligeira impressão de estar escondendo algo a mais.

Ragnarok pareceu um pouco incomodada com a garota, como se um grande calafrio percorresse sua espinha e fizesse seu corpo inteiro estremecer.

— Você insistiu tanto, Comandante. Acabei cedendo. – passava a ligeira impressão de estar se divertindo com a situação, como se cada palavra não passasse de uma piada e a fizesse gargalhar por uma boa quantidade de minutos.

— Assim seja. – cuspiu as breves respostas. De forma desconhecida para o pequeno grupo, Anna passava a impressão de ter uma carta na manga contra Ragnarok, poderia ser algum podre, um segredo, o que fosse, utilizava para chantagem. Ou talvez não passasse de uma implicância – Parece que temos um membro há mais. – caminhou para próximo a um galho de, aproximadamente, sua altura – Podem ver claramente seus oponentes aqui.

E as palavras foram magicamente entalhadas na madeira. Deixando relevos menores na parte superior do tronco irregular e raspas finas no chão. Procurando atentamente, Ruby pôde ver as quatro letras de seu nome se moldando lentamente, acompanhados das de sua adversária, definitivamente, não dera muita sorte.

O nome de Anna surgira separado do seu, com somente os X entre ambos. A lobisomem não sabia o que esperar, se até mesmo Ragnarok se sentia intimidada com a presença da feiticeira, o que sobraria para ela? Olhou de relance para a inimiga e, pela primeira vez, viu estampado em seu rosto uma expressão de arrependimento e afeto, por que aquilo? Por que demonstrara aquele sentimento ao ter em mente que teria que enfrentar Ruby?

Um turbilhão de perguntas sobre a situação passou sobre sua cabeça, no entanto, foram rapidamente substituídos por orgulho, Anna mostrara que - mesmo não sendo exatamente tal emoção - negava atacar Ruby. Contudo, aproveitaria da situação, não seria por solidariedade que compartilharia o sentimento com a Princesa e não tinha o menor interesse de sentir na pele o que a garota era capaz de fazer. Mas era inevitável que o enigma do real motivo ainda perturbasse seus pensamentos.

Os outros nomes não mais importavam para Ruby, mesmo que quisesse saber quem Rachel enfrentaria, os olhares de espanto a fuzilavam, mesmo que não sentisse a emoção negativa que cada um transmitia. Atrás de si, a marcação de um campo mediano aguardava seus usuários para apagarem as linhas de giz branco com suor e tombos, espalhando o pó e deixando-os serem levados pelo vento.

— Ao meu sinal! – a Comandante gritara quando todos estavam posicionados, observando, pelos cantos dos olhos castanhos, Anna, que era a única que possuía uma posição de ataque meio desleixada, o que era meio impróprio, já que, desde pequena, fora criada para ser mortal em lutas – Comecem!

E como mandado, iniciaram uma luta, alguns hesitando por estarem atacando pessoas conhecidas, no entanto, se convencendo logo depois de que não passava de algo para ficarem mais fortes. Jonathan e Kenai foram instruídos a pessoas específicas, cujo Ranarok achava que necessitavam de ajuda para superar algum incômodo em realizar certo movimento, o de escamas azuis ficara com Kris, que apresentava certa rigidez com saltos e mortais. O que tinha metade do corpo preenchida com manchas marrons e cinza ajudava Trix, interrogando-a ao máximo para entender o motivo de a garota não poder atacar outros e, na opinião do próprio, não apresentava avanço algum.

Enquanto isso, Anna e Ruby permaneciam em defensiva, dando passos lentos em um círculo, distanciando-se uma da outra. A impaciência da loira já estava no limite, se a Princesa não o faria, não havia motivo para ela própria se segurar, passou a dar uma investida, os olhos no mortal tom âmbar que assombrava quem os apreciava profundamente, as garras amareladas estendidas rumo à garganta de Anna.

Com um rápido movimento, a assassina desviou, curvando o corpo um pouco e dando alguns ligeiros passos para a esquerda. Ruby continuou a fazer os mesmo ataques, as garras preparadas para rasgar pele e carne que ousassem se esfregar em suas pontas afiadas. Não importava o que fizesse, Anna sempre evitava receber algum ferimento, seja não permitindo que a força bruta acertasse seu corpo ou segurando os punhos de Ruby.

— Sua... – a lobisomem estava cansada de não ter uma adversária digna, estava cansada de dar golpes em vão, por mais que a ideia parecesse louca, gostaria de receber alguns socos em troca dos seus – ATAQUE! – berrou e pela primeira vez acertou um soco no rosto de Anna, deixando com que os lábios pintados de vermelho ficassem um pouco inchados e um filete de sangue escorresse pelo canto esquerdo de sua boca.

— Se é assim que deseja. – e um sorriso branco e alinhado se formou em sua boca, sua mão se rumou a um dos ombros, rasgando um pouco o tecido fino e flexível que vestia – exatamente o mesmo que todos os outros – deixando com que um pouco de suas tatuagens aparecessem.

Com o pano em mãos, correu em direção a Ruby, as pernas se movendo numa velocidade consideravelmente anormal, ao chegar a poucos centímetros de distância, saltou para frente, dando uma cambalhota no ar e aterrissando as costas da loba, girando para a direita, jogou os braços para frente, num movimento gracioso e incrivelmente rápido, tomando as duas palmas com uma ponta do tecido, colocou-o firmemente sobre os olhos de Ruby, deixando com que a garota visse somente a escuridão.

Pulou mais uma vez, apoiando os pés nas costas de Ruby e girando, fazendo com que a loira caísse para trás, de barriga para o chão, batendo o rosto contra a madeira. Retirou à venda dos olhos claros da garota, as linhas macias do trapo estavam manchadas de sangue, vindo do ferimento do lado esquerdo da testa de Ruby. Apesar de estar machucada, ainda exibia um olhar energético, com uma mescla de raiva e satisfação.

— Parece que as coisas começaram a ficar interessantes. – murmurou antes de se levantar, mirando, numa tentativa em vão, o punho no estômago de Anna.

Levantou-se num salto, apoiando as mãos no chão e jogando o corpo para cima, desferindo uma rasteira certeira aos pés da Princesa da Morte que, com facilidade, desviou. Maldita lua os pensamentos de Ruby praguejavam o corpo celeste, por seus hormônios estarem à flor da pele, ela sentia-se extremamente animada com situações agitadas, sua cabeça ia às alturas, num êxtase incontrolável e prazeroso.

Mas ainda assim possuía uma pitada de fúria dentro de si, queria atacar, e queria ser atacada. Sabia que Anna ainda se continha para não lançar sua total força, mas, com intuito de acabar com aquilo tudo, tentaria deixa-la atordoada a ponto de não mais aguentar ficar de pé. E assim o fez, mas ao menos teria feito, se não fosse o olhar sádico de Anna a sua frente às vistas escurecendo das bordas para o centro, deixando-a tonta e sugando suas energias, criando ilusões diabólicas a sua frente e permitindo que uma dor psicológica começasse fluir por entre seus neurônios.

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Os dias passaram a correr rapidamente, a tensão aumentando a cada hora que era deixada para trás pelo relógio. Os treinamentos haviam ficado mais intensos, deixando de serem somente bonecos e companheiros em batalha, passando a criaturas vivas, trolls, orcs, gigantes. Testes de resistência nos mais diversos biomas, equilíbrio em montanhas geladas, dias em desertos quentes, sobrevivência em florestas úmidas e selvagens, tudo isso feito o mais rápido possível, no entanto, ainda assim ocupara quase um mês.

A Comandante supervisionara detalhadamente todas as atividades, se não pessoalmente, por meio de pássaros, enfeitiçados para transmitirem a um espelho tudo o que viam. A estratégia de Ragnarok ficava cada vez mais próxima à perfeição, com cada um fazendo sua parte, compartilhando, com laços fortes, uma incrível solidariedade.

Anna desaparecera, tivera sua última aparição quando lutara com Ruby e a fizera desmaiar, após isso, apenas surgia vez ou outra para comer, negando responder perguntas feitas pela líder de Allegar. Mas ninguém se preocupara em ir atrás da Princesa, sabiam que em algum momento teria que dar as caras e fixar-se em um lugar, mas ainda assim hipóteses e hipóteses sobre o que estivera fazendo todo esse tempo era um assunto discutido pelo povo habitante do grande carvalho.

Segundo o Conselho, dentro de três dias estariam prontos para a guerra, enviariam mais exércitos, fortaleceriam o de Allegar e priorizariam a segurança dos escolhidos. Rachel não queria sua segurança, ela possuía absoluta certeza de que salvaria mais pessoas de outros exércitos do que eles mesmos a protegeriam.

Concentrava-se na última missão que ela própria e os outros receberam, em parte sentia-se aliviada por ter que enfrentar somente mais aquele desafio, mas sentiria falta da rotina dura que realizara nos últimos dias.

Um gosto amargo se espalhou por sua boca quando virou o pequeno frasco de vidro para dentro de seu corpo. O líquido rosa fosco, segundo a curandeira a sua frente, faria com que seu fôlego durasse por mais tempo, segundo ela, por aproximados sessenta minutos, uma hora completa, era, de fato, pouca coisa para o que necessitava fazer, porém estivera se preparando para aquilo antes mesmo de anunciarem a tarefa.

Ragnarok lançou a esfera fosforescente de purpurina azul para o alto, fazendo com que a mesma se desfizesse em uma explosão bela de pequenas estrelas cadentes. Não esperando para ver a reação dos outros, apenas pulou para dentro do grande mar. Horas antes, rumaram para o litoral de Waincrad, montados nas costas de grifos e se assustando com a velocidade que as criaturas eram capazes de alcançar, em poucas horas, deixaram a quantidade gigantesca de quilômetros para trás.

A água estava morna, o que era um fato peculiar já que ainda faltavam algumas semanas para o término do inverno, mas a temperatura relaxara um pouco os músculos rijos dos jovens. Por poucos segundos, a visão ficou escurecida para Rachel, marcada aqui ou ali por contornos negros de corais e algas desbotados pela água.

Com a poção fazendo efeito, ela pôde nadar livremente pelas águas. Prestando atenção ao seu redor para ver se não deixava passar a ametista que procurava, de vez em quando, podia enxergar os outros que mergulharam juntamente consigo, movendo os pés e braços rapidamente. Silhuetas inconfundíveis de embarcações antigas se projetavam a sua volta, cheia de buracos onde alguns poucos peixes habitavam, permitindo que um pouco de curiosidade dominasse si, nadou até uma delas, atravessando uma rachadura íngreme no casto do navio de madeira – agora podre.

Seu interior era escuro, mais que o normal, os poucos raios de sol que surgiam e ultrapassavam a superfície da água não chegavam a iluminar aquele local, mas, se esforçando um pouco, conseguiu distinguir alguns objetos, um pesado cofre de chumbo com a portinhola escancarada, jogado pelas ondas e correntezas sobre a pesada areia, vazio e com o meio enferrujado.

Moedas de ouro cobertas de ferrugem alaranjada se disponham no chão, espelhadas por todo o canto, esperando por um fim digno. Definitivamente, não havia nada ali para ser considerado interessante, assim, continuou a se aprofundar na depressão, o solo rochoso apresentava buracos irregulares e de diversos tamanhos, causados pela erosão. Não muito longe dali, Rachel observou lampejos amarelados faiscando sobre uma mão, pôde enxergar o rosto de Lilly, com os finos fios avermelhados soltos e flutuando para cima, deixando-a com uma aparência um tanto engraçada, a cicatriz em seu olho ficava um pouco mais rosada com a luz esfera elétrica em sua palma.

A garota fez um aceno com a cabeça e continuou seu caminho, deixando a loba para trás. Uma grande rachadura se estendia diante de si, a escuridão abissal em seu interior causava calafrios em sua espinha, quando criança, escuro fora um de seus medos e, apesar de isso ter passado, em certos instantes possuía alguma recaída.

Pequenas pontas verdes, vermelhas e amarelas balançavam por cima da negritude, seria confundível com pequenas mãos, feitas para puxarem quem quer se aproximasse do abismo, mas não passavam de algas. Simples e inofensivas algas.

De súbito, sentiu a corrente presa ao tecido amarrado em sua cintura bater em sua panturrilha, aquilo fora designado a brilhar em verde caso fosse anunciado o primeiro a encontrar a ametista e em vermelho, doze minutos antes do efeito da poção estar acabando. Rachel não precisaria muito do aviso da corrente, já tinha em mente a quantidade de tempo decorrido até aquele momento.

As algas começaram a gracejar sua pele, causando um pouco de cócegas e fazendo com que sentisse agonia, ter algo com tal textura tocando si era uma ideia um tanto incômodo.

Piscou pela primeira vez, evitando com que os olhos começassem a arder absurdamente, queria acabar com aquilo rapidamente, porém não poderia deixar de prestar atenção aos sinais que seu corpo enviava necessitando que seu cérebro realizasse certas ações. As paredes arenosas começaram a se estreitar, fazendo com as plantas aquáticas se aglomerassem um pouca e deixassem o fim do abismo oculto.

Insistindo, começou a atravessar o campo de cores opacas, sentindo as algas se amarrando a seu corpo, enrolando e prendendo seus membros... não, não era necessário todo aquele sofrimento, afinal, ela era uma lobisomem. Fez com que as unhas crescessem, tornando-se garras afiadas e pontiagudas, procurou um local onde as algas estivessem menos densas, mas não havia um, então apenas se aprofundou mais um pouco e começou a corta-las, podendo seguir adiante e permitindo que pequenos pedaços verdes amarelados flutuassem para cima.

Faltavam poucos centímetros para finalmente ser levada, ao que ela esperava, uma grande abertura subterrânea, grande o bastante para que ela pudesse explorar livremente. Fora guiada com base no conceito da dificuldade, era a última prova, teriam que achar uma ametista em meio a um oceano, provavelmente fora colocada em um lugar onde o acesso era dificultoso. E, na opinião da própria, estava fácil demais...

Mesmo não sendo exatamente o que esperava, Rachel adentrou na fissura que fizera em meio ao campo de algas, o lado debaixo, se não visto por pessoalmente por certas pessoas, seria considerado inimaginável. Não sabia como era possível, ali não adentrava luz do sol, mas pequenas algas cresciam do chão, entrelaçadas em pedras para não saírem boiando, grandes templos quebrados e desgastados, partidos em pedaços jogados em certos pontos, provavelmente erguidos por povos aquáticos antigos, ela não soubera identificar exatamente qual pelos detalhes, quase apagados, da construção.

Em certos pontos, havia águas-vivas fluorescentes, dando alguma luminosidade ao local. Tal luz ia se intensificando, por fontes mágicas ou cnidários brilhantes, chegando a certo ponto onde a grande plataforma de mármore podia ter todos os seus detalhes revelados, as finas linhas e espirais de relevo menor, sobrepostas sobre uma ligeira camada de pó negro, que fora fixado a ponto de não desgrudar ao ficar molhado. Sob a plana pedra, erguia-se um pedestal, feito do mesmo material do que o chão de Allegar, produzindo as mesmas ondas cintilantes esbranquiçadas assim que o inverno tivera início, em cima do mesmo, uma pequena caixinha de madeira, presa por uma fina e delicada corrente de ouro, sendo levada para cima com o ar em seu interior.

Apesar da aparência frágil, parecia que as bordas da tampa vedavam seu conteúdo com extrema maestria, protegendo o que é que estivesse dentro da água salgada que o circundava, fazendo cada vez mais pressão para adentrar. Rachel, sem pensar duas vezes, seguiu a diante, deixando os metros que a separavam do objeto para trás de forma tão espontânea que se surpreendera com a força de seus impulsos.

Com um pouco de pressa, mas forçada a se mexer devagar, jogou as mãos para frente, agarrando a pequena urna, certamente haveria algo a mais, um perigo extra, uma pitada de adrenalina que era comum de Ragnarok ou quem quer ordenasse as tarefas que devessem ser realizadas nos treinamentos. Ela aprendera alguns gostos da mulher com base no objetivos que lhe eram dados. Abriria o minúsculo baú e, com todas as suas forças, sairia dali, não teria mais interesse em olhar para trás e encarar o que surgisse.

Em um singelo movimento, moveu a tampa do objeto, revelando, por poucos centésimos, o interior de veludo azul marinho, antes de ser preenchido com líquido e formando bolhas, deixando por último um vago som de blub. A pequena joia flutuou um pouco, Rachel a teria perdido em meio à imensidão azulada se não fosse à tonalidade forte rosa roxeado do cristal. Agarrou-a rapidamente, no exato momento em que o pedestal se partiu, causando um estrondo, levantando poeira cinzenta e expandindo a rachadura para sua parte inferior, quebrando, em dois, a plataforma.

Ela sabia que havia se iniciado, sabia que estava prestes a sofrer algum tipo de atraso, mas continuaria avançando. Apoiou os pés sobre a recente pedra rachada, dando impulso e seguindo para cima, rumando para a rachadura pela qual entrara na grande câmara aquática. Já podia enxergar claramente as cerdas arredondadas da cortina de algas que cortara anteriormente, estava a poucos minutos de conseguir concluir o treinamento... se não fosse as minúsculas mãos puxando seus pés.

Rachel virou-se ao mesmo tempo em que era arrastada para baixo, uma mistura de um pequeno humanoide e polvo a forçava a se mover para as profundezas, as íris vermelhas vivas a encaravam com um olhar de escárnio, uma linha perfeita de dentes afiados se estendia dentro da pequena mandíbula, membranas se estendiam por entre os tentáculos e os dedos pequeninos. Levantando a perna que ainda restava livre, chutou um deles, fazendo com que sangue negro saísse do ferimento da pele sensível e irresistente.

Pensando que havia se livrado, continuou a elevar seu nível, dessa vez, movendo mais rapidamente seus membros, gastando suas energias e formando mais ondas e bolhas que eram deixadas para trás. Conseguia ver claramente um dos corais rosados que brotara na borda do abismo, estava quase o alcançando quando sentiu novamente as palmas gélidas a envolvendo, porém, naquele momento, eram vários, realizando uma disputa incontrolável entre si para ver quem se seguraria, nadando ao seu redor, tapando sua visão, causando arranhões em seus braços.

E pela primeira vez ela viu-se em uma situação em que não podia continuar, começou a bater em vários, matando-os, desmaiando-os, mutilando-os, fazendo de tudo para se livrar da missão e entregar rapidamente a ametista agora suja um pouco de sangue negro. Já estava envolta em uma nuvem mais escura que a própria negritude abissal, mas mesmo assim, os híbridos não paravam de aparecer, vindos diretamente do fundo da fissura em que começara a ser atacada.

Não queria desistir, e não o faria, ainda mais após ver, entre o intervalo rápido de um monstrengo e outro rodopiando a sua frente, uma esfera de eletricidade chegando, prestes a acertar os seres irritantes. Por instinto – e evitando ser eletrocutada – moveu os pés fortemente, jogando longe alguns dos estranhos seres e ficando alguns níveis acima da nuvem preta, no mesmo momento em que a esfera os acertou. Fazendo com milhares de faíscas fossem produzidas e jogadas de um lado para o outro, queimando-os e tirando de uma vez a vida de cada um, pelo menos achava isso.

Rachel sentiu uma dor aguda em um dos braços. Os dentes pontudos foram fincados em sua carne causando uma dor forte e alucinógena que se espalhava por aquela área, com um soco, afastou o bicho para longe, assistindo outra manada – dessa vez relativamente menor -, ao longe, chegar próximo a si.

No entanto, fora rapidamente desfeita por murros e chutes de Kris e Ruby, a garota não deixou de sentir gratidão por Ruby e era até bondade da parte de Kris, porém a ideia de ser salva por ambos, definitivamente não agradou muito. Enxergou a loira avançando em direção a si, a mão esticada, por um momento, pensou que iria ajuda-la, mas pelo contrário, a loba agarrou a ametista em sua outra mão, exibindo um sorriso nos lábios grossos e a deixando para trás.

Não era comum Ruby ter uma atitude daquelas, no entanto, era impossível a garota suportar ver a dor de alguém tão próximo, assim, fazia uma ou outra brincadeira, com o intuito de deixar tal pessoa animada. Mas a ação não deixava de ser algo raro.

Depois de todo o esforço, Rachel não queria deixar de entregar a joia, assim, nadou atrás da outra, o mais rápido que o ferimento de seu braço permitia, chegando rapidamente à superfície, preenchendo mais uma vez seu pulmão com oxigênio e podendo ver o céu claro acima de suas cabeças, perseguindo Ruby e agarrando-a assim que chegaram a terra. Murmurando uma única palavra, bem baixinho, para que ninguém escutasse.

— Idiota. – e soltou uma gargalhada antes de tomar a pedra, aliviando seu stress o bastante para que a dor fosse esquecida.

“Talvez o que falte para o mundo seja cor, algo chamativo o bastante para que notem o sentido de uma aventura”


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Notas finais do capítulo

Yohoo! E aí, gostaram? :v Espero que sim! :3
Well, nesse capítulo vimos o motivo do nosso queridíssimo amigo gigante ter aparecido e a última prova do treinamento (sim, eu pulei grande parte dele)...
Acho que com isso, cês devem estar pensando: "Ué, mas se já é a última prova... A FIC DEVE TÁ ACABANDO?!", yep, é isso aí...! Não, mentira, a fic não tá acabando, sendo sincero, ainda nem chegamos na metade! Então podem ficar quietos.
Hm... o próximo capítulo vai narrar o passado de um dos personagens, sendo mais específico, Anna. Aposto que tem muita gente querendo saber qual seria esse tal plano dela (até mesmo os fantasminhas, apareçam ¬.¬! EU NÃO MORDO!), mas isso não vai ser retratado na narrativa seguinte (AVÁH!!) e por que será que ela teve aquela reação ao saber que ia lutar contra Ruby? ahsaushau :3 No último capítulo que tivemos nesse estilo contou a do Jonathan, teve participação dela, mas só foi como torturadora mirim :v ahsuashausha, então nesse seremos mais detalhados!
Um último tópico é... o capítulo extra, sei que tem bastante gente já sabendo dele, mas também tem aqueles que não sabem, esse capítulo extra se tratará de uma explicação bem explorada do universo de Waincrad, vocês prefeririam que ele seja postado aqui no site (o que vai levar mais tempo), ou que seja escrito no Google Docs (nessa opção, o capítulo extra será disponibilizado juntamente com o epílogo)?
Acho que é só! Inté semana que vem!
See ya



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