Delilah escrita por Pamisa Chan


Capítulo 4
Let me take you there


Notas iniciais do capítulo

DESCULPEM A DEMORAAAAAA!!!!!!
Eu parei de escrever todas as histórias, tô super desanimada pra escrever. Eu não devia ter decidido postar 3 histórias de uma vez :(
O capítulo tá fofo, I promise!! ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/645533/chapter/4

Segunda, 22 de Junho.

Agora, vamos voltar ao que aconteceu ontem à noite, depois daquela festa ridícula.

Delilah começou a correr, me segurando pela mão. Dois malucos correndo pelas ruas escuras de Des Moines, IA. De repente eu comecei a me sentir como quando éramos crianças. Foi incrível. Lembro perfeitamente de quando éramos pequenos, correndo por aí nas noites de Halloween, assustando os nossos coleguinhas. Eu com a minha fantasia de drácula e ela com a fantasia de Frankenstein. Era muito divertido.

Enquanto corríamos, Delilah começou a dizer entre arfadas "Eu sei de um lugar que podemos ir, um lugar onde ninguém te conhece, eles não vão saber quem nós somos". Eu respondi rindo, animado com o que estava acontecendo "Que lugar é esse?!" e ela continuou "Um lugar para onde podemos correr, e fazer o que queremos...".

De repente, parei de correr. Puxei ela pra perto de mim. Perguntei o que estava se passando. "Acho que tinha um pouco de álcool no meu ponche, talvez", ela começou a dar risada "Ai! Tô com frio. Por que a gente tá correndo no meio da noite nesse frio?" "Foi ideia sua, cabeçona!" falei, rindo também. "É mesmo?" Ela pôs o indicador sobre a boca e perguntou bastante intrigada. Fiz que sim com a cabeça. Ela caiu na risada. Ri também e a guiei pela mão até a calçada. Tirei meu paletó preto e coloquei em volta dela. Sentamos num banquinho da praça à nossa frente.

"Me deixa te levar lá... Eu quero te levar lá..." Delilah disse isso enquanto tentava se aconchegar no meu braço, bocejando. "Lá onde?" Deixei ela ficar ali, ela estava claramente chapada. Aquilo não parecia fazer sentido. É preciso ter 21 anos pra beber em Iowa. Todo mundo sabe disso. Se bem que aquelas festas não são organizadas pelos professores. Provavelmente algum espertinho colocou álcool naquele ponche mesmo.

Envolvi-a em meu braço e bocejei também, provavelmente em resposta ao bocejo dela (você está bocejando também, não?) e a observei enquanto dormia. Como ela conseguiu dormir ali?! Com certeza tava muito bêbada. Ótimo. E eu achando que só a Julie era dessas. Bom, mas não era culpa dela. Alguém colocou alguma coisa na bebida.

"Lala... Acorda!" falei, cutucando-a. "Hummm... que é? Me deixa dormir. Eu não quero ir pra escola. Acabou o ano já", ela respondeu sonolenta, me fazendo rir. "Delilah! Vem. Vamos pro carro. Eu vou te levar pra casa." "Eu não quero ir pra casa...", ela ainda estava bem sonolenta. "Onde você quer ir?" perguntei, querendo ver o que ela ia inventar. "Um lugar que tínhamos esquecido... E não seremos pegos. Eles não sabem quem nós somos". "Ok. Temos algumas horas ainda. E não acho que seus pais gostariam de te ver... desse jeito", eu falei, enquanto olhava pro estado dela, ela tinha babado na minha camisa. Eca. "Vai, levanta, menina", tirei ela de cima de mim e levantei-me do banco. Tava MUITO frio. Ajudei ela a se levantar, antes que ela deitasse no banco e dormisse ali mesmo, que nem uma mendiga riquinha. Que paradoxo...

O carro estava na frente da escola, felizmente só tinhamos corrido dois quarteirões. Não estava tão longe. Mas aquele frio tava de matar, sério. Pelo menos, como eu estava segurando o peso da Delilah apoiada em mim, eu estava fazendo um pouco de exercício e aquecendo o corpo, já que ela estava com a droga do meu paletó. Boa, cavalheiro.

Chegando no carro, coloquei ela ali dentro e fechei a porta. A escola estava muito barulhenta. Não acredito que passei meu último dia de escola... fora da escola. Sem formatura nem nada. E que aquilo era uma festa DE VERÃO, nesse frio. Entrei e liguei o carro. Deixei a Julie e o Jason pra trás... pra sempre. "Pra onde você quer ir, Lalah?" perguntei de novo, só esperando pra ver a bobagem que ela diria. Eu estava achando tudo aquilo hilário. Ainda mais depois daquela festa terrível. Sabia que a Delilah, mesmo que meio inconsciente, ia me alegrar. Como nos velhos tempos. Eu lembro da vez que ela foi no dentista e teve que fazer uma pequena cirurgia. Depois, sob o efeito da anestesia ela ficou falando um monte de coisas sem sentido, que nem agora. Tipo "Tommy, vamos no parque da sereia? A mamãe falou que ia fazer torta de ameixa..."

Enfim, quando perguntei pra onde ela queria ir, ela balbuciou"Um lugar onde podemos nos esconder... E virar nossos corações do avesso". Eu realmente não fazia ideia do que ela queria dizer. Mas daria uma bela música. "Deixe-me te levar lá" parece um bom nome.

Depois de dirigir por um tempo, me lembrei de um lugar. O lugar que ela queria ir. Um lugar que tínhamos esquecido, mas que ninguém saberia quem nós somos. E foi para lá que nos levei. Chegamos. Era um pouco tarde. Quase 9 da noite. Abri a porta para ela. Delilah parecia estar um pouco melhor. "Aqui estamos, Lalah! Nosso... lugar especial." "Perfeito... Igualzinho quando eu saí daqui." Era um parque de diversões. Adventureland, a 15 minutos de Des Moines. Um lugar que nos trazia muitas lembranças.

Quando éramos pequenos, nós viemos aqui com nossos pais e nos perdemos deles. Subimos na roda-gigante, na esperança de encontrá-los lá de cima, mas não encontramos. Aí a gente ficou o passeio inteiro chorando, até uma moça fantasiada de princesa nos encontrar e nos levar até o Achados-e-Perdidos e anunciar num alto-falante pros nossos pais virem nos procurar. Eles ficaram morrendo de vergonha. Foi um dia... memorável, digamos assim.

Delilah me segurou pela mão e entramos no parque. Não tinha muita gente por lá. Ela pediu pra irmos justamente na roda-gigante. E eu obviamente aceitei. Eu ainda não tinha conseguido, nesses meses em que ela esteve de volta, ter momentos nostálgicos com ela, ainda mais porque a Julie ficava no meu pé o dia inteiro, com medo de ter o ego ferido pela minha amiga. Se bem que... agora... eu não sei se a Lalah é só... minha amiga.

Entramos na fila e, depois e uma rodada, foi a nossa vez. Subimos na roda-gigante. Ela estava cheia de luzes roxas. Era uma vista muito bonita. A cidade estava linda, assim como a Delilah. Sentamo-nos lado a lado, e ela se aconchegou no meu ombro, que nem da outra vez. Ela estava bastante cansada. Tentei conversar com ela durante o passeio. "E aí? O que está achando de estar de volta em Iowa?" "É... ótimo..." "Sentiu falta daqui?" "Bastante..." "Do que mais sentiu falta?" "Dos meus amigos..." "Que amigos, Lalah? Você só tinha eu de amigo!" "Então..." Ela parou por alguns segundos "Eu senti sua falta, Tommy." ela não parecia estar muito consciente do que dizia, mas mesmo assim, aquilo me arrepiou. Ela não tinha me chamado assim nenhuma vez desde que voltou. Ela me chamava assim quando era criança. Eu não soube como reagir, mas depois de um tempo, falei "Eu também senti sua falta... Lalah."

Então, sem refletir muito sobre o que estava fazendo, afastei-na um pouco. Segurei seus ombros e a fiz olhar para mim. Olhei no fundo dos olhos dela, aqueles fantásticos olhos verdes brilhantes. Mais pareciam esmeraldas. Ela apenas me encarou, um pouco receosa e assustada, os olhos arregalados, apenas mostrando ainda mais sua beleza. Aproximei meu rosto do dela, de forma lenta, e ela fechou os olhos. Meus lábios então tocaram os dela. Isso sim era nostalgia. Quer dizer... Ops. Enfim. Foi um beijo incrível. Eu nunca tinha beijado alguém com gosto de álcool. Não é tão ruim, sério. Na verdade, é bom. De certa forma.

Quando descemos do brinquedo, levei a Delilah até o carro. Peguei o celular dela e liguei pra Alessa. Quando ela atendeu, tava um barulhão, ela ainda estava na festa de verão. "DEL?!" ela gritou "Não, é o Tom!" "AH, OI TOM! TUDO BEM? CADÊ A DELILAH?", eu comecei a ficar com dor de ouvido com aqueles berros, mas ela só estava tentando falar mais alto que a música ensurdecedora da festa. "Ela tá aqui. Eu queria saber se ela pode dormir na sua casa hoje." "PODE O QUÊ?!", coloquei a mão no ouvido e dei um gemido de dor. "DORMIR. NA SUA. CASA!" retribuí o volume, mas ela não se importou muito. Do meu lado, a Delilah começou a roncar, esparramada no banco do carro. "OK! TRAZ ELA AQUI! SABE ONDE EU TÔ NÉ?" Não. Não faço nem ideia. Acho que num concerto de música clássica, talvez. "Sei. Vou levar ela aí. Mas ela tá dormindo, então você precisa levar ela logo." "BELEZA!".

Desliguei o celular e coloquei-o no porta-luvas. Fui dirigindo até o colégio, enquanto ouvia Simple Plan. Tava um clima bem emo. Chegando lá, deixei Delilah dormindo no carro e entrei na escola em busca da Alessa. Ela estava dançando loucamente com um copo na mão e estava na companhia de Jahynne e de um cara desconhecido. Me aproximei dela e falei "A Delilah tá no carro!", novamente, a garota respondeu aos berros "QUÊ?!". "DELILAH. NO CARRO!" Falei, com um tom sério, porém mais alto. "BELEZA! TÔ INDO!". Alessa se despediu da Jahynne e do garoto, que ela chamou de Alan e foi comigo até lá fora. "TAVA MUITO BARULHO LÁ DENTRO, NÉ?!" "Não precisa mais gritar, filha de Deus!!", respondi, ficando meio irritado. "Foi mal. Cadê a bela adormecida? Já liguei pra minha mãe me buscar. Acho que meu pai ficaria bem nervoso de ver essa situação."

Sentamos na sarjeta, na frente do meu carro e ficamos conversando até o carro vermelho vivo da mãe da Alessa chegar. A mãe dela era bem parecida com ela, meio gorda, loira e parecia ser uma pessoa bem animada. "Esse é o tal do Alan, minha filha? Bonitinho ele! Já beijou?!", a mãe saiu do carro já toda espalhafatosa. "Não, mãe!", a garota começou a ficar vermelha "Esse é o Tom, amigo da Delilah". "Ora, mas já trocou de garoto, minha filha?!". "Mãe, qual é!" Dei risada, embora estivesse muito constrangido por dentro. Abri a porta do passageiro do meu carro e Alessa tirou a Delilah de lá e a transportou até o carro de sua mãe. As duas malucas se despediram de mim e foram pra casa. Depois de acenar, entrei no meu carro também e fui pra minha casa.

Ao chegar, fui até o quarto e peguei o violão. Comecei a arriscar uns acordes e tentar cantar aquilo que a Delilah balbuciava pra mim mais cedo, "Let me take you there... I wanna take you there..."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Não esqueçam de comentar!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Delilah" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.