See The Light escrita por Junebug


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Olá :)
Antes do capítulo, um agradecimento à Laurinha que é quem fez a nova capa da fanfic, cuja ideia surgiu de uma conversa que tivemos sobre atores que poderiam interpretar o Will (nós duas concordamos que o Skandar Keynes teria sido um Nico maravilhoso), aí ela encontrou essa foto fofíssima do Alex Pettyfer novinho e eu achei que ela era muito perfeita ♥
Enfim, eu gostava muito da outra capa - foi ela que me fez começar a escrever essa fanfic - mas também me apaixonei por essa nova, então meu coração está meio dividido haha... Seria legal dizer o que acharam! ;)
É isso. Obrigada mais uma vez Laurinha ♥ =* E parabéns pra você que teve paciência de ler essa nota até o fim rs... você agora está livre para ler o capítulo! ^^



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Let me forget about today until tomorrow

Me deixe esquecer do hoje até amanhã

(Mr. Tambourine Man - The Helio Sequence)

~

— Eeeii! Presta atenção, garoto! – gritou o motorista do carro que seguia pelo caminho de veículos na entrada da Academia Argo II enquanto Nico atravessava. Nico ignorou o grito e a buzina, indo em frente.

— Nico di Angelo, o que você está fazendo?

Ele olhou para trás pela primeira vez desde que tinha decidido não olhar mais para os dois visitantes na escola. Will estava ali, com um arco e aljava nas costas e as mãos na cintura. Pelo jeito como ele estava meio sem fôlego, devia ter tido que correr para alcançar Nico.

— Essa é uma coisa que você faz toda segunda? – Ele continuou, atravessando o caminho de veículos sem ser xingado. - Quase ser atropelado?

Nico não podia negar o alívio que sentia ao ver Will num momento desses.

— Pois é... E os exorcismos são às quartas...

Ele olhou por cima do ombro de Will para ver se ainda enxergava o homem e o garotinho. As silhuetas dos dois iam longe, afastando-se ao lado do Sr. Brunner na cadeira de rodas. O alívio aumentou ainda mais ao perceber que não estavam mais olhando em sua direção. Claro que não estavam. É. Ali, agora, era fácil pensar que sua reação tinha sido exagerada.

— Você não ia para casa? Qual o problema? – Will perguntava, também olhando por cima do próprio ombro.

— Aquele homem... Tem... um garoto fantasma com ele.

Antes que Will pudesse reagir a isso, uma voz aguda os interrompeu. Nico, que ainda estava assustado, foi surpreendido e agarrou o antebraço de Will com força, como se fosse um corrimão.

— Ah, olha só quem está aqui! – Foi o que a voz disse. – O anjo da morte e seu carneirinho.

Assim que Nico percebeu que a voz pertencia a Drew Tanaka, soltou o braço de Will, satisfeito por ela não ter dado atenção ao gesto, e preparou seu melhor olhar de afugentar pessoas.

— Você está preparando ele para ser sacrificado na próxima lua cheia ou o quê? – continuou Drew. Ela vestia um uniforme laranja e roxo de líder de torcida, o cabelo amarrado de lado, duas de suas barbies escudeiras posicionadas logo atrás.

Will deu um risinho.

— Cara, você vai ter que melhorar isso – ele disse. - A lua está cheia desde ontem. E... anjo da morte... carneirinho... De onde afinal você tirou isso?

Nico percebeu Drew ficar sem ação por um milésimo de segundo, antes de reforçar o sorriso de deboche e retrucar:

— Olha só, eu não tenho que explicar nada a você. Só quero aproveitar para dar um aviso ao seu amiguinho esquisito aqui – ela voltou-se novamente para Nico, um brilho de determinação cruel nos olhos: – Eu ainda não acabei com você. Não importa que o Sr. Brunner seja um molenga. O que você fez não vai ficar sem punição. Não vou sossegar até que seja expulso, fedelhinho emo.

Nico não desviou o olhar nem por um momento, mas ainda assim podia perceber uma certa agitação começando a se formar a sua volta. A última coisa de que precisava era outro viral com Drew Tanaka, por isso ele procurou falar baixo, mas carregando a voz de desprezo:

— Ah, por favor, você acha mesmo que me assusta ameaçando me expulsar da escola? – Ele forçou o tipo de sorriso que ele sabia que assustava as pessoas. - Mas sabe, eu sei de uma coisa capaz de assustar você. – Nico deu um passo à frente, indo parar quase ao lado de Drew e falou com a voz ainda mais baixa, como se comentasse algo enquanto passava do lado dela: - Amanda Philips também ainda não acabou com você. Eu senti a raiva que ela levou com ela e... Se eu me concentrar, ela ainda está aqui, borbulhando, querendo vingança... Ahh, se eu fosse você, não ficaria brincando com essa coisa de anjo da morte...

Ele a olhou de lado, capturando o sorrisinho transformado numa espécie de esboço de careta e os olhos estreitados. Lançou um olhar de repulsa para as barbies que o olhavam com os narizes e as bocas tortas e foi embora.

— Ei, espere.

Nico achava que agora Will deveria estar pensando que ele era uma pessoa horrível de verdade, capaz de agir friamente usando o nome de uma garota morta para aterrorizar uma colega. Nico não queria se virar e encara-lo, mas parou, com a cabeça baixa.

— Caramba, isso foi demais!

Ele se virou de repente ao ouvir isso.

— O que você disse?

— A cara dela foi a melhor! Você viu?! – Will parecia dividido entre abalado e maravilhado.

— Quer dizer que você não acha que foi errado?

— Você tá brincando? Eu estava prestes a ir pra cima dela, terminar o que Amanda tinha começado... Mas gostei mais da sua tática – concluiu, dando uma batidinha no ombro de Nico. – Você, tipo, usou os insultos dela a seu favor. Ela teve o que merecia.

Nico sentiu uma vontade idiota de sorrir e estava meio que lutando contra isso, sem saber o que falar.

— Mas... você estava dizendo que o Sr. Avery tinha um fantasma com ele?

Quando Nico entendeu a pergunta, a vontade de sorrir passou totalmente.

— Avery? Como você sabe o nome dele?

— O homem que estava com o Sr. Brunner? Eles passaram perto do lugar em que estávamos reunidos – Will indicou o arco num dos ombros e isso o fez lembrar de outra coisa. – Ah, droga, eu tenho que guardar isso aqui... Eu vi você correndo enquanto estava lá e... Me espera aqui um instante?

Nico assentiu e Will se afastou depressa. Nico se encostou numa árvore e voltou a pensar no homem e o garoto. Provavelmente só tinha sido pego de surpresa e exagerado na reação, ele tentava se convencer. Talvez estivesse começando a ficar mal acostumado tendo Will por perto para afastar os fantasmas. Mas quem afinal era esse tal Sr. Avery?

Will não demorou a voltar, mas quando veio, não estava sozinho.

— Ei, você não me disse que o namorado da sua irmã também estava no clube de arco e flecha.

Will estava acompanhado de Hazel e Frank.

— Foi Nico quem disse aquilo sobre nós do clube, não foi? – Frank perguntou a Will daquele seu jeito meio ingênuo que não combinava com seu físico. Sério, Nico não entendia o que acontecia com Frank. Quando o conhecera um ano atrás, o garoto parecia um panda fugido do zoológico, mas nos últimos meses, cada vez que o via ele parecia mais atlético e até mais alto. Se ele não conhecesse Frank, pensaria que ele andava tomando alguma coisa ilegal.

Will parecia desconcertado com a pergunta de Frank, mas Nico respondeu:

— Claro que eu não estava falando de você, Frank – Nico usou um tom que pretendia que fosse amigável, mas parecia que quanto mais tentava ser amigável com Frank, mais o deixava nervoso. E o pior é que isso de certa forma divertia Nico.

O namorado de Hazel engoliu em seco e balbuciou:

— Ah, claro que eu não estava querendo dizer que...

Hazel riu e deu uma batidinha no ombro dele, depois dirigiu-se a Nico e Will:

— Sabem, meninos, Frank recebeu uma intimação da vó dele para aprender a preparar uma certa sopa chinesa. Eu fiquei de tentar ajuda-lo. Vocês não querem ser nossos degustadores?

— Sopa chinesa? – perguntou Will.

— É – respondeu Frank, ficando meio cabisbaixo. – A sopa da longevidade... É uma bobagem de família... Minha vó é chinesa.

— É mesmo? – Will fingiu surpresa e trocou um olhar divertido com Hazel. Depois olhou para Nico, comentando: - Sopa da longevidade parece legal, não é?

Nico e Will seguiram então atrás de Hazel e Frank. Nico percebeu Will diminuindo o passo para que ganhassem mais distância do casal à frente, então o acompanhou.

— O Sr. Brunner nos apresentou John Avery. Ele é o presidente de um instituto de pesquisa – disse Will com a voz baixa. – Parece que é só um cara querendo se tornar um patrono da Academia Argo II. Por isso estava conhecendo tudo antes de fazer o depósito, sabe.

Nico continuou calado, então ele prosseguiu:

— Você disse que tinha o fantasma de um garoto perto dele...

— Estava segurando sua mão – Nico lembrou em voz alta. – Sei lá... me passou uma sensação estranha... Eu tive a impressão de que o homem de alguma forma sabia o que eu estava vendo. – Nico sacudiu a cabeça. – Mas não. Eu devo estar ficando maluco de vez. Com certeza ele só estava olhando porque eu fiquei olhando estranho na direção dele...

Will suspirou.

— Você acha que o fantasma era o quê... filho dele?

— Provavelmente. Mas não consigo entender o motivo de ele estar aqui. Não parecia haver nada de errado com ele. É difícil que crianças tenham algo que as prenda por aqui... Pelo menos, é raro eu ver crianças...

— Pode ser culpa do pai, se for mesmo o pai? Quero dizer, um pai não pode acabar provocando isso sem querer? Tipo se não conseguir superar a morte ou...

— Acho que não funciona desse jeito. – Se fosse assim, Nico pensou, minha mãe não teria partido. – Mas no caso do garoto, deve ter sim algo a ver com o tal John Avery, seja lá que relação tenham...

— Só nos resta uma coisa a fazer, então.

— O quê?

— Colocar o nome do Sr. Avery no Google e ver se nos diz algo sobre algum garoto morto na vida dele, é claro.

— Que maravilha, Solace – Nico revirou os olhos. - Agora vai ser como se eu fosse fazer isso só porque sugeriu.

Na verdade, Nico se sentia um pouco nervoso com a perspectiva de saber mais. Sua curiosidade dividia espaço com a sensação de que algo ruim resultaria daquilo, a mesma sensação que o estava perseguindo desde que pusera os olhos naqueles dois. Ótimo, agora além de ver coisas, Nico também estava tendo pressentimentozinhos estúpidos. Era só o que lhe faltava.

O Avery Reserach Institute era um instituto de pesquisas genéticas de Nova Jersey que tinha sido fundado pelo pai de John Avery na década de 60. No site do instituto havia bastante sobre as coisas que eles pesquisavam, mas elas não diziam muito a Nico.

Quanto a um garoto morto na vida do Sr. Avery, a primeira pista que Nico e Will tiveram foi a menção a uma dedicatória a Tim Avery, seu filho falecido, num livro publicado há quase dez anos. Eles então puderam presumir que a nota de falecimento de Timothy Avery, 9 anos, num hospital de Nova Jersey há exatamente dez anos se referia ao garoto fantasma, embora não aparecesse qualquer foto dele, nem dissessem a causa da morte.

Mas era isso. Mistério resolvido. Nico esperava poder esquecer isso de vez agora, mas algo ainda o inquietava. Afinal, ele tinha sabido que o garoto estava morto desde que pusera os olhos nele. Isso não era o que ele tinha estado procurando. Mas então o que era?

— Não é estranho que John Avery seja de Nova Jersey? – Nico perguntou a Will, sentado ao seu lado na cama, com as costas apoiadas na parede e um joelho dobrado onde apoiava o cotovelo para apoiar a testa.

— Por que isso seria estranho?

— Quero dizer, tudo bem, não é tão longe, mas por que ele viria até aqui doar dinheiro para uma escola?

Will pensou na pergunta e disse:

— A Academia Argo não é qualquer escola, não é? Eu ouvi dizer coisas excelentes sobre ela quando vim para cá.

Era verdade. A Argo II tinha uma história interessante e em algumas coisas era diferente de qualquer outra escola no país, além de ser conhecida naquela parte da costa leste por ensinar alunos muito talentosos. Nico sabia que ele próprio era uma das exceções, mas no geral era verdade.

Ele ainda tentou pensar em mais argumentos, mas nada lhe ocorreu. Sua preocupação parecia ser totalmente infundada. Talvez Will tivesse razão e ele fosse mesmo paranoico.

Will procurou ajudar, sendo otimista:

— Olha só, pelo menos ele sendo de Nova Jersey você não deve ter que se preocupar com a possibilidade de vê-lo novamente.

— Hum, legal – Nico retrucou, com um suspiro resignado, fechando o notebook em seu colo e colocando-o de lado. – Eu sou mesmo muito bom no jogo do contente.

Will deu um sorrisinho e se levantou, indo até a janela enquanto se espreguiçava. Afastou as persianas, fazendo entrar a luz do sol pouco bem-vinda naquele quarto. Abriu a janela e se apoiou no peitoril.

Nico continuou onde estava. Apenas cruzou os braços e as pernas e ficou observando. Começava a se sentir bem desconfortável com Will ali no seu quarto. Era como estar totalmente exposto, e ele odiava essa sensação.

— Vocês têm um jardim muito bonito – Will comentou. - Isso ali embaixo é uma estufa?

— É. Minha madrasta também tem uma floricultura. Ela é obcecada por flores. Você deve ter percebido todos os vasos e o cheiro enjoativo na casa.

Nico já não considerava Will muito irritante, mas falando sério, ele conhecia o garoto há exatamente uma semana e sentia que já tinha tido contato humano suficiente até o fim do colegial.

Sua sensação de desconforto não melhorou quando Will se afastou da janela e foi até a estante. Nico passou um tempo tendo que ouvir comentários e responder a perguntas de Will sobre suas revistas em quadrinhos e livros. Will conhecia a maior parte das histórias dos quadrinhos, mas confessou que não era do tipo que lia muitos livros.

Vampiratas... Que diabos é isso? – Ele comentou, rindo distraidamente. Antes que Nico pudesse responder, indicou uma das sagas de Michael Grant numa das prateleiras. - Ah, eu lia esses aqui! Mas ainda não li o último.

— Sério? – Nico esqueceu por um momento que estava meio que de mau humor. – Isso é inadmissível! Você precisa ler! Leve e leia!

Will pegou o livro e folheou.

— Deve ser bem trágico...

— É chocante! Mas essa é a coisa legal dessa série.

— A Astrid morre? Eu não quero que ela morra. É minha personagem favorita.

— Você está brincando, não é? Ninguém gosta da Astrid! Ela é um pé no saco.

— Ah, pense só na situação dela. Sem qualquer poder e tendo que cuidar do irmão doente.

— Ela enche a paciência de todo mundo por causa desse irmão e depois simplesmente...

— Eu acho que ela aguentou o quanto pôde.

— Ah, não venha com essa!

— Tudo bem. Tudo bem. Por favor, não me bata – brincou Will, ajoelhando-se para dar uma olhada nas prateleiras de baixo. – Estes livros estão em... - Ele se virou para perguntar, impressionado: - Você fala italiano?

Nico assentiu, dando de ombros.

— Minha mãe só falava em italiano comigo e... minha outra irmã. Esses livros eram dela, da minha mãe.

Will colocou de volta o livro que tinha pegado com muito cuidado.

— Não sabia que você tinha outra irmã.

— É... – Nico se remexeu no mesmo lugar. – Ela não mora mais aqui.

— Ela também...?

Will não conseguiu terminar a pergunta, mas Nico percebeu o que ele estava imaginando, provavelmente por causa do tom que Nico estava usando ao lembrar de Bianca, e isso lhe deu arrepios. Apressou-se em dizer:

— Não! Pelo amor de Deus, não. Ela está estudando fora do país.

— Ah, certo... Você já leu todos eles? – Will perguntou arrastando os dedos por todas as lombadas. Eram todos edições muito bonitas e em estilo antigo de livros clássicos.

— Só os do Julio Verne até agora, mas eu ainda vou ler todos.

— Boa sorte com esses dois volumes de Guerra e Paz.

Will voltou para perto de Nico e se sentou na beirada da cama. Nico ficou olhando ele guardar na mochila o livro que ia levar emprestado e então a pergunta saiu antes que ele conseguisse impedi-la. Antes mesmo que ele admitisse estar pensando nisso:

— Você nunca mais falou com ele?... – Will virou o rosto para ele, e Nico acrescentou, meio desnecessariamente: - Steve Calendar.

Aquilo pareceu atingir Will como uma bofetada surpresa, mas ele tentou sorrir ao retrucar:

— Por que você insiste em dizer o nome dele errado?

— Por que você insiste em me corrigir?

Will fez um gesto de “É. ponto para você.” e disse:

— Não, não falei mais – Will estava encarando sua mochila.

— Você... acha que ainda gostaria de falar com ele?

— Sei lá... Eu acho que eu gostaria que ele falasse comigo.

— Quer dizer que você o perdoaria?

Will ficou uns segundos pensando, de testa franzida.

— Se ele me pedisse desculpas, acho que eu pensaria a respeito.

Nico não entendia como Will podia considerar isso com tanta facilidade. Talvez fosse isso que tinha acontecido. Steve Calendar tinha percebido que ele era bonzinho demais.

— Será que a tal da sopa da longevidade já está pronta? – Nico se perguntou em voz alta, levantando da cama e indo para a porta. Will demorou algum tempo para ir atrás dele.


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Notas finais do capítulo

Para quem pegou a referência à série Gone, só gostaria de deixar claro que minha opinião sobre a Astrid é a mesma do Nico e aquele momento foi meio que um desabafo rs

Até a próxima! Bjs.