See The Light escrita por Junebug


Capítulo 11
Capítulo 11




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What's yours or mine when everything's shining

O que é seu ou meu quando tudo está brilhando?

Your darkness is shining

Sua escuridão está brilhando

(Truth – Alexander Ebert)

~

Mais uma aula do Sr. D., mais um trabalho estúpido. Caixas contendo jornais velhos foram trazidas para a sala e os alunos formaram grupos para coletar notícias relacionadas à Academia Argo II. Essas notícias deveriam ser organizadas numa linha do tempo em forma de pop-up, sério, sem brincadeira. Quem conseguisse notícias em que o Sr. D. era mencionado ganhava pontos extras.

Enquanto os alunos reviravam os jornais cheirando a mofo, ele estava sentado à sua mesa, mexendo num tablet, jogando, Nico tinha certeza. Nico e Will tinham se juntado a Lou Ellen e sua amiga, cujo nome Nico nunca conseguia lembrar.

– Vocês acham que conta se a notícia for sobre alguém que você sabe que frequentou a Argo II? – perguntou Lou Ellen, bocejando.

– Acho que não, a não ser que a notícia mencione isso – respondeu Will.

Nesse momento, Nico conteve uma exclamação de surpresa ao virar mais uma página poeirenta. Acabou soltando um som parecido com um engasgo, que ele procurou transformar numa tossida. Muita gente estava tossindo e espirrando pela sala com aquela tarefa.

Lou Ellen e sua amiga continuaram conversando, e Will estava escondido atrás de um jornal aberto. Então nenhum deles deu muita atenção ao pedaço de jornal que Nico cortou, mas que não fez parte do trabalho.

Nico mostrou esse papel para Will mais tarde. Era uma espécie de nota de pesar anunciando que um ex-aluno da Argo havia morrido num terrível acidente ocorrido com um navio a poucos quilômetros do porto da cidade.

– É ele – disse Nico.

– Quem?

– O Auxiliar.

Will baixou os olhos novamente para o papel.

– Charles Beckendorf – ele leu. – Você viu de quando era a notícia?

– Cinco anos atrás. Só umas semanas antes de eu me mudar para cá.

Will passou uns segundos observando a foto de escola que acompanhava a nota. O rosto negro e marcante que Nico tinha conhecido no parque. Os olhos, no entanto, não tinham aquela expressão vaga e sem personalidade de que Nico se lembrava. Eles tinham um brilho de vida, energia e confiança, apesar do rosto sério.

– Espero que ele tenha conseguido realizar seu desejo – disse Will, estendendo o papel de volta a Nico.

Nico esperava o mesmo, mas por via das dúvidas, acabou se tornando um hábito seu ir frequentemente ao parque depois da escola para tentar encontrar mais uma vez o Auxiliar.

Uma ou duas vezes, Hazel foi com ele. Eles se sentavam e conversavam sobre nada muito importante, enquanto Nico ignorava Tim Avery, que agora estava quase sempre por perto. Nico quase sentia pena dele quando o via olhando furtivamente para crianças brincando ou simplesmente acompanhadas dos pais.

Se Will não tivesse atividade extraclasse, ele o acompanhava. Nesses dias, ele fazia Nico acompanhá-lo em caminhadas pelo lugar, ao longo das barras do mirante ou pelas lojas na avenida. Will tinha um método estranho para arrastar Nico a esses lugares.

Do seu jeito calmo e relaxado, ele fazia Nico pensar num gato andando preguiçosamente pelas ruas, aparentemente sem grandes pretensões, aí de repente eles estavam mais uma vez entrando na loja de doces ou de discos, e Will estava enchendo pacotes de chocolates para comprar ou apresentando Nico a músicos que ele “precisava mesmo ouvir”.

Setembro já tinha terminado e não havia sinal de que Nico fosse conseguir alguma coisa com aquilo, até o dia em que conheceu a garota ruiva esquisita.

Nesse dia, os dois estavam na loja de discos. Will tinha mais uma vez esquecido que o propósito maior para estarem ali era porque Nico estava tentando encontrar uma pessoa morta. Assim, ele tinha segurado o braço de Nico para mostrar mais alguma de suas dicas musicais.

Nico olhou feio para ele e isso bastou para que ele se tocasse e o soltasse, pedindo desculpas. Ele continuou falando o que queria sobre o que quer que estivesse mostrando a Nico, mas a atenção de Nico tinha sido tomada por uma garota que os observava a pouca distância. Ela também segurava um disco na mão, mas tinha a cabeça levantada na direção deles. Nico a tinha visto quando os dois entraram e já naquela ocasião, ele achou que ela tinha olhado para ele de um jeito estranho.

Dessa vez ele percebeu que ela tinha levantado o rosto de repente como se algo tivesse chamado sua atenção. Ela tinha cabelo ruivo ondulado e usava um uniforme de colégio interno. Também devia ser mais velha que eles, mas era meio magricela. Ela pareceu demorar um pouco para perceber que Nico a encarava de volta, então piscou e voltou a baixar os olhos.

– Você não está prestando atenção – Nico ouviu Will reclamar.

– Aquela menina estava olhando para cá – Nico comentou.

– Que menina? – Will perguntou, voltando-se para o ponto de onde a garota ruiva tinha voltado a levantar os olhos por um segundo e encontrara os dois olhando em sua direção. Dessa vez, ela baixou os olhos com um sorrisinho.

– Você não sabe ser discreto – Nico observou, aborrecido.

Eu não sei ser discreto?... Ih, parece que ela está vindo para cá. Tudo bem. Pode ser que ela só queira moedas emprestadas para a máquina de refrigerante.

Nico não tinha se virado para vê-la se aproximar, por isso, de início, estava de costas para a voz que disse:

– Com licença. Desculpem... Err... Eu não sei bem como dizer isso, mas precisava falar com vocês. E acho que consegui pensar num jeito de começar sem parecer uma completa maluca...

Ela parou para respirar pela primeira vez desde que começara a falar.

– Ahn... Me desculpe – disse Will. – Mas não entendi. Quem é você?

– Eu me chamo Rachel Elizabeth Dare e...

A garota suspirou e abriu a bolsa que carregava. Era uma bolsa em estilo mensageiro que destoava totalmente do seu uniforme sóbrio e elegante. Uma bolsa de brim desbotada e manchada das mais variadas cores de tintas, alguns rabiscos de desenhos e bottons dizendo coisas como “Salvem o morcego de nariz comprido mexicano“. A garota tirou de lá um caderno de desenho, abriu numa folha e mostrou.

– Isso aqui diz algo a vocês? – ela se dirigiu aos dois, mas Nico teve a impressão de que a pergunta era mais para ele.

O que ela mostrava era um desenho a lápis de um casal de mãos dadas e o cenário era sem dúvida o parque que eles podiam ver através do vidro da loja. Ela desenhava realmente muito bem, mas Nico já queria falar que ela não estava tendo muito sucesso em não parecer uma completa maluca, quando percebeu que o cara retratado no desenho o lembrava alguém. O rosto estava meio de lado e foi difícil reconhecê-lo porque ele estava sorrindo, assim como a jovem cuja mão ele segurava.

– Você conheceu o Auxiliar? – perguntou Nico, espantado.

A garota pareceu aliviada e satisfeita, mas antes que ela pudesse responder, Will disse:

– Então esse era o desejo dele? – ele perguntou, ainda observando o desenho.

– Você também conseguia vê-lo? – a garota perguntou a Will.

– Na verdade não, mas...

– Quer dizer que você conseguia vê-lo? – Nico o interrompeu, dirigindo-se à ruiva. – Você também os enxerga?

Rachel Dare hesitou antes de dar a resposta.

– Tem... algumas coisas que eu enxergo... – ela respondeu vagamente e passou os olhos pelas poucas pessoas que também estavam na loja. - O que vocês acham de conversarmos em outro lugar? Venham comigo.

E Rachel começou a se afastar deles na direção da porta. Nico e Will trocaram um olhar confuso, mas ambos estavam muito curiosos e não poderiam deixar de segui-la.

Na lanchonete ao lado da loja de discos, eles assistiram Rachel mexer seu chá gelado, esperando que ela voltasse a falar.

– Eu vi vocês antes – ela disse, por fim. - Há umas semanas... Falando com o Auxiliar no banco do parque. Quer dizer, eu achei que vocês deviam estar falando com ele, apesar de estarem tentando disfarçar... Tinha certeza de que você podia enxergá-lo – ela acrescentou para Nico.

– Como? Do que exatamente você está falando?

Ela voltou a suspirar, aparentemente escolhendo as palavras certas.

– Sabe aquilo que as pessoas chamam de alma ou espírito? Eu meio que... consigo enxergar isso nas pessoas.

– Você pode ver gente que já morreu? – perguntou Will, como se já tivesse entendido tudo e quisesse facilitar as coisas para ela, mas Rachel sacudiu a cabeça.

– Não exatamente. Embora eu às vezes consiga sentir a presença delas.

Vendo que Nico e Will ainda não compreendiam, ela continuou:

– É uma espécie de luz... O Auxiliar me disse que se chama aura. Você, por exemplo, tem uma luz muito forte meio dourada. – Ela apontou para Nico. - É bem chamativa. Eu logo soube que as sombras devem se sentir muito atraídas por você.

– Sombras – Will repetiu.

– Como você disse, gente que já morreu – Rachel abriu um pequeno sorriso.

Nico baixou os olhos. Ele estava se imaginando como uma lâmpada acesa que atraia mosquitos. Mais uma piada bem sem graça, vida, ele pensou. Me cobrir de “luz dourada” enquanto me faz sentir no escuro. Você é uma sacana total.

– Sua luz também não é fraca – Rachel continuou se dirigindo a Will, - mas tem um tom meio azulado. Transmite uma certa... calmaria. Já tinha visto parecidas antes, mas não tão fortes. Isso faz bem às pessoas à sua volta, imagino.

Will pareceu meio sem jeito com aquela declaração.

– Já me disseram que eu sou bom apartando brigas e acalmando bebês – ele declarou, humildemente.

– Mais cedo, foi bem interessante quando sua aura tomou conta da dele na loja de discos... – O olhos verdes dela brilhavam, como se ela tivesse presenciado uma manifestação milagrosa.

Nico se sentiu meio constrangido ouvindo aquilo. Pigarreou e disse:

– Então quer dizer que você anda por aí enxergando arco-íris pelas ruas?

A garota riu.

– Na verdade, não é bem assim. Boa parte das pessoas é bem sem graça... Acreditem. Vocês dois são casos especiais.

Os três ficaram em silêncio por uns segundos até que Will voltou a falar:

– Então, Rachel, como foi que você conheceu o Auxiliar? Você disse que não consegue enxergar gente morta.

– O Auxiliar era diferente. Sei que ele estava morto, mas ele não veio aqui exatamente como uma pessoa morta... Ele apareceu no meu colégio no dia em que a Sra. Peterson faleceu, nossa velha professora de inglês. Infarto. Estava prestes a se aposentar. Tinha planejado um cruzeiro pelo Caribe.

– Que triste.

– É. Depois que eu comecei a vir ao parque eu sempre o via por aqui até que um dia eu o vi com aquela moça. Sei que ela costumava trabalhar na loja de bombons...

– Mas o desejo dele era que ela voltasse a vê-lo? Isso é certo? Quero dizer, não existe algo proibindo esse tipo de coisa?

– Eu não sei dizer ao certo, mas acho que a intenção dele era ajuda-la. Depois eu não a vi mais na loja. A outra moça que atende lá agora disse que o pai dela é o dono e ela saiu de viagem... Acho que ela deve lembrar do reencontro deles como um tipo de sonho ou algo assim.

Depois de cinco anos... Ela ainda precisava seguir em frente, pensou Nico. Isso o fez lembrar de como estava realmente empacado com Timothy Avery por um bom tempo agora.

– Eu teria tentado me aproximar para descobrir algo, mas eu não podia me mexer...

– Você ficou muito surpresa? – perguntou Will.

– Não. Literalmente. Eu não podia me mexer – Rachel apontou com a cabeça para o coreto do outro lado da avenida, no parque, onde uma garota estava toda pintada de branco e com um vestido da mesma cor, fingindo ser uma estátua de mármore. Poderia ser a estátua de uma deusa grega ou algo do tipo.

– Aaahh... – Will falou, boquiaberto. – Sério?... Legal.

– É por uma boa causa. Estamos aqui toda semana às sextas. – Rachel encolheu os ombros e deu uma olhada em seu relógio de pulso. - Na verdade, meu turno está quase para começar... Tenho que ir. – Ela tomou o que restava do chá com um gole e ficou de pé. Antes de ir, acrescentou: – Seria legal se vocês voltassem aqui na próxima semana para continuarmos essa conversa. Eu nunca pude falar dessas coisas assim com ninguém antes...

Nico entendia o que ela queria dizer. Ele próprio tinha muitas coisas que gostaria de perguntar, mas o que o deixava inseguro era a idéia de que ela poderia começar a fazer perguntas. Não tinha certeza se gostaria de ficar dividindo historinhas bizarras com aquela garota. Quer dizer, aquele papo de “aura” e “enxergar luzes” parecia conversa de hippie e o fazia lembrar da sua terapeuta.

– Acho que seria justo você trazer aquele recorte de jornal para mostrar a ela – comentou Will quando já estavam sozinhos.

Nico deu de ombros.

– Pode ser... Tanto faz.

Will deu um longo suspiro e pescou o último morango do seu copo de frutas caramelizadas.

– Qual o problema? – perguntou Nico.

– Eu estava pensando em Charles Beckendorf... É uma história bem triste se você parar para pensar.

– Tenho certeza que ele deve estar bem agora, de volta ao paraíso e tudo mais...

– Acho que vou sentir falta de vir sempre aqui.

– Eu já estou meio cansado deste lugar. Também não é com se fosse o único lugar interessante nessa cidade...

– Você está se oferecendo para me mostrar mais lugares?

– Definitivamente não é o que eu estou fazendo!

Will voltou a suspirar e colocou os braços cruzados em cima da mesa apoiando depois o queixo em cima deles, daquele seu jeito que lembrava a Nico um gato cansado. Os dois ficaram em silêncio por um tempo, até que Nico voltou a falar:

– Você gosta de fliperamas?

Will virou para ele o rosto ainda em cima dos braços na mesa e abriu um sorriso.

Na semana seguinte, eles voltaram a falar com Rachel. Ela contou mais algumas histórias das “luzes” que enxergava. Will se divertiu perguntando aleatoriamente sobre o que ela enxergava em algumas pessoas que passavam.

Quando estava se despedindo, no entanto, ela pegou Nico de surpresa, agarrando seu pulso com uma força absurda e dizendo, com uma voz sem emoção:

– Ajude-o a salvar uma vida.

– Quê?

– A sombra – ela retrucou.

– Rachel, você está bem? – ele perguntou, mais irritado que preocupado, puxando o braço que ela segurava.

Rachel sacudiu a cabeça e piscou como se estivesse acordando. Deu uma olhada em Nico, depois levou uma mão à cabeça. Will foi até ela, temendo que fosse desmaiar.

– Qual o problema? – ele perguntou.

– Minha cabeça está doendo um pouco... – ela disse, com a testa franzida.

– O que era aquilo que você estava dizendo?.... – perguntou Nico. - Sobre “salvar uma vida” e “sombra”...

Rachel olhou confusa para ele e apertou mais a cabeça como se estivesse tentando lembrar. Will parecia preocupado e fez um sinal para Nico ficar calado.

– Talvez você devesse voltar a sentar – ele sugeriu a Rachel.

– Não... Eu estou bem – ela ajeitou o corpo. – Às vezes, eu sinto um pouco de tontura, só isso.

– Já foi a um médico?

Ela deu um sorriso fraco.

– Sério. Eu estou bem... Preciso ir.

Rachel acenou um adeus para eles e se foi. Nico viu Timothy Avery dar uns passos à frente. Por um momento, pensou que ele fosse segui-la, mas ele parou e voltou-se para Nico. Também parecia querer uma explicação sobre o que tinha sido dito.

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Era sábado e Nico teve que ligar para Íris para avisar por quê não poderia ir à sessão aquele dia. A mulher se mostrou satisfeita e alegou que isso indicava “um significativo progresso” para Nico, que nem acreditou que era assim tão fácil se livrar dela.

Nico estava agora sentado numa poltrona da sala de sua casa junto à janela, e dali ele observava a rua por uma fresta da cortina.

Novembro estava para começar e as reuniões para a peça se faziam cada vez mais necessárias. Nico, que estava metido na coisa por uma exigência injusta, não conseguia acreditar que os outros faziam aquilo por livre e espontânea vontade.

Como era difícil combinar os horários durante a semana, o negócio se estendia agora pelos finais de semana. Para o fim de semana em questão, Piper McLean dera uma idéia:

– Meu pai vai ficar fora por uns dias – ela disse isso meio chateada e meio empolgada. – Vocês poderiam ir lá para casa...

– Você está nos convidando para conhecer sua mansão? – perguntou Percy.

Piper revirou os olhos.

– Não é exatamente uma mansão, tá mais para casa abandonada. A mobília parece ser toda da década de 80, mas temos dois quartos desocupados e o aquecimento foi todo refeito...

– Parece perfeito para o dia das bruxas – comentou Leo.

– Ah, é verdade. Que pena que vamos perder a festa da Drew... – disse Jason, sorrindo.

– Tá aí um bom motivo para irmos! – apontou Percy.

– Podemos vender os convites de vocês para uns garotos do primeiro ano para conseguir verba – sugeriu Leo, depois acrescentou para Will e Nico: - Sem ofensa, ok?

Então, Nico, do seu lugar junto à janela, viu um carro parar em frente a sua casa e buzinar. A pessoa no banco do carona acenou para ele quando ele saiu na porta. Era Percy Jackson, sentado de um jeito meio jogado com um travesseiro de pescoço de panda. Nico decidiu se concentrar no quanto ele parecia idiota com aquela coisa no pescoço e não no fato de que aquilo o fazia querer rir. Ao lado dele, no volante, Annabeth Chase sorria educadamente para Nico, desejando-lhe bom-dia.

Nico abriu a porta de trás e levou um susto. Uma criatura estava sentada ali, um imenso cachorro de pelo negro. O maior cachorro que Nico já vira na vida.

– Ah, espero que não se importe. – Percy se virou para falar com ele. – A Sra. O’Leary está precisando de um pouco de exercício ao ar livre. Piper disse que estava tudo bem... Ela é muito boazinha, a Sra. O’Leary, quero dizer.

Depois de hesitar um pouco, Nico se acomodou muito cautelosamente no banco de trás, evitando encarar a Sra. O’Leary.

– Você não é alérgico a cachorro, nem nada do tipo, é?

– Não. É só que... Nunca me dei muito bem com animais...

Os animais costumavam tratar Nico como se ele fosse o diabo. Quando o viam, se esquivavam, corriam, ou até, se fossem mais corajosos, tentavam atacá-lo.

A Sra. O’Leary estava se aproximando dele, deixando-o apreensivo. Nico sentiu o toque molhado do focinho dela encostando em sua bochecha, farejando-o, depois uma coisa que parecia uma toalha ensopada e grudenta cobriu metade do seu rosto, era língua da Sra. O’Leary.

Depois que ele concluiu que ela não estava tentando devorá-lo, relaxou e levantou uma mão para acariciar seu pescoço.

– Ela gostou de você – disse Percy, sorrindo. Ele e Annabeth o observavam. Pareciam ter estado prendendo a respiração até o momento

A cachorra não parava de lamber o rosto de Nico, que chegou mesmo a sorrir, porque aquilo fazia cócegas. A cauda dela produzia um estardalhaço ao bater freneticamente no banco de couro.

– Podemos trocar de lugar, se você quiser – ofereceu Percy.

– N-Não... Tudo bem – respondeu Nico sem olhar para ele, procurando acalmar a Sra. O’Leary, o que, para seu assombro foi funcionando.

– Certo. Então vamos lá – anunciou Annabeth, dando partida no carro.

A Sra. O’Leary foi útil para distrair Nico do casal à sua frente. Não que Percy e Annabeth fossem do tipo de casal enjoativo que ficava o tempo todo de beijinhos (pelo menos, não fizeram isso na frente dele) e apelidos melosos. Era mais o jeito como conversavam, como se soubessem tudo um sobre o outro, discutiam por bobagens e logo depois já estavam rindo, também por alguma bobagem, que fazia Nico se sentir solitário e com um aperto estranho no peito.

A cachorra queria aproveitar a viagem com a cabeça para fora da janela. Tudo bem. O problema era que ela queria fazer isso com as patas dianteiras apoiadas no colo de Nico. Ele tentou fazê-la ir para a outra janela, mas não deu muito certo, então acabou resolvendo imitá-la e aproveitar o vento no rosto. Quando chegaram ao lugar indicado por Piper, ele já não conseguia nem sentir as próprias coxas, mas até que tinha sido divertido.


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Notas finais do capítulo

Digam o que estão achando!!

Bjsss...



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