Monsters escrita por Vlk Moura


Capítulo 17
Capítulo 17




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Quando acordei estava de volta a minha cela, a única coisa que cobria meu corpo era um cobertor aos pedaços e o chão frio tocava a pele das minhas costas. Minha cabeça doia, mas eu não estava dopada. Bom... Ou péssimo, eu não conseguia me lembrar do que eu tinha feito, não sabia aonde tinha ido e com quem tinha estado. Isso é péssimo, posso ter ferido qualquer um ou quem sabe até matado. Bati na porta enrolada ao cobertor e olhei pelo vidro.

— Onde estão minhas roupas? - gritei, mas eu não conseguia ver se alguém estava ali.

Uma portinhola por onde me passavam a comida se abriu, pedaços de trapos foram entregues a mim. Desenrolei o cobertor e coloquei aquelas roupas, encontrei duas marcas na lateral do meu corpo, alguém tinha conseguido me ferir.

Eu ainda analisava os ferimentos quando a porta se abriu, olhei assustada para quem entrava, eu conhecia aquele cara, lembro de termos trocado boas porradas, mas pensei que estivesse morto.

— Vem, ele quer te ver.

Terminei de arrumar o trapo no meu corpo e o segui. 

Soldados com os bastões de choque aguardavam cada movimento errado meu para me agredirem. Eu ainda sentia alguns passando pelas minhas células.

O cara, cujo nome desconheço, mas os socos conheço bem de mais, me levou até uma sala, era como um escritório, abriu a porta e quando eu entrei ele a fechou as minhas costas. Uma enorme mesa estava ao canto, um sofá e uma mesa aparentemente de jantar para uma enorme família, e um computador. Nada mais e nada menos do que isso. Fora a figura daquele homem do sorriso, ele observava imagens na tela, imagens que eu não fazia ideia de onde eram, até eu ver alguém conhecido, alguém muito mais do que conhecido, eu me vi. Lá estava eu, nua, verde e destruindo a cidade. Não é isso que você espera ver quando entra em um escritório, mas era o que estava a minha frente.

— Você trabalhou muito bem - ele falou desligando a tela.

— Por que eu destruí a cidade?

— Porque eu ordenei - ele sorriu e se levantou, era  a primeira vez que eu o via sério.

— Como assim?

— Os remédios que eu estava te dando - ele veio até mim, parou na minha frente - eles eram como naves que transportavam neurotransmissores dos quais eu tenho total controle, esses neurotransmissores foram nadando até seu delicioso cérebro e me permitiram ter total controle sobre você. - ele riu.

— Então você consegue me dizer o que fazer quando estou naquele estado? - falei meio assustada. Ele confirmou - E de tantas coisas grandiosos, você me fez destruir a cidade? - eu ri - Pensei que você fosse melhor do que isso.

— Eu sou, minha querida. Isso foi apenas o teste. Você irá destruir a todos.

— Todos? - eu não entendi a abrangência de 'todos'.

— Que se opuserem a mim - ele correu e subiu na mesa com um único salto, lá de cima me observou - Eu vou controlar esse mundo.

— Claro... - eu cruzei meus braços e o observei - Você só se esqueceu de um pequenissimo detalhe - ele me olhou sem entender - Meu pai está vivo e se eu sou assim é por causa dele. Bruce Banner é muito maior e bem mais forte do que eu. Ele pode me parar com mais facilidade do que vocês esmaga formigas.

Ele pensou e me analisou. 

— Devia ter pego o pai - confirmei, ele riu - Não, eu fiz a escolha certa. Seu pai, minha querida.

— Por favor, me chame de Agnes.

— Seu pai... Agnes... Não é tão forte quanto você pensa. A transformação dele não está mais como antes, diferente da sua, que antes nunca esteve como agora. Você, minha querida - não pude conter um revirar de olhos - é meu bem mais precioso nesse momento.

— Mesmo? - ele confirmou - Então porque seu bem mais precioso fica trancafiado numa cela nojenta e mal iluminada?

— Porque também é minha arma mais perigosa - ele sentou na mesa, ainda me observava como uma criança que ganha um novo brinquedo - Sei do quão útil sua massa pensante é - ele apontou para a própria cabeça - Diria que herdou do pai, também. 

Ele desceu e veio até mim.

— Eu tenho uma proposta a te fazer. - acenei interessada - Permito que sua cela... quarto, fique aberta, você terá um computador e poderá nos ajudar em nossas pesquisas. Porém...

— Porém?

— Se tentar qualquer gracinha para ter contato com seus amiguinhos heróis, eu mesmo descobrirem uma forma de acabar com você e com eles.

— Está me ameaçando?

— É assim que eu trabalho - ele riu - O que me diz?

— Eu poderei fazer o que bem entender, desde que não entre em contato com eles?

— E obedecerá as minhas ordens.

— Vou ser seu cachorrinho obediente e bem tratado desde que não cheire gente que você não gosta...

— Que bom que entendeu.

— Certo, eu topo. Mas tenho algo também - ele pediu para eu continuar - Eu vou poder fazer realmente tudo, tudo mesmo, e quero ter acesso a todas as coisas que você também tem acesso.

— Mas ai se tornara como eu.

— Eu vou estar seguindo suas ordens, lembra? 

Ele riu.

— Esperta - dei de ombros - Fechado - ele esticou  a mão para apertar a minha, eu o fiz. - Vou pedir para servirem o jantar, escolha um lugar e sinta-se em casa.

Ele caminhou até a mesa, apertou uma campainha que não emitiu som, pegou a cadeira da ponta da mesa, ao meu lado, aquele deveria ser o lugar dele de sempre. 

A porta se abriu, o cara que me guiou até lá entrou e se sentou a minha frente, a menina que eu batera quando os Sentinelas atacaram se sentou ao lado dele. E aos poucos a mesa ficou cheia.

Quando a porta abriu novamente vários homens entravam carregando bandejas, as colocaram a nossa frente e destamparam, um delicioso prato cheira muito bem. Tinha frango em excesso, arroz, ovo, bacon, uma quantidade considerável de verduras e legumes. Senti minha boca salivar apenas de olhar para aquilo.

— Fique a vontade - olhei o cara ao meu lado, que ao terminar de falar começou a comer como todos os outros. Eu os acompanhei.

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— Não pode ter sido ela - Clark falava enquanto terminava o curativo em July - Ela não faria isso com a gente.

— Eu também pensei que não - Tony retirava a parte amassada da armadura.

Senhor Wayne entrou na área de todos que logo o olharam preocupado.

— Ele quebrou a perna, mas vai ficar bem - massageou os olhos e olhou os outros - Podia ter sido pior.

— Algo a controlava - Banner falou atraindo a atenção de todos, ele pensava sozinho - Os movimentos dela não eram naturais, ela tinha apenas um objetivo, vocês foram apenas um mosquito irritante que a atrapalhava - ele olhou todos - Alguém está controlando aquilo.

— Mas não é possível ou é, verdão? - Logan se jogou ao chão.

— Eu achava que não - ele olhou Brain - Você consegue processar tudo o que ocorreu lá?

— Claro, Banner - ele olhou os outros - Vou precisar de alguns minutos.

— E o outro corpo, Brainiac? - Superman o observava atento.

— O outro corpo pode esperar. - ele processava.

 Em silêncio o grupo aguardou pela analise que saiu em uma projeção dos movimentos de Agnes. Tudo ficava traçado formando um desenho por todos os lugares que ela passava.

— Parece um robô se movimentando - Luke se aproximou da imagem e fez uma careta de dor quando Tony foi atingido em cheio por um soco - Isso deve ter doido - falou rindo.

— Cala a boca! - Tony jogou a bota metalica no chão e se aproximou da imagem, no momento que Clark tentou pará-la - Isso poderia tê-la machucado - falou.

— Eu não ia machucá-la - Clark respondeu ofendido.

— Aqui! - July levantou e fez cara de dor - Volta dois segundos, Brain. Viram? - todos negaram. Ela olhou o Professor que analisava a imagem em silêncio. - Eu posso?

— Claro - Brain jogou os comandos para ela.

July mexeu um pouco, voltou a imagem e a desacelerou ainda mais. Fez um traçado de energia e todos puderam ver, os olhos tinham voltado a ser o da Agnes por alguns milésimos de segundo, até uma onda energética  a atingir novamente e os olhos voltarem a ficar verde.

— Foi depois que ela bateu em você - Steve falou se aproximando da semelhante - Interessante.

— Ela percebeu algo - Abgail se aproximou dos dois - Aqui - a cena em que ela atinge Luke - Também aconteceu, viram? - ela ampliou.

— Mas, por quê?

— Brain, você precisa voltar par ao outro corpo - Banner falava ao anto com o robô que monitorava os amigos.

— Não vamos discutir novamente, Banner.

— Por ela, Brain.

— Por ela, todos os outros podem morrer, você acha isso justo? - Brain voltou aos controles.

Banner não entendia a razão de Brain não querer retornar ao corpo que lhe permitia fazer o que faz de melhor que é programar. Aquele corpo rustico era lento e mal conseguia fazer tudo o que ele gostaria de fazer, mas ainda assim ele não mudava.

Professor observava a confusão, estava se sentindo inútil. Não conseguira captar nenhum sinal de Agnes utilizando os restos do cérebro e sem ele também não obtivera sucesso. Achava estranho que não tivesse percebido a movimentação dela durante a noite da fuga, para alguém que fora ameaçada seus sinais estavam muito calmos, como se ela já soubesse que aquilo aconteceria ou como se não fosse nada demais. Acompanhava os sinais do Banner, ele não estava bem, podia perceber isso pela constante luta do cientista para consigo mesmo. Sentia-se culpado por tudo que deixara acontecer a filha, sentia-se culpado de ter passado seu lado ruim para ela e se sentia ainda pior por não poder fazer nada para ajudá-la, nem antes nem agora. Charles sabia que a atual situação do Banner era perigosa para todo o grupo, mas ele não era o único a alcançar seu limite. July estava muito agitada, por mais que tentasse se manter controlada estava brava, não sabia como a amiga podia ter chegado ao ponto que chegou, não sabia como ela tinha sido capaz de derrubar os amigos, não tinha certeza de muitas coisas, mas algo começava a lhe parecer certo: Agnes não é tão confiável quanto pensou. Tony estava nervoso demais, a adrenalina corria em suas veias quase as rasgando, não conseguia pensar em Agnes sendo usada como uma arma, mas não conseguia deixar de pensar em como a via dessa forma quando foram apresentados, se sentia culpado por ter sido um péssimo líder e permitido que ela fugisse para proteger sua equipe, e se sentia ainda pior imaginando tudo pelo que ela passava. Bruce estava inconsciente devido aos remédios, mas o pouco que a mente funcionava analisava tudo o que seu cérebro conseguira captar da luta contra Agnes, desde suas movimentações até suas reações, não se conformava que tinha perdido a amiga, não da forma como perdeu. Clark estava tenso, os músculos tensos, a mente tentava encontrar uma brecha nos movimentos de Agnes, tentava encontrar uma lógica de movimentação para que num próximo encontro pudesse pará-la, ele a conhecia bem, sabia como algumas reações funcionavam, mas apenas a conhecia quando era Agnes ainda, não quando era aquele monstro, observava também Banner imaginando como seria um confronto entre pai e filha, como aquilo poderia ser perigoso, se não conseguiam parar um monstrengo dois seria impossível. Luke acompanhava as analises apresentadas pelos outros e admirava Abgail acompanhar os raciocínios de Steve e July, nunca a tinha visto daquela forma e nunca pensou que a veria assim tentando ajudar Agnes. 

Logan bebia mais uma cerveja, estava ao lado do Superman que observava o neto e os outros com certa admiração. 

Senhor Stark e Senhor Wayne discutiam longe de todos o que deveriam fazer, qual manobra adotar, nenhum ali parecia pensar em abandonar Agnes, mas todos estavam cientes que persistir os mataria, a menos...

"Não pensem nisso" Professor ecoou na mente de todos que se assustaram e o olharam espantados, segundos de silêncio "Banner não é uma arma para você usarem dessa forma". Banner olhou seu antigo companheiro Vingador, Stark observava o cadeirante com irritação "Vocês já fizeram isso antes e viram que não é uma boa opção, não cometam o mesmo erro" todos se voltaram para Stark e Wayne que praguejaram e olharam a todos.

— Então o que nos sugere? - Stark desafiou, cruzou os braços - Claramente, Clark não pode pará-la, nenhum dos Clarks. O que nos resta é o Banner.

— Eu posso...

— Não, Bruce, não pode - Professor o observou - Sei no que está pensando, mas e se os dois perderem o controle e se ambos começaram a se bater, quem irá pará-los? Eu? Eu sequer dava conta de ler a mente dela sem me perder em algo, quem dirá invadí-la enquanto ela está transformada.

— Mas eu tenho força para pará-la.

— E coragem? - todos olharam Brain que finalmente dissera algo - Força não é do que precisamos, temos força, eu calculei. O que nos falta é coragem. Ninguém quer machucá-la, ninguém se perdoaria se a machucasse.

— Ele tem razão - Tony falou e observou as imagens - Se todos nós juntarmos podemos pará-la.

— Como podemos ser mortos - Logan falou e olhou Luke - Eu não me importo de morrer, vivi bastante dessa minha vida, mas e vocês, são apenas crianças.

— Somos mais do que isso - olharam para quem invadia o espaço, Bruce se apoiava em moletas improvisadas - Somos a resistência e como resistência precisamos lutar e resistir, mesmo que seja contra nossa amiga.

— O que você conseguiu de novo? - Brain perguntou.

— Os momentos que ela toma consciência - Bruce se sentou - Lembra, Tony, quando ela estava praticando, ela chegava perto do limite, você a fez voltar - todos olharam Tony - Até no ataque a cidade, ela ultrapassou o limite e foi você, novamente, que a fez tomar consciência.

— O que está propondo, morceguinho? - Logan deu um gole na cerveja.

— Que ele a traga de volta. - Tony apertou os braços contra o peito, Professor detectou o medo - É simples, precisamos ser melhores do que já fomos como equipe, mas é bem simples. Iremos atacá-la, Brain, faça as projeções, por favor. - Brain começou a fazer - Enquanto ela estiver ocupada nos atacando Tony monitora os batimentos e tudo o mais dela. Quando o controle que  a monitora falhar, ele entra em ação e a traz de volta.

— E como planeja que eu faça isso?

— Sei que você vai pensar em algo - Bruce lançou um sorriso ao amigo - Agora, precisamos descansar e descobrir onde farão o próximo ataque, como estou fora de campo ajudarei Brain com essa busca.


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