Messed Up escrita por E R McKendrick


Capítulo 6
Artes e Música


Notas iniciais do capítulo

Assim... Perdoem-me pela minha demora, o bloqueio criativo tava foda mesmo pra esse cap que é mais só enrolação.
Espero que goxxxxtemmmm



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Becca e Roxy se inscreveram praticamente para as mesmas aulas. Uma das duas aulas que não fazem juntas é Artes. Roxy ama, Becca é um desastre. A outra é Música. Becca adora, Roxy... bem, ela prefere nem tentar, porque sabe que pode quebrar alguns copos de vidro num raio de 50 metros. Elas saem da aula de Trigonometria e vão em direções diferentes. Becca dobra corredores e sobe escadas para chegar ao Auditório e Roxy desce escadas e atravessa os jardins para chegar à sala/ateliê da Srta. Greenway.

Hoje, Greenway tem um bonsai, aquelas arvorezinhas pequenas, em cima da mesa. Roxy senta ao lado de Liam, um garoto bastante talentoso, mas de mente meio fechada. Ele tem um cabelo bastante negro e olhos verdes escuros. Liam é um caso perdido, todos sabem disso. Quase nunca termina o que começa. A única exceção são seus trabalhos de Artes. Greenway manda todos representarem o bonsai do jeito que quiserem no papel e fica mexendo no telefone, provavelmente conversando com o namorado. Um tanto contraditório, porque ela é uma quarentona que nunca foi casada e não tem filhos. Ok, não vamos nos aprofundar na triste história da vida amorosa de Alicia Greenway.

O Prof. Hobbs adora chegar mais cedo nas aulas para ralhar com os alunos, alegando que esses estavam atrasados. Rebecca é vítima disso constantemente, então nem se importa com o sermão que ele lhe dá de novo. Baxter é o aluno que sempre se atrasa de verdade e no dia não foi diferente. Ele acaba por sentar ao lado de Becca fechando o círculo de cadeiras. Hobbs passa uma música dos Beatles para eles ouvirem e identificarem as notas enquanto corrige as tarefas que os alunos haviam entregado no começo da aula. Baxter não gosta dos Beatles, então tem a cara emburrada enquanto rabisca alguma coisa no caderno que não parecem letras para Rebecca.

Roxy tem muita preguiça de fazer um esboço a lápis primeiro, para só depois pintá-lo, seja com lápis de cor, tinta ou qualquer outra coisa. Então ela pega os lápis de cor e já começa desenhando o bonsai colorido e opta por desenhar até a mesa, mas sem a professora. Ela rabisca, imersa nos pensamentos se iria ou não fazer um sombreamento quando Liam a traz de volta ao mundo fora do papel.

– Putz... – ele diz num tom mórbido. – Eu tô com uma puta preguiça de desenhar esse troço.

– Pra variar... – Roxy murmura.

– Bom, Tia Lice não deixa a gente brincar com nada mais do que simples tintas aquarelas.

– Tia Lice? – Roxy para de desenhar para encará-lo.

– Se ao menos ela me deixasse desenhar com carvão... – ele ressalta, ignorando ela, num falso tom choroso.

– Carvão? Sério?

Ele faz que sim.

– Tantos materiais pra se usar e você escolhe justo o carvão.

– É o meu preferido... O que você tem contra os desenhos de carvão, mocinha?

– Ah... – ela sorri, desviando o olhar. – Eu só não sou muito fã deles.

Ele a encara, fingindo estar indignado e ela ri baixinho enquanto desenhava as folhas verdes escuras.

– E por que não?

– Bem, eu acho eles meio... – ela hesita, como se procurasse a palavra certa, parando de desenhar para encará-lo. – desmazelados, sabe?

Desmazelados? – ele se finge por ofendido. Ela dá de ombros. – Mas... hum, e o que seria isso?

Ela ri com o comentário.

– Ahn... Grosseiros, descuidados. Por aí.

– Grosseiros, sério? – ele não espera uma resposta. – Eu estou profundamente ofendido.

Roxy sorri, dando risadinhas e tentando ignorar o olhar dele, que ela sabia que estava nela. Ela então o sente mais perto e seu sorriso se desfaz. Liam murmura em seu ouvido:

– Eu vou te fazer um desenho e você vai ver como é desmazelado. – ela sente muitos dos seus pelos se arrepiarem.

Com isso, o sinal toca e Roxy se demora um pouco mais para guardar os materiais. Não quer sair ao mesmo tempo que Liam, quem ao menos se dera o trabalho de se despedir. Ela observa seus cabelos escuros como a noite desaparecerem de vista e torna a olhar para o estojo, se lembrando mentalmente que tem um namorado ainda mais gostoso do que aquele garoto, e que o ama muito também. Suspira e sai da sala, quase se esquecendo de deixar o desenho com a Srta. Greenway.

Becca tinha conseguido identificar as notas do refrão da música de primeira, porque já a ouvira várias vezes, embora não tenha tido o trabalho de anotar as notas da música. Baxter, que tem um cabelo ruivo como fogo e olhos azuis como o mais azul dos oceanos, sentado ao lado dela, resmunga sem parar. Aquilo já está começando a irritá-la.

– Dá pra calar a boca? – diz Becca, com rispidez.

– Vai dizer que gosta dessa merda? – retruca ele, com um sotaque britânico irritantemente pesado.

Ela suspira, voltando a anotar freneticamente com a sua caneta preta.

– Mesmo que eu não gostasse, é uma atividade.

– Ah, que gracinha, me desculpe, não sabia que iria mesmo se dar o trabalho de fazer.

Becca se cala. Quando a música acaba e Hobbs passa recolhendo as folhas, enquanto tagarela alguma coisa sobre instrumentos de corda, Baxter volta resmungar.

– Por que gente velha nunca gosta de nada que preste? – cruza os braços.

– Você não faz a menor ideia do quão raro é ouvir um britânico dizer que não gosta desse tipo de música.

– Como se você conhecesse vários britânicos para fazer tal comparação.

– Conheço o bastante pra deduzir.

– Dedução não leva a nada.

– Deixe de ser tão arrogante.

Ele finalmente se volta para ela com um sorriso desdenhoso estampado atrás das inúmeras sardas.

– Eu? Arrogante? – reprime uma risada. – Deus abençoe a América.

– Quanta ignorância.

Seu sorriso aumenta ainda mais e ele começa a cantar uma daquelas músicas patriotas que sempre passam antes dos jogos de baseball e Becca reconhece que a letra era de America, The Beautiful.

“I’m talking about yours and mine; America! America! God shed his grace on three; and crown thy good with brotherhood; from sea to shining sea” – canta ele.

Becca não pode deixar de rir e pensar o quanto ele – filho da puta! – canta bem. Ele para abruptamente quando Hobbs passa por ele, lançando um olhar desconfiado para os dois. Os dois tentam manter o rosto sério, mas é quase impossível. Quando o professor finalmente se vira, Baxter solta o ar que mal havia notado que prendia.

– Por que vocês britânicos metidos acham que todo americano é igual: ignorante, patriota e arrogante?

– Por que vocês americanos ridículos acham que todo santo britânico é metido? – ele retruca.

Um silêncio se instala entre eles. Becca não consegue achar um contra-argumento; tudo o que disseram era verdade. Nenhum dos dois presta a mínima atenção no Prof. Hobbs. Becca só olha para os instrumentos intocados num canto do auditório e Baxter entoa America, The Beautiful de novo, baixinho – como se a música tivesse ficado na cabeça –, enquanto rabisca desenhos sem nexo no fundo do caderno de pauta. Rebecca torna a observá-lo e, assim que ele percebe, se vira para ela com uma expressão entre divertida e irritada, parando de cantar.

– Então me diga – começa ela. – se você é um britânico tão ignorante que acredita solenemente nesses estereótipos desprezíveis – tenta imitar um sotaque britânico pesado como o dele, fato que o faz tão bem que ele ri. –, como sabe cantar de cor America, The Beautiful toda, sendo que despreza tanto assim os americanos e toda a sua arrogância?

– Primeiro: você devia estar na aula de Teatro. Segundo: meu padrasto, o desgraçado que convenceu minha mãe a nos mudarmos de Bristol, é fanático por baseball e me força e ver quase todo jogo que consegue ingresso para ir. Bem, há gerações – debocha ele, abrindo aspas com as mãos – a porra da família toda dele idolatra os Mets, só que ele não teve a sorte de ter um filho – nesse ponto, Becca tem que se concentrar muito para entender os palavrões, modificados pelo forte sotaque, inseridos no meio das frases. –, mas uma puta de uma pirralha patricinha do caralho que não cansa de me pedir pra arranjar umas transas pra ela. – desabafa, visivelmente irritado.

– Wow. Foi mal, eu não...

Ele dá de ombros.

– Você só perguntou.

– E você só respondeu. – brinca, mordendo os lábios enquanto pondera se a piada não soara mal-educada.

Mas ele ri. “E você gosta de baseball? Seu padrasto já se incomodou em perguntar?”.

– Qual é, é claro que não. Para as duas perguntas. Eu prefiro croquet.

Becca se esforça em fazer a sua melhor cara de profundo nojo e exasperação. Baxter solta uma gargalhada talvez audível até demais.

Hobbs olha feio para os dois e gasta uns sete ou oito minutos berrando um sermão misturado com conteúdo, pois enquanto ele fala da falta de respeito que é se conversar na aula, repete todas as partes que podem perder sobre isso e aquilo, dizendo como é importante que saibam de toda aquela baboseira.

– Você sabe que estou brincando. Eu gosto mesmo é de rugby. – cochicha Baxter, assim que vê a primeira oportunidade.

– Que diferença isso faz? – ela ri o mais baixo que consegue.

– Desculpe, mas fui criado assim. Admito que acho basquete bastante interessante também.

– Você poderia entrar pro time da escola, então.

– Eu disse que gosto, eu não disse que jogo.

O sinal finalmente toca, os dois agradecendo mentalmente por isso, já que essa aula fora especificadamente entediante.

– Tenho certeza que joga... – Rebecca vai dizendo.

– Sr. Butterworth. Uma palavrinha por favor. – Hobbs chama.

Becca lança um olhar culpado para Baxter, mas esse devolve um sorriso despreocupado e debochado, como se tivesse passado por aquilo tantas vezes que já fosse previsível.


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Notas finais do capítulo

Oiieeeee
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