Messed Up escrita por E R McKendrick


Capítulo 1
Crimes e Oportunidades


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal, meu nome é McKendrick e eu gosto de reviews quentinhos!
Agora, sério, espero muito que vc goste!



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— Eu não sei, cara.

— Qual é, não seja tão frouxo. Essa é uma das melhores. – olha para os lados e se aproxima do garoto. – E eu ainda consigo um preço especial para vocêê.

— Ah é? Quanto vai diminuir?

— Menos 250 pratas.

Collin hesita, pensando melhor no que estava prestes a fazer.

Foda-se. Pega a carteira em seu bolso e tira o dinheiro enquanto o fornecedor abria o maior dos sorrisos, feliz por convencer o jovem.

*

Assim que chega ao apartamento, a primeira coisa que Collin faz é se jogar no sofá e colocar o saquinho plástico com o pozinho esverdeado em cima da mezinha de centro. Perde a noção de quanto tempo fica ali encarando a droga. Até que seu telefone apita.

Tira do bolso e desbloqueia a tela, vendo que é uma mensagem de Mikey.

“E aí? Arregou?”

Por mais que sua consciência grita para responder que sim e inventar uma desculpa qualquer, seus dedos clicam nas letras involuntariamente.

“Não.”

“Ótimo. Me encontre lá na frente às dez.”

Collin olha no relógio na parede; ainda faltava uma hora. Levanta do sofá e vai até o seu quarto. Tira a jaqueta de couro e a joga de qualquer jeito na cama. Abre o guarda roupa, pega um moletom preto e grosso e o veste. De dentro da primeira gaveta de sua cômoda, tira uma pistola comum e checa se está carregada. Esconde a mesma na calça, nas costas e volta à sala, dando uma última olhada na droga antes de fechar a porta e sair do apartamento.

*

Estaciona o carro já na frente da boate, escutando o som abafado das músicas. Deixa a arma no porta-luvas do carro. Fura a fila e entra na boate com a maior facilidade, os seguranças dali já o conhecem.

Ignorando o som ensurdecedor da música eletrônica e as pessoas bêbadas se esfregando ao seu redor, vai direto ao bar. Lá encontra Karen bebendo um Martini vermelho e se senta ao seu lado.

— Achei não viria. – diz ela.

— Eu também. – responde, pegando a taça dela e tomando o que resta da bebida.

— Pague um pra você. – corta ela e pega a taça para si novamente.

— Tanto faz, Karen. Sobre o que queria conversar? E tinha mesmo que ser aqui?

— Bom... – ela se levanta e senta em seu colo, lhe agarrando o pescoço. – Eu ia te apresentar a uma pessoa, mas... Isso pode esperar. – assim dito, toma seus lábios com vontade, num beijo um pouco desesperado.

— Karen... – Collin tenta, enquanto ela distribui beijos por seu pescoço. – Karen, eu não estou com tempo para isso.

— Podemos ser rápidos. – Karen sussurra em seu ouvido, se esfregando mais ainda nele.

Por mais que ele queira, finalmente ouve sua consciência e a empurra delicadamente até uma distância considerável. Karen parece confusa.

— Quem é? – pergunta Collin, tentando não soar tão interessado quanto está. Ela fecha a cara, saindo do seu colo. Pega Collin pela mão e o leva para uma área que parecia mais reservada para as pessoas que estão ali.

Há um homem sentado num sofá dessa área para qual Karen aponta. É Steven. O das armas. Ele beija a mulher sentada ao seu lado vorazmente.

— Você é o cara que está vendendo as armas importadas, certo? – Collin pergunta, sem se preocupar em atrapalhar o beijo de Steven.

Steven mal se desgruda da mulher enquanto procura alguma coisa no bolso, soltando alguns palavrões.

— Sou eu, sim. – Steven tira um cartão cinza e entrega a Collin. – Tome o meu número, estou ocupado agora, se não notou. – e volta a enfiar a língua na garganta da mulher, que agora senta em seu colo.

Ele olha para Karen que dá de ombros, parecendo um pouco decepcionada com a recepção de Steven. E com o “não” de Collin.

*

Collin estaciona o carro no local combinado e sai.

— E aí? Foi bom? – pergunta Mikey, com a cara fechada ao ver o amigo chegar atrasado. – Ela estava fantasiada de que dessa vez? Enfermeira?

— Cale a boca, Michael, a gente não...

— Tanto faz, cara, só que você está um pouquinho atrasado. – ironiza.

Ele manda seu melhor olhar de “foda-se” para Mikey e dá a volta no carro. Abre a porta do banco do passageiro e o porta-luvas.

— Vamos acabar logo com isso. – pega a arma e a esconde na calça, nas costas, como antes.

Param na frente da loja, conversando enquanto esperam os únicos dois clientes da loja saírem. Uma moça loira jovem passa por eles, atravessa a rua normalmente e observa os dois entrarem na loja assim que outras duas pessoas saem da mesma.

Vê, sem querer, através da vitrine de vidro, o de cabelo escuro apontar uma arma para o vendedor e abre a bolsa, desesperada, tentando achar o celular. Assim que consegue fazer seus dedos pararem de tremer, digita os números “911”.

— 911; qual a sua emergência?

— E-eu estava andando e vi dois caras entrando numa loja e... E agora eles estão assaltando o lugar e... e... Um deles está apontando uma arma pro funcionário. Você tem que chamar a polícia. – relata, nervosa, para a atendente que a acalmava, dizendo que já havia solicitado as viaturas.

Michael e Collin entram casualmente na loja e quando se aproximam do caixa, o cara sorri simpático e diz:

— Vocês precisam se apressar, já estamos fechando. Querem ajuda?

— Isso é um assalto. – informa Collin, calmamente, como se aquilo estivesse começando a ficar chato devido as inúmeras vezes que já havia repetido tal frase. Pega a arma nas costas e aponta para o homem.

Mikey joga uma bolsa azul escuro no funcionário sem o menor cuidado.

— Põe tudo aí. – ordena Mikey, também sacando sua pistola.

O homem fica sem palavras, com as mãos para o alto, dando-se como rendido, ainda olhando para as armas, atordoado demais para proferir uma sequer palavra.

— Não temos a noite toda! – grita Collin, sem paciência, engatilhando a arma.

— Por favor... por favor, não façam isso. Eu preciso de... – começa gaguejar a vítima.

— Eu disse põe logo a porra do dinheiro todo na bolsa! – repete Mikey.

Tremendo, abre o caixa com uma chave e começa a colocar as notas dentro da bolsa, como fora pedido. Michael suspeita ouvir sirenes de viaturas e solta um palavrão. Collin grita para que o homem colocasse o dinheiro lá mais rápido. Mikey vai até a porta, checando o tempo que ainda tinham. O homem estava quase terminando quando as viaturas já estavam bem perto dali.

— Anda, Collin! – grita Mikey e Collin pega a bolsa sem mesmo checar se todo o dinheiro estava ali e, meio desajeitado, fecha o zíper, correndo até Michael que já está atravessando a rua. As viaturas estacionam não muito longe de onde eles estão. – Joga a bolsa!

— Larguem as armas! – um policial grita, saindo da viatura.

Collin joga a bolsa para Michael, que está muito mais perto do carro. Assim que apara a bolsa, Mike entra no banco de motorista do carro de Collin e abre o vidro do assento de passageiro.

— Corre, cara! – berra ao amigo.

Collin vira para trás bem quando um dos policiais atira (e erra). Vira para trás, desacelerando por um tempo para tentar atirar numa das pernas do policial. Olha para frente de novo, está quase lá, quase no carro, quase escapando, mas então sente dois pares de mãos fortes agarrando seu braço direito e tirando a pistola de sua mão, caindo longe. Assim, mais um par de mãos aparece e ajuda os companheiros a algemar ele. Michael já está longe com o carro e mesmo com os reforços que os tiras estão pedindo, não iriam alcançar o cúmplice a tempo.

Collin é empurrado até o banco de trás de uma das viaturas.

*

Enquanto o delinquente não chega delegacia, o Xerife analisa sua ficha criminal de novo e de novo, pela milésima vez:

Nome completo: Collin Adrian Fisher

Filiação: Regina C. Fisher e George A. Smith (falecidos)

Data de nascimento: 09/10/1998 (17 anos)

Cidade natal: Boston, Massachusetts

Cidade atual: New York City, New York

Irmão(s): Drake e Ayisha Fisher (falecidos)

Estado civil: solteiro

Responsável: Trinna Jones-Fisher (tia)

Endereço do responsável: Chelsea, 6th Avenue, 34 street - Manhattan, NYC, NY.

Endereço pessoal: Bronx, NYC, NY (rua e imóvel desconhecidos)

Altura: 1,81m

Peso: 76,4kg

Delitos registrados: 8 invasões domiciliares;

16 assaltos;

1 assassinato;

5 vezes na direção sob influência de álcool ou outras drogas;

1 atropelamento sem prestação de socorro;

vandalismo.

Acusações não confirmadas: compra e venda de drogas ilícitas;

uso de drogas ilícitas;

compra de armas ilegais;

portador de armas ilegais.”

O xerife Stanley pensa no porque dessa criança ter se tornado um criminoso. Está sentado na poltrona da recepção. A porta da delegacia é aberta e o policial Brown e o Dursley empurram aquele adolescente algemado, tão conhecido por Stanley.

— O moleque aqui foi achado roubando uma loja com o amiguinho.

Stanley se levanta e dispensa os tiras, levando Collin até sua sala e o convida a se sentar.

— Hey… Xerife Stanley.

— Sr. Fisher. O que eu tenho que fazer para você parar de se meter em encrenca?

Collin nada responde, abaixando o olhar para os seus tênis surrados.

— Você sabe que eu não faço essas coisas por opção. – o garoto murmura baixinho.

— Filho, você não vê que há muitas escolhas que você pode fazer? – novamente Collin não responde, olhando para baixo. – Sabe quantas vezes já te livrei de ir para detrás das grades, Collin?

— Bom, se formos falar de crimes consideráveis foram vinte e nove. Trinta se não me prender hoje.

— Pois é, incluindo todas as outras burradas que você já fez, deve passar de cinquenta.

Por maior que fosse a bronca que Stan queria dar, Collin sorri e desvia olhar para o chão. E se sente uma criança segurando o choro.

— Eu nem sei por que você faz isso. Você deveria ter me prendido há muito tempo. Aí hoje, numa hora dessas, você estaria contando histórias para seu filho e indo dormir preocupado com alguma coisa mais importante do que um alguém tão irresponsável e insignificante como eu. – olha então para Stanley com seu melhor sorriso forçado. – É, talvez eu pense nesse tipo de coisa quando estou chapado. Você sabe que eu odeio essa vida, mas é o que estou conseguindo por enquanto.

O Xerife olha para o rapaz com certa pena. Põe a mão na testa, massageando a têmpora, do jeito que gente velha faz quando estão preocupados.

— Você já deve saber, mas eu fui muito amigo dos seus pais.

Collin levanta as sobrancelhas. Lembra de seu pai lhe contando isso e lembra de algumas vezes de que vira Stanley quando era pequeno.

— Éramos grandes companheiros no ensino médio. Você não deve se lembrar, mas nós continuamos amigos depois do tempo do colégio.

— Eu só sei que conheço você desde que consigo lembrar.

— Desde que eu consigo lembrar, você sempre foi assim.

— Assim como? Um bandido?

— Rebelde sem causa. Lembro de uma vez quando você tinha sete ou oito anos e tinha um menino te atentando na escola. Ficava te provocando e um dia você simplesmente cansou. Com um único soco você quebrou o nariz do garoto. Isso além de tudo mais que veio depois. Vândalo desde pequeno. George era muito preocupado com você e Regina sempre dava tudo de si para que você fosse um menino bom. – Stanley sorri.

— Eu não queria decepcionar ela. – Collin fala. – Eu não queria ter decepcionado ela. – se corrige.

— Seu pai me pediu para que eu não deixasse você se meter em encrenca caso alguma coisa acontecesse com ele. Acredite em mim, Collin, eu tenho tentado. Você sabe que sim. E não faz ideia do tanto que eu quero te prender neste momento.

— Bom, eu já estou algemado. – tenta sorrir debochadamente.

— Você se parece muito com o seu pai, George. O mesmo cabelo escuro, o mesmo jeito delinquente e a mesma fisionomia. Ainda bem que herdou os olhos verdes da mãe.

— Só fala logo qual serviço comunitário eu vou fazer dessa vez. Desculpe a indelicadeza, mas eu já cansei de ouvir sobre os meus pais.

— Olha, garoto, eu também já cansei de tirar essas algemas dos seus pulsos. Toda vez que você vem parar aqui fala que não gosta da vida que leva. Pois bem, dessa vez vou te dar a oportunidade de um futuro que preste. – assim dito, Collin sente um arrepio, temendo o que estava por vir. – Ou você vai para a cadeia, ou aceita frequentar uma escola e um emprego como menor aprendiz.


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Notas finais do capítulo

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