Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 35
Extra(4): Formando uma família.


Notas iniciais do capítulo

Recebi mais uma recomendação, mais que maravilhosa, muito obrigada Princess Hitler, quase chorei aqui ♥

Gente eu ia postar hoje a proposta de casamento, só que, eu não terminei ainda, então vou postar eles com a filhinha, porque já terminei. Espero que vocês gostem!!

—__________

— MOMENTO/ONDE QUE SE PASSA: 2009/Depois de casados.

— POV: James.

— PERSONAGEM NOVO: Melanie

— IDADES: James (30); Stephen (31) e Melanie (3)



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— FORMANDO UMA FAMÍLIA

 

— Ste, eu estive pensando em uma coisa, e queria conversar com você sobre isso.

Comecei, enquanto estávamos assistindo televisão em uma noite de domingo. Fazia um tempo que eu queria ter essa conversa com Stephen. E eu achava que já estava na hora, que já poderíamos dar esse novo passo.

— Que coisa? - perguntou ele, curioso.

— Bom, você sabe. Eu já tenho tudo o que eu sempre quis. Eu trabalho com o que eu amo, tenho você, acho que só está faltando uma coisa. - fiquei nervoso, eu não sabia qual seria a reação dele, mas torcia para que fosse a melhor possível. Ste me olhava com atenção. - Um filho. Eu quero ter um.

Ste ficou surpreso com isso. Nós nunca havíamos conversado direito sobre ter um filho, e por isso essa reação.

— James, você sabe que com a gente é diferente, que o processo é difícil. Achar uma mulher que aceita ser barriga de aluguel e...

— Não, eu sei Ste - cortei-o rapidamente. - Por isso eu pensei em algo menos complicado, digamos assim. Eu quero adotar. Sabe, existe muitas crianças por aí que querem e precisam de amor. - Ste abaixou a cabeça. - Você não gostou da ideia?

— Não é isso, é que cuidar de uma criança é muita responsabilidade, você sabe.

— Eu sei. Mas nós não somos mais adolescentes, Ste. Somos adultos. E eu já tenho trinta anos, e se isso não acontecer logo, se adiarmos, eu não sei se vou poder mais. Eu quero ver ele crescer e aproveitar... Você não quer isso? Não quer um filho nosso?

— James, tecnicamente ele não seria nosso filho.

— Lógico que seria. Pais são os que criam. Os que dão amor. Isso é mais importante que sangue.

Ele pensou por alguns minutos, me deixando receoso.

— Então você quer um homem? - perguntou ele, eu sorri, o que fez ele sorrir também. - Você está falando filho...

— Não, quer dizer, não importa. Eu só quero me dar bem com ela ou ele. - Aproveitei que ele estava mais animado para continuar. - Vamos amanhã em um orfanato? Por favor, só para darmos uma olhada.

Ste me encarou sério.

— Tudo bem. Para darmos uma olhada - respondeu ele.

—-

Na manhã de segunda-feira fomos atá um orfanato. Eu só estava trabalhando no horário da tarde e Ste era o dono do seu próprio negócio, então isso lhe dava vantagem e ele não precisava dar satisfações à ninguém.

— Vocês estão procurando crianças de qual idade? - perguntou a Sra. Miller. A mulher responsável pela casa do orfanato.

— Três anos para baixo, eu quero aproveitar ele um pouco - eu disse animado.

— Então é um menino que vocês estão procurando? - perguntou ela, com um sorriso simpático. Seu cabelo era super curto e ela já tinha linhas de expressões por todo o rosto.

— Na verdade, só estamos querendo dar uma olhada, sem compromisso - interveio Ste. Olhei sério para o rosto dele.

— Não importa o sexo - voltei a dizer para a Sra. Miller, devolvendo um sorriso.

Ela nos levou até uma sala quase vazia, onde havia crianças pequenas brincando com vários brinquedos. Havia crianças no chão, sentadas em cima de panos, juntas, correndo, rindo, gritando.

— Aqui estão as crianças menores. Vocês podem dar uma olhada, fiquem à vontade.

Ela não saiu da sala, mas nos deu privacidade. Ste parecia meio acanhado, meio inseguro. Olhei em volta tentando prestar atenção nas crianças na minha frente, foi aí que percebi uma garotinha loira, muito linda - deveria ter uns três anos - sentada num canto, afastada das outras crianças, ela não parecia excluída, apenas brincava com uma bonequinha longe dos outros. Isso chamou a minha atenção.

— Olha aquela garotinha, ela não está com os outros. - disse para Ste. - Vamos lá falar com ela.

— James, eu não acho que seja uma boa ideia, viemos só para olhar.

Disse ele, mas eu já estava caminhando em direção aquela coisinha loira.

— Hey. Tudo bem com você? - perguntei me ajoelhando para que ela pudesse me ver. - Meu nome é James. Qual é o seu?

Ela não me respondeu, apenas me deu uma olhada rápida e depois voltou a atenção para a boneca. Seus cabelos eram loiros com cachinhos, quase batiam no ombro. Nem parecia que tinha sobrancelhas, de tão claras que eram. Seus olhos eram verdes, mas você só perceberia isso se estivesse tão perto dela como estou agora. Ela era linda. Ela era perfeita.

Fiquei mais alguns minutos parado a observando, então me levantei, ela queria brincar.

— Lily - ouvi a voz dela quando me virei, então imediatamente me abaixei de novo, sorrindo de orelha a orelha, sua voz era doce. - O nome dela é Lily. - ela disse entregando a boneca para mim.

Sorri mais ainda e segurei a boneca. Ela estava se referindo a boneca.

— Ela é linda, assim como você - disse, olhando em seus olhos. - Seus olhos são bem parecidos com os meus, sabia? - passei a mãos em seus cabelos de leve, para não assustá-la. Ela segurou na minha mão e começou a observá-la como se fosse algo novo, como se nunca tivesse visto uma mão antes. Seu toque era doce. - Como se chama?

— Melanie - disse ela, ainda encarando minha mão.

— É um prazer te conhecer, Melanie - eu disse, então ela me olhou nos olhos. Tirou a mão da minha para então colocar as duas agora no meu rosto. Eu fiquei surpreso com essa atitude dela.

— James? - ouvi a voz de Ste e virei o rosto. Vi que a Sra. Miller estava com ele.

— Eu já volto, Melanie. - disse sorrindo para ela. Então fui até eles.

— O que?

— Vejo que você gostou da Melanie - disse a Sra. Miller.

— Ela é linda - eu havia amado essa menina. Então a Sra. Miller me disse algo que fiquei chocado.

— Como assim devolvida?

Sim, Melanie tinha sido devolvida. Isso é um absurdo, as pessoas acham o que? Que essas crianças são como algum produto que você compra no mercado? E que está podre e quer devolver? Pobre garotinha. Como puderam fazer isso com ela?

— Eu quero ela - eu disse decidido. Saber que ela já tinha sido adotada e depois devolvida foi o que eu precisava para saber que eu queria levá-la comigo.

— O que? - falou Stephen imediatamente. - James, viemos só para dar uma olhada. Você pode nos dar um minuto, por favor?

A Sra. Miller compreendeu e saiu. Virei-me rapidamente para ele e apressei-me a dizer tudo logo.

— Ste, eu senti uma conexão entre eu e ela. É ela, eu quero ela, eu quero que a Melanie seja nossa filha.

—-

Ao voltarmos para a casa Ste não disse uma só palavra. Ele ficou quieto o caminho todo. Eu não sabia o que ele tinha. Tudo bem que tínhamos combinado de só dar uma olhada. Mas acontece que Melanie estava lá. Talvez o destino fez ela estar lá, para que eu e Ste a encontrássemos.

Quando entramos em casa eu não aguentei mais aquela quietude.

— O que foi? Você não quer isso? - perguntei logo, direto.

— James, você quer isso - disse ele finalmente. - Eu estou tentando te apoiar, porque somos casados e isso é o que temos que fazer, apoiar um ao outro, é só que eu preciso pensar um pouco mais sobre isso. É a vida de uma criança de que estamos falando.

Ste se sentou no sofá. Percebi que ele estava mal por tudo isso.

— Eu sei - ajoelhei e coloquei a mão na sua perna. - Mas me diz por que você está com duvida?

— Você sabe que não tive um exemplo com o meu pai, eu tenho medo de virar ele...

— Ste, isso jamais vai acontecer. Você é completamente diferente dele. Você será um pai maravilhoso.

Já fazia anos que Stephen não falava mais com o seu pai.

— Eu só tenho medo de falhar com essa criança, James.

— Não vamos, vamos aprender juntos a cuidar dela. Por favor, Ste. Eu quero muito isso.

Depois que alguns dias se passaram e de tanto conversarmos decidimos que podíamos fazer isso. Procuramos a Vara de Infância e Juventude mais perto da nossa casa e entramos com um pedido de adoção. Depois fomos encaminhados para entrevistas com psicólogos e assistentes sociais.

Todo o processo foi mais complicado do que imaginávamos, mas continuamos em frente. Ainda era melhor do que escolher a barriga de aluguel. Depois de algumas semanas nossa avaliação técnica sobre as nossas condições foi elaborada e encaminhada ao Ministério Público, que analisa o caso e envia tudo para parecer ao juiz da Vara.

Essa foi a parte em que eu mais tive medo, mas deu tudo certo. O juiz tinha que decidir se nós estávamos habilitados para a adoção, para então recorrer à decisão. Caso contrário nosso registro iria para o Cadastro Nacional de Adoção. O que levaria mais tempo. Mas não foi o que aconteceu. Com a profissão de Stephen e a minha, nossa casa e tudo o mais, tivemos bons resultados. E o juiz optou por dar a decisão.

Agora era a parte que eu mais esperava ansioso. Já sabíamos que queríamos Melanie e não foi difícil convence-los de que ela era perfeita para nós. Então depois de tudo isso, se iniciaria a fase de aproximação. O início da convivência com Melanie, que seria monitorado pelos assistentes sociais.

Fomos buscá-la no orfanato. Ela já estava familiarizada comigo, pois em todas essas semanas eu tentava ir vê-la um pouco. Entramos em casa, ela com a mão na minha. Senti que ela estava nervosa. Afinal era a segunda casa que ela moraria.

— Melanie, essa será a sua nova casa - eu disse quando chegamos. Ela apenas observou tudo, apertando a boneca em seu peito. Me ajoelhei para olhar em seu rosto. - Você gostou?

Ela assentiu. E então voltou a observar tudo. Quieta, no mesmo lugar. Ela ainda estava muito acanhada. Melanie olhou para Ste, que estava parado em pé, olhando para nós dois.

— Cadê a mamãe? - perguntou ela para mim. Olhei para Ste, ele abaixou a cabeça. Isso ia ser difícil.

— Sabe, nós seremos uma família diferente - tentei fazer com que ela entendesse do melhor jeito possível. Isso levaria tempo. Ela ainda era muito pequena para entender as coisas, mas eu sempre ensinaria tudo direitinho. - Será você, eu e o Stephen. Nós três. Nós seremos os seus pais.

Ela ficou um tempo em silêncio.

— Dois papais? - perguntou enfim.

— Sim, você gostou? - perguntei sorrindo aliviado. Ela assentiu olhando em meus olhos, era impressionante como ela encarava meus olhos com tanta profundidade. - Está com fome? - perguntei, ela assentiu de novo.

Fomos até a cozinha. Sentei-a no banco, com medo dela cair para trás, mas parecia que ela estava bem. Peguei um dos bolinhos que Glória sempre preparava e deixei ela comendo, enquanto me aproximava de Stephen, que estava à metros de distancia da menina.

— Stephen, parece que você está com medo dela - eu disse baixo.

— Não, eu só estou tentando me acostumar - disse ele, observando a nossa garotinha comendo. Ela se parecia tanto com a gente. Loira igual Ste, olhos verdes como o meu.

— Por favor, se aproxima, eu quero que ela se sinta confortável com nós dois - pedi.

— Okay, eu vou tentar - Ste ainda estava muito nervoso com toda essa situação. Ele me apoio em tudo, e se mostrou resistente em nossas entrevistas, mas lidar cara a cara com uma criança era diferente. Eu o entendi, pois também estava muito nervoso com tudo isso.

— Você verá, vai se apaixonar por ela assim como eu - eu disse. Apesar de tudo, eu já a amava. E só queria que Ste permitisse amá-la também.

Deitei Melanie na cama às nove. Eu não sabia se era muito tarde ou muito cedo, mas ela não reclamou.

— Mel, posso te chamar assim? - ela assentiu. - Aqui será seu quarto, está meio feio agora, mas depois pintamos da cor que você quiser, o que você acha?

Ela deu de ombros, deitada na cama, agarrada na sua boneca.

O quarto era bem bonito, mas ano era um quarto para uma criança. Daríamos um jeito depois.

— Você pode ficar aqui até eu dormir? - pediu ela tímida. Eu sorri.

— Claro.

Stephen estava parado na porta do quarto de braços cruzados, e percebi que ele saiu depois de algum tempo. Depois que Melanie caiu no sono fui até o nosso quarto e o encontrei sentado na ponta da cama, com os cotovelos apoiados na perna e as mãos no rosto.

— Stephen...

— Estou com medo, James - ele levantou a cabeça. - Ela é tão inocente. Ela vai crescer com a gente, você tem ideia disso? O que vai acontecer quando perguntarem na escola sobre a mãe dela...

— Stephen, para de pensar nisso! Pelo amor de Deus - eu disse me sentando na cama. - Eu entendo que você esteja com medo, eu também estou. Mas temos que nos unir. Amá-la acima de tudo.

Ele entendeu. Estava nervoso, muito mais do que eu pensei que estivesse. Quando deitamos na cama, eu acariciei seu rosto, enquanto encarava seus olhos. Ele ainda continuava lindo. É verdade que já tinha envelhecido um pouco, mas ainda era belo, cada vez ficava mais.

— Vou acabar ficando com ciumes dela. Você com toda essa atenção  -disse ele num tom de criança pidona.

Eu sorri para ele.

— Bobo. Eu nunca vou deixar de amá-lo só porque estou abrindo meu coração para ela. Se você amá-la assim como eu, eu vou te amar mais ainda por isso. Somos uma família agora.

Naquela noite, enquanto eu dormia tranquilamente, senti alguém subindo na cama. Quando me virei vi que era a Melanie.

— Mel, o que está fazendo aqui? - perguntei, já me assustando com ela andando pela casa sozinha. Olhei para o lado e Ste estava dormindo.

— Eu acordei e fiquei com medo. Posso ficar aqui com você? - perguntou ela, docemente.

— É claro, meu amor. Vem. - aninhei-a em meu corpo. Entre eu e Ste.

Ficamos abraçados, ela me encarava no escuro.

— Você vai me devolver? - perguntou ela.

— Não, eu nunca vou fazer isso - sussurrei, para não acordar Stephen. - Você ficará conosco para sempre. E para sempre é muito tempo.

De repente senti a mão de Ste em meu braço, ele estava abraçando Melanie também. Sorri olhando para ele. Nós iamos ficar bem. Eu sabia disso.


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Notas finais do capítulo

Então, ficaram apaixonados pela Melanie????

Vou tentar terminar o capitulo da proposta antes de sexta. Beijoss



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