Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 26
Baile de Formatura


Notas iniciais do capítulo

Chegou o momento mais aguardado por muitos de vocês... O Baile de formatura. Já vou avisando para preparar o coração, okay??

Gente, a próxima sexta é dia 25. Então vou postar o próximo capitulo na TERÇA-FEIRA, okay? E acho que vocês vão me agradecer, pois do jeito que irá acabar esse capítulo... Sem mais delongas.

AVISO: Ponto de vista de Stephen no FLASHBACK

Boa Leitura e segura o coração!!!!



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A semana de transtorno para estudar para a prova havia passado. Eu tinha ido bem na prova e espeo pelo menos um A-.

A minha carta finalmente havia chegado, e com um aprovado em letras grifadas. Eu nem preciso dizer que fiquei abundantemente feliz. Evilyn ficou radiante quando contei a novidade. Sempre foi nosso sonho estudar juntos em Stevens e finalmente vai acontecer. Agora tudo com o que temos que nos preocupar é com o Baile (no caso da Evilyn) e a formatura. Mas o Baile está mais próximo e Evilyn está à mil turbilhões.

Como Evilyn já é uma pessoa prevenida ela já havia escolhido o seu traje com bastante antecedência. Procurou por brechós e liquidações antes da temporada de bailes para encontrar um vestido incrível, tudo para não comprometer o seu orçamento. Afinal tínhamos planos para usar o nosso dinheiro em Nova Jersey.

Não aluguei meu terno com antecedência, porém deveria ter feito isso, já que Evilyn me fez alugar um completamente branco, para combinar com seu vestido dourado. O tema do baile de formatura é príncipes e princesas. Não da disney, mas da realeza. Realmente a comissão organizadora não teve uma ideia melhor do que essa. Por outro lado Evilyn amou, então me obrigou a usar um terno todo branco.

Um dia antes do baile, encomendo, mais cedo para garantir que a loja não o vendesse para outra pessoa, um buquê em uma floricultura mais próxima. Eu daria para Evilyn junto com o bracelete de flor. A limousine é a coisa mais difícil de arrumar, mas conseguimos ajuntar uma grana para poder alugar uma. Com um preço mais baixo possível. Não é rosa, não é branca. É preta, e chique. Um chique sem muito glamour.

Evilyn planejou o dia dela todo antes do baile começar. Preparou um tempo suficiente para arrumar seu cabelo, sua maquiagem e para colocar seu vestido para a noite do Baile. Eu terei que buscá-la na casa dela. Para seus pais tirarem uma foto da gente e nos envergonhar pelo resto da vida quando fossem mostrar essas fotos para os parentes.

Me arrumo, e não precisi de muito tempo, já que minha roupa inteira é branca, inclusive minha gravata borboleta. Só levo um tempo a mais para arrumar meu cabelo. Ele tinha crescido um pouco e eu não sabia o que fazer com meus pequenos fios. Minha abuela me ajuda e diz para eu dividir o cabelo para um lado e passar gel, jogando o cabelo para trás, porém caindo para a lateral. Eu faço isso e acabo não achando tão ruim. Tomara que eu não pareça ridículo. A verdade é que estou com vergonha de sair arrumado desse jeito.

Quando subo as escadas para o andar de cima, meu pai está na sala. Com certeza me esperando.

— Quero você em casa por volta das 1h. Sem atraso - diz ele em frente à porta. Barrando a minha saída.

— Hoje é o Baile, eu pensei que pudesse...

— Não pode. Você leva a Evilyn em casa e esteja aqui às 1h.

— Pai, você não pode fazer isso. Hoje não. - imploro. - Esse Baile é importante para Evilyn. Por favor. - Ele fica me encarando.

— Eu juro que se acreditasse nas palavras que você está me dizendo eu deixaria. Mas não é caso. Sabemos por que você quer ficar a noite fora.

— Uma hora... - Levanto a cabeça para encará-lo, mas minha voz não é firme. Eu estou chateado por ele me tratar assim. - eu vou sair de casa. Eu vou morar em outra cidade. E você não poderá mais me impedir de fazer nada.

— Eu só quero o melhor para você. - diz ele se aproximando de mim. - Quando você tiver um filho, entenderá isso. - Ele diz essas coisas como se eu tivesse algum tipo de doença. Me machuca muito.

— Quando eu tiver um filho, pai. Eu vou apoiá-lo, não importa o que.

Saio de casa desanimado depois de tudo o que eu escutei. Meu pai nunca me aceitaria. Nunca. Pelo menos ele não havia feito nada, nada estranho para impedir minha homossexualidade ainda. Talvez ele tivesse falado da boca para fora.

Depois que a limousine chega vou direto para a casa de Evilyn. Eu não imagino como ela está. Ela só me disse que seu vestido é dourado, mas não havia me mostrado. Espero ansioso na sala de espera, ao lado do pai dela no sofá. Um senhor alto e branquelo de olhos azuis. Então eu vejo ela descendo a escada de madeira. Sua mãe está animada ao acompanhá-la com cuidado, com medo da filha cair com o salto que usa nos pés. Quando finalmente ela desce o último degrau eu consigo vê-la por inteiro.

Evilyn está maravilhosa. Eu nunca a tinha visto tão linda. Seu vestido é dourado e comprido. A parte de cima, um tomara que caia, coberto de brilho e havia uma fita clara no meio da barriga. Seu cabelo enrolado está meio solto e a parte que está presa, com uma trança embutida, têm uma pequena flor pendurada.

— Uau. Você está muito linda. - digo para ela, me aproximando e entregando o buquê e colocando o bracelete de flor no seu pulso.

— Você acha? - pergunta ela tímida.

— Com certeza - diz o seu pai, olhando abestado para a filha. Evilyn sorri daquele jeito seu.

— Você também não está nada mal.

— Tudo bem. Hora das fotos. - avisa Sra. Banks animada, olhando para a bela filha. Me aproximo de Evilyn, que está ainda mais alta que eu com o salto e percebo que há tons dourados na sua maquiagem nos olhos. O batom é rosa claro.

Tentamos fazer poses, mas sempre rimos quando vemos que está horrível. Sua mãe nos da instruções. Mandando eu abraçá-la por trás. Dando as mãos. Cruzando os braços. Acho que nunca vai acabar aquela tortura, porém felizmente, Evilyn pede permissão para irmos ou chegaríamos atrasados.

O motorista da limousine não demora à chegar na escola. Vamos direto para o ginásio onde aconteceria o Baile. Para todo lado que eu olho eu vejo meninas com vestidos de todo tipo de cor e homens de ternos. As pessoas não param de nos olhar ao caminho do ginásio. Eu fico meio nervoso com isso.

— Estão olhando para a gente porque estamos bonitos. - diz Evilyn percebendo a minha cara.

— Ou talvez porque estamos estranhos com essas roupas.

— Você acha que as pessoas estão normais com essas roupas, James? - observo depois que ela diz isso. - Todo mundo está estranho. Mas não quer dizer que não estão bonitos. - Talvez Evilyn tenha razão. Eu só estou nervoso por estar vestido dessa forma na escola.

Entramos no ginásio. Ele está absurdamente decorado. Não parece nem mais um ginásio. Há fitas e balões no teto de várias cores e uma bola brilhante e iluminada no centro do teto. Mesas com coisas para comer nas laterais. Caixas de sons gigantes em cada canto do ginásio. Do outro lado há um palco, enfeitado com cortina, onde os candidatos à Rei e Rainha subiriam mais tarde. Já tem bastante gente, mas eu sei que vêm mais.

— Uau. Eles capricharam. - observa Evilyn.

— Sim.

— Vem, vamos - Evilyn puxa minha mão e entramos de vez no ginásio. - Precisamos encontrar o local onde vamos tirar nossa foto.

— Você quer mesmo fazer isso? Quer dizer, não somos um casal de verdade.

Evilyn ri.

— Lógico que eu quero, James. É o Baile, quero fazer tudo. E somos amigos. É algo para recordamos. - apenas aceno com a cabeça e deixo ela me puxar. Enquanto deixo-a me levar reparo que sou o único com a roupa inteiramente branca. E isso está chamando atenção. O professor Allen que está tirando as fotos. Também há uma fila de casais esperando para tirar a foto. O cenário atrás é um castelo enorme, do tipo que uma realeza teria.

Esperamos nossa vez na fila e nesse tempo o professor chama o próximo. Amanda e Stephen. Ela está muito bonita. Seu vestido é vinho com detalhes brilhantes. O cabelo louro está preso de lado e ela havia cacheado eles, iguais os da Evilyn (só que os da minha amiga são naturais). Stephen  abraça-a de lado. A tipica pose dos casais. Eles sorriem para a foto. Stephen está deslumbrante de lindo. Seu cabelo está com gel também, mas ele ainda manteve o topete habitual. Seu terno é cinza. Fico aliviado ao vê-lo com uma cor clara também. Eu não queria ser o único com a roupa branca já que eu só vi os garotos de preto. Eles terminam de tirar a foto e então Ste me vê. Ele me encara sério e então me observa dos pés a cabeça. Eles se afastam e Ste continua olhando para mim. Eu sei o que ele está querendo dizer no seu olhar. Ele quer se encontrar comigo no nosso esconderijo.

Depois de tirarmos a foto, Evilyn e eu vamos até uma mesa buscar algo para beber. É inicio da noite, então os estilos das músicas são as agitadas e dançantes. Há vários adolescentes se esbaldando na pista de dança. Percebio Evilyn observando.

— Você quer ir até lá? - pergunto. Eu não quero dançar, mas Evilyn está tão bonita e essa noite significa tanto para ela. Eu só quero que ela se divirta. Ela dá de ombros tímida. Pego na sua mão enquanto sorrio e levo-a até lá, então começamos a dançar que nem idiotas. Eu estou feliz de estar ali com ela. Minha melhor amiga. Minha confidente.

Depois de algum tempo dançando, nos cansamos. Vamos até outra mesa, onde há todo o tipo de salgado. Então começamos a comer o que vemos pela frente. Escutamos um barulho estranho que não vêm da musica de Michael Jackson que está tocando. É outra coisa. Andamos até a multidão que se ajunta em um canto, do outro lado e vemos o que é. A professora Parsons está dando uma bronca em Mike. Ele responde. Percebo que ele está bêbado, e depois eu vejo a garrafa na sua mão.

— Ele estava tentando batizar a bebida. Droga, uma pena que a professora pegou ele. - comenta um aluno do meu lado. Mike grita com a professora que o expulsa do ginásio. 

— Que idiota. - Evilyn comenta sobre a situação toda - Você vai votar agora? - pergunta Evilyn e depois me lembro que ainda há isso. Votar no Rei e na Rainha.

— Acho que não - Eu não estou muito afim.

No baile não somos obrigado a votar, quer dizer, não tem como eles saberem se não votarmos, então não quero ir. Porém Evilyn vai, me deixando sozinho. Olho para o lado e encontro Stephen me encarando do outro lado. Ele está pegando duas bebidas. Ste balança a cabeça e eu entendo. Eu só não quero sair sem falar com a Evilyn. Vou até ela e digo que sairei por um momento, ela entende. Vou em direção ao banheiro interditado. Alguns minutos depois Ste aparece. Ele entra e me observa dos pés a cabeça.

— O que foi? - pergunto envergonhado. - Estou ridículo, né?

— Você está maravilhoso, James. - Ele se aproxima de mim. - Nunca te vi tão... lindo. - Ste sorri, o que me faz sorrir também. Eu não ligo para essas coisas, mas por algum motivo saber que ele me acha bonito, me dá uma sensação boa.

— Você também está bonito. - Ste me beija.

— Eu queria tirar essa roupa agora, mas não podemos. Precisamos voltar daqui a pouco. Deixa para mais tarde - Ele arruma meu blazer.

— Eu não vou poder - Ste não entende. - Depois que o Baile acabar eu vou ter que levar Evilyn em casa e depois ir para a minha. Eu só tenho uma hora para fazer isso tudo. Não terei tempo. Meu pai foi bem claro, ele quer que eu chegue uma hora da manhã em casa.

— Não acredito. - ele respira fundo. - Falando no seu pai, aconteceu alguma estranha? Na sua casa... - Ste fica estranho, parece preocupado.

— Por quê?

— Não, eu só quero saber.

— Estranha como? - pergunto, tentando tirar informações dele.

— Esquece. Deve ser coisa da minha cabeça. - Fico preocupado. Do que será que ele está falando? Não consigo perguntar mais, pois ele começa a me beijar. Aproveito nosso momento, pois não sei quando poderemos nos ver de novo. — Eu te amo. - diz Ste depois de afastar a boca da minha. - Nunca se esqueça disso.

— Eu também te amo.

***

Depois de ter desligado o telefone e falado com James, o telefone tocou de novo. Atendi o mais rápido que pude pensando que pudesse ser ele de novo.

— Alô?

Stephen?— perguntou uma voz grave e eu já soube que não era James.

— Quem é?

— É o Mike. Tudo bem, cara?

— Sim. E aí? - eu não sabia por que ele estava me ligando no natal.

Nada bem. Aqui em casa está um saco. Você quer sair? - Sair? Talvez não fosse uma má ideia.

— Para onde?

Não sei. Não é como se tivesse algo aberto uma hora dessas, mas é melhor do que ficar aqui nessa casa. - Pelo visto a noite de natal do Mike não estava sendo melhor do que a minha. — E então?

Pode ser.

Okay. Eu vou passar aí para te pegar então.

Desliguei o telefone. Se eu não podia passar uma natal com a minha família, então que passasse com o meu amigo. Fui até a cozinha e peguei duas garrafas de cerveja e sai de casa. Iria esperar ele do lado de fora.

***

Ste sai primeiro. É melhor. Se eu chegasse depois ninguém estaria prestando atenção em mim. Já ele é popular. A escola toda não tiraria os olhos dele. Ainda mais hoje. Depois de esperar uns dez minutos, caminho pelo corredor vazio. Quando estou chegando perto do ginásio encontro com Henry.

— Henry? - o chamo. Ele se vira. - Está fazendo o que aqui fora?

Henry está de terno preto. E não havia tirado o óculos de grau.

— Fui ao banheiro. E você? - não respondo, mas devo ter feito uma cara que me entrega.

— Estava com o Reece, não é? - não respondo de novo. Eu não preciso, ele sabe.

— Henry, eu queria conversar com você. - me aproximo dele. Aquele corredor está escuro. Não tinham acendido as luzes.

— Sobre? - ele parece nervoso.

— Sobre sua orientação...

— Eu já disse para você. Eu não sou gay. - Henry fica atordoado.

— É normal se sentir confuso, eu já...

— Eu não quero saber! - grita ele. Estou tentando ajudá-lo, fazê-lo entender as coisas, mas ele me interrompe de forma bruta. - Eu não sou como você. Eu não sou viado.

Okay, eu não esperava que ele fosse me insultar.

— Desculpa. Eu não devia...

— Tudo bem. - respondo. Eu tinha certeza de que ele é gay. Certeza. Me aproximo mais. Henry é do meu tamanho. - Eu só quero que você saiba que apesar de tudo o que as pessoas pensam, não tem nada de errado nisso. Nada.

Ele fica me observando. Apesar da escuridão eu consigo ver seu rosto. Seus olhos parecem perdidos, eu consigo ver nitidamente seu peito se mexendo. Ele está nervoso e respira com força. Então sou surpreendido quando Henry encara meus lábios.

— Eu não sou gay - diz ele, como se tivesse tentando se convencer disso. - Não sou. - ele encara meus olhos de novo e depois me dá as costas.

Eu sabia. Eu sabia que eu estava certo sobre ele. Henry está confuso e eu quero ajudá-lo, mas ele precisa dar o primeiro passo e o mais difícil de todos. Se aceitar. Porém ele terá que dar esse passo sozinho.

Volto para o ginásio e encontro com Evilyn. Ela está sentada numa cadeira sozinha.

— Desculpa te deixar sozinha. - digo para ela.

— Tudo bem. Eu sei que vocês não estão tendo tanto tempo para aproveitar. - Evilyn é tão compreensiva que às vezes eu me sinto mal por fazer isso.

— Não importa, Evilyn. Hoje é o Baile. Eu deveria estar aproveitando com você.

— Podemos aproveitar agora - ela sorri e me puxa para a pista imaginária, onde todos dançam uma musica lenta, ao som de Celine Dion, Because You Loved Me.

A maioria está dançando com seus pares. Consigo ver Ste com Amanda. Ele me encara. Não pude não prestar atenção na música. Ela parece que foi escrita para nós.

"Você foi minha força quando eu estive fraco

Você foi minha voz quando eu não podia falar

Você foi meus olhos quando eu não podia ver

Você enxergou o melhor que havia em mim"

— O Sam veio com a Caroline - Evilyn comenta nos meus braços, enquanto dançamos, me despertando do desvaneio.

— Você está bem? - pergunto.

— Sim. Acho que eu fiz a coisa certa - Ela se afasta para me olhar. - Eu não podia mais ficar com ele. Não depois do que aconteceu.

— Não foi sua culpa, Evilyn. O John que te agarrou.

— Mesmo assim. Não estava certo.

— Encontrei com o Henry lá fora - conto para mudarmos de assunto.

— E aí?

— Ele continuou dizendo que não é gay.

— Talvez você tenha se enganado.

— Ele encarou minha boca, Evilyn. - ela começa a rir.

— James, você deve ser o tipo dos caras gays. Porque todo mundo quer te beijar.

— Estou falando sério.

— Eu também - ela continua rindo. - Isso foi um elogio, tá bom?

Paramos de conversar. Só continuamos dançando. A música já é outra. E dessa vez eu não reconheço quem canta. Alguns minutos depois a música logo é cortada e uma das garotas do Comitê do Baile começa a falar pelo microfone.

— Desculpa interromper, mas vamos começar. Candidatos à Reis e Rainhas do Baile, subam até o palco, por favor.

Vejo Ste e Amanda caminhando de mãos dadas até lá. Também vejo Michelle, Sara, Jason e Paul subindo ao palco. Todos muito bem vestidos. Todos muito conhecidos pela escola toda. A disputa seria acirrada entre as meninas, mas não acho que os meninos teriam chance contra Ste.

— Vamos para frente para vermos melhor. - pede Evilyn animada.

Uma multidão já se aglomera em volta do palco. Todos querem saber o resultado dos votos.

— Eu só vou pegar algo para beber. Estou com sede.

Na verdade eu não estou muito afim de ver isso. Não acho graça. E acho uma coisa desnecessária. Chego na mesa de sucos e ninguém está por ali. Todos estão na frente, tentando enxergar os vencedores para o Rei e a Rainha do Baile.

Coloco um pouco do suco de morango e bebo. Viro-me para poder assistir o pouco que eu consigo ver. As meninas estão de um lado enquanto os meninos do outro. A garota com o microfone tem nas suas mãos dois envelopes. Ela diz que anunciaria a rainha primeiro e faz suspense antes de anunciar a vencedora.

É então que tudo acontece muito rápido, é como se eu tivesse perdido minha visão e depois minha audição. Meu copo cai imediatamente no chão. Eu não enxergo e nem escuto mais nada. E não consigo gritar, pois algo tampa minha boca. Algo foi colocado no meu rosto, apertando-o e eu não consigo me mexer, pois mãos me apertam e me arrastam para algum lugar. Eu sinto pavor. Como nunca havia sentindo antes.

Fico sem enxergar e sendo arrastado por alguns minutos. Eu estou apavorado e tudo o que consigo pensar é em o que está acontecendo! Várias vezes tento gritar, mas sempre tampam minha boca. Eu sinto que é uma pessoa, porém depois de alguns minutos eu percebo que há outra. Paramos de andar e sou empurrado contra o chão. Caio de mal jeito e a primeira coisa que faço é tirar o saco preto da minha cabeça. Eu preciso respirar.

— Ninguém te viu, né? - pergunta uma voz que eu reconheço imediatamente.

— Não. Esperei o momento certo. Mas o que você vai fazer, cara? - pergunta John.

Eu ainda não tenho coragem de levantar o rosto. Estou encolhido no chão como um feto, já sentindo meus olhos arderem. Mike se ajoelha perto de mim.

— Eu vou dar uma lição nesse viadinho que ele jamais vai esquecer.

— Eu não quero confusão. - John deixa clario.

— Não tem confusão. Esse cara ferrou com a gente. - grita Mike apontando para mim. - Comigo. Ele merece isso. Eu não sou de esquecer nada, John. E não sou de deixar para lá. Quase fui expulso e não pude mais participar dos jogos de futebol por conta dele. Essa bicha tem que pagar.

Percebo que sua voz soa estranha. Ele está muito bêbado e talvez drogado. Tenho medo por conta disso. Mike já é terrível sóbrio, imagina nesse estado?

— Okay. O que você está pensando em fazer? - pergunta John. Fico com medo da resposta de Mike. Nesse meio tempo começo a perceber onde estamos. Estamos na quadra da piscina. Mas não entendo por quê.

Mike está rindo. Ele pede para que o John me levante e me leve para perto da piscina. Até o trampolim para salto. Começo a ficar apavorado.

— O que você vai fazer? - pergunto nervoso. Mike finge que não me escutou. — Mike, por favor, eu não sei nadar. - digo já começando a chorar. O que ele está pensando em fazer? Me fazer pular de lá?

John me arrasta enquanto eu tento, sem sucesso, fugir dali. Chegamos a escada para subir ao trampolim.

— Sobe. - grita John. Eu não consigo me mexer. Sinto minhas pernas tremerem.

— Por favor, não. - peço encarando Mike atrás de John.

— Ele disse para você subir. - manda Mike com raiva.

No pavor faço a primeira coisa que me vêm na mente. Eu estou aterrorizado, não posso subir nesse trampolim. Chuto o saco de John e ele se contorce na hora. Saio correndo para outro lado, mas sou empurrado com tudo no chão. Mike me vira e se senta nas minhas pernas, me dando um soco no rosto logo em seguida. Sinto um latejar dentro da minha boca e depois percebo que estou sangrando.

— Não dificulte as coisas, Farley. - diz ele, me levantando em seguida.

— Por favor, por favor, não. - Eu não sei mais o que fazer. Eu só sei implorar. Eu já estou meio tonto por conta da porrada que ele me deu e por causa do sangue que sai da minha boca.

— Bicha maldita! - grita John, ainda se contorcendo de dor.

Mike me puxa até a escada novamente e grita para eu subir.


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Notas finais do capítulo

Aiii Deus!!! Estou ansiosa para os comentários de vocês.

Eu ia terminar o capítulo com James sendo capturado na festa, mas achei melhor por o que tinha acontecido. Terça tem mais. COMENTEM, POR FAVOR! Não me deixem na curiosidade para saber a opinião de vocês.

Beijosss amores.