Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 24
Juras de amor


Notas iniciais do capítulo

Olá genteee. Bom, gostaria de agradecer à quem ainda está comentando. Isso me deixa muito feliz. Mesmo. Percebi que alguns sumiram, mas eu sei que às vezes está difícil do lado daí, e não tem como, mas sabia que se tiver um tempo, tente postar qualquer coisa, só para saber que vocês ainda estão acompanhando a história.

AVISO: Ponto de vista do Stephen NO COMEÇO E FLASHBACK (sim, em dois)

Espero que gostem desse capitulo. Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644679/chapter/24

Eu não faço ideia de onde James está. Será que ele já está fazendo a entrevista? Essa universidade é enorme e está cheia de gente. De pais com seus filhos, de estudantes. Fico sem saber para onde ir. Eu só espero não dar de cara com o Sr. Farley. É azar demais se isso acontecer.

Entro na faculdade e lá dentro não está diferente do lado de fora. Também têm muita gente. Resolvo me sentar no sofá que têm no hall. São 9h30. Talvez James esteja fazendo a entrevista agora. É melhor esperar. Talvez ele passe por aqui quando terminar.

Estou distraído olhando para o teto de Stevens que é bem alto, que não percebo que estou exposto demais e que talvez alguém possa me ver. Alguém que eu não queira que me veja.

— Sr. Reece. - No momento em que viro o rosto vejoi o pai de James na minha frente. Eu nem precisava ter virado para ver que era ele. Essa voz grave não é de se esquecer.

— Sr. Farley - me levanto. É melhor disfarçar.

— Não sabia que estaria aqui. - ele não fala comigo como antes. Não é simpático. Ele sabe. Se não sabe, desconfia.

— É, eu... tenho uma entrevista. - minto descaradamente.

— Sério? Não sabia que tinha se inscrito para Stevens também. Vai prestar o que?

Droga!

— É... Medicina.

O quê? Medicina?

— Nossa, não sabia que você se interessava por medicina.

— Pois é! - Abaixo a cabeça. Eu sou tão falso, que qualquer um com plena capacidade de detectar uma mentira podre, descobriria.

— Admiro seu esforço, Stephen, mas eu sei o que você veio fazer aqui.

— Sabe? - pergunto apreensivo.

O Sr. Farley dá um passo na minha direção. Sua barriga quase encosta na minha.

— É melhor você ir embora.

— Acho que vou ficar, obrigado - digo o encarando.

— Você se acha esperto, não é? Não me surpreende que você é filho do seu pai.

— O que você quer dizer com isso? - Por que ele de repente está mencionando meu pai?

— Eu quero dizer que vocês são falsos. Corruptos. Traíras. Eu não quero você perto do meu filho.

Eu sei que meu pai é um monte de coisas, mas não vou admitir que ele fique falando sobre isso na minha cara.

— Quem é você para falar do meu pai? Eu na verdade pensei que vocês fossem amigos.

— Amigos? - o Sr. Farley ri. - Seu pai não presta. Ele trai sua mãe com uma garota que tem idade para ser a sua filha. Sua irmã. Eu não fico amigo desse tipo de pessoa. - Como ele sabe sobre essas coisas? — É melhor ficar longe do James. Para o seu próprio bem.

— Está me ameaçando?

— Não. Estou te alertando, filho. Eu fui cego por muito tempo, não vendo o que estava na minha cara. Você. Dentro da minha casa. Influenciando meu filho.

— James não precisa ser influenciado para nada. Ele sabe o que faz.

O Sr. Farley fica com raiva depois que digo isso. Sinto que ele vai me bater a qualquer minuto.

— Adrian. Está tudo bem aqui? Quem é esse jovem? - pergunta uma mulher de cabelos enrolados com um lenço na cabeça. Ela não parece perceber o clima entre a gente.

— Não é ninguém. O confundi, foi isso. - o Sr. Farley sorri. - Me desculpe. - Então ele se vira e vai embora. Meu coração está acelerado. O que foi isso? O James vai me matar. Como eu pude enfrentar o pai dele desse jeito? Droga! Eu nunca penso antes de fazer nada e acaba dando nisso.

***

Era Natal. Estávamos em casa e jantaríamos todos juntos, como em todo natal. Todo ano era como se tivéssemos num comercial de televisão. Aquela família linda e feliz, só que não.

Minha avó não foi naquele Natal. Minha mãe disse que ela não pode vir, mas eu sabia qual era o motivo. Meu pai tinha brigado com a mãe e por essa razão minha avó não esteve presente. O que me fez lamentar. Eu gostava quando a minha avó estava por perto. Ela sim era carinhosa comigo e me dava os melhores presentes. Os que realmente significavam alguma coisa.

Ano passado meu pai e minha mãe me deram um carro. Eu digo que não gostei? É lógico que eu gostei, mas eles só me davam presentes caros para justificarem o tempo ausente na minha vida. Eu não podia negar que estava curioso para saber o que ganharia esse ano, em troca do carinho deles.

— Feliz Natal, filho - disse meu pai, depois que comemos a ceia e começamos a dar os presentes. - Esse presente é meu e da sua mãe. - Era um envelope vermelho. Eu não tinha ideia do que seria. Olhei confuso para os rostos deles. 

— Abra - disse minha mãe contente. - Abri o envelope e tirei o que tinha dentro. Era uma foto de um hotel na praia. E dentro do envelope tinha mais coisas. Quando tirei vi que eram três passagens de avião, com tudo pago, para a Carolina do Sul.

— Uma viagem - disse em um tom normal. Sem animação.

— Para as sua férias de verão antes da faculdade. Leve seus amigos com você. Eu não sabia quantos amigos você ia querer convidar então só comprei três. Mas se quiser mais é só pedir.

Uma viagem com tudo pago. Uau, dessa vez eles me surpreenderam. Eu não sabia se iria algum dia usar essas passagens, mas com certeza iria guarda-las.

O celular do meu pai tocou e ele atendeu. Ao começar a falar eu já sabia que era algo com a empresa. Ele se afastou de nós para poder ter privacidade.

— Quer mais champanhe? - perguntou minha mãe.

— Não.

— Eu vou ter que sair - disse meu pai quando voltou até nós. - Estão precisando de mim na empresa.

— Agora? - perguntou minha mãe. - Não podem esperar até amanhã?

— Não, amor. Eu preciso ir agora.

— Mas pai, é Natal. - eu disse.

— Sim meu filho, mas problemas acontecem e eu preciso resolver. Desculpa. Eu tento voltar logo, okay? - Ele deu um beijo rápido na minha mãe e subiu as escadas nos deixando sozinhos na sala.

— Eu não acredito nisso. - disse com raiva.

Minha mãe deu as costas para mim e foi em direção a cozinha, eu sabia o que ela ia fazer. Chorar. Meu pai não se importava com a gente nem no Natal. Grande merda de presente, se no Natal, onde deveríamos estar todos reunidos ele não estaria.

Continuei sentado no sofá esperando ele descer.

— Cadê sua a mãe? - perguntou ele, eu dei de ombros. - Bom, eu já vou indo. Vou tentar voltar rápido. Prometo.

Ele deu um meio sorriso e saiu porta à fora.

Olhei para os lados. Ninguém ali. Encarei o telefone da escrivaninha perto da enorme árvore de natal que brilhava com sua luzes. Fui até lá. Pequei o telefone e disquei o número da casa do James.

***

Saio da sala de entrevista não acreditando no que tinha acontecido lá dentro. Evilyn está na sala ainda, me esperando.

— Então? Como foi? - pergunta ela apreensiva. Abro um sorriso e ela me abraça de felicidade.

— Acho que consegui - digo aliviado em seus braços.

— Eu sabia. Nunca duvidei disso.

— Eu não acredito - digo me afastando para poder olhar para ela.

— Me conta tudo.

Saímos da sala de espera para pararmos num corredor aleatório. Conto tudo para ela. Como eles gostaram das minhas notas e como foi a entrevista em geral. O tipo de perguntas que fizeram e as minhas respostas, mas o que mais me chocou eu deixei para contar por último. A carta de recomendação da Sra. Parsons dizendo que eu sou o melhor aluno que ela já teve e que se orgulha muito de mim e que eu mereço entrar em Stevens.

— Eu disse para você - ela sorria.

— Eu não acredito que ela fez isso, Evilyn. Eu realmente pensei que ninguém me apoiaria. Isso vai me ajudar muito, com certeza. - Evilyn me dá  mais um abraço. Agora eu posso ficar mais aliviado. Agora eu realmente tenho uma chance de entrar para Stevens.

Eu só quero correr e contar isso para Ste.

Voltamos a andar e sou surpreendido quando o vejo conversando com uma mulher no balcão. O chamo e ele vêm até nós.

— Estava perguntando onde era a sala da entrevista. É melhor não irmos para aquele lado. - ele aponta para a direção de onde veio.

— Por quê? - pergunta Evilyn.

— Seu pai estava lá... E me viu.

— Não acredito. - A felicidade tinha ido embora. Não tinha durado tanto tempo.

— Ele quase me bateu, James. A sorte foi que uma mulher apareceu na hora. - Apesar de ele estar rindo, eu percebo que Ste está nervoso.

Demoro um tempo para notar que estamos nos encarando como se não houvesse mais ninguém presente. Olho para Evilyn, constrangido.

— Podem ir. Vou tentar dar umas voltas, conhecer nossa faculdade. - Ela sorri e parte para a outra direção, oposta da que Ste pediu para não irmos. Também saímos por aquele lado, mas vamos para o andar de cima.

— Desculpa. Eu não consegui controlar e acabei falando merda.

— Você disse que ele ia te bater?

— Parecia. Mas acho que não teria coragem. Pelo menos não aqui, na frente de todo mundo.

— O que foi? - pergunto depois que ele fica estranho.

— Ele disse uma coisa sobre o meu pai, James - fico com medo de perguntar o que é. - Eu sei que meu pai faz um monte de coisas, mas... sei lá. Foi ruim escutar isso em voz alta.

— Desculpa.

— Por que está se desculpando? - ele abre um sorriso para disfarçar.

— Ele é meu pai, Ste. Então estou me desculpando por ele. - Meu pai realmente tinha o magoado.

— Ele é seu pai. Não é você.

Ste olha para os lados, o que faz eu também olhar para os lados. O corredor está, milagrosamente, vazio. Ste se aproxima para me dar um beijo. Dou um selinho nele e me afasto.

— Não podemos fazer isso aqui. Ou eu posso ferrar de vez com a chance de entrar em Stevens. -  Ste sorri daquele jeito de que está pensando bobagem. E me puxa. — Ste... - Ele abre uma porta qualquer e me puxa para dentro com ele. É uma sala de aula, que está vazia. — Não podemos ficar aqui, Ste.

Ele me beija, e me pressiona na porta. Esperto. Pelo menos assim ninguém poderia entrar nos pegando no flagra. Ste move a cabeça com rapidez, roçando sua boca na minha. Seu corpo está colado no meu com tanta força que é como se fossemos um só. Agarro seu cabelo. Como eu estava com saudades de beijá-lo.

— Desculpa, nem perguntei sobre a entrevista. - diz ele enquanto me beija.

— Tudo bem. - respondo, abrindo um sorriso na sua boca. Ste puxa meus lábios com os dentes, daquele jeito que sempre faz. Nossas respirações estão altas. Falta ar nessa sala.

— Eu só... Não consigo... Parar de te beijar agora - diz ele.

Eu queria muito que não parássemos nunca mais, mas não é bom ficarmos nos agarrando dentro de uma sala da universidade.

— Ste... Espera... - Afasto a boca dele que vai direto para o meu pescoço - Não podemos ficar aqui.

— James, eu preciso de você. Sério. - Seus olhos cobertos por desejos fitam os meus com ansiedade. - Eu não estou aguentando mais. Vamos voltar para o hotel e depois a gente volta.

— Isso é loucura, Ste. Não dá. - Ele volta a me beijar e retribuo sem forças para fazê-lo parar. Eu também preciso do corpo dele no meu, mas não podemos. — Ste, estamos na faculdade... Não podemos.

Ste se afasta depressa.

— É claro. É uma faculdade. Tem quartos aqui.

Ele me afasta da porta e a abre. Eu não sei o que ele está aprontando, mas ele está determinado. Subimos mais um andar, até chegarmos no corredor onde há várias portas. Há poucas pessoas no corredor, conversando ou passando com pressa.

— São quartos reservas. - digo observando as portas que estão abertas. - Quartos que são usados antes de serem escolhidos para uma irmandade ou fraternidade. Ou para aqueles que simplesmente não querem entrar em uma.

— Fica aqui - pede Ste, saindo logo em seguida.

Observo para onde ele vai. Ste para na último quarto. Há dois garotos conversando parados ali. Ste começa a falar com eles. Eu não faço ideia do que, não dá para escutar nada. Então o mais alto e louro sorri e logo depois Ste coloca a mão no bolso e tira a carteira do bolso. O que ele está fazendo? O garoto mais alto pega o dinheiro nas mãos e sai sorrindo. Ste se vira sorrindo me chamando para me aproximar.

Me aproximo com cautela.

— O que você fez? - pergunto.

— Resolvi nosso problema. Temos um quarto agora. - Ele abre a porta e entra. Olho para os lados. Podem nos ver entrando ali. Podem me ver. Ste me puxa antes que eu possa falar algo.

— E se eles voltarem? - pergunto nervoso quando ele fecha a porta.

— Dei dinheiro o suficiente para que não voltem até a noite.

Observo o quarto. É pequeno. Só têm uma cama de solteiro. E um pequeno guarda-roupa.

Ste beija meu pescoço. Fecho os olhos quando sinto seus lábios ali. Seguro seu rosto para que possa beijar minha boca. Ele o faz, com fervor. Se afasta e tira a camiseta com rapidez. E depois vêm tirar a minha.

— James, por que você insiste em usar camisa com botão?

— Deixa, eu faço. - digo tirando a mão dele e desabotoando a camisa. - Você queria o que? Que eu viesse com camiseta estampada para a entrevista? - Ele ri e já está tirando a calça. Depois que termina começa a abaixar a minha, com tanta força que faz meu corpo se mexer e eu quase caio em cima dele. Tiro a camisa rapidamente e ele me beija. — Tem certeza que ninguém vai entrar aqui?

— Tenho. - Ste me vira de costas e envolve o braço direito como se fosse me enforcar e volta a beijar meu pescoço. Fecho os olhos quando sinto sua outra mão alisar meu corpo.

— Você pegou a chave? - pergunto, quando consigo transmitir as palavras de novo.

— Não.

— Como não? - me viro para encará-lo. Eu não estou confortável com a ideia de a porta está destrancada. E ele deu bastante dinheiro, pelo visto. Por que então não pediu a chave? - E se ele entrar aqui de repente?

Ste me empurra e caímos na cama com tudo. Até que ela não é dura, como pensei que fosse. Ste tampa minha boca com a sua.

— Não vai. Você acha mesmo que ele ia me dar a chave dele? Ele nem me conhece. - Ele para de me beijar. Ficamos nos olhando. Com o corpo colado e a respiração alta. Então ele me dá mais um beijo. Aquele beijo lento que me deixa excitado. Sinto sua mão descer por meu corpo e alguns segundos depois sinto sua mão no meu membro. Ste continua a me beijar, só que paro quando não consigo mais segurar o gemido.

Ele fica me observando, tento esconder meu rosto no seu peito, mas ele me afasta.

— O que você está fazendo? - pergunto.

— Eu quero olhar para você. - diz Ste enquanto move a mão com cuidado.

— Ste, por favor, faça logo. - peço, envergonhado.

— Só se você fizer algo para mim. - ele aproxima a boca do meu pescoço - Esqueça o inglês um pouco. Fale somente espanhol comigo. - Ele beija meu pescoço.

— Por quê? - eu não entendo, aonde ele quer chegar?

— Porque eu quero ouvir, James - Ste busca meu olhar, ele continua a mover os dedos e eu tento controlar minha respiração. Ste encara minha boca. - Fala, por favor.

— Não temos tempo para isso, Ste. - digo, agarrando seus braços com força. Não temos tempo nem para fazer o que queríamos, e por que ele está demorando tanto para me satisfazer do jeito que eu preciso?

— O que você quer que eu faça? - pergunta Ste no meu ouvido, mordendo-o em seguida.

— Eu quero...

— Em espanhol - pede ele, me interrompendo.

Yo te quiero — digo enfim. Eu só quero sentir ele dentro de mim de novo. Por que ele está demorando tanto?

Ste volta a me beijar e agarro seus cabelos, pressionando a boca dele na minha.

— James, eu quero tentar uma coisa nova. - diz ele sem fôlego.

— O quê? - pergunto nervoso.

Ele me encara de novo. Então beija meu peito. Começo a sentir meu corpo reagindo ainda mais ao prazer de tê-lo. Ste continua, vai descendo, dando beijos até chegar no meu umbigo. É o que eu estou pensando? Começo a respirar mais rápido. Não acreditando no que ele vai fazer. Nunca tínhamos feito isso. Eu nunca tinha feito isso.

— Ste, espera...

Então ele beija meu pênis. Quase mordo meu lábio de tanto que eu o  aperto. Os dedos dos meus pés se ajuntam e eu agarro o lençol da cama com força.

— James, não se segure. - ouço a voz de Ste e abro os olhos, nem me lembrando de tê-los fechados. Olho para baixo. - Deixa o som sair da sua boca, você vai se sentir melhor.

Então volto a sentir sua boca ali, de novo e de novo. Fecho a minha boca mais uma vez, mas depois me lembro do que ele disse. Deixo a voz sair. Fecho os olhos. Eu quero que ele pare o que está fazendo, mas ao mesmo tempo não quero. É bom. Muito bom, melhor do que quando é sua mão no meu membro. Agora sua boca que eu sinto, sua língua...

Sinto a mão de Ste na minha e abro os olhos de novo. Ele está movimentando-a até a sua cabeça. Pousando minha mão nos seus cabelos. Então continua a fazer o que está fazendo.

Eu nunca tinha sentindo essa sensação antes. E não quero que ela acabe nunca.

—-

Ste ainda está por cima de mim. Não falamos nada. Apenas nos encaramos depois de ter feito o que fizemos nessa cama. Eu ainda não acredito que tínhamos feito sexo na cama de um estranho.

— Precisamos ir. - digo, olhando nos olhos dele.

— Só vamos ficar mais um pouco. Não sabemos quando teremos outra oportunidade. Sem contar que seu pai está lá fora. - Ele tem razão. Não tínhamos mais tempo para nos amarmos desse jeito. Meu pai tinha estragado tudo.

— Ele deve estar louco me procurando.

Ste continua me observado com atenção. Olho para a porta do quarto.

— Ste, e se alguém aparecer aqui e nos ver assim? - Tudo bem que o lençol cobria nosso corpo nu, mas mesmo assim é constrangedor. - Já faz um bom tempo que estamos aqui dentro.

Ste começa a rir, o que me faz sorrir. Então ele fica sério de novo, me observando, mas em seus olhos há um brilho inexplicável.

— Como eu te amo, James.

— Eu também.

— Não, você não está entendendo - Ele chega mais perto do meu rosto. - Eu te amo muito. E a cada dia aumenta mais. São simples coisas como essa que você acabou de dizer que me faz perceber o quanto eu te amo.

— Mas eu não disse nada.

— Não é o que você diz, James, é como você diz. - Ste segura meu rosto e o beijo. — Eu não quero mais meu coração. - sussurra ele no meu ouvido, dando pequenos beijos no meu rosto. - Ele é seu. Todo seu. Eu quero que ele seja seu. Quero que meu corpo seja seu.

Passo a mão no cabelo dele.

— Por que está me dizendo tudo isso? - Não é que eu esteja reclamando, mas é estranho vê-lo falar tanta coisa bonita.

— Eu não sei. Eu só quis dizer. Eu quero que você saiba o quanto eu te amo.

— Eu nunca vou esquecer o que você me disse hoje. Nunca.

O beijo. Eu sempre desejei que ele me dissesse que tinha sentimentos por mim, mas nunca imaginei que Ste pudesse me dizer tudo isso.

— Que tal a gente aproveitar só mais uma vez? - diz ele no meu ouvido. Eu ri, o beijando logo em seguida. Ste deita na cama e viro-me para encará-lo.

— Eu quero tentar o que você fez comigo.

— Não precisa, James - Ste sorri.

— Mas eu quero. - Eu quero que ele sinta o que eu senti. - Alguém já fez em você antes?

— Já. - ele não fica envergonhado por me dizer isso. Aceno com a cabeça. Então é melhor não fazer mesmo. E se eu não fizer direito e ele não gostar?

Ste segura na minha nuca e aproxima meu rosto da sua boca.

— Se você quiser, eu não vou te impedir. - então ele distribui beijos pelo meu pescoço. E me agarro ao corpo dele de novo.

—-

Saímos do quarto meia hora depois. Eu precisava encontrar a Evilyn e Ste precisa ir embora logo. Ele têm que chegar no hotel antes da gente.

Me despido dele com um último beijo e saio à procura de Evilyn, mas não a encontro. Ao invés disso avisto meu pai e a Sra. Banks no campus do lado de fora. Tento me esquivar, mas meu pai me vê antes. Ando receoso até eles.

— Onde estava? - pergunta meu pai com a voz grave. Ele já deve estar pensando coisas depois de que viu Stephen aqui.

— Cadê a Evilyn? - pergunta a Sra. Banks.

— Nos perdemos - minto. - Eu estava procurando por ela.

— Se perderam como? - pergunta meu pai desconfiado. - Você se distraiu com alguma coisa, filho? - Ele me encara querendo respostas. Eu acabei de ter relações sexuais com o Ste. E estou fazendo o possível para não demostrar isso na minha cara.

— Não. Eu não sei bem o que aconteceu. Tinha muito gente em volta.

Meu pai está bravo. Eu posso sentir sua raiva saindo de dentro dele. Evito olhar em seus olhos.

— Vou procurar por ela então - diz a mãe de Evilyn.

— Eu vou com a senhora - apresso-me a dizer.

— Vamos todos então. - diz meu pai, me encarando e depois dando um sorriso para a Sra. Banks.

Não demoramos para encontrar Evilyn. Ela está olhando para um grupo que está festejando alguma coisa do outro lado da universidade.

— Por que está aqui? - pergunta meu pai, antes que eu possa inventar alguma coisa. - Pensei que estivesse com o James.

Olho para Evilyn e tento mentalmente transmitir uma mensagem simples. Minta.

— Nós nos perdemos.

Fecho os olhos aliviado depois que ela diz isso. Evilyn lê a minha mente. Nós devemos ter algum tipo de poder, ou somos realmente melhores amigos que sabem ler a expressão do outro.

— Como foi a entrevista? - pergunta a mãe dela.

— Foi bem, mãe.

— Vocês devem estar com fome, não é? - pergunta meu pai. - É melhor voltarmos para o hotel. - Eu sei que o que ele quer é ficar à sós comigo e eu não estou preparado para isso.

— Que tal irmos para um restaurante? Você disse que a comida do hotel é cara. - lembro olhando para ele. Meu pai me fita sério.

— É uma boa ideia. - responde a mãe de Evilyn. - Vamos comemorar.

Meu pai assente vendo que não têm outra escolha.

— Eu sei de um lugar. Não fica muito longe daqui. - diz ele. - Vocês nos seguem. - Marcho até o carro com Evilyn.

— Eu estou ferrado, Evilyn. - cochicho para ela. Entro no carro e meu pai faz o mesmo. A mãe de Evilyn no seguiria.

— Onde estava, James? - pergunta ele, depois que começa a dirigir.

— Na entrevista. Aliás não vai querer saber como foi?

— James... - chama ele e eu sei que tenho que responder.

— Eu fui bem. Melhor do que pensei que pudesse...

— Eu vi o Stephen, James. - ele respira fundo. - Por isso que não queria que eu viesse, não é? - Não respondo.

Eu sei que meu silêncio entrega tudo. Mas eu também não tenho como mentir mais. Ele desconfia que eu estou saindo com alguém (por ter chegado mais tarde em casa, pelas visitas de Stephen), é só ajuntar tudo. Eu não preciso ficar escondendo.

Depois da comemoração fomos direto para o hotel. Meu pai não diz nada o caminho todo o que me deixa preocupado. Ele quer me dizer algo, mas está adiando.

— Sr. Farley? James e eu podemos ir conhecer a cidade mais tarde? Minha mãe me emprestou o carro. - pede Evilyn educadamente.

— Eu preciso ter um momento com o meu filho, Evilyn. Vocês podem deixar para conhecer a cidade da próxima vez que vierem. Afinal vocês irão morar aqui em Nova Jersey.

Eu sei que meu pai não quer me deixar ir por razões óbvias. Ele desconfia sobre Stephen, mas algo me diz que é mais do que isso. Quando chegamos no quarto eu tenho certeza do que ele realmente quer.

— Precisamos conversar. - diz ele depois que fecha a porta.

Olho para os seus olhos verdes e sei no mesmo instante do que essa conversa se trata. Eu não quero escutar.

— Eu gosto dele. - digo de repente, o pegando de surpresa.

— O que você...

— Eu o amo, pai - confesso. Meu pai fica sem reação ao ouvir o que está saindo da minha boca.

— Você não sabe do que você está falando - grita ele, vindo em minha direção.

— Eu sei - digo tentando não chorar, mas já sentindo que eu começaria a qualquer momento. - E me desculpa não ser o que o senhor queria que eu fosse. Mas eu sou assim e não tem nada que você possa fazer.

Meu pai respira com força. Eu sinto sua raiva emergindo no quarto.

— Você é meu filho. Meu filho, entendeu? - ele aponta o dedo na minha cara. - Eu vou concertar isso, nem que seja a última coisa que eu faça.

Fico com medo de ele estar falando sério. O que isso quer dizer?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Entãoooo? Comentem gente. Por favor. Estou sentindo falta de algumas pessoas comentando.

Espero que tenham gostado. E logo, logo, tem o baile chegando

Beijos e até sexta que vem !