Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 23
Um turbilhão de emoções


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está bem divertido, espero que vocês gostem.

AVISO: Ponto de vista do Stephen no FLASHBACK



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Finalmente tinha chegado o dia tão esperado. O dia que eu viajaria para Nova Jersey, para fazer minha entrevista para entrar na faculdade. Eu preciso me dar bem. Eu já não posso contar com a avaliação dos professores através das cartas de recomendações, então terei que mostrar tudo na entrevista.

Arrumo minha mala na terça-feira. Viajaríamos na quarta-feira de manhã para chegarmos de noite em Nova Jersey. A viagem dura quase 18 horas, é bem cansativa, então será bom, assim podemos dormir antes de irmos para a entrevista. Evilyn me avisa que sairíamos às cinco da manhã. Sem atraso, então vou dormir cedo naquela noite. Acordo bem disposto e vou tomar um café da manhã bem reforçado. Eu preciso ter energias.

— Está animado? - pergunta minha abuela.

— Sim. Só espero que dê tudo certo.

— Vai dar. - ela sorri para mim.

Eu estou ansioso para ver Ste também. A escola nos liberou a semana toda por conta das entrevistas, então não tive tempo de vê-lo direito.

— Está pronto? - pergunta meu pai entrando na cozinha.

— Sim. - respondo. Achando entranho ele estar falando comigo, já que desde que me proibiu de sair de casa ele não falou mais nada. Talvez fosse por causa da faculdade. Afinal é o sonho dele também que eu consiga entrar.

— Bom. - ele se senta e começa a comer comigo. Acho aquilo ainda mais estranho. Noto que minha abuela abre um sorriso. Ela está feliz em nos ver juntos de novo.

— Eu já coloquei suas malas no carro. Eu vou te levar - meu pai não diz isso me olhando nos olhos.

Como assim ele vai me levar?

— Eu pensei que o senhor fosse trabalhar, por isso pedi para ir com a Evilyn.

— Pode ligar para ela e dizer que não precisa te esperar. Eu pedi folga. Vou levar meu filho para a entrevista na faculdade. É um dia importante.

Ele sorri para mim, mas eu sei que ele não está fazendo isso porque quer me acompanhar nesse dia importante. Ele está fazendo isso para me controlar.

— Vou terminar de arrumar algumas coisas. - ele se levanta. - Anda logo, viu? A viagem é longa. - Então ele sai da cozinha.

— Eu não acredito.

— James, calma.

— Abuela, eu não preciso disso, não agora.

— Vai dar tudo certo. Ele só quer te levar.

— Não. Ele quer ter certeza que eu não vou me desviar. - Abaixo a cabeça triste. Eu já não tenho nem mais forças para bater de frente com isso. Me magoa que meu pai me trate assim. Minha abuela segura na minha mão.

— Qualquer coisa me liga. Não vou sair de casa.

—-

Termino o café da manhã e pego a mochila no meu quarto. Me despeço de minha abuela e depois entro no carro. Tinha pedido para a minha abuela ligar na casa da Evilyn e lhe avisar que eu não iria mais com ela. Estamos saindo mais tarde. é quase 6h30 da manhã.

Meu pai dirigw em silêncio. Ele não precisa de mapa pois já tinha ido até Nova Jersey antes. Eu estou nervoso. Nervoso por causa da entrevista. Nervoso por meu pai estar presente, sendo que eu não imaginava que isso pudesse acontecer. Nervoso por Ste. Ele ficaria no mesmo hotel que nós. Meu pai o veria. Claro, se tivéssemos sorte de isso não acontecer, mas eu acho difícil. Eu sei que no momento em que ele visse Stephen ele ajuntaria os pontos, se é que já não tinha ajuntado. As coisas só piorariam para o nosso lado. Para o meu lado.

Depois de uma pausa para por gasolina e ir no banheiro; de mais duas horas na estrada; de uma pausa para almoçar nessas lanchonetes de estradas, finalmente começamos a conversar dentro daquele carro.

— Está apreensivo? - pergunta ele.

— Um pouco.

— Você se dará bem, James. Você estudou. Só tem boas notas. Eles vão gostar de você.

— Será? - pergunto, pensando se devo dizer mais alguma coisa, porque eu quero dizer mais coisas.

— Tenho certeza.

Olho para o seu rosto. Ele está concentrado dirigindo pela estrada.

— Pai. - começo.

Eu quero falar com ele sobre uma coisa, mas não tinha tido coragem até então, só que depois do que ele tinha feito comigo, começo a sentir uma raiva dentro mim, que não tenho medo da reação dele, quanto ao que eu quero perguntar.

— Quê?

— Eu falei com a minha mãe.

— Você o que? - pergunta ele, me encarando, mas logo depois voltando a atenção para a estrada. Vejo sua mandíbula estralar. Ele está ficando nervoso. E adivinha só? Eu não estou com medo disso.

— Eu disse que eu não queria que você falasse com ela.

— Ela que veio me procurar na escola. Eu não pude simplesmente dizer não.

— O que ela te falou? - Ele fica curioso. Eu devia mentir. Dizer que ela quer que eu vá morar com ela, mas não saberia ser convincente o bastante.

— Coisas.

— Mellie não sabe mesmo respeitar um acordo.

— Que acordo? - Ele demora para responder.

— Eu já te falei sobre isso. Ela queria dinheiro. Eu dei o dinheiro. O acordo era ficar longe de você.

— Por que ela foi embora?

— Eu pensei que eu já tinha te dito isso.

— Você me contou por cima. A razão de verdade você não me disse.

— Por que não perguntou isso para ela? - ele já está aumentando a voz. - Ou ela não quis te dizer?

— Eu não perguntei. Eu quero saber de você.

— Eu já te falei, James.

— Não falou.

Ele inspira com força.

— É melhor termos essa conversa depois, estou dirigindo.

— Depois, depois. Tudo com você é depois. Mas para me trancar em casa você não hesitou nem um segundo.

— Você está me afrontando?

— Por que você fez isso, pai? Por que está me tratando como prisioneiro? Nem me deixar viajar sozinho você está deixando.

— Por quê? Essa é boa, James. Você realmente precisa que eu responda essa pergunta? Estou tentando te proteger.

— Me proteger de que? - grito.

— De você mesmo. - ele grita de volta. Um silêncio paira entre nós. - Eu não quero que faça coisas que se arrependa depois. Seu pai sabe o que está fazendo.

Fico alguns minutos quieto, sentindo meus olhos arderem. Eu não quero chorar. Eu não posso. Está dando certo esse lance de ser corajoso, falando tudo o que eu quero, por que não eu posso continuar assim? Porque meu pai está me machucando. Por isso.

— Por que você simplesmente não me aceita? - pergunto sentindo minha voz saindo tremida. Ele demora para voltar a falar.

— Porque eu simplesmente não consigo. Você é mais do que isso, James. Só precisa perceber.

Não conversamos mais depois disso. Durmo algumas horas e quando acordo já está noite. Meu pai me diz que já estamos chegando. Percebo isso quando o deserto vira grandes prédios luminosos. É lindo. Eu nunca tinha estado nessa cidade. Mas só de imaginar eu morando alguns anos aqui,  fico feliz. Agora eu tenho mais certeza do que nunca do que eu quero.

Enquanto meu pai tenta encontrar o endereço do hotel que ficaríamos hospedados, eu observo a cidade. Passamos perto do mar. É maravilhoso.

Chegamos enfim no Union Hotel. É um dos hotéis mais baratos e próximos de Stevens. O prédio é vermelho com tons verdes. Há quatro andares. Saímos do carro no momento em que paramos na frente do portão de entrada. O manobrista tirou nossas malas do carro e depois entrou dentro do mesmo, para levá-lo até o estacionamento.

Olho em volta ao entrarmos no hall para ver se encontro Ste a tempo do meu pai vê-lo. Ele não está aqui. Só há algumas poucas pessoas, com suas malas esperando sentadas ou sendo atendidas no balcão. Meu pai vai até lá e eu o sigo.

— Você reservou, né?

— Sim. Mas ficou no nome da mãe da Evilyn.

— Boa noite. - diz a funcionária.

— Boa noite - responde meu pai. - Poderia me informar se a Sra. Banks já chegou? É que ela fez a nossa reserva no nome dela.

— Só uns instante. - ela olha no seu computador. É enorme e de um tom branco. Parece com o que tinha na biblioteca da escola - Sim, ela já chegou.

— Será que você pode avisar a ela que estamos aqui? Eu vou trocar a reserva para o meu nome.

— Claro. Só um minuto. - Ela pega o telefone e disca uns números. Conversa com alguém no telefone e depois desliga. — Ela está descendo.

— Muito obrigada.

A mãe de Evilyn demora para descer, e nesse meio tempo eu fico apreensivo por Ste entrar por aquela porta e dar de cara com o meu pai. Será que ele já tinha chegado?

— James - ouço a voz de Evilyn e me viro imediatamente. Ela me agarra em um abraço.

Vamos para um canto reservado, enquanto nossos pais conversam. A mãe de Evilyn é bonita. É bem magra e também têm os cabeços enrolados, os prende com um lenço estampado na cabeça.

— Não acredito que o seu pai veio.

— Nem eu. Você sabe se o Stephen já chegou?

— Não sei. Mas como vocês vão fazer? Seu pai vai para a faculdade também?

— Eu não sei, Evilyn. Mas é certo que ele vai. Ele não quer me deixar sozinho.

Eu pensei que aqui teríamos como aproveitar, mas as coisas seriam muito piores.

— A gente dá um jeito. Eu preciso te contar uma coisa, aliás. Que aconteceu comigo. - Evilyn parece preocupada.

— O quê? - pergunto curioso.

— James! - grita meu pai. - Vamos para o nosso quarto.

— Depois você me conta.

Subimos até o nosso quarto juntos. Pegamos o elevador com espelho dentro. Evilyn e sua mãe saíram primeiro. O nosso quarto fica no terceiro andar. Onde será que o quarto de Ste fica? Saímos e vamos até o quarto 32B. O quarto têm duas camas super arrumadas com travesseiro e lenções limpos. Há uma janela coberta pela cortina fina e uma televisão. Coloco minha mala no chão e tiro a mochila das costas.

Só descemos para jantar, no hotel mesmo. Meu pai acha caro e diz que comeríamos fora do hotel da próxima vez. Depois que terminamos ele vai até o banheiro, então decido subir para o meu quarto logo. Pelo menos alguns minutos de liberdade para respirar. Entro no elevador e aperto o botão para o terceiro andar. Quando a porta finalmente se abre eu vejo Ste parado na minha frente. Ele abre um sorriso ao meu ver.

— Não acredito. - diz ele sorrindo. Ele caminha para entrar no elevador, mas o faço voltar. Ao empurrá-lo com força ele pensa besteira.

— Okay, você não quer nem esperar? - ele me encosta na parede e aproxima a boca da minha.

— Não! - o afasto. - Meu pai está aqui.

— Quê? Como assim aqui?

— Aqui no hotel. Aqui em Nova Jersey.

— Onde? No seu quarto?

— Não, lá embaixo. No restaurante.

— Tá, então vamos para o meu quarto. - ele me puxa.

— Ficou maluco, Ste? Eu não posso.

— E se ele subir e nos ver aqui? - Dá para perceber que ele está achando isso divertido. Ste sempre gostou de se arriscar.

— Espera. Onde é o seu quarto? - me dou conta que ele está no mesmo andar que nós.

— 33B, por quê?

Ele não pode estar falando sério.

— O nosso é o do lado. - Ste começa a rir. - Isso não tem graça, Ste. Meu pai pode descobrir que você está aqui.

— E daí James? Eu não tenho medo dele.

— Não é questão de medo. É questão de piorar nosso lado ainda mais. - Ele pensa com mais clareza depois que digo isso. — É melhor entrar no seu quarto logo. Depois você faz o que ia fazer. O que você ia fazer?

— Eu ia ver se você já tinha chegado - ele sorria.

— Entra no seu quarto, por favor. Nós damos um jeito de nos vermos na faculdade.

— Tá. - Ste se aproxima para me dar um beijo na boca. O afasto logo. Não poíemos nos arriscar dessa maneira.

No momento em que Ste entra no quarto a porta do elevador se abre e meu pai sai.

— Ah, aí está você.

— Pensou que eu tinha fugido?

— Por que não entrou no quarto?

— Eu estava esperando você. Não me lembrei qual era o nosso quarto. - minto.

— É esse. 32B. Não se esqueça, James.

— Desculpa.

— Tudo bem. Você deve estar nervoso com a entrevista.

Entramos no quarto e vou direto para a minha cama ao lado da janela. Tudo o que eu consigo pensar é em como Ste não perde o humor mesmo sabendo que meu pai está aqui. Talvez tenha achado isso divertido. Talvez eu não tivesse com o que me preocupar. Ia dar tudo certo.

***

Depois de uma partida de futebol na aula de educação física eu e o time fomos tomar banho. Tirar a sujeira e suor do corpo.

Liguei o chuveiro e comecei a me banhar. O chuveiro era aberto para todos os meninos. Eu poderia vê-los pelados, assim como eles também poderiam me ver nu. Mas isso não me incomodava. E também não me incomodava o fato de eles estarem nus na minha frente. Antes eu tinha certa apreensão, mas agora que tinha James eu não me preocupava mais com isso.

— Cara, o que é esse chupão no seu ombro? - Levei um minuto para entender que John estava falando comigo. Passei a mão onde estava o chupão que James tinha deixado. Eu tinha me esquecido de que isso estava aqui.

— Quem foi a garota que fez isso? - perguntou John rindo, fazendo a galera rir junto e querer ver o tamanho da marca. - Foi a Amanda né?

Comecei a rir de nervoso. É claro que ele pensaria que era a Amanda. Todos achavam que estávamos saindo. Eu não sabia se era ela que ficava espalhando isso, ou as pessoas que nos viam juntos e ficavam inventando coisas.

— Pois é.

Só de eu ter admitido que era um chupão e não um arranhado já era um motivo para a palhaçada parar. Eles que pensassem que fosse a Amanda, eu não me importava. Por tanto que não imaginasse que isso era de uma transa com um cara, eu estava aliviado.

Continuei tomando banho e me lembrei de como James deixou isso em mim. Estávamos em casa fazendo o que sabemos fazer de melhor quando o virei e o fiz ficar por cima de mim, ele começou a beijar meu pescoço, o que me deixou mais excitado, apertei ele com força contra o meu corpo, tentando não parar de me mover, e ele começou a beijar meu corpo. Foi aí que senti seus lábios no meu ombro. Ele estava chupando, senti seus dentes depois senti ele me morder. Lembro de ter gritado. Foi doloroso, mas gostoso, porém James ficou envergonhado. Me pedindo desculpas. Eu disse que estava tudo bem e que adorava esse tipo de iniciativa vinda dele. Ele finalmente estava se soltando comigo.

Parei de pensar antes que meu amigo resolvesse acordar. Eu não poderia ficar excitado aqui. Não aqui no chuveiro com todos do time de futebol. Isso sim seria constrangedor, mas do que um chupão no meu ombro.


***

Acordo bem cedo. O dia da minha entrevista. Eu estou com muito medo, mas tenho que pensar que tudo vai dar certo. Descemos para tomar café da manhã com a Evilyn e sua mãe. O café da manhã vinha incluído no pacote do hotel, então é de graça. Meu pai adorou saber disso.

Fico com medo de Ste aparecer para tomar o café e dar de cara com o meu pai. Mas ele não aparece. Acho estranho. Ou ele já tinha comido ou viria mais tarde. Mas não deixo de ficar pensando onde ele está. Será que está com fome? Será que já tinha ido para a faculdade, se adiantado para que não trombasse com o meu pai? Eu não sabia.

A entrevista começaria às nove horas, então saímos dos hotel às sete e meia. A cada minuto eu fico mais nervoso. Meu pai, é claro, vai comigo, mas eu ainda não sei se ele ia ficar. Porém é quase certeza que ele fique lá com a mãe da Evilyn. Pelo menos se ele ficasse com a mãe da Evilyn, ele não ficaria em cima de mim, e eu podia ter alguma chance de passar um tempo com o Stephen.

Meu pai estaciona perto da faculdade, pois não pode estacionar lá dentro. Mas mesmo de longe eu já consigo vê-la. A Universidade Stevens Instituto de Tecnologia é maravilhosa, mais bela ainda ao vivo. Eu só tinha visto nos livros da escola, mas não tinha ideia de quão enorme era.

Saio do carro e Evilyn já está ao meu lado. Ela sorri de orelha a orelha e percebo que também faço o mesmo. Estamos realizando o sonhos de nossas vidas. É hoje que decidiríamos nosso futuro.

Atravessamos a rua e logo em seguida já estamos pisando no campus da universidade. A grama é de um verde intenso. Começa a abrir um sol naquela hora da manhã e o sol atinge uma parte do prédio de Stevens. O prédio é bem antigo, sua estrutura igual a de um castelo. Há várias e várias janelas, por todo lado. Árvores e árvores gigantes estão espalhadas pelo campus. Estudantes para lá e para cá, estudando sentados em algum canto. Ou apenas em pé, andando, ou conversando em grupo. Há muita gente, de todos os tipos e jeitos. Passamos pela pequena passarela até chegarmos a escadaria que dá para a porta de entrada. Quando entramos meu pai pergunta  se já sabemos onde fica a sala da entrevista. Tenho comigo a carta que recebi com essas informações. Respondo que sim e Evilyn e eu seguimos para dentro da faculdade.

Pelo menos meu pai não me seguiria até a sala de espera. É só o que me faltava. Estou tão nervoso com a entrevista e tão abismado com a beleza desse lugar (dentro ainda é mais bonito), que demoro para me lembrar de Stephen.

— Será que o Stephen já está aqui?

— Não sei. - Evilyn não para de sorrir. - Não acredito que finalmente estamos aqui.

— Nem eu.

Seguimos direto para a sala onde aconteceria as entrevistas. Eu começo a ficar com mais medo. Evilyn segura consigo as cartas de recomendações dos professores. Eu não tenho isso. Ninguém quis me avaliar e isso me deixa apreensivo. O que eles diriam depois de verem minhas notas e nada de recomendações dos professores? O que eu responderia? A verdade? Será que eles já saberiam?

— Hei. - Evilyn segura minha mão e percebo que parei de andar. - Vai ficar tudo bem.

Aceno com a cabeça e entramos na sala de espera. Me surpreendo ao ver tantos adolescentes. De todos os tipos. Eles devem ser inteligentes, tanto quanto nós. Devem merecer tanto quanto nós merecemos. E temos que provar para os representante da universidade que somos dignos de estudar aqui.

Sento com Evily e esperamos.

— Eu estou nervosa. - diz ela. Fico feliz que não sou o único. É normal estar nervoso. — Tá, vamos conversar para gente não ficar nessa tensão. Eu nem te contei o que aconteceu.

— Ah é!

— Eu preciso que você prometa que não vai me julgar, James.

— Eu não vou - digo com medo do que ela vai me dizer.

— Aconteceu uma coisa muito estranha na escola semana passada. - ela não me encara. - Você sabe que eu vivo discutindo com todo mundo, inclusive com quem me enche o saco. Então eu estava conversando com a Lilly sobre a faculdade. Que a gente viria para cá fazer a entrevista, quando de repente o John ouviu o que eu estava falando e começou a me irritar. Você sabe como ele é né?

— Sei. - eu não estou entendendo nada. Não tenho ideia de onde essa história vai parar.

— Então, você me conhece também, e sabe que eu não sou de levar desaforo para casa. Eu respondi e daí começamos a brigar, até que a Lilly saiu de perto e nem percebi, então do nada o John se aproximou de mim me empurrando com tudo na parede. Por um momento eu pensei que ele fosse me bater, e eu realmente fiquei assustada. Quer dizer, ele é um homem, e eu sou uma mulher. Eu sei que sou forte, mas não tem comparação com a força dele. Mas então ele não bateu, ao invés disso ele... me beijou.

Fico um minuto calado, assimilando o que ela tinha acabado de me dizer.

— Você disse que não ia me julgar.

— Eu não disse nada, Evilyn.

— Não precisa. Você está fazendo cara de que está me julgando por pensamento.

— Eu não... - tento me defender, mas ela não me deixa.

— Eu não tive culpa. Ele me beijou. E como eu estava assustada eu não percebi... que estava correspondendo.

— Uau.

— Eu sei. - Evilyn abaixa a cabeça. - Ele é um idiota, James. E eu estou com o Sam, mas... o beijo meio que foi bom. E ele tem uma pegada diferente...

— Tá bom, não precisa me contar os detalhes. - eu sinto que posso vomitar a qualquer momento. Acho que é porque eu estou nervoso com a entrevista.

— Estou me sentindo péssima. Acho que entendo agora o que você sentiu quando beijou o Nick. Não é justo com o Sam.

— O que você pensa em fazer?

— Não sei. Mas isso não vai acontecer de novo. O John é um idiota.

— Bom, o que você decidir, eu estou aqui com você.

Evilyn sorri para mim. Fico  feliz dela ter me contado isso. Quer dizer, ela está com vergonha por ter acontecido, mas mesmo assim decidiu me contar.

— Evilyn Banks! - Uma mulher abre a porta e chama o seu nome.

— Sou eu. - Evilyn se levanta. Ela tem que entrar.

— Boa sorte - digo para ela.

— Obrigada.

Evilyn entra na sala nervosa. E eu fico ansioso por ela. E por saber que daqui a pouco serei eu.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram?? Me digam nos comentários!!! Please.
E até semana que vem com mais aventuras na universidade.