Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 15
Novas experiências


Notas iniciais do capítulo

Genteee, esse capítulo vai acabar com as estruturas da #familiabrasilera. kkkkkkkkk
Zuera, mas estou sentindo reações de todos os tipos depois de vocês lerem.

Como eu disse antes, a partir de agora começa a segunda fase da fanfic, estou tentando trazer coisas novas. Espero que vocês gostem.

AVISO: Ponto de vista do Stephen no FLASHBACK

Boa Leitura!



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O jantar é muito estranho. Além de meu pai resolver nos trazer num restaurante de verdade, ele não diz nada. Nada revelador. Eu pensei que pelo menos ele fosse contar algo. Quer dizer, para quê almoçar fora, se podemos fazer isso em casa? Eu não estou entendendo nada e minha abuela não parece ter a mesma impressão que eu. Talvez ela saiba o que está acontecendo. Será que está acontecendo mesmo alguma coisa?

Meu pai levanta para ir ao banheiro depois de ter pago a conta, deixando minha abuela e eu a sós.

— Está tudo bem? - pergunta ela de repente.

— Como assim?

— Não sei. Seu amigo foi lá em casa, não foi?

— Sim. Está. - Abaixo a cabeça. Eu não quero falar desse assunto com ela. É melhor trocar de assunto. - O que o pai tem? - pergunto.

— Como assim? - dessa vez é ela que não entende nada.

— Abuela, ele está estranho. Pensei que ele fosse dizer alguma coisa... - De repente me lembro de algo e fico nervoso. - Você contou?

Fico com medo da resposta.

— Não. Acho que eu não sou a pessoa adequada. Seu pai precisa ouvir isso de outra pessoa.

Ela está dizendo que é eu que tenho que dizer, em outras palavras.

— Você disse que não era o momento certo.

— E não é mesmo.

— Por quê? Que se pasa, abuela? Qué está pasando que no quieres contarme?

No está ocurriendo nada, mi amor.

— Estão praticando o espanhol, é? - pergunta meu pai se aproximando de nós.

— Pelo menos sua cria quer saber mais das suas raízes, hijo.

— Já não basta o nome que a senhora me deu, mamá?

— Ah, que isso? Adrian é um belo nome, não é James?

Eu sorrio. Meu pai não gosta do nome dele. Diz que é muito afeminado.

— Vamos para a casa.

Me levanto encarando meu pai. Por alguma razão estranha ele também está olhando para mim. Será que quer me dizer alguma coisa?

— Tem estudado para a faculdade? - pergunta ele, enquanto voltamos para o estacionamento.

— Sim - respondo.

— Que bom. Que bom, filho.

De novo. Esse filho. O que está acontecendo? Não tenho como não ficar preocupado. Não que eu não esteja gostando da maneira como ele está me tratando, mas é estranho.

Depois que chegamos em casa minha abuela me aborda de novo. Faz questão de falar sobre o Ste mais uma vez. Ela ajuntou os pontos. Viu que ele de vez em quando estava em casa, sem contar às vezes que me telefonava.

Tento explicar - mentir - que não temos nada, mas ela não engole. Entende que eu não quero comentar. Se pelo menos estivéssemos juntos e resolvidos, mas não estamos. Na verdade nossa relação sempre foi meio estranha, nada sólida. E agora com essa situação toda de eu ter saído do armário (obrigado, na verdade) eu não acho uma boa ideia contar tudo para ela. Mesmo me sentindo mal depois de tudo que minha abuela fez por mim.

Quer dizer, por causa dela eu posso continuar a frequentar as aulas de educação física, assim não me prejudicando na hora de ir para uma faculdade. Faculdade. Eu nem acredito que estou tão perto. Naquela semana na escola os professores começam a nos lembrar de nossas responsabilidades ao escolher nossas universidades. A época de entrevistas, redações e questionários estão próximas.

Evilyn e eu sempre fomos muito decididos no que queríamos fazer e para que faculdade iriamos depois que terminássemos a escola. Ter boas notas e fazer atividades extracurriculares sempre esteve em nossos planos. Eu tenho minhas aulas extras de espanhol (é verdade que esse ano relaxei um pouco depois de ter conhecido Ste) mas, mesmo assim ainda tenho isso no meu currículo. Já Evilyn faz trabalho voluntário cuidando dos idosos da casa de repouso de Little Rock. está tudo bem para nós. Só uma coisa que pode estragar tudo. E realmente isso está me deixando preocupado. Minha homossexualidade - agora completamente exposta.

Enquanto a professora Parsons fala sobre as universidades e o que é importante para que possamos entrar com facilidade, mais eu fico nervoso.

— Vale lembrar que é extremamente importante a performance acadêmica de vocês, o engajamento em atividades extracurriculares... - Até aí tudo bem. — O que os seus professores tem a dizer sobre o aluno, as notas dele em exames padrão, e também outros critérios mais subjetivos.

O que os professores tem a dizer? Eu sei que ela quer dizer sobre comportamento, mas o fato de eu ser gay me deixa apavorado.

— Eles também podem considerar como aquele aluno se encaixa com as particularidades daquela universidade. Se o “jeito” dele combina com a cultura daquela instituição.

Eu não vou passar. Eu não vou passar. Depois de tanto esforço, tanta dedicação. Minha sexualidade vai interferir na minha vida. Eu não quero isso.

— Evilyn, eu não vou consegui entrar. - desabafo com ela depois que vamos para o intervalo.

— Está falando besteira. Temos nossos planos lembra? Notas máximas em todas as matérias? Positivo. Atividades extracurriculares? Positivo. E ainda por cima somos boas pessoas, bons alunos. Os professores nos amam.

Só se for ela, depois que descobriram sobre minha real admiração pelo meu próprio sexo, alguns professores - mesmo não demonstrando diretamente - me tratam diferente. Ninguém tem  sido grosseiro comigo, mas também a postura havia mudado. Especialmente dos professores do sexo masculino.

— Você não está entendendo. E se não me aceitarem porque sou homossexual?

Evilyn percebe que eu estou mesmo preocupado.

— Bom... James, eu não sei. Sinceramente. Você devia conversar com algum professor sobre isso. - Balanço a cabeça. Eu não vou ter coragem. E até parece que eles vão querer realmente me ajudar. — Então converse com o Nick. Quero dizer, eu acho que ele deve ter feito faculdade. Apesar de trabalhar numa lanchonete. O que é estranho.

Verdade. Eu posso conversar com o Nick. Ele é a pessoa perfeita. Ele é gay e saberia exatamente como estou me sentindo. Fico mais aliviado depois disso, de saber que talvez Nick possa me ajudar. Depois da escola eu iria até a lanchonete conversar com ele.

Apesar de estar com a cabeça sobre todo o processo de entrar na faculdade, estou preocupado com Ste. Ele tem se afastado, literalmente, da turma dos populares. Eu já não o vejo mais com Mike, John e Amanda. Quando realmente o vejo, ele está andando sozinho pelos corredores. Uma vez ou outra nos encaramos, mas é difícil conversar. Não me atrevo a me encontrar com ele no banheiro feminino, eu tenho muito medo de alguém nos ver. De alguém o ver.

Esperei que ele aparecesse em casa de novo, como no último fim de semana, mas ele não apareceu. Fiquei com medo de ir até a casa dele e dar de cara com seus amigos. Isso poderia aumentar suspeitas. Então por causa disso não conversamos sobre o que está acontecendo com ele.

Apesar de não deixar mais a barba crescer, Ste ainda está diferente. Mais triste, quase deprimido.

— Eu preciso que você converse com Ste.

— James...

— Por favor, Evilyn. Eu estou te pedindo.

Eu estou fazendo aquela cara. De desespero. Ela não resiste quando eu faço isso.

— Hoje não dá. Vou me encontrar com o Sam.

O Sam, é claro. Já tinha me esquecido do seu novo "namorado". Sim, Evilyn está saindo com Sam. Eles não estão namorando ainda, mas é como se tivessem. Pelo visto o primeiro encontro foi mais que perfeito, já que só faz uma semana e ela já não consegue parar de falar nisso. Estou surpreso como o assunto demorou para cair no nome dele.

Evilyn tinha dito que ainda não tinha feito nada. Disse que só se entregaria se eles oficializassem tudo. E não quero dizer casar. Mas quando o Sam for até a casa dela pedir permissão para o seu pai para namorarem.

— Tudo bem. Então amanhã? Por favor. - peço. Eu realmente preciso que ela converse com ele. Sobre qualquer coisa. Eu preciso saber se Ste está bem.

— Tudo bem.

***

Estava um dia tão bonito olhando daquele lago. Ao fundo, no horizonte, eu conseguia ver o sol nascendo. Era lindo. Parecia uma pintura dessas que a gente vive vendo na rua, nos quadros de pessoas simples, mas talentosas.

Eu estava me sentindo bem depois da noite que tive com James. Ele era tão tímido, mas tão... Eu não sabia dizer qual a palavra. Só sabia que ele era especial. Viver esse tempo com ele, longe da minha realidade eram os melhores momentos. Estar perto dele, compartilhar meus segredos e deixá-lo contar os dele. Que história é essa da sua mãe, eu nunca imaginaria.

— Stephen? - escutei alguém me chamar e quando me virei vi Amanda se aproximando. Ela estava com o cabelo preso num coque. Usava um vestido.

— Amanda. Também não conseguiu mais dormir?

— Quem consegue nesse mato? - Ela fez uma careta - Parece feliz - ela me observou. Eu estava com um sorriso no rosto.

— O ar livre me deixa leve.

— Sabe o que me deixaria leve? - ela perguntou se aproximando, segurando meu ombro. Então me deu um beijo.

Não afastei ela, mas também não senti prazer nenhum. Beijar mulheres já não provocava mais a mesma sensação. Era completamente diferente de quando eu beijava James. Quando eu o beijava era como se eu estivesse no comando. Eu conseguia sentir o quanto ele gostava, sem contar como ele demonstrava ao reagir com suas mãos no meu corpo. Amanda movia a cabeça no mesmo ritmo que eu. Suas mãos, às vezes, me apertavam, mas não era aquela sensação. Era vazio.

— Vamos para um lugar mais reservado? - ela sorriu, me puxando.

— Acho melhor não. Não vamos abusar da sorte.

Soltei meu braço e limpei minha boca com a mão. Então voltei a observar a linda paisagem. Amanda, apenas ficou ao meu lado. Senti de longe o cheiro do seu tédio. Como ela poderia estar entediada com uma vista maravilhosa dessa?

***

Nick não estava na lanchonete quando fui até lá de tarde. Um funcionário me disse que ele está de folga e que devia estar no seu apartamento. Eu ainda me lembro onde ele mora e não acho que faria mal ir até lá. Pelo menos eu acho que não.

Para a minha surpresa o porteiro me deixa entrar, mesmo sem Nick ter atendido o interfone. Talvez ele não esteja em casa, ou esteja ocupado que não escutou o telefone tocar, mas o porteiro me garante que ele não saiu e me deixa entrar, pois, pelo o que me explicou, Nick disse que eu tinha carta branca para entrar quando quisesse.

Bato na porta e espero. Fico pensando se eu devia estar mesmo aqui. Quer dizer, uma coisa é ir pedir conselhos na lanchonete (o que já é abusar demais, pois é o seu local de trabalho). É melhor eu ir embora. Só que já é tarde demais. Eu já tinha batido na porta e ele agora está abrindo. Escuto a chave virando do lado de dentro.

Nick abre a porta e sou tomado pela surpresa. Ele está parado, com aquele mesmo sorriso de sempre, mas há algo de diferente. Seu corpo está completamente exposto. Apenas uma cueca box preta, é o que ele usa.

— James. - ele está surpreso em me ver. Mas feliz.

— Oi...

Não consigo parar de olhar para o corpo dele. Sua pele é morena, um bronzeado muito bonito e seu abdômen é muito, muito definido. Paro de observá-lo, com vergonha. E já começo a pensar nas razões para ele estar desse jeito.

— Desculpa, eu não sabia que você estava ocupado.

— O quê? - ele parece não entender e depois ri. - Ah, você acha que estou com alguém? Não. Fica tranquilo. Pode entrar.

— Eu não quero incomodar.

— Imagina, James. Eu só ia tomar um banho, mas isso pode esperar. Entra, por favor.

Nick dá um passo para o lado e entro, sem ter certeza se devo.

— Desculpe vir sem avisar. Mas eu não tinha o telefone daqui. - digo, tentando não olhar para ele. Para o corpo dele.

— Tudo bem. - ele me olha e percebe que estou constrangido. - Vou colocar uma roupa.

Nick sai da sala e consigo respirar.

— Então aconteceu alguma coisa? - ouço sua voz do quarto. - Para você vir até aqui. - Nick volta já pondo uma camiseta no corpo. Também já usando um shorts. Percebo que sua coxa é bem grossa.

— Eu só venho falar com você quando eu tenho algum problema, né? - estou envergonhado, pois isso é verdade.

— Está tudo bem, você só tem duvidas. - Nick realmente me faz pensar que não se importa. - É sobre seu ex?

— Não.

— Senta. - pede ele e o faço, ele vem se sentar ao meu lado. - O que é então?

— Nick, você já fez faculdade?

— Sim. Fiz literatura na Hunter College. Por quê?

— Literatura? - pergunto curioso.

— É, eu quero ser escritor. - Nick sorri. - Eu sei que não é preciso uma faculdade para isso, mas eu quis estudar. Sempre é bom estudar.

Isso explica os vários livros que haviam no seu quarto quando estive lá naquele dia. A gente sempre conversa, mas eu não sei nada da vida dele. Só agora percebo isso.

— Então, talvez você não devia estar trabalhando numa editora? - pergunto um pouco hesitante. Quer dizer, o que ele está fazendo numa lanchonete?

— É um pouco complicado. Eu até fiquei um tempo numa editora de Nova York, mas tive problemas por conta da minha orientação sexual e eles me mandaram embora.

É pior do que imaginei. Se eu estou com medo de não entrar na faculdade, se eu entrar, as coisas serão ainda piores quando eu sair de lá.

— Eu trabalho na lanchonete porque preciso pagar a casa e a luz. Meu tio é dono e me deixou ficar lá por um tempo até que as coisas melhorem, enquanto isso eu vou escrevendo. Mas acho que você não veio aqui para saber mais sobre a minha vida.

Tão pouco tempo, e Nick já me conhece bem.

— Estou com receio de não conseguir entrar na faculdade, por causa... você sabe.

— James, não precisa se preocupar com isso. Você é inteligente. Você vai se dar bem.

— Mas você sabe que só notas boas não são o suficiente. É preciso de cartas de recomendações e duvido que algum professor vai me recomendar.

— Como tem tanta certeza?

— Todos já sabem. Não dizem nada, mas eu sei que não é a mesma coisa de antes.

Nick respira fundo.

— Suponhamos que você não tenha a ajuda dos professores. Ainda tem a entrevista, sem contar a redação.

Essays, as redações que temos que fazer se apresentando e contando a nossa trajetória pessoal. É uma das partes mais importantes do processo de seleção e também o momento que temos que nos destacar entre os demais alunos.

“É a oportunidade de mostrar quem é você além das suas notas, dos resultados nos testes e do seu currículo"— lembo do que a professora Parsons nos disse hoje de manhã.

— Eu sempre planejei tudo certinho na minha cabeça - começo dizendo. - Mas agora, eu não sei o que fazer.

— James, faça as coisas do jeito que você planejou. Não se deixe influenciar por opiniões negativas. Não fique pensando que não vai conseguir passar. Você é o que você é. Sempre foi. Não se rebaixe só porque agora as pessoas sabem o que você é. Ser gay é o que você é. Nada e nem ninguém vai mudar isso, então não deixe que outras pessoas te mudem. Você vai conseguir.

— Obrigado. - é tudo o que eu consigo dizer. Quer dizer, olha o que ele tinha me dito. Ninguém nunca falou essas coisas para mim. As palavras de Nick realmente me deixam mais confiante. Ele não está sorrindo, mas seu olhar diz que confia que eu possa passar por isso. Então algo estranho acontece. Um momento, onde ficamos nos encarando e acabo percebendo que estou olhando para a boca dele.

— Acho melhor eu ir. - digo me levantando depressa. O que tinha dado em mim? - Já ocupei muito do seu tempo. Então eu vou... - Tento passar no mesmo momento que ele levanta do sofá e batemos um no outro. Peço desculpas e ele sorri, tirando as mãos do meu braço. Eu nem percebi ele colocando as mãos ali. Deve ter sido na hora que nos batemos.

— Eu abro a porta para você - diz Nick ainda sorrindo.

Caminho até a porta de cabeça baixa. Por que eu estou tão nervoso?

— Tchau. - digo, depois que ele abre a porta e olha para mim com aquele sorriso no rosto. Mas não dou nenhum passo, só fico olhando para ele.

De repente Nick para de sorrir e fica sério. Não sério bravo, mas sério. Seu olhar muda, ele não apenas me olha, seus olhos me encaram. Percebo ele se aproximar devagar. Pensei que eu estivesse nervoso, mas com toda a certeza, o que estava sentindo há alguns segundos não é mais forte do que estou sentindo agora. Sinto meu corpo tremer quando sua mão segura meu rosto e em seguida seus lábios pousam nos meus.

Eu nunca tinha beijado nenhum outro cara a não ser Ste. E é diferente. Nick move os lábios com delicadeza, não é como se ele estivesse no comando, ou eu, beijamos na mesma sincronia. Sinto sua mão no meu cabelo, massageando-o devagar. Ele está aproveitando o beijo, assim como eu.

Mas o que eu estou fazendo? Beijando outra pessoa. Isso não está certo. E o Ste?

O afasto.

— Eu não posso. - digo, olhando nos olhos dele.

— Eu também não. - Nick solta um risinho e levanta uma sobrancelha. - Quer dizer você é menor. Não acho que seja certo. - Ele não parece chateado por isso. Não é um drama não poder me beijar. Foi simplesmente um beijo. Um beijo entre duas pessoas. Nada mais. — A gente se vê, James. - ele me dá um último sorriso e finalmente consigo me virar para ir embora.

Escuto a porta se fechar atrás de mim e sinto a parede nas minhas costas, só assim consigo respirar direito. O que tinha sido isso? Eu realmente o beijei? Ele realmente me beijou? Eu preciso falar com a Evilyn.

—-

Chego na casa dela depois de quase uma hora. Entro direto, depois que sua mãe atende a porta,e vou até o seu quarto. Encontro Evilyn estudando.

— James? O que está fazendo aqui? Aconteceu alguma coisa? - ela pergunta se levantando.

— O Nick me beijou. - sou direto. - Quer dizer, nos beijamos.

— Não acredito. - ela parece chocada. Joga os livros para o lado e me convida para se sentar. Isso tudo acontece em segundos.

— Nem eu estou acreditando. - me sento na cama. Não conseguindo olhar para o rosto dela. Ao invés disso observo seu quarto.

O quarto de Evilyn é bem feminino. Quase tudo é rosa e branco, mas é lógico que existem suas coisas de "nerd", como a estante coberta por livros e dvds e pôsteres na parede de filmes como Star Wars e Star Trek. Ela é muito fã.

— Como isso aconteceu? - ela está muito curiosa. - Eu disse que ele gostava de você.

— Não foi assim, Evilyn. Foi diferente. Como um breve momento que passou. A gente se beijou e depois não ficou estranho. Pelo menos não para ele. - Eu não posso dizer nada sobre mim, quer dizer, eu ainda não sei como tinha me sentindo.

— Como assim? Você sentiu alguma coisa? - Evilyn pergunta, ao mesmo tempo em que eu penso isso.

— Não. Não sei. Foi bom. Foi um beijo. - ela está desacreditada. - Na verdade estou me sentindo mal.

— Por causa do Stephen.

— Alguma coisa está acontecendo com ele. E o que eu faço? Eu beijo outra pessoa.

Eu não devia ter feito isso. Eu sempre penso antes de fazer as coisas. Mas foi tão estranho. A maneira como me senti. E Nick percebeu, por isso tomou aquela iniciativa. Eu nem posso culpá-lo.

— Eu realmente não sei por que você fica se martirizando. - menciona Evilyn. - Você mesmo disse que foi só um beijo.

— É, você tem razão. - tento disfarçar. Eu tenho que pensar como Evilyn. Foi só um beijo. Nada mais. Só um beijo.

—-

Vou para casa depois de ficar mais um tempo conversando com a Evilyn. Já vai dar nove horas quando chego no meu bairro. A medida que vou me aproximando da minha casa, percebo que o carro de alguém está estacionado na frente. Não no estacionamento onde o carro do meu pai fica (e que não está no momento, onde meu pai está?) mas na frente, perto da rua. Ao me aproximar mais vejo que é o carro de Stephen. Ele está em casa de novo?

Apresso o passo e atravesso a rua, quando faço isso o vejo sentado na calçada, na frente do carro, por isso não o vi de longe. Ele está com a cabeça apoiada nos joelhos. Olho para os lados, com medo de alguém conhecido estar por aqui. Mas não vejo ninguém.

— Ste? - o chamo. - Stephen?

Me aproximo e agacho na sua frente. Ste levanta a cabeça e me observa. Está horrível. Sua aparência parece doentia.

— Ah, você chegou? Onde você estava? - Sinto o cheiro de álcool vindo do seu halito. Ele tinha bebido.

— O que está fazendo aqui? E desse jeito. - Tento levantá-lo da calçada. Ele se apoia em mim.

— Onde você estava James? Você estava com ele, né? Eu sei que estava.

— Vem, vamos até o seu carro.

Fico  imaginando se ele havia batido na minha porta? É a única razão dele saber que eu não estava em casa. E minha abuela deve ter dito que não, pois meu pai ainda não tinha chegado. Mas são nove horas da noite. Como assim ele ainda não chegou?

Abro a porta do carona, que felizmente não está trancada, e o sento. Ste me olha, daquele jeito, com aquele mesmo olhar da última vez que conversamos.

— Você disse que ia me esperar. Por que não está esperando?

Por que ele está dizendo isso? É como se ele soubesse o que eu tinha feito. Olho para a minha casa nervoso. Meu pai não está em casa, e não tenho como eu entrar lá e perguntar para a minha abuela onde ele está, não com Ste dessa maneira. Ele pode dizer coisas que não deve dizer. Mas eu também não posso deixá-lo assim, sozinho. Eu tenho que levá-lo de volta para casa. Mas e meu pai? Droga. O que eu faço?

— Eu não estou bem. - diz Ste, fechando os olhos e fazendo cara de dor.

Eu tenho que levá-lo. Agora. Coloco seu cinto de segurança e procuro a chave no seu bolso da calça. Fecho a porta e dou a volta no carro. Sento no banco do motorista. Meu pai não me deixa usar o carro dele, então eu não tenho como praticar o que aprendi na escola. Mas eu tenho minha carta, só não dirijo com frequência. Com nenhuma frequência. Mas não acho que sofreríamos um acidente. É só leva-lo para a casa dele. Não era tão longe assim. Ligo o carro e dirijo. Bom, eu ainda me lembro como faz isso.


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Notas finais do capítulo

E aíiiiiii, família brasileira? Me contem o que acharam das atitudes de James? Acharam que foi errado? Ou não, ele tinha mesmo que dar um beijo no Nick!!! Comentem, please. Não me deixem morrendo de curiosidade. Acham que vai acontecer o que ???

O próximo está muito...... (aii quero que vocês vejam logo).

Até Terça