Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 13
Ciúmes


Notas iniciais do capítulo

Chega de ansiedade né? Espero que vocês gostem desse capítulo.

AVISO: Ponto de vista do Stephen DEPOIS do flashback.

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644679/chapter/13

— Nada. Só esse idiota que caiu - Mike responde, fazendo John rir com ele. Olho para Ste pela primeira vez, ele está lutando para não fazer nada.

— Mentira! Foi ele que colocou o pé - grita Evilyn inconformada.

— Escuta, vocês deviam escolher melhor as pessoas que entram nesse estabelecimento - brovoca Mike para Nick. - Deixam qualquer marica entrar.

— Realmente - diz Nick se aproximando de Mike com as mãos para trás. Seu rosto ainda com fúria. - Devíamos mesmo. Começar a banir homofóbicos, medíocres como você.

Não acredito que Nick disse isso. Mike começa a rir e só depois que percebe que Nick não está brincando.

— Espera! O que... Você é...? - ele ri. - Não acredito, cara! Que nojo!

Como Mike é idiota. Eu percebo que a qualquer momento Nick pode partir para cima dele, mas talvez esteja se controlando por conta de estar no serviço. Ele é maior que Mike e não tenho duvidas de que seria uma luta horrível. Eu não queria que isso estivesse acontecendo.

— Por que está defendendo ele? - escuto a voz grave de Ste e fico surpreso.

— É por quê? - pergunta Mike, também interessado. Mas eu sei que os interesses dos dois são diferentes. Ste quer saber por que Nick está me defendendo. Que razões ele tem para fazê-lo. Se são razões íntimas. - Vocês por um acaso são namorados?

Mike começa a rir. Ste me encara, ele está muito nervoso e eu sei por quê.

— E se somos? Isso não é da sua conta. - Nick aumenta a voz. - Nem da sua, e nem da sua. - Ele aponta para John e depois para Ste.

Ste abaixa a cabeça respirando com força. Mas sem antes me encarar querendo respostas. Ele está muito bravo. Eu quero explicar que não é isso que ele está pensando, mas não posso. De repente ele sai da lanchonete. Deixando todos surpresos por sua atitude.

— Stephen? - grita Mike, percebendo que o amigo abandonou o barco. Ele encara John e depois Nick, dá de ombros e sai atrás do amigo.

— Você está bem? - pergunta Nick, preocupado comigo. Apenas aceno. Mas estou mentindo. Eu não estou bem, como posso estar depois de tudo isso ter acontecido? Ste está pensando mal de mim.

— Não acredito que Stephen ainda tem coragem de andar com o Mike depois do que ele te fez. - diz Evilyn.

— Stephen? É seu ex? - pergunta Nick. - Aceno de novo. — Agora entendo por que está com essa cara.

— Me desculpa. Eu melei o chão todo. - Tento mudar de assunto. A última coisa que eu quero agora é conversar sobre o Ste com Nick.

— Não ligue para isso. E me desculpe. Eu não devia ter dito aquilo. Dar a impressão de que estamos juntos. Mas meu sangue ferveu. - Olho para seu rosto e percebo que ele só queria me defender. — Quer conversar? - pergunta,  completamente ignorando a presença de Evilyn.

— Depois. Acho melhor eu ir para casa.

Ele compreende e volta para trás do balcão.

— O Mike não perde uma. E aquele idiota do John. Stephen não fica atrás.

— Só vamos embora, por favor - peço e ela apenas assente.

—--

Evilyn me leva para a casa e quando chegamos já é noite. Entretanto demoro para sair do carro depois que ela estaciona.

— Quer que eu entre com você? - pergunta.

— Não precisa.

Não falo mais nada, e nem consigo sair do carro.

— James...

— Ele vai pensar que tenho alguma coisa com o Nick. - digo finalmente o que está martelando na minha cabeça desde que saímos da lanchonete.

— Deixe ele pensar. - encaro Evilyn, ela dá de ombros. - Pelo o que você me contou ele sempre ficava com alguém, acho que fazê-lo pensar um pouquinho que você tem alguém também, não vai fazer mal nenhum. E é bom para você se vingar por tudo o que ele fez.

Eu não acredito no absurdo que ela está me falando. Apenas tiro o cinto de segurança e saio do carro.

— Até amanhã. - ela diz para mim.

Evilyn realmente não entende nada. Vai ver é porque nunca teve ninguém, nunca gostou de ninguém, assim como eu gosto de Ste. Vamos ver se depois desse encontro com esse garoto, que nem tive tempo de perguntar o nome, ela veja as coisas como eu vejo.

Entro em casa cansado. Ouço a voz do meu pai, ele está falando com alguém. Não estou com cabeças para falar com visitas então tento passar sem ser percebido. Mas não tenho sucesso.

— James? Olha quem está aqui! - diz  meu pai, e então paro de andar. No momento em que levanto a cabeça vejo Stephen sentado no sofá conversando com ele. Ste se levanta ansioso e vem até mim.

— Eu estava falando para o seu pai que precisava da sua ajuda com a matéria de história. Lembra? O professor vai passar aquela prova e eu não sou muito bom...

Ele está inventando uma história para que possemos conversar sozinhos. É impressionante como ele consegue fazer uma voz completamente diferente da expressão fria que tem no rosto. Consigo ver sua mandíbula se contrair.

— Sim. Vamos lá para baixo. Eu te empresto o livro.

Passo direto e Ste me segue dando licença para o meu pai. Não vejo minha abuela, ela deve estar na cozinha, ou no quarto descansando. Desço as escadas já me tremendo todo. O que ele vai me dizer?

— Se explique! - diz Ste depois de chegarmos no andar de baixo.

Me viro para encará-lo, chocado com a maneira que ele está falando comigo.

— O quê?

— Estou esperando, James. - ele cruza os braços, me encarando com raiva.

— Não quer nem saber se estou bem depois do seu amigo me fazer cair? - pergunto me aproximando.

— Ah, mas você foi bem acolhido. E não muda de assunto!

— Para de falar alto. - digo também o encarando. Ele então se recompõe. Percebo que seus olhos estão mesmo diferentes. Há tristeza neles. - Só minha abuela que sabe agora.

— Você contou para ela? - ele está chateado. - Quando ia me dizer isso?

Vou responder: na próxima vez que combinássemos ou quando tivéssemos alguma oportunidade de nos encontrar, mas Ste não me deixa terminar.

— Ele sabe? - Ste faz a pergunta e nem precisa ser mais especifico para eu entender que está se referindo a Nick. Se ele sabe de tudo isso. De tudo o que está acontecendo comigo. - É claro que ele sabe. Quem é ele?

— Ele é só um amigo.

— Ele é gay, James!

— E daí? - Eu não vejo razão para tudo isso.

— E daí? - ele está inconformado. - O pior é que você nem se dá conta. Ele gosta de você.

— Por que todo mundo fica dizendo isso?

— Porque é verdade. Olha a maneira como ele te defendeu.

— Ele me defendeu porque ele é meu amigo. Não existe nada.

— Eu acredito em você. - Ste respira  fundo e abaixa a cabeça. Ainda está um pouco nervoso. - Mas eu não conheço ele. Droga... Ainda por cima ele é bonito.

— Não confia em mim? - pergunto, com medo da resposta.

— Você não percebe? - Ste se aproxima mais, abaixando seu rosto para ficar da altura do meu. - Eu estou com medo de te perder para ele.

Levo um segundo para perceber o que ele me disse. Ele está com medo de me perder? O que isso quer dizer? Ste se afasta um pouco e percebo que está envergonhado, talvez pelo o que disse. Ele evita me olhar quando volta a falar.

— A gente não pode mais se ver por causa da maldita da Amanda, enquanto o caminho fica livre para o seu amiguinho. Há quanto tempo vocês se conhecem? Foi agora, né? Só pode ter sido. Você nunca me falou dele antes.

— Não está adiantando nada essa conversa. Você tem seu pensamento e eu tenho o meu. Pelo visto nada vai mudar isso.

Eu não tenho mais argumentos. Stephen não vai acreditar que nada, nada vai acontecer entre Nick e eu. Somos só amigos.

— Se eu te pedi para não vê-lo mais. - Ste está hesitando. - Você não concordaria, certo?

— É claro que não. Ele me ajudou muito. Você não tem ideia do que tive que passar. E Nick foi muito... legal comigo.

Ste apenas acena com a cabeça com a mão na cintura enquanto eu falo .

— Você acha que eu também não sofro? - pergunta, se aproximando de novo. Percebo em seus olhos que ele está sofrendo naquele momento. - Você não tem ideia do que está acontecendo comigo!

— O que está acontecendo? - pergunto curioso e preocupado. Ele está muito estranho.

Ste fica me olhando. Percebo que seus olhos estão brilhando, e não é de felicidade. Espero que ele me diga.

— Esquece... - Ele se afasta. - É melhor eu ir embora.

— Espera. - Seguro sua mão, ele me encara. Então se aproxima de novo segurando firmemente meu rosto. Ele me beija, um beijo rápido, muito rápido.

— Eu não vou te perder. - diz olhando em meus olhos. Então ele se afasta de vez, subindo as escadas e desaparecendo do quarto.

O que está acontecendo com ele? Ste está com problemas, eu sinto.

Naquela noite antes de cair no sono, penso em tudo o que tinha acontecido, em tudo o que tinha escutado. Por que Evilyn e Ste continuam a acreditar que Nick gosta de mim? Será que é só eu que não estou enxergando isso? Não. Ele não me olha desse jeito. Não olha.

***

Estávamos no beijando na barraca, já fazia um tempo. O problema era que só fazíamos isso. Ste não tinha tentando nada, nenhuma vez. Achei aquilo estranho. O que será que ele estava tramando? Ele parou de me beijar e me encarou. Eu ainda conseguia ver sua expressão por conta da iluminaria acesa. Ele não tinha aquela expressão. De desejo. O que estava acontecendo?

— Tudo bem? - perguntou ele, talvez percebendo algo estranho na minha expressão facial.

— Sim - respondi, então ele voltou a me beijar.

Ele me beijou daquele jeito que me fazia sempre apertá-lo com força. Era lento, era bom. E me deixava com vontade. Muita vontade. De repente ele se afastou de novo.

— Então vamos dormir, né? - Ste beijou minha bochecha e saiu de cima de mim, deitando-se ao meu lado. Ele se ajeitou, sorriu para mim depois que arrumou uma posição boa. - Boa noite.

Apagou a luminária e a escuridão nos tomou. Não pude mais enxergar seus rosto com clareza, mas tinha certeza que estava de olhos fechados. Estava parado, em posição de dormir. Eu não estava acreditando. Por que ele estava fazendo isso? Será que eu fiz alguma coisa errada? Fiquei com medo de perguntar.

Resolvi me virar do outro lado. Era o que eu queria certo? Que não fizéssemos nada aqui no acampamento. Então por que eu estava tão incomodado por ele nem ter tentado nada dessa vez? Era melhor eu tentar dormir do que ficar pensando nessas coisas. Fechei os olhos finalmente. Então senti Ste mais próximo, ele só devia ter chegado mais perto depois que percebeu que eu estava virado do outro lado. Senti sua mão no meu ombro e depois sua boca na minha bochecha.

— Achou mesmo que eu ia dormir? - Ele beijou minha bochecha, me virando em seguida e beijando minha boca.

O interior da sua boca era tão quente. Não o afastei, pois não queria que ele se afastasse. Senti sua mão subir por de baixo da minha camiseta, enquanto ele beijava meu pescoço.

— Você estava fin-gindo?

— Sim - ele disse com um certo riso na voz.

Ste me abraçou envolvendo seu braço nas minhas costas e me apertou contra seu peito, beijando de novo minha boca. Eu só não podia fazer barulho. Nenhum tipo de barulho. Ele parou de beijar minha boca, só para descer para beijar meu peito e lambe-lo com sua língua. Ste estava mais estável do que o habitual. Ele estava se esfregando em cima de mim.

— Não se sente bem? - perguntou ele num sussurro. Voltando a se encaixar, fazendo nossos olhos se encontrarem. Eu não queria que ele ficasse falando. Alguém poderia nos ouvir. - Wooow. Eu nem te toquei ainda e olha para você.

Ste olhou para baixo, o que não era necessário, já que minha ereção entregava tudo. O que ele queria? Ele estava literalmente pressionando seu membro no meu, por cima da roupa intima.

— Me beija. - pedi, eu não queria que ele falasse mais e estava com medo de fazer barulho. Ste gostou desse tipo de atitude.

— Como desejar. - Ste segurou meu pescoço e me beijou com prazer. Agarrei suas costas e fiz uma coisa que jamais pensei que teria coragem de fazer numa barraca de acampamento.

***

Eu não posso perder o James. Não agora. Não agora depois de tudo o que tinha acontecido. Meus pais sabem a verdade sobre mim. E depois da noite passada evitei-os o máximo que pude. Saí bem cedo para escola para não precisar vê-los e fiquei o dia todo fora. Mas hoje é  sexta, eles com certeza estão em casa, e eu tenho que voltar.

Chego em casa bem tarde. Pego um ônibus, pois Amanda ainda está com meu carro. Amanda. Eu fui tão grosso com ela. Será que ela percebeu alguma coisa? Imagina se eu tivesse estourado com ela assim como estourei com meus pais? Seria muito pior. Ou não. Nem sei mais.

Eu nem sei se tinha me arrependido ou não de ter contado a verdade. Por um lado me sinto aliviado, mas por outro tenho medo de encará-los de novo. Inclusive meu pai. Ele ficou muito furioso.

Entro em casa e sou surpreendido ao ver uma mala na sala. O que está acontecendo? Vejo minha mãe saindo da cozinha. Ela está com a cara inchada, ela tinha chorado.

— O que está acontecendo? De quem é essa mala? - pergunto com medo. Será que são minhas roupas que estão nessa mala? Meus pais teriam coragem de me expulsar de casa?

— É do seu pai. Ele vai embora - ela começa a chorar.

— Como assim embora? Mãe, o que... - eu vou falar o que está acontecendo, quando o vejo descendo com mais uma mala na mão.

— Essa é a última. Se eu esquecer alguma coisa eu venho buscar. - Então ele me vê. - Pelo visto não está caindo de bêbado hoje, não é? - Meu pai coloca a mala junto com as outras.

— Para onde você vai? - pergunto.

— Vou para um flat. Eu e sua mãe conversamos e decidimos dar um tempo. - Ele nem olha para mim enquanto diz isso.

— Um tempo? - pergunto, olhando para ela. Minha mãe dá indícios de que vai começar a chorar de novo e volta para dentro. - Isso é por causa de mim, não é?

— Não tem nada a ver com você, Stephen. Isso é entre eu e sua mãe. - Ele se aproxima de mim. - Só percebemos que não vai dar mais certo.

— E como pode dar certo, pai? Se você nunca está em casa? Ou ela!

— Não espero que você entenda. Eu vou continuar sendo seu pai e você meu filho. Só que não moraremos na mesma casa. - Ele dá de ombros e me dá as costas de novo.

— Isso sempre foi assim, por que só agora? É por causa de mim, porque eu disse que sou... - não consegui dizer. Mas está muito claro para mim que essa é a razão. Ele não tem  que ficar inventando desculpas. Meu pai está com vergonha de mim.

— Você não é! - ele grita, mas depois volta a usar o tom de sempre. De um sabe tudo. - Você é meu filho. Isso deve ser ser só uma fase, porque não é possível. - ele solta um riso rápido.

— Por que não consegue aceitar que eu sou assim? - pergunto.

— Porque você não é. - ele está inconformado. - Filho, você ainda é jovem, não entende algumas coisas.

— Pai, eu sou... - tento dizer, mas ele não me deixa.

— Como pode ter tanta certeza? - Ele me joga a pergunta. Eu quero responder. Responder que já tive experiências com outro cara e que talvez... talvez eu goste mesmo dele, mas não consigo. — Está vendo? - diz ele, como se estivesse certo. - Eu entendo das coisas.

Meu pai abre a porta e pega as duas malas na mão.

— Fique bem. Quando der eu te ligo. Fecha a porta para mim.

Não fecho a porta. Ao invés disso vou direto para a cozinha encontrar minha mãe.

— É isso, você vai deixar ele ir embora? - pergunto, enquanto ela seca os olhos com pressa.

— O que eu posso fazer? Ele já tomou a decisão dele.

Apenas balanço a cabeça e dou meia volta.

— Stephen? Filho. - Espero ela vir até mim. - O que você disse ontem...

— O quê? Você também não acredita? Acha que eu disse por causa da bebida? - Ela não me responde. Só fica me observando com os olhos cheios de água. — Eu não sei nem por que eu ainda tento.

— Depois conversamos sobre isso. - ela responde, segurando nos meus ombros. - Eu agora preciso...

— Eu sei, mãe. Depois.

Chorar era mais importante do que o filho dela, eu já estou acostumado com isso. Subo para o meu quarto e sento-me na cama. Apesar de meu pai ter saído de casa e minha família estar desmoronando, James não sai da minha cabeça. Eu já tinha perdido tudo. Eu não posso perdê-lo para aquele galã. Não posso.

—-

Acordo de um jeito que há anos não acordava. Nem lembro mais quando foi a última vez que minha mãe me acordou desse jeito.

— Filho?

Abro os olhos depois de ouvir ela repetir meu nome por várias vezes, e sentir sua mão carinhosa no meu cabelo. Ela está sentada na cama e pede para que eu desça com ela até a cozinha.

— O que está acontecendo? - pergunto quando chego na cozinha e vejo a mesa com o café da manhã.

— Bem, eu pensei. Seu pai foi embora, mas isso não significa que não podemos seguir com a vida - Ela dá a volta e senta no banco. De frente para mim.

— Então você já concorda com a decisão dele? - pergunto, me sentando. O que ela quer com todo esse bajulamento?

— Não. Ainda tenho esperança que ele mude de ideia. - ela está triste, mas tenta disfarçar.

— Eu duvido.

— Sobre ontem. Eu queria me desculpar. Nós devíamos ter conversado. - Espero que ela continue. Eu realmente quero saber o que ela tem para me dizer. - Eu escutei quando você disse que nunca estávamos em casa. É por isso que você ficou confuso sobre sua heterossexualidade?

Então é isso. Esse assunto. Não tem nada a ver com o meu pai.

— Mãe, eu não estou confuso.

— Talvez seu amigo. James. - ela continua como se não tivesse ouvido o que eu tinha falado. - Tenha te influenciado, não sei. Talvez tenha o persuadido para fazer algo...

— Isso é sério? - pergunto rindo. - Meu Deus! Mãe, se tem alguém que persuadiu alguém, fui eu. Acredite.

— Então ele é mesmo homossexual? - ela parece mesmo surpresa. Talvez só tivesse duvidas, mas agora elas se tornam certeza. - E vocês...

— Sim, fizemos sexo e foi muito bom - digo sem vergonha nenhuma. - O quê? Achei que tivéssemos tendo aquela conversa de mãe e filho. - digo isso com ironia. Eu quero que ela sinta um pouco do que eu sinto. Talvez ela perceba o mal que me faz quando não é minha mãe, quando tem que ser minha mãe.

— Filho - ela usa um tom carinhoso, para a minha surpresa. Apesar do choque que foi ouvir sobre minha vida sexual. - Eu conheço essa pessoa e seria bom se você conversasse com ela.

— Pessoa? Que pessoa, mãe? - pergunto, já sentindo que não é coisa boa.

— Um especialista.

— Psicologo você quer dizer? - pergunto já me levantando. Ela só pode estar brincando comigo. - Por que você sempre acha que tem como me concertar? Adivinha só, mãe. Isso que eu tenho não é uma doença que um médico pode curar. E não é um trauma que um psicologo pode me fazer esquecer. Eu sou gay. Eu nasci assim. Dá para você aceitar isso, droga?!

Viro as costas para ela. Eu tenho que sair dessa casa. Eu não vou aguentar ficar o dia todo com ela. Eu só preciso subir e me trocar.

— Stephen! Onde você vai? - pergunta nervosa.

— Vou sair, preciso arejar minha mente.

— Por favor, não faça nenhuma besteira.

Viro para encará-la.

— Mãe, só porque eu sou gay, não significa que eu vou me matar.

Apesar dessa ideia não ser tão ruim. Mas adivinha só? Eu me amo o suficiente para não fazer uma besteira desse tamanho.

 

—_____________________________________

James, Stephen e Evilyn, alguns anos depois tirando uma selfie.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

A cara do Stephen ficou estranha (eu sei).

Gostaram do capitulo? Vocês estavam bem ansiosos, me digam o que acharam e se foi como imaginaram. Beijos e até Terça