Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 12
Segredos


Notas iniciais do capítulo

Mais de 100 comentário!!!! Aeeeee. Muito obrigada gente!!!!!

Esse capitulo vai começar com o flashback.

PS: Tenho uma surpresa no final do capítulo. Espero que gostem!

Boa Leitura.



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— Sabe no que eu estava pensando? - disse Ste, enquanto estávamos deitados na grama de frente para o riacho - Nos nossos pais. Eu conheço seu pai e você minha mãe. Eu já falei do meu pai, mas você nunca menciona sua mãe. Por quê?

Ste virou o rosto para me encarar. Parei de admirar o céu e me sentei. Esse era um assunto muito doloroso para mim.

— Não quer conversar sobre isso? - ele se sentou também e colocou a mão no meu ombro - Eu entendo.

Talvez seria bom conversar sobre outras coisas com Ste. Confiar nele de alguma forma.

— Ela morreu? - perguntou com hesitação.

— Não. Quer dizer. Não sei se ela ainda está viva, eu nunca mais a vi.

— Você lembra dela?

— Lembro. Um pouco. Eu tinha cinco anos quando ela foi embora, me lembro dela ser bem jovem. Das poucas vezes que meu pai conversou comigo sobre a minha mãe, ele disse que ela me teve muito nova. Acho que tinha minha idade. Meu pai era mais velho e teve a responsabilidade de me assumir e se casar com ela. Mas as coisas foram ficando complicadas até certo ponto que ela não aguentava mais, e quis ir embora.  - Fitei a grama abaixo de mim. — Ela nem se importou comigo.

— Sinto muito. - disse Ste segurando minha mão. - Mas acredite, às vezes é bom não ter seus pais com você. Quer dizer, os meus quando não estão por perto estão brigando.

Ste quase riu, mas eu senti que isso o magoava.

— Nada muda o fato de ter uma mãe por perto. - eu disse - Pelo menos sua mãe não te abandonou. E ela me pareceu gostar muito de você quando a conheci.

— Ela força - não acreditei nisso. - É verdade. Acho que ela se sente culpada por não estar presente o tempo todo. E age assim - Ste não olhava mais para mim enquanto falava. Ele arrancava a grama do chão. - Meu pai nem se fala. Para ele o dinheiro é mais importante. Ele não liga para mim, ainda mais depois que percebeu que não quero seguir seus passos. Que eu não quero dirigir a sua empresa.

— Eu tenho certeza que ele te ama, os dois. Veja meu pai. Mesmo do jeito que me trata eu sei que ele me ama, e eu morro de medo de contar a verdade para ele. Eu não saberia como ele reagiria.

— Acho que revelar que sou gay seria mais uma vergonha que meu pai tentaria esconder das pessoas.

Nos encaramos por algum tempo. Era bom saber que eu não era o único com problemas familiares. Isso nos deixava no mesmo barco. Era bom saber que não éramos tão diferentes como eu pensava.

Ste agarrou meu rosto de surpresa e me beijou.

— Obrigado por confiar em mim. Me contar essas coisas sobre sua mãe - ele olhou bem fundo nos meus olhos e senti que estava sendo verdadeiro nas suas palavras. - É muito bom conversar com você abertamente. Eu não tenho medo de te contar nada. Você é literalmente meu poço de segredos.

Ele sorriu daquele jeito tão dele. Acabei sorrindo do meu jeito, o que o fez me beijar de novo, dessa vez me derrubando na grama.

— Vamos para o riacho? - ele perguntou sorrindo. E depois me puxou.

***

Eu estou tentando levar tudo como antigamente. Cada passo discreto, sendo invisível como sempre fui, mas a verdade é que as coisas não são como antes. Eu estou exposto. Como um animal no zoológico. As pessoas me observam imaginando o que eu farei a seguir. Toda a minha vida fui um garoto que sempre soube não chamar atenção, mas agora, qualquer movimento que faço, sinto olhos em mim.

Saio da aula de ciências e me despido de Evilyn. Ela vai para a aula de história, enquanto eu vou para o inglês. Passo pelo corredor de cabeça baixa. Mesmo que as pessoas não estejam me olhando, eu sinto que estão. Eu não sei se é coisa da minha cabeça ou isso realmente está acontecendo. Pelo menos ninguém tem me batido ou me agredido de alguma maneira. Mas o julgamento silencioso que sinto vindo de algumas delas é insuportável.

— James? - escuto alguém chamando meu nome, ao me virar vejo uma garota baixinha de óculos. Ela tem os cabelos ruivos. Já me lembro de tê-la visto antes, mas não recordo seu nome. - Posso falar com você?

O que ela tem para me dizer? Acho isso estranho.

— Eu preciso ir para aula... - começo a me mover, ela me segue.

— Por favor, é importante.

Encaro-a. Ela tem os olhos verdes e sardas em todo o rosto. A menina parece ansiosa para conversar comigo.

— Tudo bem.

Espero que ela comece a falar.

— Será que podemos ir para outro lugar? - Outro lugar para quê? — É realmente importante, eu não quero que ninguém escute.

Começo a ficar mais nervoso. O que essa garota tem para me dizer que não pode ser aqui e ninguém pode ouvir? Fico curioso então acabamos entrando num corredor vazio. Eu vou me atrasar para a aula de inglês, mas minha intuição diz que eu tenho que escutar o que ela tem para me dizer.

— Eu fiz uma coisa, e me arrependi muito. Na verdade isso está me corroendo por dentro, eu preciso te contar.

Sinto medo. O que ela tem para me contar? Está se corroendo? Eu não consigo entender.

— Do que você está falando? - pergunto sem rodeios.

— Fui eu que contei para Amanda, sobre você. - ela abaixa a cabeça envergonhada.

Foi ela. Foi ela.

— Você? Por que fez isso? - Eu não consigo entender. Ela nem me conhece. O que ganharia com isso?

— Por razões fúteis. Eu queria que ela gostasse de mim e pensei que se contasse uma coisa assim, um segredo tão grande, ela fosse me querer por perto.

— Um segredo tão grande? Esse segredo nem era seu para você contar. Você acabou com a minha vida. - Não digo isso gritando. Até porque eu estou pasmo o bastante para conseguir transmitir sons vocais tão altos.

— Eu sei, eu sinto muito. - ela parece mesmo arrependida. - Eu sei que o que fiz não tem desculpa, mas eu precisava te contar o que fiz, para me sentir menos pior.

Eu ainda não consigo digerir a notícia. Essa garota, que nem mesmo lembro o nome, teve coragem de fazer isso comigo. Uma pessoa que nunca fiz nada contra. Que nem mesmo se lembrava da sua existência.

— Pelo menos conseguiu o que você queria? - pergunto, sem me importar de fato.

— Não. Eu devia ter imaginado que ela só queria me usar, ter a informação e depois fingir que nada aconteceu. - ela está desapontada. Não é para menos. Isso é o que se ganha por acreditar em Amanda Jones.

— Como soube disso? - faço a pergunta de repente me lembrando do mais óbvio. Sempre sou tão cuidadoso. Só Stephen tinha descoberto e... - Por acaso você ouviu a minha amiga...

— Na verdade... - ela me interrompe envergonhada. - Eu os vi no acampamento.

— Então você... você sabe... - ela sabe sobre Ste. Meu Deus!

— Eu sei. Mas não vou contar para ninguém. - Apressou-se a dizer. - Já aprendi da pior maneira que devo ficar com a boca fechada. Se fizeram aquilo com você, imagina o que podem fazer com o Reece?

Então é isso. Ela está com remorso por eu ter quase morrido. Devia estar mesmo.

— Como eu sei que posso confiar em você? Como eu sei que não vai contar mais nada a ninguém?

— Não sabe. Estou tentando me redimir pelo o que eu fiz. Não pensei no que poderia acontecer com vocês e acabei vendo com meus próprios olhos a maldade que eu fiz.

— Você por um acaso deu atender para a Amanda que sabia sobre o Stephen? - Fico preocupado. Essa garota nos tinha nas mãos dela.

— Não. Só contei sobre você. - Não creio que ela esteja mentindo. Ou é muito boa em mentir. Como eu posso saber? Eu nem a conheço.

— Eu preciso de um tempo para pensar em tudo isso. - digo por fim, me afastando dela. Eu preciso ir para a minha aula.

— James? - ela me chama de novo. - Se quiser que eu faça qualquer coisa, é só me dizer. Eu faria qualquer coisa para me redimir.

— Só mantenha sua boca fechada. Por favor - peço e dou as costas para ela.

Eu queria saber quem tinha revelado meu segredo para a Amanda e agora eu sei. Mas isso não me deixa menos apreensivo. Me deixa muito, mas muito mais nervoso.

—-

— Você não sabe o que aconteceu - Evilyn vem até mim enquanto eu a espero na escadaria do lado de fora de Herman. A chegada dela me deixa melhor. Ficar sozinho, sentindo olhos em mim, é uma sensação horrível.

Enquanto ela não vinha, vi Ste com Mike e John entrando no carro de Mike. Ste não me viu. Fiquei um pouco desapontado ao vê-lo com o cara que me espancou (sem ter sentido remorso nenhum). Mas são os amigos dele, né!

— O quê? - pergunto, vendo que Evilyn está animada.

— Tá bom, que merda aconteceu agora? - ela pergunta, tirando o sorriso do rosto.

— Nada - tento disfarçar.

— Como nada? Olha a sua cara!

Decido contar logo sobre a garota.

— Descobri quem foi que contou para a Amanda.

— Quem foi? - ela está curiosa.

— Eu não sei o nome dela. Mas ela veio falar comigo. Me contou tudo. Evilyn, ela sabe sobre o Stephen também. - sussurro a última parte com medo de alguém escutar.

— E ela vai contar?

— Não. Pelo menos foi o que ela me disse, mas como eu posso confiar?

— James, você precisa se benzer, sério. Nunca vi tanto azar em uma pessoa só. - Apesar do tom de brincadeira eu sei que ela está falando sério.

— O que você queria me falar? - pergunto. Eu preciso parar de pensar só em mim. Evilyn também tem uma vida e toda vez que nos encontramos, só conversamos sobre minha vida complicada.

— Esquece, não é o momento. Vamos nos encontrar na lanchonete mais tarde? Talvez lá eu consiga te contar.

Na lanchonete? Por que na lanchonete?

— É uma coisa boa pelo visto - observo.

— Sim, é - ela sorri mais animada ainda, me deixando curioso.

Vou direto para casa e me tranco no quarto para estudar mais um pouco para a prova de biologia. Minha abuela entra no quarto me trazendo um lanche da tarde.

— Foi tudo bem na escola hoje? - pergunta ela, sentando-se na cama ao meu lado.

— Sim - respondo e não sou tão convincente.

— Acho que não precisamos ter mais segredos.

Eu quero contar para ela sobre Ste. Sobre tudo, mas não sei como seria sua reação. Quer dizer, descobrir que seu neto é gay é uma coisa, descobrir que ele já teve relações com outro cara é outra completamente diferente.

— Eu não me sinto confortável ainda... - digo encarando a cama. - para conversar sobre essas coisas com a senhora. Desculpa.

— Está tudo bem. Eu também não me sinto tão confortável assim. - ela dá uma risada gostosa.

— Obrigada abuela. Eu jamais imaginei que sua reação seria tão positiva ao descobrir o que eu sou.

— Você é apenas o James para mim. Meu neto maravilhoso. - Ela me dá um beijo na testa e se levanta. - Coma tudo.

Sorrio e ela sobe as escadas devagar. Respiro fundo pegando o sanduíche natural que ela tinha preparado para mim. Mordo um pedaço e volto a estudar.

Mais tarde Evilyn passa lá em casa para sairmos. Meu pai já está em casa essa hora então ela desce direto para o meu quarto.

— O que mesmo você quer fazer na lanchonete? - pergunto, calçando meu tênis. Ainda não entendendo por que ela quer ir até lá.

— Acho que é um lugar bom para gente conversar. - Evilyn está com aquela cara de estar aprontando alguma.

Saio de casa só dando satisfação para a minha abuela. Saio sem nem ao menos meu pai ter percebido. Quando estána frente da televisão ele não vê nada e só perceberia que eu não estava em casa quando fosse pedir algo e visse que eu não iria até ele.

Chegamos na lanchonete no carro da mãe da Evilyn. Escolhemos a mesma mesa que eu tinha conversado com Nick daquelas duas vezes. Aquele já está virando uma espécie de "meu lugar".

— Você vai querer alguma coisa? - pergunta ela.

— Você vai pagar? - pergunto sorrindo. Evilyn revira os olhos.

— Eu convidei, né!

Nick vem até nós. Ele está com o mesmo boné e avental de sempre, mas é  impressionante como continua bonito. Parece que está fazendo um comercial de tv.

— O que vão querer? - pergunta de modo profissional.

— Dois hambúrgueres. E dois sucos de laranja naturais. Para compensar a gordura.

Nick ri. Então olha para mim.

— Está tudo bem? - pergunta.

— Sim. Tudo ótimo.

Ele entende o que eu quero dizer. Eu queria contar mais. Contar que minha abuela foi incrível e que ainda não tinha dito nada para o meu pai. Mas não acho uma boa hora para isso.

— Eu sabia que ia ficar tudo bem. Eu já volto.

Ele sai e quando encaro Evilyn novamente ela está me encarando com um sorriso de orelha a orelha.

— O que foi? - pergunto, com um certo tom de timidez.

— Nada. É só que vocês formariam um belo casal.

— Não começa, Evilyn - ela sabe que eu gosto do Ste. Não sei para quê começar com essas ideias.

— Ele gosta de você, James. Dá para ver.

— Sério? - pergunto num tom de: Você está me zoando? — Primeiro: ele é mais velho. Segundo: Ele não me vê assim, somos amigos. E terceiro...

— Ele é gay - ela diz num sussurro, se aproximando de mim.

— Só porque ele é gay não significa que gosta de mim. Ou que quer ficar comigo. Não é assim que funciona.

— É mesmo? Achei que foi por essa razão que Stephen ficou com você. - Ela diz sem pensar e depois vê que não devia ter dito. O pior de tudo é que ela tem razão. — Desculpa. James, eu só acho que já que vocês não podem ficar juntos, então você devia ter outras opções. E a cópia do tio Jesse já provou que é um cara legal. Bem diferente do que achei que fosse.

Eu não quero outras opções. Evilyn não entende. Eu estou apaixonado pelo Stephen Reece, nem Nick pode mudar isso.

— Está dizendo isso porque não gosta do Stephen. Você nem o conhece. Devia dar uma chance para ele.

Evilyn dá de ombros e é aí que me lembro do assunto que ela quer conversar comigo. É ótimo para mudarmos de assunto.

— O que você tinha de tão emocionante para me contar?

Ela ajuntou as mãos, agitada.

— Aii. Um garoto me chamou para sair.

— Que garoto? Quando? - pergunto surpreso.

— Hoje. Não sei se você vai lembrar, mas é o que estava conversando comigo na festa na casa do John. Ele é tão lindo.

Ela está radiante. Eu não me lembro do garoto. Aquele dia foi um dia muito tenso para que eu prestasse atenção em qualquer coisa, ainda mais depois de ter visto aquilo.

— Fico feliz por você. - é tão bom um de nós estar tão feliz. É um alivio.

— Eu só estou um pouco nervosa. Você sabe, não costumo ter encontros, então não quero estragar tudo. Você poderia me dar alguns conselhos.

— Conselhos, eu? - Não acredito que ela está me pedindo isso.

— Sim. - Olho abismado para a cara dela. - Qual é, James. Você saiu com o Stephen Reece. O que você faziam? Além de beijar.

Sexo. Eu não tinha chegado a dizer com essas palavras, quer dizer com nenhuma palavra. Eu não cheguei a ser tão aberto assim sobre a nossa relação. Mas acho que Evilyn desconfiasse.

— Não fazíamos muitas coisas. Quer dizer, a gente não tinha muito lugar para ir. Então é complicado.

— Okay... - Ela está pensando em alguma coisa. Fico nervoso com o que ela vai perguntar.

Nesse meio tempo Nick volta com nossos pedidos. Ele distribui na mesa e depois sai, mas sem antes me dar um sorriso. Ele não gosta de mim. Não desse jeito. Evilyn está vendo coisa que não existe.

— Tá, e se ele quiser fazer aquilo? - pergunta ela nervosa.

— Aquilo, você quer dizer a palavra com s? - pergunto também nervoso. Nossos papos são sempre sobre filmes, livros e o que caiu na prova, estou achando estranho conversar sobre esse assunto e pelo visto com Evilyn não acha diferente.

— É.

— Bom... - tento não rir, mas não consigo. Ela também ri.

— Isso é tão estranho.

— Totalmente. Só não faça nada que não quiser. Não deixe ele te pressionar.

— Tá - Ela acena concordando e depois faz uma cara estranha. - Você diz isso por experiência própria ou... - Eu vou responder, mas ela não me deixa. - Tá bom, é melhor a gente parar por aqui, porque eu estou começando a imaginar você e ele...

— Evilyn!

— Parei, é só que... - ela começa a rir, me fazendo rir também. Só que as risadas duram pouco. Depois que vejo quem está entrando na lanchonete minha alegria vai para o nervosismo. — O que foi? - Evilyn vira para ver o que tinha me chamado atenção. - Não acredito.

Mike, John e Stephen acabaram de entrar na lanchonete.

— Vamos embora - digo já me levantando. Eu não quero ficar aqui.

— Quê? James, acabamos de chegar e nem comemos nossos lanches.

— Peça para embrulharem para viagem, por favor Evilyn, eu não quero confusão.

— Confusão por quê? - Ela não entende. Mas eu não vou aguentar ver Ste com eles. E se Mike fizesse algo, me provocasse? Eu não quero que Ste seja obrigado a ver isso. - Está bem, vou pedir para o Nick embrulhar. Me espera aqui.

Para onde mais eu iria? Fico parado, sentado, esperando que eles não me vessem. Ste é o primeiro a reparar em mim. Ele sorri, mas depois fecha a boca ao perceber que Mike está presente. Ele sabe o que isso pode causar.

Por que Evilyn está demorando tanto? Avisto ela esperando que Nick termine de colocar os hambúrgueres no saco, enquanto Mike, John e Ste se sentam na mesa próxima a saída. Do outro lado.

Evilyn finalmente está vindo, quando John grita:

— Se não é a linguaruda!

Evilyn olha para trás imediatamente, percebendo que é John. Levanto-me depressa. Seguro no braço dela, a impedindo de responder qualquer coisa.

— Vamos embora - imploro, encarando seus olhos em suplico.

Ela respira fundo e me entrega meu saco com meu pedido. Vamos em direção a porta, mas Mike se levanta se pondo na nossa frente.

— Está empatando a nossa saída - diz Evilyn sem ser educada.

Mike só permance parado nos observando. John e Ste também se levantam. John encara Evilyn. E Ste, alguns passos atrás deles, fica me olhando com medo. Percebo que ele está diferente. Alguma coisa está estranha em seus olhos. O que será que aconteceu?

— Dá licença - Evilyn dá um passo, mas Mike não nos deixou passar.

— John me contou que foi você que abriu a boca para o diretor.

— Sério? Pelo visto eu não sou a única dedo duro, né? - Evilyn encara John, que fica ainda mais bravo por ter sido chamado de dedo duro.

Evilyn tinha que parar. Ela está fazendo exatamente o contrário do que eu quero que faça.

— A gente só quer ir embora. - digo, tentando não abaixar a cabeça ao dizer isso.

— Claro - Mike sorri falso. - Escuta aqui, sua bichinha - Ele aproxima o rosto do meu. - Não pense que eu esqueci de você. Só estou esperando as coisas amenizarem. Não quero confusão no meu último ano. Mas esteja avisado. Quando você menos esperar eu estarei lá. E não vai ser para aquilo que você está acostumado.

Ele se afasta. Evilyn ainda está com a cara fechada. Eu não consigo ser como ela. Talvez pelo fato de ser eu que estou sendo atingindo tão dolorosamente. Eu não sou forte para isso. Evito olhar para o rosto de Ste.

— Podem passar - diz Mike dando um passo para o lado, fingindo ser simpático.

Respiro fundo e ando, mas ao fazer isso, tropeço no pé que - de propósito - Mike coloca na frente, e caio no chão, derrubando o suco de laranja e o hambúrguer que está dentro do saco, fazendo a maior sujeira no chão da lanchonete.

— Idiota! - grita Evilyn.

Fico no chão por alguns segundos sentindo a vergonha tomar conta de mim. Todos devem estar me olhando. Sinto Evilyn me ajudar a levantar. Se não fosse ela, creio que ficaria naquele chão esperando ele me afundar junto com a vergonha.

— O que está acontecendo aqui? - pergunta Nick. Ele está com a cara fechada. Nunca o vi com essa expressão.

 

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Fiz um desenho (estilo comic) de Ste e James. O que acharam?


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Notas finais do capítulo

Fiz mais (esse foi o primeiro, os outros foram ficando melhores). (Minha irmã disse que parece duas crianças kkk). Vou postando nos próximos capítulos. Não é meu forte desenhar estilo mangá, mas até que não ficou ruim.

Gostaram do capitulo? Deixe os comentários. Please! E até Sexta!