Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 11
Revelação


Notas iniciais do capítulo

Uauuuuuu!! Quase 100 comentários. Apesar de eu ter fanfics com mais visualizações que essa (que a cada dia fica com mais) nunca cheguei a tantos comentários, isso é muito legal. Obrigada a cada um que me deixa essa alegria [vocês sabem quem são]

AVISO: Ponto de vista de Ste DEPOIS do Flashback



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Evilyn e eu entramos na sala e vamos direto para nossas mesas de sempre. Primeira fileira, no centro. O professor Allen ainda não tinha aparecido. Os alunos entram na sala, conversando e rindo.

Olho em direção a cadeira de Evilyn e percebo alguém parado na minha frente. Levanto a cabeça para ver John. Ele está me encarando.

— Muito legal o que você fez, Farley. Além de viado é dedo duro.

Eu vou dizer que não falei nada, mas Evilyn é mais rápida:

— A culpa não foi dele. - ela se levanta decidida, encarando John com o nariz levantado. - Fui eu que contei. E você devia dar graças a Deus que não disse o teu nome.

John se aproxima dela, os dois quase se beijam. Mas é claro que nenhum dos dois estão com cara de que querem se beijar.

— Você que tem sorte, garota. Por eu não ter feito nada com você aquele dia.

Evilyn força uma risada.

— Até parece. Você não tem peito para isso.

John fica furioso. Antes que eu possa impedir qualquer coisa, o professor Allen entra na sala, dizendo oi para todo mundo, o que fez John se afastar de Evilyn imediatamente e ir para o fundo da sala.

— Idiota - murmura ela sentando-se na mesa do lado.

— Você não devia ficar se metendo, Evilyn - cochicho com preocupação.

— Não esquenta, James. Ele só late.

— Então, pessoal. Vamos revisar tudo para a prova dessa semana? - pergunta o professor, fazendo com que eu e Evilyn parássemos de conversar.

***

A manhã no acampamento tinha sido muito cansativa. Fizemos atividades para notas e caminhamos muito pela floresta. Desta vez tivemos sorte que os professores deixaram as garotas ficarem junto conosco, então Evilyn e eu fizemos as atividades juntos. O que deixou tudo mais divertido.

Contei para ela que caí com Stephen (sem contar que ele mudou com o John só para ficar comigo), eu me sentia muito mal toda vez que mentia para ela. Essa situação era horrível. Sempre imaginava como seria as coisas se Evilyn soubesse a verdade. Eu contaria tudo? Inclusive que quase fizemos noite passada?

Depois de comermos, camarão, frutas secas, e feijão (Os professores trouxeram na mochila uma panela de pressão de 3 litros, que deu para cozinhar o feijão. Ficou pronto em 40 minutos), todos comemos juntos, garotos e garotas, o professor nos deu um tempo livre, para fazermos o que quisermos. Resolvi ir para a minha barraca, eu queria descansar um pouco, ainda estava cansado. Acampar sempre me deixava cansado.

Entrei na barraca e depois de alguns minutos Ste apareceu. Ele tinha um sorriso no rosto.

— O que está fazendo aqui? - perguntou.

— Vou descansar um pouco.

— Está me zoando? - Eu não respondi e ele viu que eu estava falando sério. — James, o professor deu um tempo livre, vamos aproveitar.

— Você não vai aproveitar com o seus amigos?

Ele fingiu que não escutou o que eu disse.

— Quando estávamos caminhando na floresta vi um local onde podemos ir. Acho que ninguém nos verá lá.

— É melhor não. - observo.

— Não vim aqui para ficar com os meus amigos. Eu já os aturo todos os dias - Ele aproximou a boca da minha. - Vim para aproveitar com você. Então para de ser chato. E presta atenção para não errar o caminho e se perder.

Ste me explicou como fazia para chegar lá. Eu lembrava mais ou menos onde era.

— E o que você vai dizer aos seus amigos?

— Já resolvi isso. Leva uma sunga.

Alguém podia nos ver. Ele estava se arriscando muito, mas não quis tirar sua alegria. Ste pegou sua mochila e saiu da barraca. Esperei meia hora como combinamos para sair também.

Fiz a viagem do jeito que ele me disse. Realmente não havia ninguém por perto. Estava deserto. As pessoas deviam estar no lago do outro lado, aproveitando o sol que fazia. Cheguei no local onde passamos mais cedo, e olhei para o lado direito, entre as árvores consegui ouvir o som do riacho, era por ali. Segui entrando pelos matos até chegar no local certo. A grama ali já era baixa e com tons claros, laranja ou amarelo. Um pequeno riacho coberto por grandes e pequenas pedras que ficavam no centro. Olhei ao redor tentando encontrar Ste. Será que ele estava do outro lado?

De repente senti alguém me abraçar por trás e falar no meu ouvido:

— Sabia que você era inteligente o bastante para não se perder. - Virei para encará-lo, Ste estava sorrindo. Ele me deu um beijo na boca. Mas não demorei para afastá-lo, olhando para os lados, preocupado de alguém nos ver ali. — Não tem ninguém aqui. Pode ficar tranquilo.

— Você não sabe. E se alguém viu esse lugar igual você viu e aparecer aqui de repente?

Ele deu de ombros.

— É um risco que corremos. - Ste pegou minha mão. - Vem, vamos para mais perto da água.

— Ainda bem que é um riacho. - disse, aliviado.

— Por quê? Não gosta do lago?

— Eu não sei nadar e você disse para eu vir de sunga.

— Não sabe nadar? - perguntou surpreso.

— Eu não fui muito na praia. Acho que três vezes foi muito. E nunca frequentei clubes. - dei uma risada nervosa. - Meu pai nunca teve paciência para me ensinar.

— Droga. - lamentou Ste.

— Que foi?

— Nada, é só que se fossemos um casal normal eu poderia te ensinar lá no lago, na frente de todo mundo.

Tentei não ligar para o casal normal que ele disse, mas não consegui. Ele tinha razão, infelizmente. A gente tinha que se esconder, ficar onde ninguém poderia nos ver para estarmos juntos.

Não entramos na água. Ste já estava sem a camiseta e bermuda, só usava uma sunga. Ele sentou-se no gramado e encostou-se numa pedra gigante, próxima ao riacho.

— Vem aqui. - Ele me chamou e sentei-me no gramado. Ste me puxou para sentar do seu lado. Mas ainda ficamos de frente um para o outro. Do jeito que estávamos, se alguém passasse por ali não conseguiria nos ver. A pedra realmente nos escondia. Fiquei mais confortável com isso. — Tira a camiseta, está calor. - Não mexi e ele mesmo tirou a camiseta de mim.

Ste puxou meu rosto para me beijar. Coloquei uma mão no pescoço dele. Ele movia os lábios devagar. Segurando minhas costas com delicadeza. Minhas pernas estavam do lado oposto das dele. E nossos peitos colados. Senti sua perna esquerda levantada, batendo no meu braço. Ele começou a acelerar o beijo, fazendo com que eu ficasse sem ar. Afastei a boca dele um pouco, mas isso só levou um segundo, pois ele voltou a me beijar. Ste tirou a minha mão que estava no seu rosto e a segurou na sua, então ele moveu-a até parar em cima da sua sunga. Senti seu membro por cima do tecido e parei de beijá-lo, tirando minha mão dali logo em seguida.

— Por que você sempre se afasta quando começamos a fazer isso? - perguntou ele, e não de um jeito bruto. Senti que ele estava apenas curioso.

— Não sei - respondi, evitando olhar nos olhos dele.

— James, isso é normal. Estamos saindo.

— Eu sei. - Eu não sabia o que dizer. - Alguém pode nos ver.

— Não tem ninguém aqui. - disse ele buscando meus olhos. - Só eu e você. - Não respondi. — Ontem - começou ele, senti muito mais vergonha. - Só estávamos nós dois... E você também não quis. Por que fica me negando?

Eu não sabia o que responder. Ou eu tinha medo de responder.

— Eu quero você. Toda hora, todo momento. - continuou Ste e senti uma ponta de tristeza vindo das palavras dele. - Eu só queria que você me quisesse também.

— Eu quero.

— Então por que as vezes não parece?

— Eu só... tenho vergonha.

— Vergonha? - ele sorriu.

— Você é mais experiente que eu.

Ste segurou meu rosto.

— Não, não sou. Você foi meu primeiro. O primeiro homem que deixei que tocasse em mim. Eu não sou mais ou menos experiente que você.

— Você sabe o que eu quis dizer.

— O sexo com garotas era diferente. Não sei como explicar. Com você... Eu sinto mais... Eu me sinto muito melhor. - ele passou os dedos nos meus lábios. - Por favor, não se afaste mais.

— Eu só não acho que aqui é apropriado.

— Nem na barraca? - ele quase sorriu, me fazendo quase sorrir também.

Ste me puxou para mais um beijo.

— Não vou fazer mais nada com suas mãos. - disse ele no meu ouvido. - Vou deixa-las por sua conta. Prometo. - Então voltou a me beijar. Retribui seu beijo, pensando no que ele disse. Talvez eu estivesse sendo muito fechado. Será?

***

É noite e o som do carro de Mike está ligado no último volume no meio de uma estrada deserta qualquer. Estamos todos encostados no carro bebendo cerveja. Eu ainda não sei o que raios estou fazendo aqui. Mas acabei onde estou e não estou curtindo nem um pouco aquela noite.

— Que cara é essa, Stephen? - pergunta Mike com aquela mesma entonação insuportável.

Toda vez que eu olho para a cara dele quero lhe dar uma porrada. Do mesmo jeito que ele deu em James. Só de pensar nisso, eu sinto muita raiva.

— Nada - finjo um sorriso. Eu preciso aguentar isso. Preciso, até conseguir algo que possa fazer James mudar de ideia. Meu plano é descobrir quem contou para a Amanda sobre James, e só estando com a turma para descobrir isso. O difícil é aguentar eles. Eu já não os suporto mais.

Amanda está jogada na calçada junto com Christina e John. Christina quase nunca está com a gente, ela é um ano mais velha e faz faculdade em outra cidade, por isso só aparece de vez em quando. Eu não converso muito com ela, mas ela sempre fica me encarando. E não de um jeito ruim, do jeito sexy, como está fazendo agora.

— Ela quer dar para você - diz Mike se aproximando. Me esquivo disfarçadamente, eu não quero ele nem mais um milimetro perto de mim. - A Christina. Ela está a fim de você.

— O problema é dela. - Bebo mais da cerveja, já é a quarta. Eu estou pouco me fodendo, tudo o que eu quero é encher a cara e tentar esquecer o que está acontecendo na minha merda de vida.

— Qual é, cara. Ela é gostosa. Quem me dera eu pegar uma universitária. - Olho sério para a cara dele pela primeira vez. — O quê? Vai falar que ela não é gostosa?

Eu nem sei mais o que é uma mulher gostosa. Christina é diferente, é verdade. Ela tem o cabelo curto e uma mecha roxa caindo nos olhos. Só usa delineador e batom forte. Seu corpo é bonito, eu não posso negar.

— Vai em frente, então. - digo me afastando do carro. Eu preciso respirar. Eles estão me sufocando.

Eu não quero pegar ninguém. Faz muito tempo que estou sem sexo, desde aquela última noite que James foi lá para casa. Que saudades daquele tempo. Por que as coisas tinham que mudar?

— Ei? - grita alguém vindo ao meu encontro, eu não quero me virar para ver quem é. Mas Amanda me vira. - Está tudo bem?

Fico olhando para aquele rosto. Ela é bonita, muito bonita, mas do que isso tudo serve, se ela é chata, insuportável e se acha a Gwen Stefani?

— Está tudo ótimo - respondo a pergunta dela o mais fingido que consigo fazer. - Escuta, Amanda. Quem foi que contou para você sobre o garoto gay da escola?

Ela sorri curiosa.

— Por que quer saber?

— Porque eu quero. Queria saber mais sobre suas fontes.

— Não posso dizer. É segredo de estado.

Então seria assim, sua vagabunda?

— É mesmo? - pergunto de modo sedutor me aproximando e segurando ela pela cintura com o braço que não seguro a cerveja. - Nem se eu te der algo em troca? - sussurro em seu ouvido.

Ela segura meu braço e minha cabeça e me dá um beijo de surpresa. Amanda pressiona a boca, fazendo a minha se abrir e enfia sua língua com tudo. Ela é esperta, mas nem tanto. Afasto de pressa a boca dela, sem tirar a mão da sua cintura.

— Não ganha se não colaborar.

— Eu não posso dizer.

— Então tá. - Tiro o braço em volta dela e volto a tomar um gole da cerveja.

— Sabe, a Chris quer ficar com você. - ela parece estar fazendo um esforço danado para dizer isso.

— Não estou muito a fim de ficar com ninguém.

Ela não diz mais nada. Mas parece querer dizer.

— Você não... - ela se esforça. - Não sente mais atração por mim? Quer dizer, você nunca mais quis nada.

— Eu não gosto de repetir, já disse. - Bebo outro gole. Eu já estou ficando bem mal, mas não quero parar. Eu não posso parar. Eu quero morrer.

— Uau. Às vezes você é tão sincero que magoa, sabia?

Ela está sendo honesta. Não há humor ali. Encaro-a de perto.

— Engraçado você dizer isso. - respondo para ela. Amanda fica confusa. Ela não sabe por que eu estou falando isso. E que fique imaginando, porque eu não vou dizer.

Saio de perto dela e caminho bem mais para longe deles. Eu quero ficar sozinho, encher a cara em paz.

—-

— Eu não preciso da sua ajuda! - grito quase caindo com meus próprios pés.

— Entra nesse carro, Stephen. - manda Amanda, me fazendo sentar no assento do carro e colocando meu cinto de segurança.

— Eu vou dirigir - digo tentando encontrar o volante, mas não tem volante nenhum na minha frente, pois eu não estou do lado do motorista. - Que porra é essa? - Eu nem percebi Amanda dar a volta no carro, só vejo ela abrindo a porta e sentando no assento que é meu. O do motorista. — Saí daí, é meu lugar.

— Você não vai dirigir assim. - ela coloca o cinto de segurança e liga o carro com a chave. Quem deu a chave para ela? Coloco a mão no meu bolso onde a chave estava o tempo todo e não está mais ali.

— Você roubou a minha chave? - grito. Ela dá meia volta e pisa fundo.

Deixo minha cabeça cair no banco depois de alguns minutos. Meus olhos não estão querendo ficar abertos. Droga.

— Por que bebeu tanto assim? Você não é de ficar bêbado, Stephen. Acho que está aprendendo demais com o Mike.

— Mike, aquele filho da puta. Desgraçado - As palavras não saem como ofensa. Parece que eu estou brincando.

— Vocês são loucos.

— Para onde você está me levando?

— Para sua casa.

— Eu não quero ir para minha casa. Não quero. - digo em vão pois ela nem me dá ouvidos. Eu não suporto mais ficar em casa. Meus pais vivem discutindo, isso quando eles estão em casa.

Fecho os olhos por um momento e pensei que estivesse dormindo, mas então ouço a voz dela de novo:

— Stephen? Stephen? Chegamos.

Abro os olhos e vejo minha casa. Respiro fundo.

— Eu não quero entrar.

— Está com problemas em casa? É por isso que bebeu?

— Não é da sua conta. A culpa é sua. Tudo o que está acontecendo. É culpa sua.

— Minha? - Ela não está entendendo.

— Você acabou com tudo de bom que tinha na minha vida. Por que você fez isso?

Amanda tem uma expressão preocupada no rosto. Ela sai do carro e abre a minha porta.

— Sai - grito quando ela tenta me ajudar a levantar. - Não preciso da sua ajuda. Não preciso.

Me coloco de pé e encaro minha casa a poucos metros de distância. Aquela casa enorme. Quase uma mansão. Para quê uma casa tão grande se ninguém vive em casa? Tudo está escuro, apenas a luz da sala está acesa.

— Tem gente em casa. Não precisa me seguir - aviso. Não deixaria ela entrar comigo. Ela pode se aproveitar.

— Está tudo bem. Eu só queria perguntar se posso levar o carro...

— Leva. - grito dando as costas para ela. Subo as escadas quase caindo. Não ouço o carro indo embora. Amanda deve estar esperando que eu entre. Me viro e faço gesto para ela ir embora. Amanda demora para ligar o carro de novo, mas isso acontece. Quando ela finalmente some do meu campo de visão começo a ouvir vozes. Vozes dentro de casa.

Suspiro e entro. Meus pais estão brigando. De novo. Fecho a porta com tudo e só assim eles percebem que eu estou parado ali.

— Não se preocupem, podem continuar brigando, finjam que eu nem estou aqui, isso vocês sabem fazer de melhor.

Viro de costas e ouço a voz grave do meu pai:

— Espera aí, Stephen. Que estado é esse? Onde você estava?

Como se ele se importasse.

— Ah, não está claro? - pergunto abrindo os braços para que eles notem meus estado de embriaguez. Meu pai me observa com desgosto. E passa a mão no cabelo escuro. Ele está muito nervoso. Sei disso pois tenho o mesmo tique nervoso. 

— Tanto faz - diz ele, jogando os braços para cima, não dando a minima. – Suba para o seu quarto, agora!

Não quero perder meu tempo com ele. Meu pai não liga para mim, ele só fez a pergunta para saber se não passei vergonha onde não podia, onde as pessoas saberiam que eu sou o filho dele.

— Olha o estado desse menino? - grita ele para a minha mãe. - Você não deu educação para ele, Kane?

— Eu não dei educação? - grita minha mãe de volta. - Você também é o pai dele, Ed. Eu não fiz nada sozinha.

Fico escutando aqueles berros enquanto dou passos lentos, subindo os degraus da escada. Eu não suporto mais isso.

— Eu só queria dizer uma coisa. - digo sem alterar minha voz e talvez por essa razão eles não tenham me escutado, ou fingem que não estão me ouvindo.

— Não aguento mais. Não aguento mais. - grita meu pai. - É por isso que eu prefiro ficar trabalhando do que chegar nessa casa...

— Você quer dizer que prefere ficar com a sua amante. É isso o que você quer dizer, Edward.

— Do que você está falando, sua louca!

— EU... SOU... GAY! - grito de repente, sem pensar. Ou melhor, pensando, pensando muito bem. Meus pais param de gritar um com o outro e me encaram. — Uau! Só assim para chamar atenção de vocês, né? 

— Dá para você parar de ficar fazendo brincadeiras? - grita meu pai zangado, se aproximando da escada, me encarando feio - Não está vendo que estamos conversando?

— Primeiro pai, vocês não estão conversando, vocês estão gritando e brigando de novo, como se eu não escutasse nada. Como se eu não estivesse aqui, como se vocês nem sequer ligassem. - digo usando o mesmo tom que ele usou. Só que saiu de maneira completamente diferente, devido a minha voz de pessoa bêbada. - E segundo, não estou brincando. Eu sou gay. Eu gosto de homens, eu gosto de p...

— CALA A BOCA! - esbraveja meu pai. Fico imóvel, ele nunca tinha gritado dessa maneira comigo. - Não se atreva! Eu já aturei muita palhaçada sua, Stephen. Não vou tolerar mais.

Ficamos quieto por alguns segundos. Meu pai respira com força e quase consigo ver fumaças saindo de seus olhos cobertos de tanta fúria. Volto a falar, mas minha voz está trêmula, tento não chorar.

— Eu não estou brincando. - digo olhando para a minha mãe também, ela está assustada. - Vocês perceberiam isso se prestassem um pouquinho de atenção em mim. Agora podem continuar, eu vou para o meu quarto.

— Stephen? Stephen!!!!! - grita meu pai, enquanto continuo subindo correndo. - Isso é verdade? - ouço ele perguntar para a minha mãe.

— Eu não sei. - ela responde, com a voz de choro.

— Isso é culpa sua! - grita ele de novo. Entro no meu quarto e bato a porta com tudo. Caio na minha cama de barriga, já deixando o choro me tomar. - Esse menino está confuso e você... - tampo minha cabeça com o travesseiro, eu não quero mais ouvir nenhum grito vindo de lá de baixo. Minha vida está uma merda. Eu não sei como pode ficar pior.


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Notas finais do capítulo

Eiiiitaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa. Quero saber o que vocês acharam!!! Me digam, não deixem de comentar senão vou ficar louca de curiosidade.

Beijos e até Terça