Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 48
DEZOITÃO - Pov Lucca


Notas iniciais do capítulo

Eu sumi, eu sei, perdoem e não desistam de mim...



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Assim que eu tiro o fone de ouvido os gritos me alcançam, é imediato e absolutamente natural o sorriso que escorrega da minha boca, por que não importa quantas vezes isso aconteça, sempre será como a primeira vez, é a melhor sensação do mundo, é quando eu me sinto realmente vivo, além de vivo, vibrante, aliás, essa é a palavra perfeita pra descrever a torcida que me recebe de pé e com gritos quase inacreditáveis, eu mal escuto meu nome sendo chamado no microfone, mas o juiz sinalizando que eu me aproxime confirma que realmente é minha vez, as mãos apertam meus ombros por trás, viro o rosto e ele me dá aquele sorriso encorajador e ao mesmo tempo sério demais.
— Você sabe o que tem que fazer, então... Apenas faça – papai fala com o típico ar de treinador que ele sempre assume quando pisamos dentro de qualquer arena, eu dou uma piscada com um dos olhos e subo no tatame ainda sendo ovacionado pela torcida, levanto os braços e eles vão a loucura, talvez eu devesse me manter mais neutro, mas cada grito desse é como um incentivo a mais pra mim e antes mesmo do sinal tocar avisando o inicio da luta, eu já sei o resultado e tudo isso só se confirma quando quase nos 6 primeiros minutos da luta meu adversário tenta me dar um chute frontal, a perna dele ainda está se projetando pra mim e o sorriso aparece novamente, ele cometeu um erro e um dos grandes, tudo que eu precisava ele acaba de me dar e posso ver os olhos dele arregalados quando eu seguro seu pé, bloqueio o chute, junto minhas forças e em um golpe rápido e forte, eu chuto a lateral desprotegida dele, quase ouço o som da minha perna nas suas costelas, o corpo dele gira quase 360° e então ele cai de cara no tatame, os gritos explodem o lugar, o juiz se abaixa ao lado do meu adversário, mas é oficial. Vitória por nocaute. Mais uma. Não que eu já tenha perdido o prazer que isso me dá, ainda parece como minha primeira luta, porém com muito mais emoção. Quando ele levanta minhas mãos, eu aproveito pra brincar um pouco com a torcida, peço pra gritarem mais, não que isso seja possível, mas é realmente bom pra caralho ver todos eles gritando por mim e tudo só melhora quando uma garota loira, de mini saia preta, top rosa choque e tênis branco pula a proteção pro tatame, corre entre os outros atletas e pula no meu colo, sorte dela que eu já a tinha visto e que meu reflexo é rápido, por que ela realmente pula e se joga no meu colo, só tive tempo de passar um dos braços pela sua cintura e logo suas pernas estão entrelaçadas ao redor do meu quadril.
— Você é o melhor! Meu Deus, eu te amo tanto, esse é o dia mais feliz da minha vida – ela fala tudo num fôlego só, enquanto passa uma das mãos pelo meu rosto, ela tem um piercing no nariz e tem os olhos verdes, ela realmente é linda, então ainda mais rápido do que o pulo que ela deu em mim, ela segura meu rosto com as duas mãos e me dá um beijo na boca, a surpresa dura apenas alguns segundos e então eu me deixo ser beijado, até que ela é praticamente arrancada de mim, quando olho papai e tio Ryan estão segurando e afastando a menina.
— Ei, não é assim que se trata uma fã – eu falo e me aproximo deles que me encaram como se dissessem que eu estou fazendo besteira, no descuido deles, ela se solta e se agarra em mim de novo.
— Eu tenho que te mostrar uma coisa – ela fala e já está abaixando o cós da mini saia.
— EI EI, JÁ TÁ BOM – papai fala já tentando afastar ela de novo, mas antes que consiga algo me chama atenção.
— Perai – eu vou até a menina e abaixo o cós da saia dela, então numa escrita delicada mas totalmente legível está o meu nome tatuado no osso do quadril dela – Você tatoou meu nome
— Eu te amo – ela fala como se fosse óbvio, então dessa vez quem aparecem são os seguranças e eu não posso impedir quando eles praticamente a arrastam de volta pra torcida, enquanto ela grita que me ama e que eu sou o campeão dela.
— Você não deveria ter deixado ela te beijar – papai fala tentando parecer bravo.
— Ela tem uma tatuagem com meu nome – eu falo ainda sem acreditar muito nisso.
— É, acho que ela mereceu um beijo – tio Ryan fala rindo enquanto eles me empurram para dentro do vestiário.
— Ela tem uma tatuagem com meu nome – eu repito achando graça.
— Belo show! E eu tô falando da luta e não do pornô no final – Pedro fala enquanto traz uma toalha e a joga em cima de mim, eu acabo rindo.
— Ela tem uma tatuagem com meu nome – ele revira os olhos.
— Você se encanta rápido demais...
— Bom, você viu o tamanho das coxas dela...
— Ok, banho frio – papai avisa dando um tapa na minha cabeça.
— A banheira tá pronta! – Beatrice, que é minha preparadora física e hoje em dia já é quase como alguém da família, me empurra na direção da banheira.
— Tá de sacanagem! Isso precisa mesmo?
— Precisa e não chora ou eu aumento o tempo – ela me puxa a toalha da minha mão e aponta a banheira.
— Sem chorar, bebezão – Pedro implica comigo e tira de dentro da mochila uma barra de chocolate com pedaços de castanha ou como eu gosto de chamar “a melhor coisa do mundo”.
— Cara, eu te amo pra caralho – eu falo pegando a barra da mão dele e já abrindo.
— Você sabe que ele tá de dieta né? – papai avisa pro Pedro que dá de ombros.
— Ele ganhou, a barra é dele... Não sou eu quem vou quebrar uma tradição – ele dá de ombros, eu tiro minha roupa, ficando só de cueca e entro na banheira cheia de gelo, xingando baixo enquanto me sento no meio de todo gelo que faz tremer cada parte do meu corpo.
— Cite 3 marcos históricos relacionados a economia que é considerado herança da Revolução... – Pedro faz a pergunta enquanto se senta numa cadeira na frente da banheira.
— Você tá me zoando que quer que eu responda isso enquanto tem gelo entrando em partes do meu corpo que eu nem sabia que existia né? – ele ri, aquela gargalhada que ele sempre dá quando acha que eu estou exagerando em algo.
— A gente tem prova amanhã e eu tenho certeza que você vai dormir durante o vôo... – ele avisa e eu não posso negar, estamos na Capital, viemos apenas pra essa luta e mesmo sendo tão perto das provas eu não podia ignorar por que é o começo das classificações para o Campeonato Nacional e não me importa se eu já tenho 2 troféus, ainda quero o terceiro.
— E você só continua com as lutas se as notas não caírem – papai avisa parando ao lado do Pedro e fazendo sinal de positivo pra ele.
— É meu ultimo ano! São as ultimas provas...
— Mais um motivo pra você ir melhor ainda – eu reviro os olhos começando a sentir meu corpo já anestesiado por causa do gelo.
— Eu deveria pelo menos receber um abono pelo meu aniversário...
— É só no sábado – papai e Pedro falam juntos, eu faço uma careta pra eles, mas logo sorrio.
— Finalmente 18 anos, eu nem acredito que isso vai mesmo acontecer
— É, nem eu – papai concorda, mas não tem nenhum pingo da animação que eu estou – Eu vou tentar adiantar tudo pra gente não demorar mais por aqui... Quero voltar logo pra casa – ele avisa e sai levando tio Ryan e tia Bea com ele, com certeza ele vai querer ir embora antes de anoitecer, ele não consegue ficar um dia inteiro longe da mamãe e nós chegamos ontem a noite, embora ainda sejam onze da manhã, pra ele é como se tivesse passado uma eternidade.
— Você ainda não respondeu – Pedro insiste e eu reviro os olhos, pego algumas pedras de gelo e jogo em cima dele – Você é um idiota – eu sorrio e dou de ombros, ele até tenta parecer irritado, mas acaba sorrindo – E qual era a da oferecida lá fora? – meu sorriso aumenta um pouco mais.
— Uma fã – dou de ombros – Quer dizer, ela tem uma tatuagem com meu nome, acho que ela merece o cargo de fã número 1...
— Por causa de uma tatuagem?
— Com meu nome – eu ressalto e ele revira os olhos.
— Nossa, como você é idiota – ele se levanta da cadeira e começa a se afastar.
— Ei, não precisa ficar com inveja, tenho certeza que deve existir alguma aí fora que tatuaria seu nome também...
— Nossa, que alivio, era realmente isso que me preocupava – ele usa toda ironia que consegue e ele realmente é ótimo em usar de ironia, é quase tão bom quanto eu, a diferença é que quando ele faz isso geralmente está irritado.
— E o que te preocupa? – ele para no meio do caminho e se vira pra mim.
— Que você seja realmente tão idiota quanto parece...
— AI! – levo a mão no rosto fingindo ter levado um soco – Bate mais devagar na próxima...
— Esquece – ele dá de ombros como se não valesse a pena falar sobre isso – Eu vou ver se seu pai precisa de ajuda...
— Ele tá com o tio Ryan e a tia Bea...
— Talvez eles precisem de alguma coisa...
— Eles não precisam. Eu preciso – ele olha pra mim duvidando – Eu não tô mais sentindo minhas pernas – faço uma careta enquanto tento levantar a perna, então ele ri e toda irritação desaparece.
— Bem feito – ele fala, mas se aproxima trazendo a toalha, ele me oferece a mão e eu seguro forte com as duas mãos, ele faz força pra que eu me levante e então eu sorrio quando meu plano funciona e quando ele percebe já é tarde demais.
— SEU DESGRAÇADO – ele grita quando cai pra dentro da banheira de agua e gelo, eu solto uma gargalhada enquanto ele continua me xingando baixo e tenta se levantar.
— Você precisava esfriar a cabeça...
— Eu odeio você, é sério, eu te odeio, eu nunca mais vou ver uma luta sua, eu nunca mais vou nem falar com você, seu imbecil – eu continuo rindo enquanto ele dá o ataque dele.
— Cara, relaxa – eu falo colocando as mãos nos ombros dele – Você me ama! – ele me encara sério, mas conforme mantenho minha cara triste e pisco os olhos rapidamente, ele acaba rindo.
— Meu Deus! Eu te odeio de verdade – o sorriso dele aumenta mesmo com a sentença, então eu encho a mão de gelo e jogo na cabeça dele.
— Ah que ótimo, já posso incluir um banho gelado no final dos seus treinos também – tia Bea avisa quando entra e nos vê na banheira, ela também é a preparadora física do Pedro, embora ele jogue basquete e bom, não é por que ele é o meu melhor amigo, mas ele é um dos melhores jogadores do país, ele por enquanto tem um contrato apenas com a equipe do Distrito, mas a equipe nacional já está cercando ele e com certeza quando terminarmos a escola no final do ano ele deve ter um contrato bem vantajoso e isso é ótimo pra ele, embora as vezes o meu lado egoísta prefira que ele continue apenas com os jogos no Doze, por que assim ele continua me acompanhando nas viagens.
— Ele me fez cair aqui dentro – Pedro tenta parecer irritado, mas eu o conheço bem demais pra saber que ele não tá nenhum pouco irritado.
— Anda, consegui! – papai entra já me jogando outra toalha e fazendo sinal pra que eu saia da banheira, eu saio antes que ele mude de ideia ou que tia Bea me obrigue a ficar mais tempo – Uma coletiva, 4 pergunta e vamos pra casa, por favor, tenta seguir o combinado – ele pede quase juntando as mãos em súplica.
— Eu sempre cumpro o combinado – dou de ombros e eles me encaram ao mesmo tempo, até o tio Ryan que acaba de voltar.
— Então tava combinado lá no Sete você começar a cantar rap por uns... 15 minutos seguidos? – tio Ryan pergunta confuso e eu acabo dando de ombros tentando não rir.
— E aquela dancinha toda sensual nas quartas de finais no Dois... – tia Bea sorri de um jeito divertido e papai revira os olhos.
— Não vamos esquecer dos 20 minutos que ele levou só pra explicar como ele faz pra cortar o cabelo desse jeito – Pedro óbvio que não ficaria calado e eu não posso negar nenhuma das afirmações, então apenas dou de ombros.
— Só siga o combinado, eu quero estar em casa pro jantar – papai avisa e por mais que eu goste de tudo isso e no fundo ele também goste, eu sei que tudo isso longe da mamãe e de casa é difícil pra ele então eu não minto quando prometo que seguirei o combinado.
E eu realmente sigo, a coletiva dura um total de 30 minutos, respondi apenas 4 perguntas que já tinham sido selecionadas antes, posei pra algumas fotos e então papai encerra nosso dia, passamos apenas pelo hotel pra pegar nossas mochilas e seguimos direto pro Hangar onde o aerodeslizador oficial da Liga nos espera, esse é um dos privilégios que eu adoro nessa coisa toda, não ter que esperar numa sala pra pegar um dos aerodeslizadores lotados e sim um particular, espaçoso e só nosso, papai pode até me chamar de metido, mas eu vejo o sorriso que ele sempre tem quando se reclina na poltrona de couro alcochoada a frente da minha.
Pra sorte de todos e alívio do papai nós descemos no Distrito Doze as seis da tarde, pegamos o carro e vamos direto para a Aldeia, antes do carro parar papai já está saindo e ele mal pisa os dois pés no chão e a porta de casa abre. Eu posso não saber muito sobre o amor, pelo menos eu nunca tive ninguém assim, de um jeito romântico, mas eu realmente não consigo pensar em uma definição melhor de amor do que a que eu vejo sempre que papai e mamãe se reencontram depois de apenas algumas horas separados, é incrível, meio meloso, talvez até exagerado, mas eu não posso negar que é incrível ver como duas pessoas podem se conectar tão forte quanto eles dois, por que é como se eles se completassem, quando ela corre na direção dele, ele apenas abre os braços e os fecha no momento exato em que ela se joga no colo dele, não como aquela garota se jogou no meu colo hoje cedo, aquilo foi loucura, eu sou o cara famoso e ela é encantada com isso, quando mamãe se joga no colo do papai, é diferente, não tem nada a ver com ele ser o cara famoso, do corpo foda e que aparece quase todo mês na tv, não tem a ver com quanto ele é conhecido ou quanto de dinheiro ele tenha, é apenas ele, só ele, e ela, é só ela e de um jeito muito louco que eu as vezes nem consigo entender eles são perfeitos um pro outro, mesmo quando eles brigam e quase transformam tudo numa guerra nuclear, ainda sim são perfeitos, então eu continuo não sabendo nada sobre o amor, mas se isso realmente existe eu espero que quando acontecer comigo seja exatamente assim.
— AH MEU CAMPEÃO! – depois dos longos abraços e beijos que eles trocam ela vem pra cima de mim me apertando de um jeito que só ela sabe fazer e eu acabo rindo, posso até implicar com papai, mas eu também sinto muito a falta dela quando viajamos sem ela – AH e você vai ter que me explica direitinho por que você apareceu beijando uma garota na tv...
— Ela pulou em cima de mim, todo mundo viu – eu me defendo e ela segura meu rosto com as duas mãos e me encara meio desconfiada, mas rindo.
— LUUUUUUCCA! – a voz dela é inconfundível e por mais que eu ame a mamãe e tenha sentido falta dela, eu não penso duas vezes quando me esquivo dela e abro os braços pra ela que corre na minha direção tão rápido quanto ela consegue, sorte que eu malho por que ela se joga sem medo nenhum, eu agarro e giro uma vez, Iris não tem mais 6 anos, tem 9, mas ainda é a garota que eu mais amo no mundo inteiro – Você demorou muito – ela briga comigo, mas não me solta e aperta tanto os braços em volta do meu pescoço que começo a ficar sem ar, mas também me recuso a soltar ela e beijo sua bochecha várias e várias vezes, ela começa a rir e acaba soltando os braços pra me fazer parar.
— Meu Deus! O que você fez pra tá mais linda ainda agora? – ela sorri, daquele jeito que ilumina qualquer coisa, e eu não estou exagerando, ela realmente é linda, cada vez que eu a vejo tenho ainda mais certeza disso, a pele cor de chocolate combina perfeitamente com os olhos cor de mel que as vezes ficam levemente esverdeados, depende da luz, os cabelos cacheados caem em pequenas molinhas no penteado black power que ela decidiu usar a alguns meses – Você viu a luta?
— Você acabou com ele – ela fala sorrindo orgulhosa.
— E como eu acabei com ele?
— DESTRUUUUUUUUINDO – ela grita fazendo uma voz grossa que nós sempre usamos quando eu ganho as lutas, dessa  vez o sorriso orgulhoso é meu e eu beijo ela ainda mais – Eu quero te mostrar uma coisa – ela fala toda animada e eu a coloco no chão.
— Nós já vamos – tia Bea fala e eu tinha até esquecido que ela estava aqui, Eva, a filha dela e melhor amiga da Iris, já está ao lado dela também agarrada na mãe – Eu te deixo em casa – ela fala pro Pedro e ele concorda.
— Dorme aí – eu faço o convite e ele ri.
— Você tem que me dar espaço, cara, tá me sufocando – eu mostro o dedo do meio pra ele e levo um tapa da mamãe.
— Vai ou fica? – tia Bea pergunta já entrando no carro onde o motorista ainda está esperando, ele tenta fazer uma careta e dá de ombros.
— Vou ficar – eu finjo surpresa com a resposta e é a vez dele mostrar o dedo pra mim e levar um tapa do papai dessa vez.
— ANDAAAA – Iris me puxa pela mão enquanto entramos em casa, ela me solta apenas pra correr até a sala e volta com uma revista nas mãos, ela abre aquele sorriso ansioso e antes mesmo de me mostrar eu já sei do que se trata, mas quando ela me entrega a revista onde ela está na capa eu finjo o máximo de surpresa que consigo, embora eu já tenha comprado uma numa banca lá na Capital.
— UAU! Agora é oficial, você é a garota mais linda de todo o mundo! – ela sorri ainda mais.
— E deve ser a mais famosa também – Pedro completa pegando a revista da minha mão e fazendo uma cara de impressionado.
— Fala sério, ela parece ou não parece com algum tipo de Deusa da beleza? – eu pergunto e ele concorda fazendo ela sorrir ainda mais.
— Eu poderia me congelar só pra esperar você chegar do meu tamanho pra gente casar...
— Se acalma aí, moleque, que essa princesa aqui é só minha – papai fala já se aproximando e pegando ela no colo – Mesmo ela indo falar com esse manezão primeiro do que comigo – ele finge estar magoado e ela logo o abraça e enche de beijos.
— Cadê o Theo? – pergunto olhando em volta.
— Ainda no estágio, deve tá chegando – mamãe fala, agora Theo está estagiando com o tio Pietro, afinal agora ele e Bella estão noivos e ele já tá pensando em casamento, aliás, ele SÓ tem pensado em casamento – Mas... Tem bolo de chocolate com morango – mamãe me dá um piscar de olhos e eu sorrio já indo pra cozinha, eu amo bolo de chocolate em todas as ocasiões, mas as vezes eu só queria ter uns cinco minutos com o Theo de antes dessa história de noivado e casamento.
— A visita tem direito a pedaço extra – Pedro fala meio que me empurrando pro lado enquanto passa por mim e entra na cozinha primeiro.
— Tá ficando abusado ein – ele dá de ombros e eu acabo lembrando que eu tenho ele.
Nós já estavamos lanchando quando a porta abre num barulho rápido e em menos de um minuto Louise está entrando na cozinha e me agarrando por trás e apertando minhas bochechas tão forte que eu sinto que elas vão sair do meu rosto.
— O que você trouxe de presente pra mim?
— Um pouco de educação pra não sair entrando na casa dos outros assim...
— Ahhhhh, ele tá achando que é gente, que fofo – ela segura meu queixo e me acerta um tapa na cabeça com a outra mão.
— Ô pai!
— Tu acabou com um cara com um golpe e pede ajuda pra lidar com ela? – ele me zoa por que sabe exatamente que eu não posso nem sonhar em fazer nada com ela, não apenas por que ela é uma garota, minha prima e ele mesmo me quebraria, mas por que ela não leva desaforo pra casa e me faria chorar arrependido de tentar revidar.
— Tia, ele não gosta dessas coisas e tá cansado da viagem – Iris é a única que me ajuda e é a única que consegue sempre tudo que quer com ela, então Louise levanta as mãos em inocência.
— OK, parei – ela se afasta e puxa uma cadeira pra se sentar, Iris pisca um dos olhos pra mim e eu pisco outro pra ela – E o noivinho ansioso? – ela pergunta já pegando um pedaço de bolo.
— No estágio!
— Hummm, no estágio – ela fala zoando – É, perder mesmo o irmão ein – ela implica comigo e eu apenas junto meu prato e meu copo pra levar pra pia, escuto os cochichos e tenho certeza que mamãe tá brigando com ela – Eu só tô dizendo que agora ele vai casar, ué, pelo menos é isso que ele fica falando o tempo todo. Literalmente o TEMPO TODO – ela deixa bem claro e concordo com ela.
— Ela não tá mentindo – eu falo e eles me olham, então ele aparece na entrada da cozinha.
— Já chegaram? Eu achei que fossem vim só depois do jantar – ele parece meio confuso, mas logo vai até o papai, passa a mão pelo cabelo dele e beija sua cabeça, papai sorri e ele se inclina pra que ele beije sua bochecha, ele passa pela mamãe e beija a testa dela e vem até a mim, ele abre os braços e abre um sorriso.
— Não posso dizer que foi uma novidade né? – eu já estava quase abrindo os braços.
— Você assistiu?
— Claro que assisti, pô, você arrasou como sempre – se eu não conhecesse tão bem quanto conheço a mim mesmo, eu não saberia que ele está mentindo, mas eu sei.
— Você que me ensinou aquele cruzado – ele sorri orgulhoso.
— E você aprendeu muito bem – ele inclina o corpo pra me abraçar e eu desvio.
— Pena que eu não usei ele hoje, então – consigo ver os olhos dele registrando o que acabei de dizer e por um segundo parece que tá todo mundo com a respiração presa.
— Lucca, eu...
— Tava trabalhando, é eu sei... Valeu – dou um tapa no ombro dele e me afasto – Bora, subir – bato no ombro do Pedro chamando ele.
— É que... Na verdade eu... Eu vou pra casa – eu paro no meio do caminho e olho pra ele esperando ele ri e dizer que era brincadeira, mas ele só se levanta e agradece minha mãe pelo bolo, depois se afasta da mesa.
— Eu levo você – papai fala também se levantando.
— Você disse que ia ficar – eu lembro e ele me encara como se eu estivesse falando algo errado.
— Amanhã a gente se fala...
— Eu não tô entendo por que você mudou de ideia – ele revira os olhos, agarra meu braço e me empurra pra fora da cozinha.
— Eu só acho que vocês dois deveriam passar algum tempo juntos, sei lá, conversar, ele é seu irmão... – eu solto uma risada.
— Ele não é meu irmão há um bom tempo, ele é só o noivo da Bella – quando falo a frase ele para a alguns passos de nós, papai logo atrás dele.
— Você tá sendo ridículo – ele fala e eu balanço a cabeça rindo – Eu só não pude parar cinco minutos e ver sua luta, qual é, todo mundo sabe que você ganha de todos eles, eu precisava terminar um relatório – eu o encaro sem dizer nada, desvio os olhos pro papai.
— Posso dormir no Pedro?
— Não! – não ele quem nega, é o próprio Pedro – Foi mal, cara, hoje você fica aqui – ele se afasta antes que eu diga algo, pega a mochila dele e sai, papai sai logo atrás dele e eu subo as escadas sem dizer mais nada, entro no nosso quarto e vou direto pro banheiro, tiro minha roupa e me enfio debaixo do chuveiro, eu deveria estar com raiva do Theo, mas estou com raiva do Pedro e nem sei direito por que, talvez por que sempre que eu estou com raiva de algo é ele que fica perto até eu me acalmar e dessa vez ele foi embora ou talvez seja só por ele ter me dito não, eu realmente odeio quando fazem isso, só sei que estou com raiva e quando saio do banheiro só aumenta ainda mais quando vejo Theo sentado na cadeira giratória, virado pra porta do banheiro me esperando.
— Então eu não sou mais seu irmão? – ele pergunta e eu vou até o meu guarda roupa – Eu tô falando com você...
— E eu tô procurando uma cueca – eu levanto a cueca balançando pra ele que apenas me encara sério – Você acha que tem sido? – devolvo a pergunta também sério.
— Eu só não tenho mais tanto tempo livre quanto antes, tem as aulas finais da escola, o estágio...
— Você quer falar disso comigo? Sério mesmo? Eu também estudo, eu treino todo dia, eu ajudo o papai no projeto e ainda tem as lutas... E eu consigo não excluir ninguém...
— Eu não tô te excluindo! – eu solto uma risada.
— Por isso você me pediu ajuda pra escolher as alianças de noivado? – ele já ia responder meio irritado, mas sou mais rápido que ele – Você chamou o Breno! O Breno! Desde quando vocês são tão super - amigos assim? Alias você acha mesmo que ele conhece a Bella melhor do que eu e você? Melhor do que eu e você juntos?
— Eu achei que você achava essas coisas toda uma frescura...
— E eu acho! Mas se é uma frescura que você quer, então eu queria ter feito parte dessa frescura também – eu acabo admitindo mesmo que eu tenha jurado pra mim mesmo que não ia falar pra mais ninguém sobre isso, só o Pedro sabia o quanto eu tinha ficado chateado com isso e deveria ter ficado assim.
— Eu não sabia, eu... Eu não saiba mesmo que você ia querer participar – ele parece realmente confuso.
— Você é meu irmão! Não tem nada sobre sua vida que eu não queira participar – ele leva um minuto entre confusão e surpresa e então abre um sorriso.
— Eu sou um idiota, mesmo...
— Finalmente concordamos em algo – ele não fica chateado, apenas anda até a mim e me abraça forte.
— Me desculpa, de verdade, me perdoa, eu nem queria ele lá, eu queria você, eu só achei que... Eu fui um irmão bosta, eu confesso – eu sorrio e o abraço de volta.
— É, você foi mesmo, bem bosta mesmo, tipo, muito ruim, horrível, meio cruel...
— Tá bom, já pode parar de choramingar – ele se solta do abraço e nós rimos – Pra me redimir é você quem vai escolher as alianças de casamento e... Pagar por elas também, por que estagiário não ganha tão bem – ele brinca e eu acabo rindo.
— Ainda tem uma vaga na Equipe...
— Eu não penso em passar o resto vida socando pessoas...
— Eles pagam bem – dou de ombros e ele ri.
— É, eu sei, você ostenta bastante isso...
— Se não for pra gastar, então pra quê dinheiro? – finjo uma cara de confuso – Acho que tem vaga no time de basquete também, Pedro comentou algo outro dia...
— Valeu, mas acho que vou continuar com os computadores mesmo – ele dá um soco fraco no meu ombro.
— Bom, se mudar de ideia...
— E a garota que te agarrou?
— Isso você viu é? – ele ri.
— Foi um beijo e tanto...
— É uma fã meio exagerada... Ela tem meu nome tatuado...
— Ela é doida então, não exagerada
— Eu chamaria de bom gosto – ele ri.
— E o Pedro?
— Cara, o Pedro é meu melhor amigo e até confesso que o moleque é bonitão, mas olha só pra isso – eu abro os braços, mostrando meu corpo só com a toalha amarrada na cintura, ele faz uma careta de nojo – Acho que ninguém quer olhar pra outra coisa além de mim né?
— Uau, você é um babaca e um idiota... Não era disso que eu tava falando...
— Era de quê?
— Esquece – ele dá de ombros.
— Começou agora termina...
— Tem coisas que a gente tem que enxergar sozinho
— Quê? Que porra você tá falando?
— Nada, Lucca, nada... Vai fazer suas flexões, vai...
— Ah moleque – eu vou pra cima dele, ele esquiva e consegue sair do golpe.
— Lê uma história pra mim? – pra sorte dele a voz doce e animada entra pelo quarto, Iris carrega um livro de historinhas e se joga na minha cama, Theo aproveita e entra no banheiro.
— Você não já tá grande demais pra histórias, não?
— Eu gosto de ouvir você falando, eu durmo mais rápido – ela fala tão sinceramente que eu sorrio orgulhoso, me jogo na cama e a puxo pra junto de mim.
— Você sabe mesmo como conseguir o que quer, né?
— Eu sou uma Everdeen Mellark, nós SEMPRE conseguimos – ela fala toda orgulhosa.
— Meu Deus, como você é perfeita – eu aperto ela que ri e me faz rir.
Depois de colocar ela na cama, ler uma história e a deixar dormindo profundamente eu saio do quarto dela e encontro papai e mamãe subindo as escadas juntos.
— Já fez as pazes com seu irmão? – mamãe que pergunta primeiro.
— Ele é um imbecil, mas é meu irmão
— Não chama ele de imbecil, ele saiu de dentro de mim – ela reclama e papai ri.
— Vocês só tem que aprender a falar direto um com o outro – papai fala passando a mão pelo meu cabelo e me puxando, ele beija minha cabeça e me solta, eu beijo a bochecha da mamãe e desejo boa noite, volto pro quarto e Theo já está na cama dele.
— É o seguinte, eu sei que é você que tá bancando a festa, mas por favor, me diz que você não convidou a Wanessa...
— A Bella odeia ela, eu não sou tão idiota né? – ele pula da cama, me abraça e beija na bochecha.
— Eu amo você – eu o empurro e limpo o rosto – Eu esqueci de avisar pra não chamar ela e a Bella acabou de me mandar um testamento sobre isso...
— Relaxa, eu não chamei, ela nem é tãããão gostosa assim – dou de ombros e ele acaba rindo.
Nosso aniversário é no próximo fim de semana e eu tô planejando essa festa a um bom tempo já, serão nossos 18 anos, claro que eu tinha que fazer uma festa inesquecível, por isso eu aluguei a balada mais frequentada daqui e escolhi a dedo os convidados.
Eu acordo cedo no dia seguinte e mesmo assim Theo já está arrumado, me troco rápido e desço, tomo café junto com papai, mamãe e ele e então saímos de casa, como ainda temos até o fim do ano pra cumprir na escola, nós vamos pra lá.
— Se não é o cunhado campeão mais gato do mundo – Bella abre os braços quando me vê e mesmo fazendo uma careta eu a abraço, por que posso até me irritar e ficar chateado com eles e esse grude do relacionamento, mas ela continua sendo minha melhor amiga – Eu soube que você teve uma crise de ciúmes ontem – ela fala e Theo dá de ombros.
— Eu só disse a verdade, vocês dois viraram esses casalzinho melosos que dão enjoos...
— Nossa, como você é ridículo – ela faz uma cara de magoada e eu a puxo pra mais perto de mim e beijo sua cabeça.
— Só tô dizendo que sinto falta dos nossos tempos antes desses papos dos véus e flores e igrejas e alianças – ela para de andar e olha pra cima, direto nos meus olhos.
— Você sempre vai ser meu melhor amigo!
— AI! – Theo bota a mão no coração e finge dor, ela ri, mas volta a me olhar.
— Eu só, talvez, esteja um pouquinho empolgada com a história do noivado e casamento, quer dizer, pelo menos um dos gêmeos mais gatos e disputados do país eu tenho que garantir né – ela brinca e eu acabo rindo – Mas isso não quer dizer que eu me importe menos com você, NÓS ainda somos um time! – ela me dá um sorriso e assim como a Iris, é sempre impossível ficar bravo com ela, então a aperto mais e beijo sua cabeça.
— Eu odeio vocês dois – em resposta ela aperta ainda mais os braços ao redor do meu corpo, depois ela vai pros braços do Theo e nós continuamos o caminho pra escola, assim que passamos pelo portão Pedro acena e vem na nossa direção, ele fala primeiro com Theo e Bella e quando vem falar comigo, eu desvio e vou falar com os outros garotos do outro lado, eu posso até ter feito as pazes com o Theo, mas eu ainda me lembro dele dizendo que eu não podia ir pra lá ontem e pode até ser bobeira, mas ainda me irrita, então fico com os garotos até o sinal bater e irmos para nossas salas, ele se senta na mesma cadeira de todos os dias e a minha que fica ao lado da dele está vazia me esperando, ao invés disso eu vou até duas fileiras depois e escorrego na cadeira ao lado da Cassie, jogando minha mochila na mesa que será dividida entre nós dois.
— Posso? – ela abre um sorriso largo e as bochechas dela coram instantaneamente, embora esse seja o lugar da Perlla, a melhor amiga dela, ela concorda animadamente pra que eu me sente com ela, então dou uma piscada de olhos que mesmo se eu fosse muito modesto, teria que comentar que fez ela suspirar, eu sorrio e olho na direção do meu lugar antigo, Pedro está me encarando com a sobrancelha erguida, esperando uma resposta ou que eu volte pro meu lugar rindo, ao invés disso quando nosso professor de Algebra avançada entra na sala, eu abro a mochila e puxo o caderno pra fora.
Quando somos dispensados para o intervalo, eu junto minhas coisas na mochila e decido que ele já deve ter entendido o recado então já estava saindo atrás dele quando Cassie segura minha mão.
— Você pode sentar com a gente na mesa do refeitório – ela sorri de um jeito quase exagerado.
— Ah valeu, mas eu acho que vou sentar com o pessoal do time – dou outra piscada e ela quase se derrete de novo, eu realmente acho maneiro isso, mas as vezes é meio irritante, quer dizer, ela é bonita, não precisaria ficar se derretendo tanto pra mim, até por que mesmo sendo muito bonita, ela não faz muito meu estilo. Eu vejo Pedro conversando com os meninos do time e vou até eles.
— Fala moleque, tem que ensinar esse truque pras garotas se jogarem em cima da gente também – Barney, um dos garotos, fala rindo e me zoando.
— Ah essa é fácil, é só ser um babaca! Parece que elas adoram isso – Pedro fala com toda ironia que consegue, então vira as costas e sai, a um pequeno coral de “uuuuh” e então eu faço sinal que falo com eles depois e vou atrás do Pedro.
— Sério, que você é o idiota e ainda quer me dar um fora? – ele para de andar na mesma hora e se vira pra mim parecendo realmente chocado.
— Eu fui o idiota?
— Você disse que eu não podia dormir na sua casa, aliás, você ia dormir lá em casa, esse era o combinado – ele leva alguns segundos confusos e depois balança a cabeça.
— Quer saber? Esquece, acrescenta essa na lista de mais uma coisa que você não enxerga – ele volta a andar.
— Problemas no paraíso? – Theo e Bella aparecem e param ao meu lado vendo Pedro indo se juntar a mesa dos nerds.
— Ele é maluco! – eu dou de ombros e viro as costas.
— Lucca! – a morena alta e com um sorriso grande demais, já fala meu nome enquanto as mãos escorregam no meu peito, ela é a Wanessa e quase posso ouvir a Bella rosnar atrás de mim.
— Wanessa!
— Sabia que tá todo mundo falando da sua festa sábado e eu ainda não recebi meu convite...
— Sério? Que estranho! – finjo confusão.
— Bom, eu imagino que com tantos convidados vocês podem ter se confundido...
— Ah com certeza, isso acontece muito
— Então? – ela levanta as sobrancelhas esperando.
— Continua esperando só mais um pouquinho – o sorriso dela se fecha e ela tira as mãos de mim me encarando sério.
— Você não vai me convidar, não é? Por que? Por causa dela? – ela aponta pra Bella atrás de mim.
— Viu, Bella, você é exagerada, ela nem é tão idiota assim, ela logo percebeu – eu dou de ombros e Bella abre um sorriso divertido enquanto Wanessa quase tem um ataque.
— Se você acha que isso vai ficar assim... – ela começa a ameaçar, mas eu interrompo.
— Na verdade, se você achou que ia esquecer o que você tentou aprontar com ela e ainda te convidar pra festa, acho que você é mais idiota do que ela pensou – eu falo e ela apenas vira as costas e sai andando com raiva.
— Ai meu Deus, eu te amo – Bella comemora dando pulinhos e me abraçando, eu acabo rindo do exagero dela, as duas se desentenderam no começo do ano quando numa festa que teve na escola, a Wanessa no que ela chamou de “pegadinha” fez a Bella passar mais da metade da festa presa no banheiro enquanto ela ficava cercando o Theo pela festa toda, nem preciso dizer que Bella quase matou ela depois né? Mas, enfim, ninguém morreu, só que ela é minha melhor amiga, eu não iria convidar alguém que fez isso com ela pra nada meu.
Quando o intervalo acaba vou direto pra quadra por que temos aula de educação física, o professor já está lá e manda todo mundo pro vestiário, Pedro continua com os garotos do time e eu me troco e logo saio do vestiário. O professor escolhe o Pedro e o Breno, que são do time de basquete, pra poder montar dois times mistos, já que as meninas também irão jogar, Pedro ganha o direito de escolher primeiro e eu já estava indo na direção dele quando ele escolhe a Ellen ao invés de mim e ok, ela é bem gata, eu poderia até entender isso, mas antes de mim? Porra, ela não sabe nem correr, mesmo assim eu tento relevar, na verdade, sinto até uma pontinha de orgulho por ele tá tentando me zoar e por ter escolhido a Ellen pro nosso time, então Breno escolhe o Theo e depois volta a vez do Pedro e eu preciso piscar algumas vezes quando ouço ele chamando o Artur, eu posso entender os motivos dele chamar a Ellen e qualquer outra garota, mas o Artur? Aí já é demais pra mim e continua nesse vai e vem até que  pela primeira vez na minha vida, eu sobro pro time reserva.
— Por essa eu não esperava – o professor fala olhando pra mim.
— Pensa pelo lado positivo, pode descansar da luta de ontem – Theo passa por mim e ri, então só viro as costas e vou pro banco, me sento evitando olhar pra qualquer um, então eles se posicionam e o jogo começa.
— Vocês brigaram? – Paty, que estuda comigo há 5 anos, e que também sobrou pro time reserva pergunta enquanto olha o Pedro passando correndo pela quadra.
— Eu teria que entender o que passa na cabeça dele primeiro – ela ri.
— Bom, pelo menos é bom saber que vocês são como nós...
— Como assim?
— Ah sei lá, é só que... Bom, você é você né? E o Pedro é o seu melhor amigo, vocês sempre parecem viver a vida perfeita... É bom saber que vocês também brigam, que dizer, é uma merda pra vocês e tal, mas – ela de ombros e mesmo a explicação sendo meio doida demais, eu acabo rindo da maneira como ela fala e meio que se enrola – Tipo, eu e a Ellen somos melhores amigas, mas tem dia que eu nem quero olhar pra cara dela...
— Bom, acho que isso tá acontecendo comigo agora – eu indico o Pedro com a cabeça enquanto ele comemora uma cesta de três pontos e ela ri.
— Mas isso é bom...
— Ah é?
— Mostra que você se importa, quando vocês brigarem e não fizer diferença pra um dos dois, aí é que é ruim...
— Bom, eu deveria conversar com você mais vezes – ela ri.
— Eu não sou da turma dos populares...
— Nem eu – ela me encara como se fosse a maior mentira do mundo e eu faço uma careta e levanto os ombros.
— Pelo menos não de propósito
— É, parece mesmo que você odeia ser o centro das atenções – ela dá um sorriso divertido.
— Não julgue um livro pela capa...
— Ah, mas eu não estou fazendo isso... Na verdade eu até acho que por mais que você goste disso tudo, você é bem mais do que só o garoto mais gato e gostoso do Distrito – assim que ela fala isso seus olhos se arregalam, ela leva a mão a boca e fica tão vermelha que desconfio que ela irá explodir, mas mesmo assim acabo me divertindo com a situação – Quer dizer, eu... É o que eu escuto. Das outras garotas. Do corredor. Eu... Quer dizer, sei lá, né...
— Então é só isso que elas falam de mim no corredor? – ela dá um sorriso sem graça.
— Basicamente!
— E você? O que você acha? – ela de ombros, desvia os olhos do meu e parece meio em dúvida – Pode falar, eu aguento...
— Não é nada ruim, na verdade, eu acho que você é bem legal, eu... Acho que você não lembra mas... Eu não sou daqui do Distrito, eu...
— Veio do Distrito Dois e todo mundo te chamava de Chiquinha por que no primeiro dia você veio com duas tranças e bom, era a novata que chorou na hora do intervalo – ela parece realmente surpresa por eu lembrar.
— Você foi a primeira pessoa que falou comigo e me apresentou a Ellen...
— Eu sou um bom cupido de amizades – ela ri.
— Viu? Eu acho que você é mais legal do que a maioria dos populares...
— Posso confessar uma coisa? – olho pros dois lados e falo mais baixo – Eu também acho – ela ri – Você vai na festa sábado? – ela parece meio sem graça – Você recebeu um convite, não recebeu?
— Recebi. A Ellen também, é só que... Bom, eu não acho que é uma festa pra gente ir...
— Por que não? Se vocês tem um convite...
— Ninguém nem vai notar a gente lá
— Eu vou e eu sou o aniversariante – ela me olha alguns segundos parecendo me analisar – Além do mais eu te apresentei pra sua melhor amiga, seria uma desfeita horrível – eu faço uma cara de horror e ela ri.
— Ok, eu sou bem educada!
— É, eu desconfiei disso...
— Sua vez – a bola ia bater com tudo no meu peito, mas sou mais rápido e a seguro antes, Pedro não parece surpreso e me encara, eu jogo a bola de volta pra ele que faz o mesmo que eu.
— Pode botar outro...
— Mas eu já pedi a troca
— Que pena, eu acho que tô sentindo uma dor no joelho, deve ter sido da luta de ontem – eu faço uma cara de dor e o professor se aproxima.
— Anda, Pedro escolhe logo quem entra...
— Vou ficar com o Artur mesmo
— Você pediu uma substituição, agora faça – ele me olha mais uma vez e eu apenas dou um sorrisinho vitorioso, depois dele, o Artur era o melhor jogador que ele tinha, a única troca boa seria por mim, mas se ele quer bancar o babaca, eu também sou mestre nisso.
— Felipe – ele chama e o menino meio desajeitado que quase tropeça só em correr 1 metro, eu acabo rindo.
— Você é mais cruel do que eu pensava – Paty fala e eu sorrio orgulhoso.
— Bom, eu não reajo bem quando sou rejeitado – dou de ombros e ela ri, mas balança a cabeça como se eu fosse doido – Mais um motivo pra você ir no sábado...
— Vou me lembrar disso...
Eu passo o resto do jogo conversando com ela e rindo do desastre que se torna o time do Pedro, que ganhava de lavada e termina massacrado.
— Tomara que vocês continuem brigados por mais umas duas aulas, eu preciso mesmo aumentar meu desempenho na aula – Theo fala quando para do meu lado, o time dele ganhou com uma pontuação quase tripla em cima do Pedro.
— E só comigo fora da quadra que você consegue né? – ele esfrega a camisa suada que ele acaba de tirar na minha cara.
Quando já estamos dispensados e eu já estou saindo do portão vejo o Pedro e vou até ele.
— Trégua? – proponho e ele me olha meio em dúvida.
— Você é um idiota, sério, me deixar com o Felipe foi golpe baixo – eu acabo rindo e mesmo tentando evitar ele também ri.
— Foi muito maneira sua cara quando ele passou a bola pro Theo achando que era do time de vocês – dessa vez a gargalhada dele é alta e eu nem me lembro mais por que tínhamos brigado.
— Hoje eu vou almoçar com vocês, só os homens – Theo fala se encaixando entre nós.
— A Bella vai sair com as meninas, né? – eu pergunto e ele faz uma careta.
— Compras pra festa – eu e Pedro rimos.
Então vamos os três pro centro, por que ultimamente temos almoçado no restaurante e depois vou pro treino, já que mamãe está trabalhando e nem sempre nos deixa dar trabalho pro vovô e pra vovó.
O resto da semana passa numa boa e quando o sábado amanhece eu já nem consigo ficar na cama, por isso me levanto e me jogo na do lado.
— É Dezoitão! – eu balanço o Theo que resmunga um pouco antes de abrir os olhos.
— Que horas são?
— Seis e doze
— Vai se foder – ele me empurra pra fora da cama dele, eu desisto de acordar ele e saio do quarto, desço as escadas e escuto a voz da mamãe, do papai e as gargalhadas da Iris, então entro na cozinha devagar, sem eles me perceberem, os três estão terminando de arrumar a mesa de café da manhã e tem uma torta de chocolate cheia de morangos no meio e uma travessa de panquecas que rouba minha visão.
— Eu adoro fazer aniversário – eu falo e eles se viram com susto, mas quando Iris me vê corre logo pro meu colo, eu me abaixo e a pego e ela me enche de beijos e apertos que me fazem rir.
— PA-RA-BÉNS – ela dá um beijo a cada sílaba – Eu te amo, muito, muito, muito, muito, muuuuuuuuuuuuuito...
— Eu também te amo muuuuuuuuuuuuuito – dessa vez eu que a beijo várias vezes e ela ri, mas então eu a coloco não chão e mamãe vem me agarrar enquanto Iris sobe pra acordar o Theo, mamãe me aperta o tanto que consegue e então papai também me abraça e me deseja os parabéns.
— Cadê os aniversariantes mais gatos do dia? – Bella pergunta já entrando em casa com duas sacolas de presente, atrás dela tá o Pedro, ela me abraça primeiro e eu a aperto balançando pro lado e pro outro – Eu amo você, seu ciumento – eu sorrio e beijo a bochecha dela, então ela me entrega uma das sacolas, dentro tem uma caixa com papel colorido, eu rasgo enquanto ela me olha ansiosa, quando vejo o controle de vídeo game estilizado do jeito que eu queria eu solto uma gargalhada e abraço ela de novo.
— Maravilha agora que ele não sai mais do vídeo game – Theo reclama enquanto desce as escadas e então ela me solta e corre pra ele, eu não ligo apenas dou mais uma olhada no meu controle e viro ele pro Pedro que faz uma cara de impressionado, mas então ele abre os braços e eu o abraço.
— Agora você não é o mais velho...
— Eu sempre vou ser o mais velho, você só me alcançou agora – eu faço uma careta, mesmo sendo verdade, ele é 8 meses mais velho que eu, embora tem hora que pareça 8 anos.
— Só me dá meu presente e fica quieto – ele ri e puxa do bolso de trás um papel dobrado, depois me entrega, eu abro o papel e acabo rindo quando vejo a passagem.
— Isso é sério? – ele sorri e dá de ombros.
— Sem supervisão! Agora é dezoitão.
— Sério? – eu olho pra trás e papai e mamãe confirmam – Quantos dias?
— Um fim de semana. O próximo! – Pedro fala com um sorriso divertido.
— Capital, aí vamos nós – eu balanço o papel da passagem e passo meu braço pelos ombros dele – Eu sabia que alguma vantagem eu ia ter sendo seu amigo – ele revira os olhos, mas ri e então Louise entra com toda falta de discrição que ela sempre tem e já me agarra e começa a me zoar, logo tio Pietro se junta a ela e a zoação só aumenta, depois tia Pérola, vovô e vovó também aparecem e começa toda a bagunça que sempre temos nessas datas e é como num piscar de olhos que a casa está lotada, tia Bea, Eva, tio Ryan, tia Nathy, vô Benny, vó Grace e todo mundo falando ao mesmo tempo e rindo um mais alto que o outro, é o começo de dia perfeito pra mim.
Na verdade o resto do dia todo foi perfeito, vovô foi o responsável pelo almoço, mas recebeu bastante ajuda pra fazer a carne assada que eu e Theo pedimos e quando tudo fica pronto, nos reunimos na casa deles já que mamãe reclamou que já tínhamos feito muita bagunça lá em casa, tia Pérola até tentou uma discussão com ela sobre os filhos serem dela, mas se tem algo que todos nós já sabemos é que nunca dá pra se ganhar em uma discussão com a mamãe, nem mesmo o papai que geralmente consegue dobrar ela, então acabamos ficando por aqui mesmo. Almoçamos todos juntos  e depois partimos uma torta de amêndoas que estava maravilhosa, o dia foi ótimo, mas quando começa a anoitecer eu logo me animo ainda mais e subo pra começar a me arrumar, Theo começa a reclamar que eu tô demorando muito no banheiro e eu tenho que me apressar, mesmo assim ele ainda continua resmungando quando eu saio, me arrumo e saio do quarto, ainda estou no corredor quando ela aparece.
— Uau! Você tá bonitão – Iris me olha fazendo uma cara de impressionada, eu faço uma pose ridícula e depois dou uma volta, ela ri e aplaude, eu estou com uma calça preta meio justa e rasgada nos joelhos, uma camiseta branca lisa que propositalmente se aperta um pouco mais no meu peito, afinal eu não gasto mais da metade do meu dia malhando pra nada né? Uma camisa xadrez preta e branca por cima, um cordão em cruz que tem uma corrente mais grossa e prateada e coloquei uma touca preta deixando alguns fios aparecendo apenas.
— Tô gato mesmo?
— Muito! O mais gato de todo o mundo – eu sorrio e pego ela no colo e beijo sua bochecha, mas logo coloco no chão de novo por que ela já não é tão pequenininha quanto antes – Por quê que eu não posso ir na sua festa?
— Por que essa é só pra quem é grande, você tava na que era de dia, nessa não pode – ela faz uma carinha triste, aquela que sempre me faz dizer sim.
— Nem adianta fazer essa cara – papai fala vindo de logo atrás de mim e ela só aumenta ainda mais a cara triste – Você vai ficar com a Eva e eu ouvi o vovô falar que tinha sobrado vários salgadinhos e doces – um sorriso começa abrir.
— Eu posso pegar o seu jogo de luta? – ela pergunta com aqueles olhinhos castanhos brilhando pra mim e mesmo que eu odeie emprestar meus jogos não consigo responder outra coisa.
— Pode! Mas não é pra jogar a madrugada toda – ela dá um pulo e se joga em mim, eu beijo sua bochecha e ela logo sai saltitando pra pegar o jogo no meu quarto.
— Que tal? – mamãe sai do quarto dela com um vestido cor de vinho, justo no corpo, vai até a altura das suas coxas, ele tem um decote fundo entre os seios, mas se prende ao pescoço dela, o cabelo dela está maior que o de costume então começa a cair pelos seus ombros, ela está maquiada e com um salto que eu não consigo entender como ela consegue se equilibrar.
— Perfeita, só não quero ter que bater em nenhum colega meu – eu falo fazendo uma cara de impressionado, ela ri e diz que estou exagerando, mas a verdade é que não é exagero nenhum, ela realmente é uma gata, em dias normais os moleques já ficam botando pilha, hoje então eles vão ter um infarto cada um, eu até reclamo e faço eles pararem quando estão saindo do limite, mas por um lado eu entendo eles, minha mãe é gata pra caralho e papai sabe disso, tanto que quando sobe as escadas e nos vê no corredor, os olhos dele vão direto pra mamãe e demoram por alguns longos segundos nela.
— O gato comeu sua língua? – ela pergunta quando ele não diz nada, ele dá uma risada e balança a cabeça meio pensativo.
— Eu estou tentando decidir se te pego um sobretudo ou se te levo de volta pro quarto e começo a festa...
— EI! Eu tô bem aqui, ok? – eu balanço as mãos e ele faz uma careta que não se importa e mamãe ri, ele vai até ela e coloca as mãos na sua cintura.
— Você vai mesmo assim né? – ela balança a cabeça concordando e sorrindo orgulhosa – Não adianta eu falar nada, né?
— Nunca adiantou – ela dá de ombros e ele ri meio que concordando.
— Mas isso... – o dedo dele escorrega entre o decote dela – Não é meio exagerado não? – ela fecha o sorriso e o encara daquele jeito que ela sempre olha pra ele ou até mesmo pra um de nós quando quer que a gente reconheça que estamos errados.
— Ok! – ele levanta as mãos – Você com certeza vai ser a mulher mais linda de toda festa...
— Só por que eu não vou – Iris fala saindo do meu quarto e nós rimos.
— Ah mas disso eu tenho certeza, por que se você fosse, ninguém ia conseguir tirar os olhos de você – ele fala já pegando ela no colo, ela ri satisfeita – O que é isso? – ele pega o cd do jogo da mão dela e olha pra mim, meio que de cara feia.
— Ela pediu e prometeu que não vai jogar a madrugada toda, não foi? – ela concorda.
— Eu juro! – ela cruza os dedos a frente da boca e os beija em um juramento que sempre fazemos.
— Tá, pega sua mochila que eu vou te deixar lá no vovô e na vovó – ele fala e  ela corre pro quarto dela.
— E o Theo?
— Prontinho, não se desesperem – ele sai do quarto e mais uma vez a diferença entre nós dois é visível, podemos ser absolutamente iguais na aparência, mas cada dia que passa ficamos mais diferentes em todo o resto, ele por exemplo, parece perfeito em um jeans escuro e liso, uma camiseta preta até parecida com a minha, mas com um blazer branco por cima, o cabelo está penteado perfeitamente pra trás.
— Parabéns, impossível parecer mais mauricinho – eu falo e ele me mostra o dedo do meio.
Tia Bea chega com a Eva, nós descemos e Iris vai correndo até Eva, depois as duas vão pra casa do vovô e da vovó, tia Bea vai no próprio carro e eu e Theo vamos com papai e a mamãe, então finalmente saímos de casa, papai que dirige e vamos direto para a festa, quando entramos na rua da balada, já dá pra ver as pessoas do outro lado da calçada, atrás de uma corrente amarela com os quatro seguranças a frente tentando manter eles do outro lado da corrente, quando veem nosso carro, eles logo viram as câmeras e correm até nós.
— Pelo menos nem vão nos enxergar hoje – papai fala rindo e mamãe comemora, então abrimos as portas e saímos e logo estão falando juntos e tirando fotos, como sempre eu sorrio pra todo mundo, aceno, peço só pra se afastarem um pouco e nós falamos com eles, Theo também sorri e cumprimenta eles, paramos pra tirar foto juntos, enquanto mamãe e papai saem despercebidos e entram na balada, ainda ficamos uns quinze minutos posando pra fotos e respondendo a perguntas do tipo: “Como estamos nos sentindo alcançando 18 anos?” “Quais são os convidados” “O que eles podem esperar de comentários amanhã” e mais um monte de coisas meio idiota, mas que respondemos, até que o Pedro e a Bella chegam e nós encerramos, os seguranças voltam ao trabalho e levam todos eles pra trás da corrente, enquanto eles ainda pedem fotos do Theo com a Bella, os dois até posam juntos, mas bem rápido e logo entramos. Já está cheio, a musica tocando alto, pessoas vindo nos abraçar, outros já com copos nas mãos, rindo e dançando, então logo entro no clima e começo a aproveitar a festa, tio Pietro e tia Lu elogiam a festa e dizem que vão fazer uma campanha pra eu organizar todas as baladas do fim de semana por que segundo eles está sendo a melhor que já foram e se tem algo que eles dois entendem é de balada, então até anoto a sugestão deles, quem sabe pode se tornar um novo investimento, mas logo abandono a ideia pra poder curtir tudo e pela primeira vez na vida eu vejo Pedro bancando o despreocupado enquanto traz quatro doses de tequila nas duas mãos.
— O que houve com você hoje? – pergunto pegando duas doses que ele me oferece, ele ri e dá de ombros.
— Você tá fazendo 18 anos. Já pode beber comigo...
— Eu sempre bebi com você!
— Mas agora é oficial e seu pai não vai quebrar meus dentes se ver – eu acabo rindo.
— Você parece alegre demais só por isso...
— Só bebe a cala essa boca – ele levanta uma das doses e eu sorrio e bato meu copinho no dele, o sal está na borda, então passo a língua antes e depois viro a dose, faço o mesmo com a outra dose, quando termino ele me estica um pedaço de limão e fica com o outo, o acido me faz fazer uma careta - Outra? – ele pergunta e eu acabo rindo, então vamos pro bar, tio Pietro, tio Ryan, Theo e papai se juntam a nós, fazemos apenas mais duas viradas e depois todo mundo vai pra pista de dança, dançamos umas duas musicas todo mundo junto e meio louco demais já e depois cada um acha seu par, até que ficamos só eu e Pedro sem ninguém e como ele já está meio animado e tropeçando demais, eu meio que arrasto ele pra fora da pista de dança, e vamos pra perto do bar, jogo ele num sofá de dois lugares, perto de algumas poltronas que já estão ocupadas.
— Eu vou adorar te ver de ressaca amanhã, sabia? – eu falo quando me jogo ao lado dele, ele faz uma careta.
— Eu não tenho ressacas!
— Por que você nunca bebeu assim, né? Aliás, eu não sabia que meus 18 anos iam te deixar tão animado, nem nos seus você ficou assim... – ele joga a cabeça pra trás e ri.
— Não é só por isso
— Então é por que?
— Por que eu decidi fazer uma coisa hoje... – isso chama minha atenção, embora ele já esteja meio bêbado, parece realmente empolgado com algo.
— Fazer o quê? – ele me olha de um jeito divertido.
— Uma coisa!
— Que seria????
— Uma coisa que eu quero fazer...
— Cara, você é um saco bêbado, sabia? – ele ri de novo e joga a cabeça pra trás.
— Eu só precisava tomar coragem...
— Acho que tu errou, só vi você tomando tequila mesmo – a risada dele é ainda mais alta – Agora fala, coragem pra quê? – ele vira a cabeça que ainda estava apoiada no sofá pra mim e não responde – É uma garota, não é? – ele revira os olhos – É sim! Qual é, cara, fala... Se tu não me falar quem ela é, eu vou ficar puto com você...
— Não tem nenhuma ela...
— Aham, um cara não bebe tanto pra tomar coragem pra sei lá... Dançar numa balada... Fala logo o nome dela...
— Não tem nenhuma garota – ele repete e eu o encaro, ele se endireita no sofá e me encara também.
— É a Vick? – ele revira os olhos – A Mandy? Gabi? A Pri? Ah não, ela é mó chatinha...
— Meu Deus, como você é idiota – ele se joga pra trás no sofá de volta – Não tem nenhuma garota, acho que todo mundo sabe disso...
— Eu não acredito – dou de ombros começando a ficar irritado com ele, então quando ele ia falar alguma coisa, a garota pula no meu colo, ela realmente se joga sentada no meu colo, segura meu rosto com as duas mãos e me beija, eu mal tenho tempo de ver quem é, até que ela é afastada de mim, então reconheço, é a Thais, eu já fiquei com ela uma vez numa festa uns meses atrás e ela realmente é muito gata, mas nem tenho tempo de falar mais nada por que Pedro mantem ela afastada segurando-a pelos ombros.
— Qual o problema de vocês, que tem que ficar se jogando em cima assim? – ele pergunta e ela se esquiva dele, e olha pra mim.
— Ele não tá reclamando – ela fala e ele me encara esperando que eu diga algo.
— Você não quer mesmo me contar nada, então acho que tô sobrando aqui – eu dou de ombros e me levanto, levantando ela junto comigo, Pedro também se levanta.
— Se você sair daqui com ela, eu nunca mais falo com você...
— Você já não fala mesmo – dou de ombros e ameaço sair.
— Eu tô falando sério, Lucca! Se você sair, acabou. Eu nunca mais falo com você
— Então me fala agora... Quem é a garota? – ele me encara meio que surpreso – Fala!
— Não tem garota nenhuma!
— Ok! – eu seguro a mão dela e me afasto, dando as costas pra ele.
— Você é um babaca, sabia? – eu paro no caminho e me viro pra ele.
— Eu? Ah, eu sou o babaca? Você pode, por favor, me dizer por que eu sou o babaca e não você que fica cheio de segredinhos agora?
— NÃO TEM SEGREDO! – ele fala quase gritando – Nunca teve, é só você que só enxerga o que você quer enxergar...
— Do que você tá falando?
— Não tem garota nenhuma, nunca teve, nem nunca vai ter... Por que... Por que... Eu não gosto de garotas – ele fala alto o suficiente pra quem estava perto ouvir, Thais solta minha mão e os olhares logo estão em nós dois.
— Cara, tu bebeu demais...
— NÃO! Eu não bebi demais... Eu só... Eu só tô de saco cheio de você fingir que não vê...
— Pedro, tá todo mundo olhando, é sério, a gente conversa depois – eu tento segurar o braço dele e o levar pro outro lado, mas ele se esquiva.
— Era isso! Era pra isso que eu tinha que tomar coragem! Pra olhar na sua cara e dizer quem eu sou de verdade...
— Pedro...
— PARA, LUCCA! Para! Não dá mais pra você fingir que não sabe – ele fala e dá de ombros.
— Ah eu sabia – Patrick, um garoto que estuda com a gente e que eu nem lembrava de ter convidado se aproxima rindo – Agora sim, faz sentido – ele ri e acena pra outro garoto que estava passando – Traz um pouco de gliter que o Pedrinho aqui vai virar Pedrita... – os dois riem e eu ainda tô tentando entender o que está acontecendo enquanto o que era só entre eu e ele começa a aumentar.
— Agora entendi por que ele marcava tanto o Yuri, não era pra ele não fazer a cesta, é por que ele queria que fizesse a cesta nele – as risadas aumentam quando o pessoal começa a se juntar e colocar a atenção na gente.
— O que tá acontecendo? – Bella se mete no nosso meio quando um dos garotos começa a tentar apertar a bochecha do Pedro, ela o empurra e olha pra mim – Que porra tá acontecendo aqui?
— O que eu tinha certeza que ia acontecer – Pedro é quem responde olhando direto pra ela.
— Pê! – ela tenta tocar nele, mas ele se esquiva.
— Esquece! Ele não vale a pena – ele fala, me olha e então sai, o pessoal ainda fica rindo, chamando por ele e falando mais coisas que eu apenas não consigo nem entender, então Bella se vira pra mim e me empurra pra longe dos outros.
— Vai atrás dele – ela aponta na direção que ele saiu.
— Eu nem entendi o que aconteceu aqui...
— Pelo amor de Deus, Lucca, é impossível você ser tão burro assim... – eu continuo olhando pra ela sem dizer nada, então ela continua – Ele é gay!
— Mas ele nunca me disse nada...
— E você perguntou alguma vez? – eu não respondo.
— Vai atrás dele!
— Eu não entendo, ele...
— Ele gosta de você, Lucca...
— Eu também gosto dele, ele é meu me... – eu paro a frase quando ela cruza os braços e me encara, e pela primeira vez é como se muita coisa se encaixasse e finalmente fizesse sentido, meu rosto deve mostrar minha conclusão por que ela suaviza o olhar.
— É! Ele gosta de você – ela repete dessa vez com mais paciência.
— Você devia ir atrás dele – dessa vez é o Theo que fala.
— Eu não posso, eu... Não é desse jeito que eu gosto dele, eu... Eu nem sabia...
— Então é isso? Você só vai deixar ele sair assim? – eu ainda estava pensando numa resposta quando Louise chega até nós correndo.
— Tá maior confusão lá fora. O Pedro e uns garotos – antes que ela explique mais alguma coisa, eu saio correndo, passo pelas pessoas que ainda estão dançando pela pista e nem sabem da confusão que começou minutos atrás.
— Onde vocês vão? – ouço meu pai, mas também não paro, quando saio da balada, os seguranças estão divididos entre manter os paparazzis no lugar deles e separar a briga que está rolando, Pedro tá no chão, o rosto dele já está sangrando, em cima dele tá o Patrick, do lado tentando tirar o garoto de cima dele está o Yuri, então eu vou até lá, Patrick é bem mais alto que eu, mas não tão forte, então não tenho muito trabalho pra conseguir iniciar um mata leão nele e o tirar de cima do Pedro, Theo, Bella e Loui, vão até ele no chão, Patrick fica se debatendo, tentando se soltar.
— Solta ele! – a voz da mamãe, é um aviso que mesmo irritado não posso ignorar, então o solto, ele esfrega o pescoço, cospe e esfrego o rosto e o cabelo, embora o Pedro estivesse no chão, ele está com um corte na sobrancelha que sangra bastante e a boca também está sangrando.
— Isso não vai ficar assim – ele avisa apontando pra mim – Você tá fudido e eu duvido que o treinador ainda aceite a sua bichinha no time – então pronto, nem a voz da mamãe me faria parar, eu avanço nele com um soco que faz ele cair no chão imediatamente, praticamente imóvel, mesmo assim eu ainda me abaixo, subo em cima dele e dou mais quatro socos fortes nele, meus braços são segurados com força e sou afastado dele.
— PAROU! – a voz do papai é forte e firme, eu paro de me debater, olhando o Patrick desmaiado no chão, o rosto com muito mais sangue que antes, meus braços são soltos e quando olho pras minhas mãos, também estão com sangue, o sangue dele, quando olho pra frente todo mundo está parado dividindo a atenção entre eu e ele apagado no chão, Bella, Theo e Louise estão com o Pedro, eles também estão me olhando, mas eu só me movo quando a viatura da policia aparece no inicio da rua e meu pai e tio Ryan me puxam pra longe da confusão, os flashes mais fortes do que nunca.


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