Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 37
Conversas decisivas




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Eu mal abro os olhos e Keyse já está correndo pelo quarto procurando por algo que deve ser realmente muito importante já que ela não se preocupa nem um pouco em ser silenciosa.
— Ah tudo bem, pode bater em tudo eu não estava dormindo, não – falo com ironia empurrando o lençol.
— Você já tinha que estar acordado, de café tomado e ajudando o Ryan no salão, a Nathy tá deixando todo mundo doido...
— Por isso que eu preciso de alguns minutos de paz antes de sair da cama... E você bem que podia me ajudar com isso, ein – puxo a pra cama quando ela se aproxima, ela cai pra trás rindo, mas tenta empurrar meu braço.
— Pyter, eu ainda tenho que ir pro salão...
— Só cinco minutos! – insisto passando meu rosto pelo seu pescoço, o cheiro dela sempre será o melhor perfume do mundo, sinto seu corpo começando a ceder e então beijo logo abaixo da sua orelha.
— Isso é golpe baixo! – ela fala tentando se esquivar, coloco meu corpo por cima do dela e uso minha melhor cara de sedução.
— Cinco minutos – ela abre um sorriso divertido e então vira o jogo e acaba por cima de mim, ela segura meus braços e sorri.
— Só cinco? Você já foi mais empenhado... – ela finge uma cara de decepção e eu acabo rindo com a provocação, mudo nossas posições de novo e dessa vez não dou chance dela dizer nada e a beijo, minha mão já estava subindo pela suas coxas quando a porta do quarto abre.
— Ai pelo amor de Deus, vocês não cansam não? – Lucca já está com aquela careta de sempre, eu olho pra ele mas não solto Keyse.
— Eu poderia dizer a mesma coisa... – ele revira os olhos e Keyse me acerta um tapa no braço.
— O que você quer?
— Estragar meu momento, pelo visto – eu reclamo já saindo de cima dela, que ri, mas me ignora.
— A gente precisa de carona...
— Vão de bicicleta! – eu falo e ele me encara como se isso não fosse uma opção.
— Toma um banho rápido e leva eles – ela avisa já saindo da cama.
— Satisfeito? – pergunto e ele sorri realmente satisfeito – Sua mesada acabou de cair uns... 80%... – ameaço e Keyse sai do quarto rindo.
— Droga, que chato – ele faz uma cara triste e então quando Keyse sai ele se aproxima da cama – Ia ser uma pena se a mamãe descobrisse que foi você quem deixou o varal baixo e por isso o Boldo destruiu o lençol novo dela – ele faz a maior cara de triste que consegue.
— Você tá me ameaçando?
— Me defendendo – ele dá de ombros – Sabe como é né? Uma mão lava a outra...
— Você acaba de ficar sem mesada nenhuma, sabe como é, eu ainda sou o pai né – dou de ombros e ele sobe na cama.
— Quê isso paizão, uma simples brincadeirinha, sabe que eu nunca ia te entregar né? Vamos passar uma borracha nisso – eu acabo rindo e puxo ele fingindo dar uma chave de braço, mas ele se solta sem nenhuma dificuldade, eu me levanto da cama e vou pro banheiro.
— Se quiserem ir de carro estejam prontos quando eu sair do banheiro – aviso e fecho a porta.
Quando saio o quarto está vazio, visto uma bermuda e camiseta e saio do quarto.
— A mamãe disse pra você dar carona pra Loui também – Theo avisa quando nos esbarramos no corredor.
— Parece que eu virei o motorista do dia...
— E o tio Ryan ligou, disse que você é bundão! – eu reviro os olhos e ele levanta as mãos em inocência.
— Chama seu irmão e vai direto pro carro, eu vou chamar a Loui...
Desço as escadas, passo pela cozinha e pego um pedaço de pão e uma maçã, vou até a casa da Pérola e bato na porta, escuto as vozes e logo Loui abre a porta já revirando os olhos.
— Um dia você vai ficar vesga!
— Se você ainda não virou um ogro, eu tô salva... – ela sorri satisfeita com a provocação e beija minha bochecha.
— Sabe eu gostava mais de você quando você era... sei lá... desse tamaninho – faço um gesto dela no colo, ela ri e faz uma careta.
—Eu tinha pedido pra você passar aqui ontem a noite pra buscar a roupa dos meninos e é óbvio que você esqueceu né – Pérola reclama já me entregando os dois cabides com as roupas que estão cobertas.
— Eu tô fazendo um favor, você podia ser legal comigo e não me ameaçar...
— Ah ela tá assim hoje, um poço de simpatia – Loui fala com ironia.
— Será que é por que ontem você disse que chegaria as onze e chegou quase uma hora da manhã em casa e eu que tive que aturar seu pai reclamando no meu ouvido? Não era nem pra você sair hoje, mas eu ainda estou sendo legal...
— É por que você é a melhor mãe do mundo todo – ela a abraça de um jeito exagerado e beija sua bochecha várias vezes até que Pérola não consegue mais resistir e acaba rindo.
— Vão! Sumam da minha frente, os dois – ela nos empurra ainda rindo, acena para os meninos que estão entrando no quarto e fecha a porta.
— Essa saia não tá faltando um pedaço não? – olho para as pernas dela que estão praticamente todas descobertas, ela revira os olhos.
— Eu já tenho 18 anos!
— Você fez 18 outro dia e além do mais não entendi o que isso tem a ver com você sair semi nua...
— SEMI NUA? – ela para de andar e cruza os braços me encarando, eu a encaro também – Eu já vi a tia Keyse com vestidos e saias mais curtas do que essa – ela fala e eu não consigo negar e acabo rindo – Viu! Isso se chama implicância, por que ela pode e eu não?
— Por que eu gosto de dormir na cama e de ter um teto sobre a minha cabeça – ela acaba rindo e volta a andar.
— Eu vou deixar os meninos e depois te levo, pode ser?
— Pode! – ela dá de ombros e abre a porta do carona, Lucca já está sentado, mas ela o encara e faz sinal pra ele sair.
— Eu cheguei primeiro! – ele tenta fechar a porta.
— Eu sou mais velha, sou sua tia e tô mandando você cair fora...
— Ô pai!
— Cavalheirismo!
— Fala sério, isso é injusto, ela só é uma dama quando quer as coisas primeiro...
— EI, o que você quer dizer com isso? – ela pergunta depois de acertar um tapa na cabeça dele.
— Que você faz tudo que todo cara faz aí na hora de sentar na frente e pagar a conta você fala “cavalheirismo” – ele imita a voz dela e eu tento não rir.
— Você ainda tá reclamando dos seis reais do sorvete? Fala sério, deixa de ser mão de vaca – ele revira os olhos.
— Foram duas vezes! E você me convidou, quem convida paga...
— Não quando é uma mulher te convidando...
— Será que vocês podem se decidir logo por que já estamos atrasados? – ela faz uma careta pra ele e fecha a porta e entra atrás junto com o Theo, coloco o cinto e mando eles colocarem também, então finalmente saímos, eu deixo eles com a Nathy que já está quase arrancando os cabelos, ela começa a reclamar da minha demora mas eu aviso que tenho que levar a Louise e praticamente fujo dela, hoje é a festa de 15 anos da Bella e há quase um mês ela vem deixando todo mundo nervoso, parece mais ansiosa do que a Bella, ela até conseguiu convencer os meninos a ensaiarem e dançar valsa hoje e confesso que isso é algo que eu quero ver, por que os dois reclamaram o mês inteiro disso, já estava rindo com meus pensamentos quando me telefone toca, atendo no segundo toque e boto no viva voz.
— Pyter, onde você tá? – a voz da Keyse ecoa no carro.
— Levando a Loui na casa da Sam...
— Ainda?
— Sim, meu amor, ainda, eu sou velho, tenho que fazer as coisas devagar...
— Bom, não foi bem isso que você me disse essa noite né?
— Ah por favor, que horror... Tá no viva voz sabia? – Louise reclama fazendo uma careta de nojo.
— Relaxa, eu nem disse nada demais – Keyse fala rindo.
— Eu preferia nem ter escutado nada...
— Ah para de graça, eu ouvi tudo sobre o Pedrão – Keyse fala implicando com ela que arregala os olhos.
— Tia, fica quieta! – Keyse gargalha do outro lado.
— Não demora Pyter, o Ryan precisa de você no salão...
— Ok, não vou demorar, te amo...
— Te amo – ela desliga e eu olho pra Loui.
— Então... Pedrão? – ela ri e balança a cabeça negando.
— Nem vem, ela é doida, é sua esposa, então você já sabe disso...
— Disso eu sei, só não sei de nenhum Pedrão.
— Para de falar assim, é Pedro, a tia Keyse que é doida.
— É algum crush? – ela me olha impressionada e ri.
— Eu adoro que você saiba todas as gírias novas...
— Bom, eu sou um tio de uma garota de 18 e tenho dois filhos de 15, se eu não renovar meu vocabulário não converso com vocês...
— Continue assim, aproveita e ensina meu pai, ele ainda fala “pretendente” – eu solto uma risada alta e ela também.
— Mas a Keyse é melhor do que eu, na verdade ela me ensina metade dessas novas modas...
— Eu acho isso muito maneiro, sabia?
— Ela me ensinar gírias? – ela ri mas nega.
— Não, vocês dois!
— O que tem nós dois?
— Sei lá, parece que vocês se conheceram ontem e estão começando o namoro agora... Quer dizer, eu amo meus pais, acho eles super legais juntos, eles combinam e se amam e tal, eu sei disso, todo mundo sabe, mas sei lá, as vezes parece que eles tem 100 anos cada um, já você e a tia Keyse, sei lá, vocês são...
— Malucos?
— Completamente – ela ri e eu também.
— É, eu tenho muita sorte...
— Ela também, não é por nada não, mas meu tio é foda! – eu sorrio orgulhoso.
— Mas vamos manter o “foda” só entre a gente ou sua mãe vai dizer que eu estou te ensinando essas coisas e eu não tô afim de apanhar – ela ri.
— Nem eu! – eu pisco pra ela e então chego na frente da casa da Sam e ela desce do carro.
— E eu ainda quero saber quem é esse tal de Pedrão – ela ri e me manda um beijo no ar.
Quando chego no salão está uma correria para todos os lados, telões estão sendo testados, as mesas arrastadas, tecidos, flores, vasos e cadeiras para todos os lados, encontro Ryan recebendo umas caixas na parte da cozinha.
— Eu preciso que você vá até o pessoal do som e ajude eles a não estourarem aquela caixa ou eu juro que você vai ter que pagar minha fiança hoje... – eu faço sinal de continência e vou pra lá, os dois caras estão meio enrolados e eu tento ajudar.
Passo o resto do dia ajudando com qualquer coisa que apareça, Nathy passa por aqui e parece mais calma quando vê tudo ganhando forma, ela diz que os meninos estão com a Bella no salão de beleza e que Keyse está com eles, fico um pouco mais tranquilo por que se caso eles acabem explodindo o lugar, a culpa não será minha, então volto a ajudar em outras coisas, quando a tarde cai está tudo perfeito, eu vou pra casa e quando chego vou direto pro banho, demoro mais do que o costume e quando saio Keyse está entrando no quarto carregando um cabide com seu vestido.
— É lindo!
— Espera só até ver no meu corpo – ela sorri ansiosa enquanto cuidadosamente o coloca em cima da cama.
— Particularmente estou ansioso mesmo pra ver você sem ele – dou uma piscada e ela ri.
— Você é um poço de romantismo – nós rimos e eu lhe dou um beijo rápido, dessa vez ela que entra no banheiro enquanto eu começo a me arrumar, os meninos ficaram por lá mesmo então não iremos demorar muito, eu visto a calça e camisa e desço quando o telefone toca, Ryan pede que eu lembre a Pérola de levar a câmera dela e eu ligo pra ela.
— PYTER! – Keyse me grita e eu desligo o telefone e subo as escadas correndo, ela está dentro do quarto de costas – Fecha pra mim – ela pede apontando o zíper na parte de trás, um sorriso escapa, mas quando coloco as mãos por dentro do tecido sentindo sua pele, ela recua – FECHA! – ela avisa tentando parecer séria, eu faço uma cara triste – É sério – levanto as mãos em inocência e então fecho o vestido, ela dá uma volta e para virada pra mim com a mão na cintura, eu faço uma cara de impressionado e lhe ofereço minha mão.
— Você está absolutamente maravilhosa – ela sorri orgulhosa e eu também por qu cada vez que eu olho pra ela me apaixono mais uma vez e é ainda mais fácil quando ela está assim, com um vestido rosa claro, ele tem um decote entre os seios e vai até acima do seu joelho deixando um parte de suas pernas a mostra, ela renovou o corte do cabelo e ele está com as pontas da frente maior e com algumas mechas mais clara, sua boca brilha num batom rosa escuro e eu poderia passar o resto da noite olhando pra ela, mas infelizmente ela anda até a ponta do quarto, pega meu terno azul escuro e me entrega.
— Anda, não vamos nos atrasar – faço uma careta, mas desço junto com ela.
Encontramos alguns fotógrafos na frente do salão, eles pedem algumas fotos e pra não ter nenhum aborrecimento paramos alguns minutos, logo entramos e tudo parece ainda mais bonito do que a tarde, as pessoas já estão chegando e nós vamos procurar os meninos, achamos e Keyse quase tem um ataque do coração quando vê o cabelo bagunçado deles, mesmo que estejam impecáveis em seus smokings, ela os arrasta e dá um jeito na confusão de fios, enquanto eu procuro por Ryan pra saber se precisa de algo, como está tudo certo volto pra perto da Keyse, encontro meus pais e Pérola, nos juntamos a eles numa mesa que acaba ficando grande demais, os garçons começam a servir algumas bebidas e eu já estava com a mão em um copo quando o mesmo é tirado de mim, olho pra trás e Pietro dá uma piscada.
— E o princesinho apareceu – eu falo com uma cara de impressionado.
— Ooon, ficou com saudade, foi? – ele vem me abraçando e eu faço uma cara de entediado, mas aceito o abraço, por que por mais que eu não admita, realmente senti falta desse idiota, ele entrou de férias e passou duas semanas no Distrito 4, com a Luiza e o pai.
— A culpa foi minha, ele queria ter voltado na sexta – Luiza o defende.
— Podia ter deixado ele lá – dou de ombros e ele ri.
— Não entendi por que você ficava me perguntando toda hora quando ele voltava – papai fala fingindo confusão.
— Só queria aproveitar o tempo de paz – Pietro ri e encosta a cabeça no ombro.
— Você sentiu minha falta, admita – ele fala e faz um bico com a boca tentando parecer sexy mas que só me faz rir.
— Você é um idiota – eu falo mas passo o braço ao redor da cabeça dele e beijo sua cabeça, ele ri – Agora vamos, temos que achar bebida de verdade – eu falo trazendo-o junto comigo, ele ri e entrega o copo dele pra Luiza.
— E aí como foi lá? O sogrão ainda tá te pressionando? – pergunto quando nos afastamos, o pai da Luiza começou a dar uma pressionada nele por ele ainda não falar nada sobre casamento.
— Ele perguntou qual minha intenção com ela... – eu solto uma risada, mas quando vejo que ele está sério, eu paro.
— Tá, e aí?
— E aí que ele as vezes é pior que o papai, ela cismou que a gente tem que casar e...
— TIOOOO! Ainda bem que você chegou... É que deu um problema com a luz colorida, você pode dá uma olhada, por favor? – Theo pede e ele logo concorda, combinamos de conversar depois e eu volto pra junto dos outros.
A festa realmente começa, tem a entrada da Bella e ela está linda, um vestido coral, tomara que caia, com uma saia bem rodada e cheia de pequenas gotas brilhosas, o cabelo está preso mas deixa mechas caindo soltas, uma coroa brilhante se destaca, junto com um colar, ela está radiante, sorrindo pra todos e extremamente bonita, ela faz uma entrada e depois abre para os amigos fazerem alguma homenagem ou falarem algo, as amigas dela são as primeiras, a Nathy também fala, o Ryan, Keyse também fala, já que se considera a segunda mãe dela e até eu me arrisco um pouco, o que realmente me surpreende e acho que a maioria que o conhece é quando Theo e Lucca aparecem, eles param no meio, na frente delas, então fazem um sinal e a luz apaga, tudo fica escuro e começa um burburinho, sinto Keyse inquieta do meu lado, então apenas dois focos de luz acendem em cima deles dois que estão sem o terno, colete e gravata, a camisa está aberta nos três primeiros botões e algumas garotas e até alguns adultos já gritam, Keyse me olha rindo.
— Eu devia saber que eles iam aprontar – ela fala, então o som da música começa, uma luz baixa acende e nos permite ver melhor ao redor, enquanto os dois começam a dançar, realmente DANÇAR, a música é rápida e um pouco sensual e eles estão perfeitamente sincronizados, os gritos aumentam e Keyse quase me deixa surda, mesmo com os movimentos e a luz que começa a piscar, consigo ver o sorriso orgulhoso deles, Bella ri e aplaude também gritando e se divertindo, os dois rebolam, pulam, se remexem inteiro e não tem nem um pouco de vergonha de nada, a apresentação dura quase uns 4 minutos e quando termina os gritos quase explodem o lugar, eles comemoram e Bella abraça os dois rindo e já posando pra fotos.
— Com certeza eles me puxaram – Keyse fala orgulhosa, eu rio e quando eles se aproximam da gente ela os abraça apertado – Por que vocês não me contaram?
— Era surpresa!
— Onde vocês aprenderam a dança? – pergunto curioso.
— É um dom! – Lucca fala dando de ombros.
— São os dançarinos da mamãe – Keyse aperta a bochecha dele, que se esquiva fazendo uma careta.
— MÃE! – ele reclama e então Bella chama eles e eles vão correndo.
— Acho que você devia pegar umas aulas com eles – Pietro fala quando se aproxima.
— Vai se ferrar!
— Tenho que concordar com o Pietro – Louise fala parando ao lado dele.
— É tio Pietro, quando você vai começar a respeitar hierarquia? – ele pergunta fingindo irritação.
— Quando você tirar essa sujeira que você chama de barba da cara – ela passa a mão e ele empurra.
— EU faço isso quando você começar a usar suas roupas inteiras – ele olha para as pernas dela e ela revira os olhos. O vestido que ela está vai até metade das suas coxas, ele é de manga comprida e aberto nas costas, é azul escuro e está muito bonito, mas como tios irritantes, é nosso dever pegar no pé dela.
— Deve ser pro Pedrão, ele tá aí? – olho em volta e ela ri, mas tenta reprovar.
— Quem é esse? – Pietro parece curioso.
— É o que tô querendo saber também...
— Não é ninguém! E vocês dois nem comecem ou eu falo pra vovó...
— Fala o quê pra mim? – mamãe aparece logo atrás dela.
— Que eles dois estão implicando comigo – ela fala fazendo aquela carinha de santa e já se encostando na mamãe.
— Deixem ela em paz, vocês dois são muito chatos!
— Então você sabe quem é o Pedrão? – mamãe ri.
— Você ainda tá saindo com ele? – Louise ri, mas morde a boca tentando esconder algum segredo.
— EI, EI, EI... Então você sabe quem é o tal Pedrão? – pergunto agora realmente curioso e cismado com essa história, as duas reviram os olhos.
— Depois a gente conversa, quero saber de tudo...
— Por que depois? Conversem agora – Pietro fala e eu concordo com ele.
— Não, é conversa de mulher... – mamãe fala nos reprovando, então Pérola está passando perto e eu a puxo pra conversa.
— Você também sabe do Pedrão? – Pérola arregala os olhos e se aproxima ainda mais da Loui.
— O Pedrão tá aqui? Mentira! Cadê? Não vi ele...
— Ele não tá, o Pietro e o Tio Pyt que estão bisbilhotando...
— Por que o Pyter é tio e eu não?
— Sério, cara, é com isso que você vai implicar e não com o fato que tem um Pedrão que todo mundo sabe menos a gente?
— PARA TUDOOOOO! O Pedrão tá aqui? – Keyse se mete na conversa e elas começam a  rir e cochichar.
— Dá pra vocês pararem de ignorar a gente – peço mas sou ignorado.
— Ela não vão falar, desiste, eu tenho coisa mais importante – Pietro fala e eu me lembro da nossa conversa interrompida, então vamos até uma espécie de bar que tem perto da cozinha, peço dois drinks e espero ele falar – Ele passou mais da metade do tempo jogando umas indiretas, querendo saber se a gente pensa em morar no apartamento dela mesmo ou se vamos comprar uma casa, se já pensamos em casar na praia... Sério, ele não parava...
— É a filha dele né?
— Eu sei e eu amo ela, eu sou completamente apaixonado por ela, mas eu não entendo pra quê tudo isso, já estamos quase morando juntos, eu passo mais tempo com ela do que em casa, mas o que ele quer?
— Talvez a pergunta seja: O que você quer? – ele me olha confuso – Se vocês já estão praticamente morando juntos, passam tanto tempo, dividem coisas, então o que falta?
— Eu só acho que não precisa disso tudo se estamos nos dando tão bem...
— Ela concorda com isso?
— Concorda, nós estamos bem!
— Então vocês já sentaram e falaram sobre casamento? – ele dá um gole demorado e eu tenho minha resposta – Qual o problema? – ele remexe no copo e olha em volta.
— Eu acho que não tô pronto...
— Fala sério, você ama a Luiza, todo mundo sabe disso, eu realmente não achava que isso fosse acontecer um dia, mas aconteceu e casamento não é nada terrível, na verdade pode ser a melhor coisa do mundo...
— Não é isso, eu não tô preocupado em me casar e viver com ela todo dia, isso não é um problema...
— Então qual é o problema?
— Licença meninos, mas é a nossa música, você tem que dançar comigo – Luiza fala já puxando ele pela mão que vai com um sorriso bobo no rosto.
— Eu não vou ficar olhando todo mundo dançar, até seus pais foram... – Keyse fala me esticando a mão, eu sorrio e a puxo pela cintura colando seu corpo ao meu.
Acabo não terminando a conversa com o Pietro, mas aproveitamos bastante a festa e chegamos em casa quase as 4 da manhã, os meninos sobem correndo e se jogam nas camas e dessa vez Keyse sabe que não adianta pedir pra tomarem banho, eles simplesmente apagam na hora, nós vamos para o nosso quarto, eu a ajudo tirar o vestido e mesmo estando cansado não resisto quando a vejo apenas de calcinha na minha frente, o sorriso dela também é parecido com o meu e não precisamos dizer o que queremos quando eu a puxo pra perto de mim não existe nenhum cansaço ou sono que nos impeça.
— Posso falar uma coisa louca? – sua voz é baixa e meio sonolenta, ela está deitada sobre meu peito, os dedos subindo e descendo pela minha barriga enquanto eu acaricio seus cabelos, afundo meu rosto neles e inspiro seu perfume, mas confirmo com a cabeça pra que ela fale – Hoje vendo a Bella, a festa, a empolgação da Nathy, eu... Eu sei lá, acho que deve ser legal ter uma filha... – eu afasto o rosto do cabelo dela rapidamente, ela percebe e se move parando o rosto virado para o meu.
— Você tá... – não consigo terminar a pergunta, meus olhos vão para sua barriga e depois pro seu rosto, ela ri, balança a cabeça como se eu tivesse falado alguma besteira e então volta a se encostar no meu peito.
— Não, Pyter, eu não estou grávida – tento não parecer tão aliviado, mas meu corpo relaxa visivelmente e isso faz ela rir novamente – Mas foi engraçado ver seu desespero.
— Não foi desespero... Se tivesse acontecido, eu ia amar ela do mesmo jeito, é só que...
— Seria uma loucura, eu sei – ela fala e dessa vez sou eu quem me movo e a faço se virar pra mim.
— Mas é o que você quer? – ela me dá um sorriso.
— Eu não sei se teria neurônios suficiente pra isso – ela dá uma risada divertida – Vocês três conseguem ocupar bastante o meu dia.
— Posso ocupar mais um pouco... – falo já subindo minha mão pela sua perna, ela ri e dá um tapa na minha mão.
— Eu estou bem assim, é só que... Sei lá, eu fico vendo a Pérola e a Loui, a Nathy e a Bella, a Hazel e a Vick, eu só... Sei lá, deve ser legal você sair com alguém pra comprar roupas e não ter dois marmanjos resmungando que já tem camisas suficientes... Ou então planejar uma festa de 15 anos e não ter que apenas abrir as caixas de pizza e servir na sala enquanto tem um bando de adolescentes jogando vídeo game e gritando no porão... – eu não consigo segurar o riso.
— Eles disseram que foi a melhor festa da vida deles... – alguns meses atrás quando foi a vez deles fazerem quinze anos eles pediram pra fazer uma festa aqui, Keyse ficou toda animada, mas a ideia de festas deles foi bem diferente da dela, eles limparam o porão, colocaram almofadas, poltronas e até um colchão daqueles de encher, eles enfeitaram o lugar, levaram a tv deles lá pra baixo e tenho que confessar que fizeram uma bela decoração e então passaram a madrugada lá embaixo a base de pizza, refrigerante, pipoca e alguns pães que o papai mandou, eles adoraram, a Keyse no entanto, não muito.
— Aquilo não foi uma festa – ela reclama e eu acabo rindo e a aperto em mim beijando sua cabeça.
— Se isso te deixa melhor a Louise estava falando hoje mesmo do quanto ela acha você fodona – ela me olha desconfiada.
— Tem certeza que ela disse “fodona”?
— Tenho, mas é um segredo, ela não quer perder a língua... – ela ri.
— Quer saber, você também seria um ótimo pai de menina...
— Não tenho tanta certeza disso.
— Eu tenho! Eu vejo você e a Loui, o jeito que você lida com ela, você se sairia melhor do que pensa...
— Ok, essa conversa tá meio estranha, você quer me fazer alguma proposta? – ela respira fundo, afunda o rosto no meu peito, coloca um beijo rápido então apoia o queixo na minha barriga e olha pra mim.
— Era só uma coisa louca, eu disse – ela dá de ombros, mas vejo uma pontada de decepção em seus olhos, eu toco seu rosto com a ponta dos dedos e ela fecha os olhos pra receber meu carinho.
— Eu amo você! – ela abre os olhos e inclina a cabeça para o meu toque.
— E eu amo você! – um sorriso doce aparece no seu rosto.
— Eu acho que ainda tenho alguns neurônios e cabelos que não estão brancos ainda... – ela me olha meio ansiosa e sorri – Eu faço qualquer coisa por você e ter mais um filho ou uma filha com você não é nenhum sacrifício, pelo contrario, eu ia só iria ser ainda mais completo do que eu já sou... – o sorriso dela aumenta ainda mais e seus olhos brilham – Claro teríamos que nos mudar para uma casa maior, talvez finalmente optar por aulas particulares, mas acho que podemos resolver – ela ri – E bom, se for mesmo uma menina, não tenho certeza se um dia ela vai poder namorar, pelo menos não antes dos 30...
— Duvido! Você é mole com as mulheres da sua vida... – eu dou de ombros.
— Sou mesmo, mas não estava falando de mim! – faço sinal com a sobrancelha para a parede a frente onde é o quarto dos meninos, ela ri.
— OH meu Deus, você já pensou nisso? Eles nunca iam deixar ela ir na praça sozinha... – ela ri se divertindo.
— Pelo menos a Loui ia poder respirar um pouco mais... – eu falo e ela se senta na cama e me olha de um jeito curioso.
— Nós realmente estamos falando disso?
— Acho que sim – eu acabo rindo do jeito dela.
— Eu... Eu achei que você tivesse algum trauma da palavra “gravidez”
— Como eu posso ter trauma, do que mais me trouxe alegria até hoje? – faço uma cara de confuso, então ela se joga nos meus braços e me beija.
— Eu amo você, sabia? – eu faço que sim com a cabeça e ela ri e me beija de novo.
— Então? Podemos começar? Aquele foi só o aquecimento... – ela ri mas nega.
— Vamos com calma, é apenas uma ideia, não sei se estou realmente pronta pra engordar tudo aquilo de novo e ter que passar madrugadas acordada, eu só... Fiquei um pouco sentimental, eu acho melhor esperar um mês ou até os garotos aprontarem algo na escola e eu acabar desistindo da ideia – nós rimos.
— Então acho que você deve dormir um pouco – beijo sua cabeça e ela se enrosca em mim, acaricio seus cabelos até que ela acaba pegando no sono, eu ainda demoro um pouco mais, por que a ideia de ter outro filho realmente me pegou de surpresa, embora eu não tenha mentido quando disse que seria ainda mais feliz do que eu já sou, só é algo novo, mas que prefiro pensar mais sobre isso outro dia e acabo dormindo.
O domingo passa quase como um piscar de olhos, acordamos todos tarde, quase na hora do almoço e acabamos almoçando com meus pais, os meninos são mimados pela mamãe e depois Theo vai ajudar o papai a entender o novo computador que ele comprou enquanto Lucca e mamãe assistem um filme na tv da sala, eu e Keyse somos esquecido e já estávamos saindo e indo pra casa quando Pietro vem chegando sozinho.
— Lembrou o caminho da Vila? – ele me mostra o dedo do meio, mas sorri.
— Eu só sai cedo, seu fofoqueiro...
— Aham, sei... E nós não terminamos aquela conversa de ontem...
— Tem tempo agora? – ele pergunta e olha pra Keyse.
— Eu vou perturbar a Pérola – ela fala com um sorriso ansioso.
— Eu casei com a mulher perfeita – eu falo de um jeito exagerado que faz os dois rirem, ela me dá um beijo no ar e sai na direção da casa da Pérola, eu e Pietro entramos na casa de novo e vamos direto pro quarto dele, ele empurra a porta e eu me jogo na cama dele.
— Cara, tira o chinelo pelo menos – ele pede reclamando, eu os jogo e quase acerto nele que se joga e se afunda na poltrona giratória.
— Vai, abre seu coraçãozinho... – ele ri e me joga uma almofada.
— Deixa de ser um idiota – eu seguro a almofada e ameaço jogar, mas acabo colocando embaixo da minha cabeça.
— É sério, pode falar – ele respira fundo, coça a cabeça e parece meio perdido.
— Você não quer se casar! – eu concluo já que ele não consegue.
— Não é isso...
— Então o que é?
— Eu só acho que não é a hora... Sabe, eu amo a Luiza, ela é a mulher da minha vida, eu tenho certeza absoluta disso, mas por que a gente tem que casar agora? Eu... Eu não acho que tô pronto pra isso...
— Por que não? – olho pra ele, mas ele apenas joga a cabeça pra trás – Você já é adulto, tem um emprego, paga suas contas, faz tudo que você quer, as vezes passa mais tempo lá do que aqui, eu não entendo o que poderia mudar... Na verdade ia ser até lucro, você não ia nem precisar aturar o pap... – então eu paro de falar começando a entender o problema, ela percebe minha pausa e levanta a cabeça me olhando – É isso não é?
— O quê? – ele parece confuso.
— O papai e a mamãe... Essa casa... Seu quarto... – ele toma uma respiração profunda e eu tenho minha resposta, sorrio orgulhoso – Você tá com medo de não ser mais o filhinho da mamãe – ele faz uma cara séria e eu levanto as mãos em desculpa.
— Não é isso. Quer dizer, talvez seja, mas não é SÓ isso
— Então o que é?
— Eu gosto de morar aqui, gosto de acordar de manhã, descer as escadas e encontrar a mamãe brigando por que o papai não adoçou o café, mesmo que ele sempre faça isso todos os dias durante todos esses anos... Gosto de chegar do trabalho e ver o papai tentando não cair na gargalhada por que a mamãe conseguiu queimar uma sopa... – dessa vez eu acabo rindo – Eu gosto disso, eu gosto de estar perto deles, de ver eles todo dia, eu... Eu não sei se tô pronto pra perder isso, sabe? O papai as vezes é um saco, mas eu não acho que teria tanta graça chegar de madrugada numa casa onde ele não esteja me esperando e reclamando... Eu sei que isso é uma idiotice e que eu já sou um homem, mas é que, sei lá, também não consigo pensar neles aqui sozinhos dentro dessa casa, sabe? Se a mamãe tiver um dos momentos dela ou se o papai tiver alguma crise, não sei... Eu sei lá, talvez isso me faça um filhinho da mamãe mesmo...
— Não! – eu nego imediatamente – Isso faz de você o irmão que eu sempre admirei – ele parece surpreso – Eu sei que não é uma decisão fácil, quando eu tive que sair daqui foi horrível também, mas eu ainda sabia que teria você aqui, então nem posso imaginar o que passa na sua cabeça, mas mesmo assim, eu tenho certeza que eles ficarão bem e felizes se você estiver bem e feliz... Você não precisa fazer nada obrigado agora, deixa correr no seu tempo, conversa com a Luiza, eu tenho certeza que ela vai entender e vocês estão indo muito bem, se o pai dela resolveu reclamar, deixa ele reclamar, seu relacionamento é com ela e não com ele... Só siga o seu coração! – eu falo e ele sorri e vem até a mim.
— Até que você não é tão ruim como psicólogo – eu rio e bagunço o cabelo dele enquanto ele me abraça.
— Agora quer realmente escutar uma coisa doida?
— Me supere...
— A Keyse veio com papo estranho ontem e... Acho que ela que engravidar de novo.
— O QUÊ? – ele realmente parece levar um susto – Vocês dois, Keyse e Pyter, com outro filho?- ele começa a ri – Essa eu pago pra ver, depois de repetirem tantas vezes que os gêmeos valem por dez ainda vão ter mais um?
— Não, foi só uma conversa... Ela ficou meio sentimental com a festa ontem e o assunto surgiu...
— E o que você disse?
— Bom, não era nada que estava nos meus planos né? Mas os gêmeos também não e eu não consigo pensar em uma coisa mais importante na minha vida – ele me olha rindo de um jeito bobo.
— Você pode negar pra quem quiser, mas não pra mim, você adorou a ideia, não foi? – eu tento não sorrir.
— Foi só uma conversa boba...
— Aham, e eu acredito em papai noel – ele fala e eu dou um tapa no ombro dele, me jogo pra trás na cama e ele ao meu lado.
— Bom, se você tiver outro filho eu posso colocar ele aqui como meu substituto, aí fico mais tranquilo e você mantem sua casa com todos os moveis por que se o novato for como os gêmeos, vocês vão precisar de moveis de aço – eu acabo rindo, mas não posso negar.
— Ou você e Luiza poderiam ter um filho, dai a Keyse ia relembrar como é ter um bebê por perto e iria desistir da ideia – ele ri também.
— Não conte com isso! – faço um beicinho – Mas acho que seu problema será resolvido logo depois da festa da primavera do colégio.
— Como assim? – ele dá um sorriso divertido e então se levanta da cama – Pietro!
— Eu não sei de nada! – ele levanta as mãos já saindo da cama.
— Eles vão aprontar né? E você sabe o que é. Pietro, me fala...
— Não sei de nada! – ele grita já saindo do quarto, me levanto e vou atrás dele.
— PIETRO EVERDEEN MELLARK – chamo o nome dele alto enquanto desço as escadas correndo atrás dele, ele se joga no sofá entre a mamãe e o Lucca.
— Pyter, não ameaça seu irmão – mamãe pede sem desgrudar os olhos da tela.
— Ele tá acobertando os meninos em alguma pegadinha na escola – como confirmação Lucca dá um olhar mortal pra ele que levanta as mãos em inocência.
— Bom, eu e seu pai passamos muitos anos tentando descobrir seus planos também, mas nucna atrapalhamos o final do filme de ninguém, então fica quieto e me deixa ver o final...
— AAAAAAAAAAAAH BEM FEITOOOOOO – Pietro e Lucca falam juntos como se tivessem a mesma idade.
— Foi o cara da cabana que matou eles! – falo e logo almofadas, gritos e reclamações vem na minha direção, papai e Theo vem ver o que houve.
— O Pyter está proibido de entrar aqui em casa – mamãe fala tentando parecer brava, eu rio, me inclino no sofá e beijo sua bochecha.
— Sai daqui – ela tenta me acertar um tapa, mesmo rindo e eu me esquivo.
— Pyter, você pode por favor, levar sua mulher pra passear, andar pelo mercadão, sei lá, mas tira ela de perto de mim, ela é muito chata – Pérola entra reclamando enquanto Keyse gargalha logo atrás dela, então começa uma falação, todos falando ao mesmo tempo e ainda mais alto e é impossível não rir disso, olho pro Pietro e ele me dá de ombros como se isso explicasse o por que ele não quer sair de casa e eu tenho que concordar com ele, essa casa sempre vai ser nosso porto seguro, é realmente difícil se afastar um pouco que seja.


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