Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 33
Pov Katniss




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Eu acordo e percebo que estou sozinha no quarto, mesmo com a cortina fechada já consigo ver que o sol brilha lá fora, puxo o relógio que fica na cômoda ao lado e levo um susto quando vejo que já são nove horas da manhã, me apresso pra me levantar, vou ao banheiro e quando saio do quarto embora esteja arrumada ainda estou um pouco sonolenta.
— Já acordou? – Peeta vem subindo a escada e abre aquele sorriso de quem sempre está animado pela manhã, eu reviro os olhos.
— Já são nove horas da manhã!
— Você tinha algum compromisso? – ele parece preocupado.
— O de não perder a manhã inteira dormindo – sua risada e divertida, ele se aproxima, afasta meu cabelo que cai pelos ombros e segura meu queixo com o rosto perto demais do meu, tento revirar os olhos e reclamar, mas aqueles olhos ainda são tão azuis quanto sempre foram e eu acabo cedendo quando ele me beija.
— Você fica linda mal humorada logo de manhã...
— E você deveria ser menos feliz de manhã
— Impossível! Eu tenho a vida perfeita – ele dá de ombros e me dá uma piscada enquanto se afasta indo pro quarto ao lado, abre a porta e fecha com uma cara nada satisfeita.
— Ele ainda tá dormindo?
— Nem voltou pra casa ainda, deve ter ficado na Luiza, aliás, eu acho que ele está fazendo muito isso, você não acha? – dessa vez mesmo com meu mau humor matinal sou eu quem acaba rindo.
— Você não vai começar a pegar no pé dele, vai?
— Só estou dizendo que ele tem uma casa... Além do mais, Pérola e até mesmo Pyter, nunca foram de fazer isso...
— É exatamente por isso que eles são pessoas diferentes, com nomes diferentes, personalidades diferentes, pensamentos diferentes...
— Ok, já entendi. Você tá do lado dele... – eu respiro fundo e me viro pra ele.
— Não existe lado, Peeta. É a vida dele, ele vive como acha melhor...
— Ela pode ficar falada, eu vejo isso na padaria, o povo adora falar de tudo, mesmo quando não tem motivo...
— Desculpa, eu tinha esquecido que nós nos importamos com o que o povo fala – uso toda ironia que consigo e dessa vez ele que revira os olhos, mas desisto de iniciar uma briga e desço as escadas, vou direto pra cozinha, a mesa de café da manhã já está arrumada e começo a me servir, já jogando um pedaço de queijo na boca e sentindo minha barriga agradecer.
— Eu só estou dizendo que eles deveriam tomar mais cuidado, já que querem passar todas as noites juntos então deveriam fazer do jeito certo...
— Se casarem? – não me dou nem ao trabalho de me virar pra ele, por que já sei a resposta.
— Eles não precisariam se preocupar com o que os outros falam...
— Mas eles não estão preocupados, você que está – dou de ombros e sinto ele bufando um pouco, então dessa vez me viro pra ele, sua testa está enrugada, os lábios cerrados e os olhos pequenos, ele sempre fica com essa expressão quando está preocupado ou irritado e isso sempre acontece quando o assunto é um deles, mesmo que eles já sejam adultos ele ainda os trata como se fossem crianças, eu também me preocupo com eles, mas eu acho que devem viver como eles acham que devem, então procuro não me meter muito, já o Peeta sofre com cada escolha que eles fazem, se ele acha que deveriam escolher diferente isso tira noites de sono dele e ele realmente fica mal, por mais que os meninos não entendam e briguem com ele por causa disso e até mesmo eu as vezes não tenha paciência pra esses ataques dele, eu sei que ele faz isso por que os ama, por isso tento não perder a paciência sempre, me afasto da mesa e vou até ele, sinto a tensão mesmo antes de tocá-lo, coloco minhas mãos no seu ombro e depois as subo até sua nuca, faço movimentos massageando-o e ele aos poucos começa a relaxar, levo uma das mãos até seu cabelo e passo meus dedos entre os fios loiros que já carregam alguns brancos, nos mostrando que o tempo passa e continua passando, ele fecha os olhos sentindo meu toque.
— Você lembra da primeira vez que dormimos juntos? – ele abre os olhos, estão cheios de surpresa, eu realmente não toco muito nesse assunto e em quase nada dessa época, mas permaneço firme olhando pra ele.
— Eu nunca me esqueceria... – agora ele tem um sorriso doce e eu também acabo sorrindo.
— Lembra das vezes que dormimos juntos durante as viagens?
— De cada uma delas...
— De como as pessoas nos olhavam quando nos viam saindo do quarto juntos ou quando nos pegavam ainda na cama – ele ri.
— Era engraçado...
— É, era sim, e era uma das poucas vezes que eu não estava apavorada com tudo, quando eu me deitava do seu lado era único momento durante tudo aquilo que eu experimentava algo bem parecido com paz... – seus olhos se fixam ao meu e ele toca meu rosto.
— Que bom que eu de alguma maneira fazia isso...
— Você sempre fez, mesmo quando eu não entendia... Mesmo quando não eramos casados... – seus olhos se intensificam e ele solta um sorriso de quem entendeu onde eu quero chegar – Eu não precisava estar casada com você pra dormir na sua cama ou deixar você dormir na minha e bom, acho que nenhum dos dois se importavam muito com o que os outros falavam...
— Era diferente!
— Por que era nossa história... E agora é a deles... Claro que é diferente, são histórias diferentes, mas não quer dizer que são erradas, são só... Diferentes. Se eles estão bem assim, se estão felizes, então deixa eles, eu sei que tudo que você mais quer na vida é ver eles felizes, então deixa eles, meu amor... – um sorriso abre no rosto dele e seus olhos suavizam.
— O que você disse?
— Eles estão felizes...
— Não, não, isso não... Depois disso – ele sorri ainda mais e eu acabo rindo, mas reviro os olhos, ele passa os braços pela minha cintura e me prende nele – Do que você me chamou?
— Meu amor – dou de ombros, sabendo o quanto ele adora que eu diga isso, mas não digo sempre, não por que ele não seja o meu amor, por que ele é, ele é o amor que eu nunca sonhei ter e que enche minha vida de sentido, mas mesmo assim não consigo ser desse tipo de pessoa como ele é e dizer isso toda hora, mesmo sendo a maior verdade da minha vida, mas sempre que faço ele fica assim com essa cara de bobo que ele está agora – Você tem alguma dúvida disso? – pergunto e ele nega sorrindo.
— Nenhuma!
— Que bom – também sorrio e nós nos beijamos, dessa vez um pouco mais demorado.
— Adoro esse clima de romance, mas espero que tenham feito café por que eu to morrendo de fome – Pietro avisa já passando por nós dois e indo direto pra mesa.
— Pelo menos ainda volta em casa pra comer – Peeta implica com ele que já está devorando um bolo.
— Qual é, velho, vai controlar comida agora? – ele faz uma careta e Peeta balança a cabeça meio incomodado, eu encaro Pietro e faço sinal pra ele calar a boca, então ele solta o bolo e abre os braços pro pai – Vem cá, coroa, dá um abraço... Esse mau humor é falta do meu carinho... – Peeta não vai até ele, então Pietro anda até o pai e o abraço forte, balançando eles dois pro lado, Peeta tenta parecer não gostar, mas com apenas dois segundos está rindo como um bobo – Você sabe que eu te amo né?
— Não sei, quase não te vejo mais..
— Ah que exagero – Pietro o solta e cruza os braços encarando o pai.
— Pelo menos não nos fins de semana...
— Tá, não posso negar muito – ele reconsidera, então abre um sorriso de quem teve uma excelente ideia e passa o braço pelos ombros dele – Que tal, hoje o domingo ser o domingo dos homens? – Peeta o olha meio desconfiado.
— Domingo dos homens?
— É, ó, o Theo tem jogo de basquete importante na terça e precisa treinar, eu disse que ia treinar com ele hoje, mas ele já sabe tudo, só tá tenso por que é um jogo importante, então pensei que a gente podia ir pra quadra e jogar um pouco só pra ele esvaziar a cabeça, nós, os meninos e Pyter, que tal?
— Acho que tô meio velho pra jogar basquete...
— Pai, qual é? Você tá meio velho pra tudo né? – Peeta dá um tapa na cabeça dele e ele ri – Mas vai ser legal, é só pra relaxar, não vai ser um treino de verdade... – Peeta me olha esperando que eu diga algo.
— Acho que vai ser bom – ele abre um sorriso animado.
— É, acho que vai ser legal...
— Assim que se fala – Pietro sorri animado – Eu vou tomar café, trocar de roupa e a gente passa lá no Pyter – ele avisa e volta pra mesa devorando tudo que encontra, como também estou com fome, acompanho ele e Peeta sobe pra poder trocar de roupa.
— Ele já tava reclamando que eu não paro em casa? – ele pergunta quando Peeta sobe e ficamos sozinhos.
— Ele não tá errado, né? – dou de ombros, por que mesmo não incentivando Peeta a pegar no pé deles, não posso discordar que Pietro mal para em casa, ele ri e se levanta já me abraçando apertado por trás, ele beija minha bochecha e para o queixo no meu ombro.
— Eu amo você, você sabe né? – eu sorrio e viro meu rosto pra ele, seu sorriso ainda é o mesmo daquele garotinho que vivia correndo pela casa e o furinho que aparece na bochecha dele dá ainda mais o ar de crianção que as vezes ele tem, por isso não resisto e e beijo sua bochecha também.
— Espero que ela esteja cuidado muito bem do meu garoto...
— Ela tá! Eu acho, aliás, eu tenho certeza que não consigo ser mais feliz que isso – o sorriso no seu rosto é ainda maior e seus olhos brilham de um jeito que me faz sorrir também – Ela é tão irritante e tão perfeita...
— Então vocês realmente formam um casal perfeito – ele ri mas faz uma careta, eu me levanto e seguro as mãos dele – Eu só quero que você seja feliz, seu pai também, então, dá um desconto pra ele quando ele começar a implicar, pode ser?
— Eu posso aguentar isso – eu o abraço e ele se aperta ainda mais em mim.
— Eu já estou pronto – Peeta anuncia quando entra na cozinha de novo, ele está com uma calça de moletom cinza e uma camiseta branca.

— Só vou me trocar – Pietro me dá um beijo na testa e corre já subindo as escadas com um raio, eu sorrio e me encosto na mesa olhando pro Peeta e me impressionando mais uma vez como o tempo o fez bem, claro que ele não é mais um garoto de 18 anos, já passamos disso há muitos anos, nossas peles estão enrugando, o cabelo ficando branco, cansamos com um pouco mais de facilidade e ainda assim ele consegue ser o homem mais lindo que eu já vi, a camiseta branca está meio justa no seu corpo, deixando os músculos do braço ainda mais visíveis, ele nunca gostou muito de se mostrar assim, mas é impossível de não olhar, ele ainda tem aquele porte físico que tinha quando éramos mais jovens, talvez graças aos sacos de farinha que ele ainda carrega pela padaria ou pelos exercícios que ele faz, não com tanta regularidade quanto antes, mas ele ainda corre ou se junta ao Pyter pra treinar e isso o tem conservado bastante, eu não tenho do que reclamar.
— Meus olhos estão aqui – ele fala mostrando os olhos dele com os dois dedos, eu sorrio e me aproximo dele.
— É que a visão aqui... – passo a mão pela barriga e o peitoral dele – É muito boa também – faço uma cara de impressionada e ele ri.
— Alguma coisa me diz que eu vou me dar bem hoje – ele passa os braços pelo meu corpo e ri com a boca colada na minha orelha.
— Eu planejo me dar bem hoje... – dou de ombros.
— Pronto! Só passar lá no Pyt – Pietro avisa já descendo as escadas com uma mochila, Peeta e eu nos separamos e ele me dá um beijo rápido – Eu passo na Pérola e peço pra ela fazer o almoço...
— Por que não eu?
— Por que a gente vai tá com fome, mas não tanta assim ... – ele e Peeta riem e eu tento ficar séria.
— Não vi ninguém reclamando do ensopado ontem...
— Realmente tava muito bom, mas é melhor a gente não contar tanto com a sorte né? – Pietro fala fazendo uma careta.
— Vão embora logo – aponta pra porta e eles dois saem rindo, Peeta grita um “eu te amo” que eu não respondo, mas sorrio satisfeita em ouvir.
Eu arrumo a cozinha e subo pra separar umas roupas que tenho que lavar, coloco no cesto e desço, fico um bom tempo trabalhando nisso e quando acabo vou pra casa da Pérola, dou apenas uma batida na porta pra anunciar minha entrada, ouço a voz dela e da Louise.
— Tô entrando – anuncio pro caso delas não terem escutado.
— Vó! – Louise vem correndo me receber, ela abre aquele sorriso que é tão parecido com o da Pérola que poderia ser uma cópia, ela beija minha bochecha e eu a dela – Minha mãe tá lá na cozinha fazendo o almoço, agradeço e ela sobe correndo as escadas enquanto vou pra cozinha, Pérola está mexendo em algo no fogão.
— Você sabe como o papai faz o molho da carne ficar cremoso daquele jeito? – ela pergunta e eu reviro os olhos.
— Eu faço aquilo, não o seu pai... – ela se vira rápido pra mim com os olhos surpresos, reviro os olhos de novo e vou até ela, pego a colher que ela estava mexendo a panela e assumo o posto – Vocês me subestimam – eu falo enquanto pego os ingredientes que vou usar e ela fica ao meu lado observando – E o Ian, também foi com eles?
— Foi, espero que o Pyter não pegue no pé dele...
— Isso é impossível – eu falo e ela solta um riso meio concordando – E como estão as coisas entre vocês?
— Estão ótimas! Aliás, eu queria mesmo falar com você...
— Pode falar...
— É que eu e o Ian estávamos pensando em fazer uma pequena viagem, só nós dois, tipo uma segunda lua de mel...
— As coisas estão boas mesmo hein?! – ela ri.
— Estão! Por isso queria saber se você e o papai podiam ficar com a Louise enquanto a gente tivesse fora, vai ser no máximo uma semana...
— Você nem precisa me perguntar isso, claro que nós vamos adorar receber ela em casa, não precisa se preocupar, só aproveitem...
— Eu só tenho que finalizar um vestido e o Ian já entrou com o pedido pra folga, então acho que no final do mês a gente consegue ir...
— E pra onde vocês vão? – ela me olha meio sem jeito – Capital? – ela confirma – Você não precisa ficar desse jeito – eu acabo rindo.
— Eu sei que você não gosta de lá...
— Tá tudo bem, espero que se divirtam, aproveitem e que você não compre a Capital inteira... – ela ri.
— Ah não posso prometer nada, eu ainda estou fazendo a lista e já preenchi uma folha...
— Você tem que se controlar sabia?
— Eu amo fazer compras!
— Ah eu sei disso... Quando você era pequena seus olhos brilhavam sempre que entravamos em uma loja, se eu quisesse te animar era só entrar em uma loja de roupas, você queria experimentar tudo, era muito engraçado... Um exercício de paciência, mas engraçado, você saia toda feliz carregando sua sacolinha... Quando chegava em casa corria pra mostrar tudo pro seu pai e experimentar de novo – ela ri se lembrando.
— O papai nunca ia com a gente...
— Ah não, ele dizia que era coisa de mulher...
— Quer saber? Acho que deveríamos ir um dia as compras, pelos velhos tempos, nós nunca mais fizemos isso...
— Eu adorei a ideia, amanhã é feriado e eu posso ir – Louise fala entrando pela cozinha.
— Eu também e bom, eu tô livre amanhã!
— Sério? – Pérola me olha sorrindo, mas meio desconfiada.
— Bom, eles tiveram o dia dos homens hoje, nós teremos o dia das mulheres amanhã...
— Vai ser demais – Louise comemora animada.
— Eu já sei em quais lojas nós vamos... 
— Não me assuste – aviso e elas riem – Pronto, a carne está pronta – aviso e ela pega a colher pra experimentar, fecha os olhos e os abre impressionados.
— Tá perfeito!
— Pois é, eu disse que eu melhorei – tento parecer ofendida, mas vendo ela e Louise experimentando mais, acabo sorrindo.
Nós três continuamos pela cozinha, Keyse também aparece e começa a cortar alguns legumes e logo tudo está praticamente pronto, deixamos apenas os últimos detalhes pra quando eles voltarem, aproveito que terminamos e decido ir até o mercado comprar algumas coisas lá pra  casa, eu troco de roupa, pego o dinheiro e saio. Demoro uns quinze minutos e chego até o mercadão, pego uma cesta e começo a pegar as coisas da minha lista de compras imaginárias, pago e saio com as três sacolas, acabo me enrolando um pouco, por estar meio pesado e quase deixo uma das sacolas caírem no chão, mas a mão é mais rápida que eu.
— Obrigada – tento ajeitar as duas sacolas antes de pegar a outra e então vejo quem é e acabo rindo quando o vejo rindo também.
— Você parece um pouco enrolada – Gale me olha se divertindo com minha confusão.
— Impressão sua, está tudo sob controle – ele ri mais um pouco e pega a outra sacola da minha mão.
— Tá sozinha?
— Tô! Era só pra ser umas coisinhas, mas acho que em empolguei...
— Algumas coisas não mudam né? – eu faço uma careta e ele ri – Vamos, eu te levo!
— Ah não precisa, eu só...
— Vai arrastando as sacolas até em casa? – ele pergunta com ironia – Para de graça, eu te levo, não estou com pressa...
— Bom, então eu aceito! – ele sorri satisfeito e sai andando na frente, na direção de onde os carros ficam estacionados, ele abre o porta malas e coloca as sacolas lá dentro, depois destrava e abre a porta do carona pra mim, eu entro e ele dá a volta assumindo o banco do motorista.
— E como estão todos? – ele pergunta já ligando o carro.
— Estão bem, crescendo, me fazendo me sentir ainda mais velha do que estou, mas bem... – ele ri junto comigo, mas nega.
— Não estamos tão velhos assim...
— Ah eu me sinto velha...
— Na verdade acho que você está lidando muito bem com isso...
— Então eu disfarço bem – ele ri, então enquanto ele dirige eu o observo e ele também está lidando bem com o passar dos anos, agora ele tem uma barba razoavelmente grande, os fios já estão grisalhos, assim como o cabelo que antigamente costumava ser preto e brilhante, o rosto já mostra a marca do tempo, mas os olhos ainda são os mesmos olhos cinzentos que encontrei na floresta pela primeira vez.
— As vezes eu nem acredito no quanto o tempo passou – ele fala meio pensativo – Mal me lembro a ultima vez que estive lá – ele aponta para a direção da cerca que nos separa da floresta, as coisas mudaram bastante, agora a cerca é mais forte e alta, mas ainda podemos ver o verde que sempre nos atraiu – Tenho que confessar que sinto falta desses tempos – eu olho na direção da floresta e um sorriso escapa da minha boca.
— As vezes parece que tem séculos que isso aconteceu e as vezes parece que foi ontem...
— Eu ainda lembro da sua cara de assustada quando a gente se esbarrou a primeira vez... Eu achei que você fosse sair correndo e subir em uma das arvores – nós dois rimos.
— Você não tinha uma cara muito simpática...
— Ah e você era a simpatia em pessoa – nós rimos mais ainda.
— Empate técnico...
— É, o tempo voou!
— Eu disse que estamos ficando velhos...
— É, talvez você esteja certa – eu dou de ombros e sorrio satisfeita – Quer dizer, nós já temos netos...
— Vovô Gale! – implico com ele que agora já não reclama mais disso, apenas abre um sorriso orgulhoso.
— Vovó Catnip! É, estamos ficando velho – ele finalmente concorda, mas sorri de um jeito animador.
— Eu gosto de estar ficando velha...
— Acho que não podemos reclamar – ele me olha e eu sorrio.
— Não, não podemos – concordo enquanto ele já se aproxima da Vila e posso ver os meninos correndo pela calçada e entrando nela, Peeta, Pyter, Ian e Pietro vão logo atrás deles.
— Você tem uma bela família – ele faz sinal pra eles e eu sorrio sentindo meu peito se encher desse sentimento que só aparece quando penso neles.
— Eu tenho sorte!
— Você só tem o que você merece – ele afirma e me olha com um sorriso sincero, então entramos com o carro na Vila, só então que eles nos percebem, Peeta e Pietro se viram olhando curiosos para o carro, até que abro a porta e desço, Peeta parece confuso e quando Gale desce seus olhos vão direto até ele e voltam pra mim ainda mais confusos, me seguro pra não revirar os olhos e Gale vai até ele já estendendo a mão.
— Parece que alguém comprou mais do que conseguia carregar – ele implica comigo e Peeta solta uma risada meio ensaiada, Gale acena cumprimentando os outros e então vai até o porta malas, vou junto com ele e Peeta logo está atrás de mim, pego uma sacola e ele faz questão de pegar as outras.
— Obrigada!
— Foi um prazer... – ele fecha o porta malas e da a volta entrando no carro, acena um adeus e sai.
— Um prazer, é eu sei... – Peeta resmunga enquanto passa por mim e leva as sacolas.
— Eu vou fingir que não ouvi!
— Alguém tá com ciúme... – Pietro que adora implicar com Peeta vem logo atrás de mim.
— Ele tá malhando? Tá mais forte! Podia até dar umas aulas la no projeto  - claro que Pyter também aproveita pra provocar Peeta e entra em casa junto com a gente.
— Parou os dois! – aviso me virando pra eles que riem se divertindo – Você sobe pra tomar banho e você pode ir também por que ainda tem os meninos... – depois de expulsar eles dois eu vou até a cozinha, Peeta está guardando as compras e segura um saco de balas de menta que eu comprei.
— Por que quando eu vou comprar balas você reclama que comemos muito doce, mas você sempre pode comprar? – ele pergunta fazendo uma cara de confuso.
— Por que eu sou chata! – dou de ombros e me aproximo dele, tiro o saco de balas da sua mão e seguro seus ombros puxando-o pra mim – Você tem alguma coisa pra me falar? – ele balança a cabeça que sim, aproxima o rosto do meu pescoço e deixa a boca correr até minha orelha.
— Toma banho comigo? – eu acabo soltando um riso, afasto meu rosto pra olhá-lo de frente e ele está com aquele sorriso malicioso.
— Você tá muito suado – faço cara de nojo e o sorriso fica maior.
— Não sabia que isso era um problema – ele passa os braços em volta de mim e volta com a boca pro meu pescoço.
— Vó, a mamãe tá pedindo pra você ir lá – Louise entra já avisando e Peeta afasta o rosto do meu pescoço e faz uma careta.
— Eu tô indo! – aviso e me solto dele.
— Cadê o abraço do vovô? – ele abre os braços, mas ela faz cara de nojo.
— Você tá nojento e eu tomei banho, foi mal vô, mas só depois... – ele faz uma cara d eofendido e olha pra mim.
— Eu disse que era nojento!
— Ok, eu vou tomar banho – ele levanta os braços – Mas depois vocês que vão implorar pra me abraçar...
— A gente te ama, só que não com esse cheiro – Louise fala e acabo rindo, até Peeta ri, passa por ela e beija sua testa, então sobe as escadas.
— Não demora! – aviso e saio junto com ela.
Pérola e Keyse estão terminando de arrumar a mesa e eu as ajudo, assim que terminamos e tudo já está pronto e servido, Peeta e Pietro aparecem, Pyter é o primeiro a se sentar a mesa e os meninos logo estão segurando seus pratos, Keyse briga, mas o sorriso é impossível de não ser percebido, assim como o que aparece no rosto de cada um, por que sempre que nos reunimos é essa mistura de bagunça, alegria e amor, e com certeza é isso que me faz sentir que tudo vale a pena, estar com eles renova toda minha força e só me deixa ansiosa pra viver ainda muito mais junto deles.
No dia seguinte Pérola aparece antes das nove da manhã com uma animação quase proibida, Louise está animada mas ainda com cara de sono, Keyse não vai poder ir, por isso pego minha bolsa e logo saímos, Pérola dirige e ainda acho incrível que ela saiba fazer isso tão bem quanto qualquer um deles, nós paramos no comércio e ela desce quase pulando do carro.
— Eu já sei por onde começar – eu faço uma cara de medo, mas ela não se sente intimidada, eu e Louise a seguimos por todas as lojas e é realmente impressionante que ela ainda adora fazer isso, entramos e saímos de lojas e ela parece estar num mundo só dela.
— Você TEM que experimentar esse – ela avisa pra mim enquanto segura um cabide com um vestido vermelho.
— Ah não, não, ele é lindo, mas não...
— Por que não?
— Por que eu tô velha demais pra usar isso...
— Fala sério, vó, você é maior gata – Louise fala como se já tivesse combinado isso com Pérola.
— Não, eu não vou usar um vestido assim...
— Mãe!
— Pérola!
— Vó! – nós três ficamos nos olhando.
— Por favor – Pérola junta as mãos – Você vai ficar linda, confia em mim...
— É muito... MUITO! – ela ri.
— Vai ficar perfeito! Além do mais, sábado é seu aniversário e do papai, então bem que você podia preparar algo especial, que tal? Tenho certeza que ele iria adorar... – eu reviro os olhos.
— É bom pra apimentar a relação
— LOUI! Se seu pai escuta você dizer algo assim ele infarta – Pérola briga, mas ri – Mas ela tá certa – ela finge sussurrar e eu encaro o vestido alguns segundos, elas ficam sorrindo e fazendo sinal de aprovação com o polegar, reviro os olhos e pego o vestido, elas comemoram enquanto eu entro no trocador. Me encaro no espelho e mesmo achando ousado demais tenho que confessar que ficou muito bem em mim, abro a porta do trocador e elas abrem a boca como se estivesse em choque.
— PER FEI TA! – as duas falam juntas e eu não consigo disfarçar o sorriso.
— Você vai levar – Pérola avisa  e eu não retruco.
Compramos o vestido e elas terminam o dia de compras ainda mais animadas e confesso que não foi ruim, nós três almoçamos juntas num restaurante pelo Centro mesmo e passamos um bom tempo sentadas a mesa conversando, sei que não posso recuperar o tempo que perdi com Pérola quando ela era mais nova, mas tenho tentado não perder mais nenhum momento que posso ter com ela e é incrível como na verdade nós temos muitas coisas em comum, coisas que talvez eu antes eu não percebia e por isso achava que poderia ser um mal exemplo ou que eu não saberia fazer o certo, mas agora eu sei que não existe certo ou errado, ela é minha filha, eu sou a mãe dela, somos duas pessoas que erram e ainda vão errar muito mais, mas que mesmo com tudo isso nos amamos acima de tudo e hoje eu sei o quanto cada momento desses é importante e não abro mais mão de nenhum deles, por isso sou eu quem sugiro passarmos na sorveteria, o sorriso da Loui quase rasgou seu rosto ao meio e Pérola já começa a pensar em qual sabor irá escolher e quanto a mim, só tento aproveitar cada segundo que tenho com elas.


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