Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 32
Halloween


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



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Já são duas e quinze da manhã quando finalmente me jogo na cama, Keyse ri quando agarro o travesseiro e aviso que não levanto nem se a casa pegar fogo.
— Você é tão dramático - ela fala rindo enquanto passa por cima de mim pra se deitar do seu lado da cama, pelo simples prazer de me provocar.
— Eu não sinto minhas pernas - eu faço um drama maior só pra poder mais uma risada dela e ela ri, daquele jeito que faz meu sorriso aparecer imediatamente, eu me viro pra ela e passo meu braço pela sua cintura, puxando-a pra mim e encaixando meu rosto no seu pescoço, inspiro seu perfume enquanto ela acaricia meus cabelos.
— Mas foi tudo perfeito - sinto o sorriso no rosto dela e também acabo sorrindo, por que é verdade, tudo saiu ainda melhor do que planejamos. Hoje tivemos uma festinha lá no galpão do projeto, estamos na semana do dia das bruxas e Keyse teve a ideia de fazer essa festinha, nós conseguimos arrecadas bastante coisa, meu pai doou vários pães, salgados e o bolo de 3 andares que causou uma grande fila pra fotos já que era todo confeitado com pequenos morcegos, aranhas, teias e todas essas coisas que vem junto com dia das bruxas, Pérola ajudou organizando alguma brincadeiras e um desfile junto com Hazel, mamãe ficou responsável pelas mesas e distribuição de presentes, Pietro e Luiza se fantasiaram e animaram as crianças junto com uma pequena equipe que conseguimos contratar, Ryan ficou do meu lado e corremos atrás das autorizações e em receber todo o pessoal “importante” que apareceu por lá pra poder nos apoiar e até mesmo Louise e os meninos estavam empolgados ajudando em tudo que podiam, ver as crianças rindo, se divertindo e tão empolgadas ao lado dos pais foi o melhor pagamento que eu podia receber, o projeto é justamente para as crianças mais carentes e ver elas e os pais tão felizes confesso que me deixou emocionado.
— Foi perfeito mesmo - sinto aquela sensação de dever cumprido e a abraço mais forte - Obrigado por entrar comigo nessa - ela traz o rosto pra de frente comigo.
— Eu sempre vou entrar com você em qualquer loucura que você quiser... - ela fala e bota um beijo na minha testa, eu sorrio, mas a agarro e fico por cima dela em um movimento rápido, ela solta uma risada surpresa.
— Bom, eu to querendo mesmo entrar em uma coisa agora...
— Você é um idiota - ela fala me dando um tapa forte no braço, mas abre aquele sorriso divertido - Achei que você estivesse muito cansado - ela fala e eu aproximo minha boca da sua, olhando direto para os lábios dela.
— Eu NUNCA vou estar cansado demais pra você - ela sorri, então me puxa e me beija daquele jeito que eu sei exatamente como irá terminar.

Acordo cedo e ela ainda está dormindo, saio do quarto em silêncio e os meninos já estão na cozinha ajeitando o café da manhã deles, Theo está colocando leite nos copos e Lucca está colocando queijo dentro dos pães.
— Preparando café da manhã sozinhos? Acho que já podem casar - eu implico enquanto bagunço o cabelo do Lucca e coloco um beijo na sua testa, ele ri e joga a cabeça pra trás, fazendo um bico pra uma beijo, eu aproximo meu rosto e ele beija minha bochecha.
— Quer que faz um pra você?
— Um sanduiche preparado pelo meu filho? Faz dois - ele sorri orgulhoso, vou até o Theo e também bagunço seu cabelo e beijo sua testa, ele pisca um dos olhos pra mim e me entrega um copo de leite com chocolate.
— Eu botei três colheres, não duas, mas é segredo, então não fala pra mamãe - eu faço sinal de silêncio e pisca o olho pra ele também.
— Posso saber por que acordaram tão cedo? - pergunto já me sentando junto com eles.
— Hoje é a festa da escola e a gente queria ir antes lá na casa da Bella antes... - Lucca fala tentando parecer meio desinteressado e isso me alerta.
— Vocês não vão aprontar nada hoje, né?
— Pai, fala sério! Claro que não - Theo toma a frente usando sua melhor forma de indignação.
— É sério mesmo, eu coloco os dois de castigo... - os dois tentam esconder o sorrisinho - Tá vendo? Eu sabia, vocês não vão na Bella... Vocês se encontram lá, pelo menos o tempo pra pensarem em algo vai ser menor...
— Sua confiança nos seus filhos dói no meu coração - Lucca coloca a mão na direção do coração e balança a cabeça desolado.
— Se eu não tivesse sido chamado 4 vezes na escola só nesse mês então talvez eu até me sentisse culpado agora...
— Em nossa defesa nunca provaram nada - Theo levanta os ombros e morde um pedaço grande do sanduiche - O vovô tava falando outro dia que falar que alguém fez alguma coisa sem ter prova é camúria... E eles estão fazendo isso com a gente - eu solto uma risada que quase espirra o leite para todos os lados.
— É CaLUnia e não camúria... Aprende a falar primeiro - ele solta uma risadinha, mas dá de ombros e eu tenho que me segurar pra não rir de novo.
— Mas vocês não vão pra casa da Bella, vão direto pra festa...
— Ok - eles falam juntos e revirando os olhos.
— Alguém quer me ajudar a tirar aqueles galhos que eu cortei ontem do quintal? - os dois terminam rápido o café e aceitam me ajudar.
Nós carregamos os galhos até a área onde o caminhão passará pra pegar mais tarde e depois eles me pedem um picolé, caminho com eles e Boldo até a sorveteria, eles escolhem rápido e nos sentamos num banco na praça, Boldo começa a querer brincar e eles logo terminam o picolé pra correrem pela quadra, eu os deixo e fico sentado observando-o, eles já estão tão grandes que as vezes sinto que dormi e não vi o tempo passar, eles estão crescendo rápido, o cabelo preto brilha conforme o sol os alcança e os olhos são tão azuis quanto eram bebês, mas já começam a tomar traços mais fortes, Lucca ainda é apaixonado pela luta, tanto ou ainda mais do que eu, se deixar ele passa mais da metade do dia querendo treinar, então ele tem alguns músculos já começando a aparecer, mas mesmo Theo não sendo tão animado com a luta assim ele também está começando a tomar forma no corpo e isso deve ser por todas as horas que ele passa treinando basquete, ele realmente é apaixonado pelo jogo, semana passada o time teve um jogo importante e ele marcou quase metade dos pontos sozinhos, foi incrível, ele ficou tão feliz que mal conseguiu dormir, Keyse também fica toda babona com eles, mas já está começando a reclamar dos olhares das garotas pela rua e pela escola, eu implico com ela dizendo que ela é muito chata e deve deixar eles aproveitarem a vida, mas confesso que isso também me incomoda um pouco, eles SÓ tem 12 anos e ainda são meus bebês, eu sei que isso pode parecer ridículo, mas é exatamente assim que sinto, eu ainda passo pelo quarto deles de madrugada, mesmo sabendo que eles estarão apagados na cama e não irão chorar por cólica, ainda sinto meu coração apertado quando estou em casa e eles estão na escola ou em algum lugar que não seja ao meu lado, eu reclamava disso com meu pai e agora me vejo com essas mesmas manias, deve ser algo que você tem quando vira pai e parece tão certo ser assim que não me lembro como eu era antes. Depois que eles brincam um pouco eu os chamo e voltamos pra casa, assim que passo pela porta sinto o cheiro de café, sigo até a cozinha e Keyse está terminando de passar a água pelo coador, me aproximo dela e grudo suas costas no meu peito, subo minha boca do seu pescoço até sua orelha.
— Bom dia! - ela inclina um pouco a cabeça e sorri.
— Bom dia - ela vira o rosto e me dá um beijo rápido.
— Meu Deus, vocês vivem se agarrando - Lucca entra pela cozinha e nós rimos, ela deixa o café pra que eu coloque na garrafa e vai até ele, abraçando e o apertando tanto que ele tenta se esquivar, mas acaba rindo.
— Meu gostosão...
— Mãe! - ele tenta parecer irritado, mas não consegue.
— Cadê seu irmão?
— No sofá
— Eu espero que ele não esteja com tênis em cima do meu sofá - ela fala alto e vai até a sala, não vejo a cena mas ele gargalha tanto quanto Lucca e eu sorrio só ouvindo eles se divertindo.
Tomo café novamente com Keyse enquanto os meninos vão dar banho no Boldo, depois Keyse me expulsa da cozinha pra poder preparar a guacamole que ela ficou de levar pra festa da escola, eu me junto aos meninos pelo quintal até que papai aparece e me pede ajuda pra conter um vazamento na cozinha que mamãe obrigou-o a consertar ainda hoje, eu zoou ele por que ele sempre tem dificuldades com essas coisas e acabamos rindo quando nos lembramos da vez que o banheiro do vovô alagou.
— Ele era um velho abusado e mão de vaca, podia muito bem ter pago alguém pra consertar - ele fala, mas está com um sorriso nostálgico no rosto.
— Ele adorava fazer você de escravo - ele ri concordando.
— Qualquer um, ele adorava mandar - tenho que concordar com isso também.
— Ele me lembra alguém... - eu finjo disfarçar quando aponto pra trás onde mamãe nos observa.
— Eu não sou cega Pyter, nem burra, eu sei que você apontou pra mim - papai ri e eu me viro pra ela fazendo um sinal de coração com as duas mãos igual os meninos vivem fazendo quando Keyse está irritada com eles, ela revira os olhos mas ri.
— Eu quero tudo perfeito ou os dois não pisam mais nessa casa - ela cruza os braços.
— Mas parecida impossível! - papai resmunga rindo.
— Acho bom sua coluna estar muito boa, por que hoje você dorme no sofá - ela fala e sorri vitoriosa, nós terminamos o serviço e eu vou pra casa tomar banho, os meninos já estão se saindo por que os alunos devem chegar mais cedo e Keyse está passando algumas roupas, entro no banheiro e quando saio ela não está mais no quarto, encontro ela no escritório falando no telefone com um sorriso animado, ela termina a ligação e me olha com os olhos brilhando.
— Advinha quem vai ser contratada pra obra do Ginásio? - eu sorrio orgulhoso e vou até ela, abraço-a e ela fica dando pequenos pulinhos.
— Eu não acredito! Isso é incrível...
— Eu acredito - dou de ombros - Você foi incrível no ateliê, no clipe daquele idiota e eu nunca vi uma festa da primavera tão bem organizada como a ultima que tivemos... - ela abre aquele sorriso meio tímido e passo meus dedos pelo rosto dela - Você É incrível!
— Você que é! Eu só sou muito bem inspirada por que eu tenho você...
— Ah isso deve ser verdade, eu sou demais - ela solta uma gargalhada e eu a aperto ainda mais em mim, fazendo ela tirar os pés do chão - Meus parabéns! - olho nos olhos dela e ela me beija em resposta.
— Eu tenho que tomar banho, já tá quase na hora da gente sair - ela avisa e me dá um selinho, deixo que ela saia e me sento na cadeira, aproveito pra olhar algumas fichas de alunos novos que chegaram no projeto e acabo me envolvendo tanto que não vejo o tempo passar - Você ainda tá aí? - ela fala meio irritada, eu fecho a pasta e me levanto.
— Eu desço em 2 minutos - tento dar um beijo quando passo por ela, mas ela se esquiva, eu subo as escadas correndo e sorrio quando vejo que ela já deixou minha roupa separada em cima da cama, me troco em poucos segundos, ajeito o cabelo, calço meu tênis e desço, encontro ela passando batom enquanto se olha no espelho do corredor.
— Tá linda - ela me olha reprovando.
— Não tenta me agradar - eu sorrio e a puxo pela cintura, aproxima minha boca da sua, mas ela coloco o dedo nos meus lábios me fazendo parar - Eu acabei de retocar - reviro os olhos e beijo sua bochecha.
Saímos de casa e passo pelo Ryan, combinamos de irmos juntos, ele e Nathy entram no carro discutindo sobre quem deveria ter lavado o banheiro hoje, Keyse implica com eles e em poucos minutos estaciono na rua lateral a escola, assim que descemos percebo que tem algo errado, a festa seria dentro da escola, mas todas as crianças estão pela rua ou pela praça ao lado da escola, vários burburinhos e uma confusão completa está espalhada pelo lugar.
— Ah não, não, não, não, por favor, diz que isso não tem nada a ver com eles - Keyse pede juntando as mãos - Será que a gente não pode vim a uma festa na escola sem acabarmos na sala da diretora?
— Isso lembra muito nossa época na escola - Ryan fala rindo e eu também acabo rindo, Keyse me dá um tapa e aponta olhando feio pro Ryan.
— Isso é culpa de vocês!
— Nossa? - não consigo segurar a diversão.
— É, vocês ficam conversando com eles sobre o que aprontavam...
— Engraçado, eu lembro de mais alguém que adora se gabar de algumas coisas - ele faz uma cara de pensativo e leva um tapa da Nathy.
— A Keyse tá certa, isso deve ter vindo do DNA de vocês... - nós dois rimos e elas nos olham feio.
— A gente nem sabe o que aconteceu - eu levanto as mãos em inocência e elas andam na frente, passando pelas pessoas até o portão da escola, não vejo nenhum dos três por perto e seguimos elas, até que uma das colegas da Bella passa por nós e Nathy para ela perguntando deles.
— A Bella tá presa na direção junto com os gênios... - eu sorrio sempre que ouço esse apelido que botaram neles, graças a todas pegadinhas que eles bolam, Keyse me olha feio de novo, mas vejo um sorrisinho querendo escapar.
— É claro que ela está – Ryan fala sem encarar mais como uma novidade, o portão está aberto e não tem ninguém por perto, entramos e ainda me lembro de tudo que aprontamos e vivemos aqui dentro, mas quando entramos pelos corredores a lembrança é interrompida por um fedor horrível que me faz tampar o nariz.
— Que merda eles fizeram dessa vez? - Keyse também está com o nariz tampado e fazendo uma careta, assim como Nathy.
— Bomba de fedor – eu dou de ombros e Ryan me olha curioso.
— Por que nunca pensamos nisso?
— Eu pensei, só não sabia fazer – ele ri e então para como se tivesse resolvido um mistério.
— Eu acho que sei quem pode ter ensinado...
— Pietro – eu e Keyse falamos juntos, ele concorda e eu preciso esconder o pequeno orgulho que sinto dele e dos meninos, alcançamos o corredor da sala da diretora, o cheiro parece ter diminuído ou pelo menos nos acostumamos a ele.
— Tá na vez de vocês, semana passada eu e Nathy que fomos, eu não tenho mais desculpas pra inventar, agora é com vocês – Keyse avisa parando no inicio do corredor, Nathy para com ela.
— E evitem uma expulsão – Nathy dá um ultimato e então Ryan me olha.
— Qual o plano?
— Vamos bancar os pais chocados, se não der certo... Bom, talvez seja hora de aulas particulares em casa...
— Se acharmos alguém que queira dar aulas a eles né – nós acabamos rindo por que é verdade, eles conseguem as vezes nos superar, a imaginação deles três parecem que não tem limites, e confesso que posso ter contado algumas histórias que possam ter induzido isso mas nunca ajudei diretamente em nada ou Keyse me mataria, porém mesmo sem nenhuma confissão tenho certeza que Pietro anda dando algumas dicas escondidas.
Como não temos como fugir, eu e Ryan batemos na porta.
— Acho que vamos ter que considerar o professor particular - eu acabo rindo e a voz diz para entrarmos, a diretora está em pé a frente da mesa, a inspetora e um professor também estão presentes, não o conheço, mas como parei de dar aulas na escola pra me dedicar a outras coisas acabo não conhecendo todo mundo como antes. Os meninos estão no sofá, Lucca cochicha e ri de alguma coisa com a Bella e Theo está jogado no sofá enquanto olha algo dentro da mochila, provavelmente o celular.
— Gostaria que parássemos de nos encontrar nessas circunstâncias – a diretora fala enquanto nos cumprimenta com apertos de mão.
— Não tanto quanto nós – eu falo e ela concorda.
— Bom, e o que houve dessa vez? - Ryan pergunta olhando pra eles, que agora estão nos olhando um pouco mais sérios.
— Acho que sentiram o cheiro enquanto entraram pela escola...
— É, sentimos...
— Bom, ao que tudo parece alguém detonou bombas de fedor pelos corredores e ninguém conseguiu ficar aqui dentro, tivemos que cancelar a festa por que algumas meninas passaram mal e acabaram vomitando... - eu olho pra eles e eles levantam os ombros com caras de inocentes.
— Foram eles?
— Acho que nós sabemos a resposta... Eu não tenho como provar, então, eu só peço que os senhores tenham uma conversa com eles, por que isso está se tronando uma rotina que eu gostaria de evitar...
— Claro! Eu entendo
— Ótimo! Então é isso... Agora eu realmente preciso cuidar de outras coisas... - nós apertamos as mãos, os meninos se levantam junto com a Bella e saímos da sala dela.
Keyse e Nathy estão nos esperando com aquelas caras ansiosas.
— Tecnicamente ninguém sabe quem foi - elas respiram aliviadas.
— A gente não fez nada - Bella levanta os ombros com uma cara de inocente, Nathy a encara sem acreditar muito, mas solta o ar desistindo de discutir.
— A gente pode ir embora, esse cheiro tá me deixando enjoada - ela pede fazendo careta e saímos da escola, vamos todos no nosso carro, deixo eles na casa deles e seguimos para a Vila, assim  que entro com o carro os meninos reconhecem a figura parada na nossa porta e já se animam, paro o carro e eles correm até ele, eles se cumprimentam com um aperto de mão meio louco que eles criaram e já estão rindo e fingindo brincar de luta, eu acabo rindo vendo eles e uma parte minha mais uma vez se sente orgulhosa de vê-lo assim, na verdade, isso acontece todo dia quando chego lá no projeto e o vejo sempre animado e disposto, tão diferente daquele garoto de 12 anos que vivia causando confusão pela escola e que por muito pouco não foi expulso, hoje, Cláudio tem 23 anos e nem de longe alguém diria que ele assustava os garotos na escola.
— Tá perdido? - pergunto enquanto nos cumprimentamos, ele ri e cumprimenta Keyse com um beijo na bochecha.
— Na verdade vim fazer um convite pra vocês dois...
— Bom, então vamos entrar - Keyse fala já abrindo a porta, os meninos correm direto para os fundos atrás do Boldo e nós vamos para sala.
— E que convite seria esse? - pergunto curioso, ele dá um sorriso meio sem graça e coça a nuca, meio que sem saber como falar.
— É que eu e a Maria estamos planejando as coisas do casamento...
— UAU, eu to mesmo ficando velho - eu faço uma cara de impressionado e eles riem, Keyse coloca a mão na minha perna e beija minha bochecha.
— Mas ainda dá um bom caldo - ele ri novamente e eu pisco um dos olhos pra ela.
— Vamos nos concentrar nele por enquanto - eu aponto pro Cláudio.
— Sim, o casamento...
— É, nós estamos planejando tudo e chegamos na parte dos padrinhos... - eles nos olha com um sorriso meio sem graça - E eu acho que não consigo pensar em ninguém melhor que vocês dois... Eu... Eu sou muito grato pelo que vocês fizeram por mim e ainda fazem, vocês se tornaram mais do que amigos, são praticamente minha família, então... - ele respira fundo e nos olha - Vocês aceitam serem meus padrinhos de casamento?
— Eu acho que não consigo pensar em outra resposta, que não seja, é claro que aceitamos! - ele sorri satisfeito, me levanto e nos abraçamos - Meus parabéns e pode contar com a gente... - Keyse também se levanta pra abraçar ele e mais uma vez percebo o quanto o tempo passa rápido, parece que foi outro dia que ele andava pela escola amedrontando os garotos, quase sendo expulso e hoje ele tem o trabalho dele na parte administrativa da fábrica de minério e ainda ajuda lá no projeto, e agora está aqui na minha frente, um homem prestes a se casar, ele e Maria se conheceram lá no projeto, ela é irmã de um dos meus alunos e assim que ele começou a ajudar por lá eles logo começaram a se olhar diferente, era tão nítido que eu chamei ele pra conversar, eu disse que não podíamos ter nenhuma confusão no projeto, mas se o que ele sentia por ela fosse mais do que só vontade de dar uns beijos então que ele a chamasse pra sair, ele chamou e hoje estão noivos, fico muito feliz por eles, por que mesmo quando ele não estava na sua fase boa eu sempre via algo nele e agora é bom saber que estava certo e que ele está feliz.
— Você vão na festa amanhã? - ele pergunta e Keyse já abre aquele sorriso animado, amanhã terá a festa de dia das bruxas na boate principal da cidade e Keyse não aceita que fiquemos em casa como “dois velhos rabujentos”.
— Eu já até comprei as fantasias - ela fala toda orgulhosa e ele ri.
— Então nos vemos amanhã - ele se despede, eu grito pelos garotos e eles correm também pra se despedir dele, depois mandamos eles pro banho enquanto Keyse vai pra cozinha fazer um bolo de chocolate que Lucca pediu.
No dia seguinte nosso dia corre normal, como é sábado os meninos não tem aula e a casa fica cheia de barulhos, vozes altas e risadas, ou seja, fica do melhor jeito possível, eles iluminam e enchem a casa de vida de um jeito que quando eles não estão perto faz parecer tudo calmo demais. No final da tarde eles juntam uma mochila com as coisas que acham que podem precisar e saem de casa animados pra irem dormir na casa do vovô e da vovó, mal nos dão beijos de despedidas e já estão entrando na casa com a clássica animação deles.
— Banheiro de hóspedes - Keyse aponta pra mim e eu reviro os olhos enquanto subimos as escadas.
— Sabia que eu também tenho direito ao banheiro do nosso quarto?
— Você não precisa de todo aquele espaço e nem do espelho, então não discuta - ela entra no quarto, pega um cabide que estava atrás da porta com a minha fantasia e me entrega, eu reviro os olhos - Eu não podia nem escolher minha fantasia?
— Meu Deus, Pyter, quando você ficou tão chato? - eu acabo sorrindo vendo ela se irritando, então a puxo pela cintura e aproximo nossas bocas.
— Você sabe como acabar com minha chatice... - ela sorri e segura meu queixo.
— Ah eu sei e vou... Mas depois - ela me dá um selinho se solta de mim e ri, faço uma careta e saio do quarto carregando o cabide.
Demoro um pouco a mais do que o normal do banho e então começo a me vestir, demora um pouco colocar todas as peças e me arrumar, mas consigo, acabo achando graça de novo, do mesmo jeito que achei quando ela disse que minha fantasia seria de vampiro, mas aqui estou eu com uma calça e sapatos pretos, uma camisa de manga longa branca, um colete cor de vinho por cima fechado com botões dourados, um cordão bem exagerado de correntes e com um pingente também exagerado demais de um morcego e o que ela mais adorou nisso tudo, uma capa, por fora preta e por dentro vinho da mesma cor que o colete. Saio do quarto de hóspede e vou até o nosso pra que ela possa aprovar ou não, mas a porta está trancada, bato algumas vezes e não tenho resposta.
— Só me diz se você tá viva - falo só pra implicar com ela por que ela odeia que eu a apresse ou que fique falando enquanto ela se arruma.
— ESPERA LÁ EMBAIXO - ela grita meio irritada, eu sorrio orgulhoso e desço as escadas, vou até a cozinha, pego alguns dos biscoitos com formato de chapéu de bruxa que papai fez pros meninos e pego também um pedaço do queijo, termino e como Keyse ainda não desceu vou pra sala, a gola da camisa e a capa começam a me irritar e pra me distrair eu ligo a TV, acabo achando o reprise de uma luta que teve semana passada e mal vejo o tempo passar.
— Pyter... - a voz me distrai e eu levanto um dedo por que já está no final da luta - Você já viu essa merda, dá pra olhar pra cá? - eu acabo rindo, mas quando me viro perco a risada e as palavras, eu já vi a Keyse em mais de mil tipos roupas e estilos diferentes, ela pode ir de mãe super dona de casa até uma mulher incrivelmente sexy, mas isso, com certeza supera minhas expectativas, ela está com uma bota vermelha de salto fino que vai até o seu joelho, um vestido curto, ele tem a saia preta mais aberta um pouco e com babados vermelho embaixo o que deixa ele ainda mais curto, mostrando toda extensão da coxa dela, a parte de cima é um corselet preto que deixa seu corpo ainda mais desenhado e destaca sua curva, ela tem um cordão parecido com o meu, a maquiagem destaca os olhos dela e ela também está com um batom vermelho, o cabelo curto está meio bagunçado, mas aquele tipo de bagunça que ela deve ter demorado horas pra conseguir e pra finalizar, ela usa uma capa igual a minha - E então? - ela dá uma voltinha esperando minha resposta.
— Eu não consigo raciocinar com você vestida assim... - ela sorri satisfeita.
— Missão cumprida então - ela pisca um dos olhos e se aproxima de mim - Você também ficou um gato - ela sorri vendo que ainda estou impressionado e me dá um rápido beijo - Anda, que eu quero me acabar de dançar hoje - ela fala já puxando minha mão pra ir junto com ela, mas ao invés disso, eu a puxo mais rápido e mais forte, trazendo-a pros meus braços, antes que ela tenha a chance de reclamar ou falar algo eu a beijo, com paixão e desejo, ela corresponde imediatamente, minha mão aperta sua coxa e subo por baixo da saia, ela está com um pequeno short mas mesmo assim aperto sua bunda, ela ri  então coloca a mão no meu peito me parando - Você com certeza borrou meu batom todo!
— Você parece muito brava - ela ri.
— Eu esperava que você fizesse isso - ela dá uma piscada - Mas eu quero mesmo sair hoje, Pyter... - eu reviro os olhos, dou um beijo rápido, a solto e saímos de casa.
— Não sei se estou feliz pelo short ou meio decepcionado - eu falo no ouvido dela enquanto Pérola e Ian saem da casa deles, ela ri.
— Eu posso tirar - ela dá de ombros.}
— Ah mas você vai... Só que na hora certa - ela não segura outra risada.
— AI... MEU... DEUS - Pérola para assim que nos vê - Qual o problema de vocês? Não podiam ficar horrorosos igual todo mundo? - ela tenta parecer brava, mas sorri - Você tá... PER FEI TA - ela não exagera, Keyse realmente está perfeita - Você tá bem gato hein - ela pisca o olho pra mim e eu beijo sua bochecha.
— Se essa é sua definição de horrorosa acho que precisa estudar mais - eu falo e seguro sua mão pra ela dar uma voltinha, ela sendo a Pérola, não iria de bruxa ou vampira ou qualquer coisa pesada, então ela está num vestido azul claro, curto na frente e mais longo atrás, também tem o corselet como o da Keyse, mas o dela é cheio de borboletas grudadas nele, ela tem luvas que vão até o seu cotovelo, o cabelo loiro está jogado para um lado só e do outro lado tem uma outra borboleta maior e se alguém tiver alguma duvida ela levanta a pequena varinha com uma estrela cheia de brilho na ponta, eu acabo rindo - Fadas não tem asa? - ela revira os olhos.
— A Loui disse que era muito brega...
— Você está linda - Keyse fala e Pérola sorri orgulhosa. Ian é claro que está quase como um príncipe encantado, está todo de branco, apenas com a gravata azul do mesmo tom qu o vestido da Pérola. Nós vamos todos em um carro só, Pietro ia da casa da Luiza então logo saímos da Vila, consigo um bom lugar pra estacionar e a boate já começa a encher, logo encontramos Ryan e Nathy, ela está numa fantasia de bruxa bem moderna e bonita, mas nem de longe tão linda quanto a Keyse, Ryan está todo de preta e com uma pintura no rosto que parece um corte na bochecha, nós pegamos bebidas e Keyse me puxa pra pista de dança, muitos olhares passam por ela, mas eu já esperava por isso, afinal, ela com certeza é a mulher mais impressionante daqui.
— Olha o pé de valsa - Pietro se aproxima de nós dançando junto com a Luiza, ela está com uma fantasia de diabinha e ele segue a mesma linha, eles dançam junto com a gente e nos zoamos toda hora, os outros também se juntam e assim como Keyse queria dançamos por uma hora inteira, rimos e nos divertimos, Hazel e o marido também chegam, encontramos Cláudio e Maria e mais muitos outros amigos por aqui, nós bebemos mais, rimos mais e dançamos mais, até que Keyse para um pouco pra descansar e nós procuramos um lugar mais vazio, a intenção seria fazer ela se sentar e descansar os pés mas assim que alcançamos o canto ela me empurra na parede e me beija, não preciso de nem um segundo pra beijá-la com ainda mais vontade, passo meu braço em  volta dela e nos viro colocando-a encostada na parede, uma perna sua começa a subir pelo meu quadril e embora eu realmente queira isso, não está na minha lista uma plateia vendo ela assim nessa situação, então paro o beijo, olho para os lados e vejo que estamos perto do banheiro dos funcionários, puxo-a sem tempo de explicação, entramos e está vazio, então tranco a porta e a puxo pra mim de novo, o beijo volta ainda mais forte e mais cheio de desejo, ela se apressa abrindo minha calça enquanto eu desço o short e a sua calcinha, ela sorri e então voltamos a nos beijar. Já estávamos endireitando nossas roupas quando tentam abrir a porta do banheiro, ela me olha meio assustada, mas quando tentam de novo ela acaba segurando uma risada, eu dou mais um beijo nela, ela se ajeita se olhando no espelho, respira fundo e então como se nada tivesse acontecido abro a porta pronto pra dar de cara com algum funcionário irritado, mas na verdade encontro Pietro e Luiza, eles também parecem surpresos e então ele solta um sorrisinho malicioso.
— Ah seus safados! Pegaram nosso lugar - ele reclama já implicando comigo, eu e Keyse saímos.
— Tá aprovado! - eu pisco e ele ri.
— Eu sei, fui eu que inaugurei, seu amador...
— Não hoje, moleque, não hoje - ele me mostra o dedo do meio - Aliás... Cuidado onde encosta ein - sorrio e pisco novamente.
— Ah seu filho da... - eu nem sei se ele termina a frase por que eu e Keyse damos as costas e voltamos rindo para o meio da boate pra terminarmos o que com certeza já é uma daquelas noites que iremos relembrar rindo.


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