Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 18
Extra!




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Acordo com o sol invadindo o quarto, como estava muito abafado durante a madrugada eu abri uma das janelas e agora o sol atinge metade das nossas pernas, me espreguiço e me viro de lado e então qualquer sono, preguiça ou outro pensamento desaparece, por que tudo que eu consigo fazer é observá-lo, não importa quantas vezes eu já fiz isso durante todos esses anos, ainda assim observá-lo ocupa um lugar muito especial na minha lista de melhores afazeres, eu seguro o impulso de tocá-lo ou de simplesmente pular em cima dele, ao invés disso eu me encolho na cama, virada pra ele e apenas continuo admirando esse presente que a vida me deu e que me faz a mulher mais feliz a cada segundo que eu estou ao seu lado, não existe nenhuma forma de não amá-lo e se ela existe eu não faço a menor ideia de qual seja e nem quero descobrir.
Ele se mexe e vira de lado procurando por mim, seu braço passa ao redor da minha cintura e mesmo de olhos fechados ele libera um sorriso e me puxa pra mais perto dele.
— Bom dia – ele sussurra com os olhos fechados e a boca roçando meu pescoço.
— Bom dia – respondo com um sorriso incontrolável, então ele abre os olhos e eles estão a poucos centímetros do meu.
— UAU! Como você tá gata – ele faz uma cara de impressionado e eu acabo rindo, suas mãos agarram cada lado da minha cintura e ele me deita na cama, deixando o corpo suspenso logo acima do meu, ele está sem camisa e meus olhos descem rapidamente para o seu peito e agradeço mentalmente a todas as horas que ele passa treinando ou correndo ou malhando, por que elas me proporcionam uma visão no mínimo gloriosa, com a ponta dos dedos eu desço o caminho pela sua barriga até alcançar a barra da sua cueca, ele me olha e sorri – Você não vai querer fazer isso – ele avisa mas mantem um sorriso divertido.
— E por que não?
— Por que daqui a alguns minutos aquela porta ali vai se abrir e então sua festa vai ser interrompida antes mesmo de começar a ficar boa – eu faço uma cara triste e ele me imita, então mais uma vez sou pega por essa hipnose maluca, onde eu sou completamente fixada nele, os olhos azuis ainda levemente inchado por ter acabado de acordar, o cabelo completamente bagunçado caindo pela sua testa, já que ele se recusa a cortar novamente, a fina camada de barba que ele deixa apenas pra me agradar e sua boca tão desenhada e carnuda e tão perto da minha, acho que todo esse conjunto que me leva a puxá-lo pra mim e o beijar, ele sorri e como sempre não me desaponta, apenas me beija de volta, sua mão vai parar na minha bunda e ele a aperta e empurra pra ele, eu passo as minhas pernas em volta do seu corpo e o beijo com mais paixão, um gemido escapa das nossas bocas e ele puxa o lençol nos cobrindo, o calor entre nós aumenta ainda mais e ele já estava levantando minha camisola quando o familiar barulho da porta abrindo nos faz parar.
— Mamãe? – a voz de um dos meninos invade o quarto, ele me olha e ri já soltando minha perna e afastando nossos corpos.
— Só pra deixar claro... Eu avisei! – ele me dá um selinho rápido e então se senta na cama e bate as mãos – Quem quer ovo mexido e panqueca? – Pyter pergunta e Lucca concorda animado – Então pega o chinelo e vamos pra casa do vovô!
— Mas eu quero a sua panqueca – Theo fala entrando no quarto também.
— O quê? Minha? Ah não, vocês não querem isso, acreditem em mim – Pyter fala e eu acabo rindo, eles dois correm até a cama e pulam no nosso meio.
— Por que você nunca faz panqueca pra gente? – Lucca o olha curioso e confuso.
— Por que a panqueca dele é horrível – eu finjo sussurrar.
— Eu quero comer a panqueca do papai!
— Eu também – eles afirmam e ficam olhando pro Pyter, ele me olha e eu dou de ombros.
— Tem a receita no caderno que fica na cozinha – ele me encara como se não soubesse o que fazer – Ok, eu ajudo vocês! – levanto as mãos e os meninos pulam na cama animados.
Então enquanto ele veste uma calça e eu troco minha camisola por um short e camiseta, descemos os quatro direto pra cozinha, abro o caderno e separamos os ingredientes e é a partir desse momento que a cozinha vira uma verdadeira bagunça, mas cheia de risadas e animação, os meninos insistem em ajudar e o resultado é uma mesa cheia de farinha, assim como nossas roupas e rostos, mas quando Pyter coloca a primeira panqueca no prato todos estamos com sorrisos orgulhosos, os meninos pegam o pote com o mel e se lambuzam enquanto espalham na panqueca, Pyter se junta a eles e então sinto como se o tempo parasse, aliás, parasse não, eu sinto como se estivesse vendo tudo em camêra lenta, a risada do Lucca, o modo como ele joga a cabeça pra trás e fecha os olhos a cada gargalhada que o faz perder o fôlego, a maneira como Theo enfia um pedaço exagerado da panqueca na boca e depois tampa a boca com as duas mãos como se isso escondesse o que ele acabou de fazer e ainda o sorriso bobo no rosto do Pyter enquanto passa as mãos no cabelo deles dois, então mais uma vez percebo que tudo o que escutei falar minha vida inteira sobre a força desses sentimentos que nos transbordam se torna algo real e não apenas uma coisa clichê, por que eu ouvi uma centena de milhares de vezes minha mãe dizer tudo que sentia em relação ao meu pai, em como ele a fazia se sentir a mulher mais incrível do mundo e em como ela o via como o homem mais incrível do mundo, eu via eles dois e sonhava em um dia ter um relacionamento como o deles, eles brigam, reclamam um do outro, mas seria impossível imaginar eles dois separados, por que desde criança toda vez que olhava pra eles eu os via como um só, como se um fosse o complemento do outro e quando eu cheguei a adolescência tudo que eu mais queria na minha vida era que um dia eu tivesse isso com alguém, era que eu encontrasse um cara que me completasse e me fizesse feliz e então eu encontrei o Pyter, ele não apenas transformou meu sonho em realidade como o fez ser realizado mil vezes melhor, ele não apenas me completa, ele me transborda, me faz perder o folego de tanta felicidade que eu sinto dentro de mim, toda noite antes de pegar no sono, quando o silêncio invade a casa, eu olho pra ele e eu posso literalmente sentir meu coração perder uma batida, por que é isso que acontece sempre que eu olho pra ele, o único sentimento que supera esse é o que aparece quando olho pra esses dois pedaços de nós dois, para a prova viva do nosso amor, Lucca e Theo superam tudo que eu já sonhei, mesmo quando estava gravida, mesmo quando descobrimos que seriam gêmeos, mesmo nos sonhos mais perfeitos, ainda assim eles são melhores, por que por mais que eu imaginasse nunca conseguiria realmente saber toda emoção que vem acompanhada de cada “mamãe” que eles dizem ou quando eles me beijam, quando correm pro meu colo ou até mesmo quando reviram os olhos pra algo que eu fale com eles, cada detalhe deles, cada movimento, cada respiração, tudo, me faz ser a mulher mais feliz do mundo.
— Um pedaço pelo seu pensamento – Pyter me assusta e ri balançando o garfo com um pedaço de panqueca bem a frente do meu rosto, eu acabo sorrindo e aceito o pedaço que ele me oferece, em seguida lhe dou um selinho – Você não disse!
— Então talvez você tenha que me torturar – dou um sorriso e ele me analisa com aqueles grandes olhos curiosos.
— A gente tem que ver o boldo! – Lucca fala e Theo concorda.
— Salva pelo boldo – Pyter avisa e me dá um beijo rápido.
Então saímos da cozinha e vamos para o porão, os meninos vão correndo e nem se importam da luz estar apagada lá embaixo, quando alcançamos, eles já estão segurando o pequeno saco de pulgas no colo, eu olho o espaço dele e a vasilha com agua está pela metade assim como uma das caixas que ele rasgou.
— Pelo menos não fez xixi nem cocô – eu observo um pouco surpresa.
— Eu disse que ele era um bom garoto – Pyter fala também brincando com o bichinho que agora está menos assustado e até ameaça o que pode ser um latido – Melhor levar ele lá pra cima e deixar ele fazer as necessidades – ele avisa e Theo faz questão de carregar ele, nós vamos para os fundos de casa e assim que ele o solta, o cachorro corre de um lado por outro e então vai até um canto e faz tudo que tem que fazer, os meninos riem e assistem como se fosse um espetáculo – Viu, olha só pra eles, seu coração não é tão duro assim, é? – Pyter pergunta me olhando com aquele sorriso vitorioso.
— Ele tá aqui, não está? Então pronto! – dou de ombros e ele ri e me abraça apertado, beijando minha bochecha, eu o empurro mas eu estou rindo – Ok, ele precisa de um lugar pra ele, não pode ficar no porão pra sempre, além disso precisa de potes, ração e com certeza um banho! – eu aviso e os meninos adoram a parte do banho.
— A mamãe podia nos ajudar no banho, que tal? – Pyter levanta a sobrancelha de um jeito ridículo.
— Não conte com isso! Além do mais ele precisa de um sabonete ou condicionador ou seja lá o que os cães usam pra melhorar esse cheiro... Então, eu vou ter que ir no mercadinho e trago o que ele precisar, enquanto isso vocês podem começar a arrumar um lugar aqui fora pra ele – aviso já voltando pra dentro de casa, ajeito a bagunça na cozinha, depois saio de casa deixando eles na missão de construir uma casinha.
—Sempre soube que você era ciumenta e meio louca mas coleira já não é exagero não? – antes de me virar já sei quem é, Ryan está com um sorriso divertido.
— É por isso que você só tem o Pyter como amigo, você não é simpático! – eu falo e ele leva a mão ao coração fazendo uma cara de ofendido.
— Assim você me magoa!
— Quem dera... – ele ri e se aproxima de mim e me dá um beijo na bochecha.
— Você sabe que se o Pyter não fosse meu melhor amigo e a Nathy completamente apaixonada por mim, eu teria te dado uma chance...
— Que nojo! Eu já tomei café, não me faça vomitar – ele ri e eu também acabo sorrindo.
— Então, qual é a da coleira?
— Ontem na floresta os meninos acharam um filhote de cachorro perdido e eu fui vencida por uma chantagem emocional barata a deixar eles ficarem com o pulguento – ele ri.
— A Bella cismou que quer um coelho, então se no próximo passeio vocês acharem um, podem trazer pra mim...
— Eu traria ele bem cozido! – dou de ombros e ele ri mas nega.
— Você tem essa cara feia mas é só a cara mesmo – eu mostro o dedo do meio pra ele, então uma tosse forçada me distrai, quando olho pra frente o dono da loja aponta discretamente as duas crianças que estão a alguns passos de nós, Ryan ri e eu peço desculpas um pouco sem graça, então pago pelas minhas compras e saímos da loja – Ah nós vamos almoçar lá hoje – ele avisa e eu o olho esperando explicação – Nós íamos almoçar na casa da irmã da Nathy mas ela ligou hoje cedo desmarcando, então...
— Então vocês podiam cozinhar algo e comer no aconchego do lar!
— Ok, eu vou ligar pra Nathy e avisar que a torta de amêndoas fica pra gente e que não precisa fazer o pudim...
— Eu quis dizer que adoraríamos receber vocês hoje, inclusive eu ia te convidar agora mesmo, olha que coincidência...
— Que loucura, deve ser essa conexão que nós temos! – nós rimos e ele se despede avisando que chega meio dia, volto pra Aldeia e assim que entro em casa ouço as risadas e os latidos, deixo as sacolas na cozinha e vou pros fundos da casa, Lucca e Theo estão correndo de um lado pro outro enquanto o agora feliz e animado filhote late e corre atrás deles.
— Acho que ele já se acostumou – Pyter fala apontando a cena, ele está ajoelhado pregando algumas tabuas.
— E o que é isso?
— Ele precisa de uma casa, você mesma disse – ele fala e então levanta as tabuas que já formam um telhado, eu sorrio e faço uma cara de impressionada.
— Acho que ele tá com fome – Pyter fala quando o filhote começa a lamber e escavar o chão, eu entro e pego as coisas que comprei, Pyter levanta o pote azul em formato de osso e sorri, então pega a coleira preta com um pingente onde o nome “Boldo” já está gravado – Parece que alguém já foi conquistada!
— Vai se ferrar – falo e isso só faz o sorriso orgulhoso dele aumentar ainda mais, eu reviro os olhos – Ryan vem almoçar aqui então acho melhor vocês ajeitarem tudo até lá ou nada de vídeo game... E eu tô falando com os três – ouço o som da reprovação quando viro as costas e entro na cozinha ainda rindo.
Quando eu termino de preparar o almoço, vou até os fundos da casa onde as risadas estão cada vez mais altas, quando chego encontro os meninos sentados no chão molhados e sujos de lama, Pyter está molhando eles com a mangueira e o filhote pula do colo de um pro outro lambendo o rosto deles e mesmo que eu tentasse ficar brava não conseguiria, os três estão rindo e se divertindo, Pyter parece tão garoto quanto eles, o sorriso dele me faz sorrir também e os meninos quase rolam no chão gargalhando, mesmo assim quando Pyter me olha eu tento parecer reprovar, ele solta a mangueira e vem até a mim, para na minha frente e sorri.
— Que tal você se juntar a gente? – eu sorrio mas nego.
— Eu acabei de preparar o almoço e daqui a pouco o Ryan e a Nathy chegam... – ele faz beicinho fingindo estar triste, eu sorrio e lhe dou um selinho, mas suas mãos seguram minha cintura e rapidamente me pega no colo me levando junto com ele.
— Quem quer dar um banho na mamãe? – ele pergunta rindo.
— Pyter, me solta, eu juro que você dorme no sofá – eu aviso enquanto me debato tentando me soltar, então a agua gelada molha minha camiseta, eu paro de me debater e quanto olho Theo está me molhando e rindo – Ah, mas eu te pego... – eu ameaço mostrando minhas mãos, Pyter ri e me solta, Theo ainda tenta me molhar mais ainda, mas consigo alcançar ele e o pego no colo mordendo sua barriga, ele gargalha e tenta se soltar de mim, a agua volta a escorrer pelas minhas costas, quando olho pra trás Lucca que está com a mangueira, corro atrás dele e então quando vejo já estou toda molhada, jogada no chão e com a barriga doendo de tanto rir, Boldo pula no meu colo e lambe meu rosto, eu faço uma careta e o tiro de cima de mim, mas o deito no chão e faço carinho na sua barriga enquanto ele se contorce tentando pegar meus dedos.
— Nossa, você detesta mesmo ele – Pyter fala e quando o olho ele está sorrindo, sentado ao meu lado, eu faço uma careta e ele fala um “eu te amo” mudo, que consegue me deixar ainda mais apaixonada e eu acabo sorrindo.
— Agora todo mundo trocando de roupa por que o tio Ryan e a tia Nathy já vão chegar
— A Bella também vem? – Lucca pergunta curioso e animado.
— Vem, mas só pode brincar com ela se estiver seco e limpo – ele revira os olhos mas levanta rapidamente.
Eu subo com eles e Pyter termina de secar Boldo com uma toalha velha, eu dou um banho rápido nos meninos e os visto, depois vou trocar minha roupa, quando desço Ryan já está entrando em casa.
— Ah claro, pode entrar, não precisa bater – eu implico com ele que me faz uma careta e vai direto pra cozinhar deixar o tabuleiro que trouxe, Nathy vai junto com ele.
— Bella! – Lucca vem correndo na direção dela e lhe estende o jogo eletrônico dele.
— Só vão jogar depois que almoçarem! – Nathy avisa e eles fazem uma cara triste.
— A gente pode ver televisão? – Bella pergunta pra mim ignorando a mãe.
— A gente já vai almoçar, aí vocês podem jogar, ver tv, correr...
— Posso mostrar o boldo pra ela? – ele me pergunta mas já sai puxando ela pela mão para os fundos.
— Eu tô de olho nela – Pyter avisa quando desce as escadas.
— Eu que tô de olho nele! – Ryan debate fazendo uma cara de mal.
— Espero que tenha alguém de olho em vocês dois – Nathy fala e eu acabo rindo.
Depois que eles brincam mais um pouco com Boldo, nós vamos almoçar, Theo acaba comendo três vezes e ainda come a sobremesa, Lucca comeu menos comida, mas devorou quase metade do pudim junto com a Bella.
— Olha, não sei o que você fez com ela, mas melhorou bastante na cozinha ein – Ryan fala como se estivesse sussurrando pro Pyter, enquanto vamos pra sala, eu avanço até ele e acerto um tapa na sua cabeça, ele se encolhe e ri se jogando no sofá, os meninos e Bella acabam trazendo Boldo pra dentro de casa e ficam jogados no chão brincando com ele enquanto nós ficamos jogados pelo sofá, eu coloco os pés em cima do Ryan que faz cara feia mas massageia meus pés.
— É sério, você tem que ensinar isso pro seu amigo – eu falo me aproveitando da massagem, Pyter joga uma almofada na minha cara e faz uma careta, eu sorrio e coloco a almofada atrás da minha cabeça.
— Agora fala aí a parada da viagem tá de pé mesmo né? – Ryan pergunta animado, há algumas semanas nós conversamos sobre fazermos uma viagem juntos, levar as crianças pra praia e aproveitar pra tirar uma folga disso tudo, já tem algum tempo que nós não fazemos isso e seria primeira viagem do Ryan e da Nathy depois que a Bella nasceu, por isso passamos quase o tempo todo planejando isso, quando eles vão embora já está escurecendo, Bella reclama um pouco mas quando Ryan promete que deixa ela jogar no vídeo game dele, ela logo aceita ir embora.
— Então minha massagem é horrível? – Pyter pergunta quando me jogo no sofá encostada nele, eu sorrio e viro meu rosto pra de frente pro dele.
— Só a massagem, por que o resto... – ele ri e me beija, somos interrompidos pelo Boldo pulando no nosso meio, os meninos gargalham.
— Eu vou transformar ele em cozido – eu ameaço mas acabo sorrindo quando ele fica me cheirando e pulando animado.
Uma semana depois aproveitamos a pausa da escola e entramos no trem direto pro Distrito 4, as crianças mal se aguentam paradas, temos quase que amarrar elas pra não irem de vagão em vagão e graças a incrível habilidade do Pyter de conseguir qualquer coisa, Boldo foi aceito dentro do trem, desde que não aprontasse nada e seria uma tarefa fácil se ele não estivesse acompanhado do Lucca, Theo e Bella, eles fazem o cachorro correr de um lado pro outro e em apenas dois minutos de distração um travesseiro é destruído deixando espuma pra todo lado, nós até tentamos brigar com eles, mas acabamos rindo. Quando chegamos no Distrito 4 vamos direto para a cabana que sempre alugamos, as crianças ficam loucas com a praia e logo soltam Boldo na areia que corre de um lado pro outro, eu e Nathy ficamos com eles enquanto Pyter e Ryan vão levar as mochilas, o calor está maior do que em casa, por isso nós logo tiramos nossos vestidos e ficamos de biquíni, tiramos as roupas das crianças também e eles nos imploram pra entrar na agua, depois de colocarmos as boias nos braços deles, e recebermos um monte de reclamação, entramos junto com eles, Boldo se aproxima da agua mas sempre que ela toca nas patas, ele corre pra longe e fica parado olhando, late e então repete todo processo, Pyter e Ryan voltam com o protetor solar para as crianças e passamos um bom tempo nos divertindo na agua e na areia, depois eu e Nathy entramos pra preparar alguma coisa pro nosso almoço, ela é bem melhor do que eu na cozinha então deixo que ela dê as instruções, nós colocamos uma musica animada e então não somos as mães responsáveis, só duas mulheres rindo, dançando, cozinhando e falando besteira, minha barriga fica dolorida de tanto que rimos e quando chamamos eles pra comer, a animação e risada continuam do mesmo jeito. Já passava um pouco das onze da noite quando conseguimos fazer eles três dormirem, na sala, em uma confusão de lençóis e travesseiros, com Boldo bem acima da cabeça deles também dormindo e zelando pelo sono deles três, então com todo cuidado levamos alguns cobertores e almofadas pro lado de fora, na areia logo a frente da cabana, Pyter e Ryan trazem duas garrafas de vinho, Nathy e eu separamos um queijo e alguns salgadinhos, deixamos a porta aberta e nos sentamos de frente pro mar, a brisa afasta um pouco do calor, o céu está estrelado, a lua iluminando a areia e então viramos apenas aqueles dois casais que éramos em nossos gloriosos dezoito anos, enchemos as taças e esvaziamos enquanto lembramos e rimos de nossas antigas histórias.
— Vocês achavam que estaríamos aqui? Assim? – Pyter pergunta enquanto enche mais uma taça pra mim.
— Assim como? – Nathy pergunta e estica a taça dela pra ele encher também.
— Casados! Pais de gêmeos! Pais de uma menina linda... Não sei... Assim.. – ele dá de ombros.
— Com certeza não! – eu falo e ele me olha – Minha imaginação nunca foi tão boa assim – ele sorri e passa o braço pela minha cintura e beija minha cabeça.
— Ryan... – ele pergunta e ele sorri.
— Eu não sei se foi assim que eu imaginei, mas assim está bom demais! – ele fala e sorri pra Nathy e a beija – E alguma coisa me diz que vai ficar ainda melhor – ele dá uma piscada e ela empurra ele com o ombro, nos deixando rindo – Bom, acho que a única coisa que eu mudaria seria ganhar alguma herança de um parente bem rico, não ficaria triste de ter uns sacos de dinheiro sobrando...
— Aí você poderia finalmente parar de me enrolar na reforma da casa – ele revira os olhos.
— Meu amor, eu compraria uma casa nova! – ele fala como se fosse óbvio.
— E mudaria esse cabelo né – falo fazendo uma careta, ele me dá o dedo do meio, mas acabo rindo – É sério, você parece um pedinte!
— Eu falo mas ele não me escuta! -
— Qual o problema de vocês como nosso cabelo – Pyter que reclama e cruza os braços nos olhando.
— Nenhum, desde que não apontem pra gente na rua e falem “olha, não é a Nathy, aquela casada com o cabeludo, amiga daquela que também tem um marido que anda todo despenteado” – eu solto uma gargalhada e bato as mãos na dela.
— Exatamente, obrigada, Nathy...
— Vocês não podem controlar nosso estilo!
— Mas controlamos quantas vezes vocês fazem sexo na semana, então não é muito inteligente discordar da gente – eu falo dando de ombros, dessa vez Nathy que ri alto e concorda comigo.
— Nós não somos controlados por sexo! – Pyter fala fazendo uma cara de indignado, eu sorrio e me sento no colo dele, passando meus dedos pelo seu cabelo, penteando-o pra trás, eu me movo lentamente no seu colo e dou um sorriso malicioso – Foi mal cara, mas eu até raspo minha cabeça – ele fala se inclinando pro lado pra olhar o Ryan.
— Cara, você é muito decepcionante! – ele fala e eu acabo rindo, saio do colo do Pyter e volto a me sentar ao lado dele, enquanto Ryan reclama por ter sido abandonado tão fácil e nós continuamos rindo e nos divertindo durante varias horas e mais uma garrafa de vinho.
E foi basicamente assim os quatro dias que passamos aqui, as crianças curtiram tudo, cada segundo e nós não ficamos muito atrás, por isso todo mundo tá um pouquinho chateado de ter que voltar pra casa, mas também estamos totalmente reabastecidos pra recomeçar nossa rotina.


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