Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

OOOI, ia postar no feriado mas não deu, rs, espero que gostem... e comentem



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644677/chapter/10

Sempre que nós viajamos por menor que seja o tempo, sempre que chega a hora de voltar pra casa, me sinto meio dividido entre querer continuar longe de toda rotina e ao mesmo tempo ansioso por estar em casa, no nosso canto, perto de toda aquela bagunça, mas tenho que confessar que dessa vez tudo está ainda mais intensificado, tanto a minha vontade de ficar aqui quanto a minha de ir embora e contar a novidade pra todo mundo, eu mal posso imaginar qual vai ser a reação do papai quando souber, ele vai pirar, mas pelo menos vou me livrar das piadinhas que ele sempre solta durante os almoços em família, sobre como ele ficaria feliz sendo avô mais uma vez, eu sempre desconverso e Keyse e eu afirmávamos que estávamos bem do jeito que estávamos e era verdade, mas acontece que desde ontem a noite quando ela me contou que está grávida alguma coisa dentro de mim se agitou de um jeito que eu não sei explicar, claro que eu ainda estou apavorado, completamente e totalmente apavorado, eu não tenho a menor ideia do que fazer ou de como serão nossas vidas daqui pra frente, porém, por mais estranho que pareça e eu realmente sei que parece estranho, eu já amo esse bebê com tanta força que eu mal consigo acreditar que isso é mesmo real, um filho ou uma filha, meu e da Keyse, isso é... Eu ainda não sei como descrever, só sei que eu não vejo a hora de contar pra todo mundo, por isso aproveito que Keyse acaba de pegar no sono e escorrego do sofá, estamos no mesmo vagão do trem de quando viemos, já está escuro lá fora e uma luz fraca e branca apenas não deixa tudo ficar escuro, caminho com cuidado até a mesinha no canto da sala e pego o telefone, ligo pra Pérola, peço pra que ela avise a tia Grace e o tio Benny pra eles irem almoçar na casa dos nossos pais.
— Ela já te contou? – ela pergunta ansiosa.
— Contou! – um sorriso involuntário aparece no meu rosto – Então você pode falar com ela sem deixar nada escapar?
— Eu não sou uma fofoqueira! – ela fala tentando parecer ofendida, mas nos conhecemos demais pra isso ser verdade, por isso nem me importo com seu drama.
— Até amanhã! – me despeço e desligo, olho pro sofá e Keyse continua dormindo tranquilamente, volto a me aproximar e me sento no chão com a ponta dos dedos tocando seu rosto, é incrível como ela fica calma e doce quando está assim, quase o inverso total da mulher agitada, incontrolável e completamente teimosa que eu conheço, além da sua beleza, é claro, esses sempre foram os pontos que mais me chamaram a atenção nela, essa capacidade que ela tem de conseguir me enlouquecer e ao mesmo tempo me deixar querendo ficar cada vez mais perto dela, sempre foi assim, desde a época da escola, mesmo antes de eu perceber que estava gostando dela, ela sempre teve esse poder de me deixar impressionado e isso não mudou nem um pouco desde que nos casamos, na verdade só aumentou, cada dia mais do que o anterior, por que eu percebi que ela realmente consegue ser incrível vinte e quatro horas por dia e eu tenho tanta sorte de ter ela na minha vida que as vezes eu mal consigo acreditar nisso, que eu a tenho só pra mim, quer dizer, dentro de alguns meses não será “só” pra mim. Meus dedos vão pra sua barriga, ela está com uma camiseta vermelha, eu levanto lentamente e toco sua barriga, meus dedos fazem um caminho em volta do seu umbigo e então encosto toda a palma da minha mão nela e é aqui, exatamente aqui dentro dela que cresce um pedaço nosso e por mais que isso me assuste e me preocupe, também me deixa com tanto orgulho que só isso explica o sorriso gigante que surge, eu continuo sentado hipnotizado por ela, até que o comunicador ao lado da porta pisca e faz um bipe, eu me levanto meio desajeitado, coloco a senha e então a porta se abre, um atendente está atrás de um carrinho.
— Os jantares já estão sendo servidos! – ele avisa me indicado o carrinho que está muito bem abastecido.
— Obrigado – me afasto da entrada pra que ele possa entrar, o carrinho faz um pouco de ruído, mas Keyse apenas se mexe e continua dormindo, ele coloca ao lado da mesa.
— Eu posso preparar a mesa – ele se oferece parado com as mãos a frente do corpo.
— Não precisa, eu ainda vou tentar acordá-la – aviso e olhamos rapidamente pra Keyse – Ela está grávida – eu me pego falando antes mesmo de pensar no assunto, o rapaz abre um sorriso largo e sincero.
— Minha esposa também está!
— Sério? Meus parabéns! – eu estico a mão pra ele e apertamos sorrindo como dois idiotas.
— Já sabem o sexo?
— Ainda não! Ela me contou ontem! E vocês?
— É uma menina, senhor!
— Não precisa me chamar de senhor! – aviso dispensando qualquer tipo de formalidade – Uma menina ein... É melhor treinar uns tiro ao alvo ou alguma luta – ele ri concordando.
— Eu estou pensando em me mudar pra algum lugar afastado!
— Olha, gostei da ideia! – nós rimos mais uma vez – Boa sorte pra nós dois então! – nós apertamos as mãos mais uma vez e então ele vai embora desejando uma boa noite.
— Eu não vou deixar você levar nossa filha pro fim do mundo! – a voz ainda sonolenta ecoa pelo vagão, eu me viro e ela está se sentando – Isso, caso seja mesmo uma menina né?
— Não custa nada me prevenir... Alias... – eu me aproximo do sofá, apoio as mãos no encosto atrás dela e deixo nossos rostos próximos – Eu já estou pensando em fazer uma proposta pela cabana, é bem afastada, nada de meninos por perto e você ainda vai ficar com esse bronzeado incrível durante todo o ano – eu falo sorrindo maliciosamente, ela me dá um tapa no ombro, mas depois passa os braços atrás do meu pescoço nos deixando ainda mais próximos.
— Você está soando como um machista de novo! – ela fala e eu reviro os olhos.
— Acho que os pais de menina tem o total direito de soarem machistas de vez em quando!
— Ai que ridículo, Pyter! Eu nem vou discutir isso com você – ela avisa me empurrando, mas eu acabo rindo e a trago junto comigo, ficamos em pé, meu braço ao redor dela e nossas bocas quase se tocando – Retira o que você disse – ela exige apontando o dedo pra mim.
— Está completamente retirado e esquecido – ela abre um sorriso satisfeito e então me beija demoradamente.
— Eu tô morrendo de fome! – ela fala já me soltando e indo para o carrinho com o jantar.
Chegamos ao Distrito um pouco depois das onze da noite, pego o carro que tínhamos deixado na Estação e logo estamos entrando em casa.
— Ah eu pedi pra Pérola avisar seus pais pra virem almoçar aqui amanhã – aviso enquanto subimos as escadas, ela para e me olha curiosa – Eu não sei guardar segredo e não vejo a hora de contar logo! – agora o olhar curioso dá lugar a um olhar quase que eufórico.
— Você tá mesmo gostando da ideia?
— É nosso filho! Não existe nenhuma maneira de eu não me animar com isso!
— É só que... Você sempre foi tão... Distante dessa ideia que eu achei que você fosse surtar quando soubesse!
— Ah, mas não se engane, eu estou surtando! Ainda não faço a menor ideia de como eu vou ser pai, principalmente a parte de ser responsável e ter alguém dependendo de mim, mas... Eu já amo esse bebê, só pelo simples fato de vim de você! – o sorriso se abre lentamente nos lábios dela, ela desce um degrau ficando a poucos centímetros de mim, tão perto que vejo as lagrimas brilhando nos seus olhos.
— Eu amo você! – ela fala com a voz levemente embargada, eu sorrio e aproximo minha boca do seu ouvido.
— É por que eu sou incrível – eu sussurro e isso faz ela soltar uma daquelas risadas que inundam meu coração, então eu faço a única coisa coerente, eu a beijo, com amor e paixão.
Eu acordo e Keyse não está na cama, me sento rapidamente e olho ao redor do quarto, a porta do banheiro está aberta, me levanto e vou até lá, mas está vazio, saio do quarto e ouço o barulho na cozinha, desço e a encontro sentada a mesa, o queijo já está quase no fim e ela me olha com um sorriso de quem aprontou alguma coisa.
— Eu tava com muita, muita, muita fome – ela fala já cortando outro pedaço do queijo.
— É, eu tô vendo! – me aproximo dela e lhe dou um beijo rápido.
— Você precisa tirar esse queijo da minha frente – ela me empurra o prato, mas eu apenas acho graça e me sento na cadeira ao lado dela.
— Eu não vou negar comida pra você e pro nosso bebê!
— Então não reclame quando eu começar a rolar pela casa...
— Sem reclamações – concordo e me junto a ela pra terminarmos o extermínio do queijo.
Preciso confessar que realmente o apetite dela está quase que dobrado, enquanto esperávamos o almoço na casa dos meus pais ela devorou quase todos os pães de queijo e tive que arrastar ela pra fora da cozinha antes que a mamãe arrancasse os pães da mão dela, depois quando Pietro apareceu com um pacote de biscoitos, ela devorou quase a metade.
— Eu acho que vamos ter que passar no mercado quando sairmos daqui – eu falo no ouvido dela e ela faz uma careta, mas acaba rindo.
— Chegamos! – tia Grace como sempre chega chamando atenção, enquanto tio Benny vem logo atrás dizendo que todos já viram eles chegando e ela não precisa anunciar, então depois dos quinze minutos que eles levam discutindo, finalmente ela nos enxerga e vem nos cumprimentar – Eu só ainda não entendi por que um almoço tão em cima da hora – ela fala nos olhando curiosa.
— Tenho que concordar com ela – mamãe diz e nós olhamos pra ela que revira os olhos – As vezes eu concordo com ela! - Bem as vezes, mesmo – papai aparece na sala rindo.
— É bom ter a família perto? – eu falo meio indeciso e eles me olham ainda mais curiosos, olho pra Keyse e ela me indica que conte logo – Bom, tá todo mundo aqui? – olho ao redor e os pais da Keyse estão parados perto do sofá, mamãe e papai estão próximos a escada, Pietro e Louise estão jogados no sofá, Pérola me olha já sorrindo ao lado do Ian, então eu respiro fundo, olho novamente pra Keyse e antes que eu fale ela anuncia em alto e bom som.
— EU ESTOU GRÁVIDA!!! – o primeiro grito e comemoração vem da tia Grace, aos poucos todo mundo ri, bate palmas e comemora, Keyse me olha rindo também – Você demorou muito pra falar – ela dá de ombros e então estamos sendo sufocados por uma Grace mais histérica do que qualquer outra vez, quando ela me libera sinto o ar voltando pros meus pulmões, tio Benny também vem me abraçar, dando alguns tapinhas nas minhas costas.
— Vocês vão ser ótimos pais! – ele me garante animado e já indo abraçar Keyse, Pérola é a próxima a se aproximar batendo palminhas e rindo.
— Eu sabia que esse dia ia chegar – ela fala me abraçando apertado.
— Lembra das vezes que nós ficamos com a Loui pra vocês saírem...
— Você é ridículo! E foi só uma vez – ela fala rindo.
— Não esqueça assim mesmo! – dou de ombros e ela me segura pelos ombros, olhando nos meus olhos como quem conseguisse ler alguma coisa escondidas neles.
— Você vai ser um ótimo pai, eu tenho certeza disso!
— Eu espero que sim! – concordo e antes que pudesse dizer mais alguma coisa papai aparece atrás dela já de braços abertos e com um sorriso tão grande que ele quase fica desfigurado.
— Um neto! Você finalmente vai me dar mais um neto! – ele fala já me abraçando tão apertado que começo a avaliar a possibilidade de ter um osso quebrado – Eu não acredito que finalmente vou ter outro neto!
— Você fala como se tivesse esperado uns dez anos! – implico com ele mas ele não se importa e apenas continua me abraçando.
— Eu mal posso esperar! Uma criança é uma benção, o maior presente que você pode querer – ele fala animado, segura meu rosto entre suas mãos e me olha nos olhos – Um filho é a melhor coisa do mundo! Vocês vão ser ainda mais felizes! – ele afirma sem ter nenhuma duvida na voz, dizendo todos os motivos pelo qual essa noticia é maravilhosa e merece ser comemorada – Você vai ser um ótimo pai!
— Já estou quase acreditando! – falo com certa ironia e ele me olha como se quisesse uma explicação, mas pra minha sorte mamãe aparece logo atrás dele, então ele me solta.
— Eu acho que realmente estou ficando velha! – ela fala, mas está com um sorriso.
— A velha mais gostosa de todo Distrito! – ela me dá um tapa no ombro.
— Pyter! – sua reação me faz rir, eu a abraço apertado e ela corresponde igualmente e por mais que o papai tenha feito isso comigo, agora, com o abraço dela é que eu sinto o peso da noticia novamente, eu não sei explicar que sentimento é esse, mas é como se ela sim, soubesse exatamente o quanto essa noticia é louca, por mais que eu esteja feliz e eu realmente estou, eu também ainda estou apavorado com a ideia e é só no abraço dela que eu encontro certo conforto, diferente dos outros, ela não fica me dizendo o quão incrível eu vou ser ou o quanto tudo isso é maravilhoso, ela apenas me abraça, só isso e ao mesmo tempo tudo isso, ela me solta do seu abraço e beija minha testa demoradamente.
— Mãe, eu...
— Você vai ter um bebê? – Pietro me interrompe e pergunta enquanto se mete entre eu e mamãe, ela me olha sorrindo e se afasta me deixando com ele.
— É, eu vou ter um bebê! – confirmo e ele me olha com toda concentração que um garoto de dez anos consegue.
— Você ainda vai me treinar?
— Vou, claro que vou! Você vai ser meu mais novo campeão, esqueceu?
— E a gente ainda vai jogar vídeo game?
— Todo sábado e domingo!
— E você vai me levar pra tomar sorvete? – dessa vez é Louise que aparece tão curiosa quanto ele, eu sorrio e a pego no colo, afinal ela ainda tem só quatro anos e eu ainda consigo fazer isso, diferente do Pietro que já está quase na metade da minha altura.
— Você ainda vai me amar muito, muito, muito , muito? – ela concorda balançando a cabeça exageradamente – E vai me dar muitos beijos? – ela ri já beijando minha bochecha varias vezes – Então nós vamos tomar muitos sorvetes!
— Promete? – é Pietro quem pergunta, eu olho pra ele e passo minha mão no seu cabelo, então me abaixo, colocando Louise no chão e apoio um dos joelhos em busca de equilíbrio.
— Eu preciso que vocês me escutem, pode ser? – eles se olham e depois confirmam – Vocês dois são as crianças que eu mais amo nesse mundo todo!
— Eu não sou criança, o papai falou que eu sou quase um homem – Pietro fala meio ofendido.
— E meu pai falou que eu sou uma princesa!
— Você não é uma princesa, princesas não existem!
— Existe sim, o vovô também fala que eu sou princesa...
— Ei, ei, ei... OK! Sem brigas – falo tentando não rir deles dois, eles reviram os olhos depois de fazerem caretas um pro outro – Vocês são os “quase-homem” e princesa que eu mais amo nesse mundo todo! – agora eles sorriem orgulhosos – E eu vou continuar amando vocês igual eu amo agora, mesmo depois que o bebê nascer! Até por que eu vou precisar muito da ajuda de vocês. Vocês acham que podem me ajudar? – pergunto e eles concordam já se animando.
— Eu vou ensinar muitos golpes pra ele e também vou emprestar meu vídeo game!
— Os bebês nem sabem andar, seu burro!
— Burra é você, sua cabeça de minhoca... – eu acabo rindo antes de fazer eles pararem de discutir, por que por mais que eles ainda brinquem juntos, eles também vivem nesse clima de cão e gato.
— Parecem você e sua irmã! – mamãe fala rindo quando eu simplesmente jogo os braços pra cima desistindo de fazer eles se acertarem, eu acabo rindo com ela.
Nós almoçamos todos juntos, o assunto é claro que gira em torno da nova notícia, tia Grace já está com mil ideias pra transformar o quarto de hóspedes no quarto do bebê, papai também se anima e já se oferece pra fazer os desenhos na parede, tio Benny opina e a conversa dura até além do almoço.
— Minha mãe cismou que eu tenho que ir com ela por que ela precisa me mostrar uma coisa... – Keyse fala me olhando e mesmo que ela negue, sei que ela também quer ir.
— Quer que eu te busque mais tarde?
— Meu pai me leva! – ela garante com um sorriso, então me dá um beijo rápido – Eu te amo!
— Eu te amo! – repito devolvendo outro beijo rápido, logo ela está saindo com os pais, Pietro e Louise também estão por aqui, o que significa correria e falação pela casa, eu fico um pouco com eles, mas me lembro de outra coisa importante, então aviso a mamãe que estou saindo e pego o caminho pra casa do Ryan, já estava subindo a varanda da casa quando a porta se abre, as gargalhadas são altas, Ryan está segurando Nathy pela cintura e eles param quando me olham.
— Olha quem voltou! – ele comemora soltando Nathy e me abraçando meio desengonçado e engraçado.
— Você poderia ensinar seu amigo que viagens são ótimas pra passar o tempo – ela reclama e eles fazem careta um pro outro.
— Eu tenho ótimas maneiras de passar o tempo – ele finge sussurrar no ouvido dela, que ri mas o afasta com um tapa.
— Eu vou levar isso pro carro – ela avisa levantando uma cesta – Por favor, seja rápido! – ela pede segurando meu queixo, eu faço uma careta e ela sai em direção ao carro.
— Fala aí, o que tá pegando? – ele pergunta já me olhando curioso, respiro fundo e coço a cabeça – Cara, não coça a cabeça, sempre que você faz isso é por que vai dar merda... – eu acabo rindo por que de certa forma é verdade.
— A Keyse tá grávida! – falo rapidamente como se fosse perder a coragem.
— O QUÊ? – não posso culpa-lo pela surpresa.
— Grávida!
— Não era vocês que defendiam a teoria de não ter filhos pelo menos nos próximos... Sei lá, 10 anos?
— Teoria! É mais difícil na prática!
— Uau!
— É, UAU! – ele encosta na porta de braços cruzados me olhando como se ainda estivesse tentando entender.
— Então, você vai ser tipo... Pai?
— É, eu acho que sim! Isso é... Meio louco né?
— Bastante! – ele ri concordando – Loucura! – ele completa com um sorriso meio surpreso ainda.
— Eu só não sei como eu vou fazer isso! – confesso me encostando na cerca da varanda.
— Como assim?
— Ser pai! Ser responsável, ser o que pensa nas consequências, educar alguém, bancar o adulto, eu... Eu nem sei como se começa a fazer qualquer uma dessas coisas – ele ri.
— Isso é verdade!
— Eu vou ser um desastre!
— Ah qual é? Vai bancar o dramático agora?
— Não é drama, é só a verdade!
— Pyter... Você tá falando sério mesmo? – ele pergunta me olhando dessa vez meio preocupado, eu desvio os olhos dele e encaro uma arvore na lateral da casa, ele solta uma risada e eu volto a olhar pra ele – Isso é estranho, eu sempre achei que você fosse o mais esperto de nós dois, mas... Agora... Você é meio burro! – eu o encaro meio desafiando e ele apenas dá de ombros – Eu não posso dizer que você é o melhor atleta do mundo, não posso dizer que você é o melhor treinador do mundo e também não posso dizer que você seja o melhor autor de pegadinhas do mundo, mas... Eu posso te garantir com toda certeza que eu tenho que você é o melhor amigo que alguém pode ter, sabe, você é um saco, irritante, competitivo, idiota, me coloca nas maiores roubadas da minha vida, me fez quase ser expulsos umas dez vezes mas não existe ninguém do mundo que eu colocaria no seu lugar, todas as vezes que eu precisei de você, você estava lá. Sim, você tem mil defeitos mas seu coração é maior do que o mundo e isso vale mais do que uma vida de ensinamentos. Você pode não ser o pai mais responsável do mundo mas com certeza será o mais amado! – ele termina de falar e eu apenas continuo olhando pra ele – É, eu sei, eu tô mais maduro né? – eu acabo rindo.
— Eu disse pra você parar de ler esses livros – ele também ri e me puxa pra um abraço - Pelo menos eu vou ser o pai bonitão! – ele gargalha mais alto – Eu tava meio que enlouquecendo com essa noticia, mas agora... Quer dizer, a gente meio que tá junto nessa né? – estico minha mão pra ele que aperta forte.
— A gente sempre tá junto!
— Isso é bom, por que provavelmente eu vou fazer besteira... – nós rimos.
— Eeeeei, eu tô com fome! – Nathy grita de dentro do carro.
— Onde vocês vão? – pergunto enquanto descemos da varanda, na direção do carro.
— Pra cabana! Relembrar os velhos tempos... – eu sorrio também me lembrando das tardes que nós fugíamos pra namorar escondido na cabana, foi lá que pedi Keyse em casamento e de vez em quando ainda visitamos o lugar – Adivinha? Keyse tá grávida – ele conta pra ela assim que alcançamos o carro.
— Meus parabéns! – ela fala com um sorriso sincero e grande – Provavelmente eu não deveria dizer isso, mas... – ela faz um suspense, revira os olhos e nos olha – Eu e Keyse temos sorte! – ela sorri de um jeito bobo pro Ryan e ele toma meu lugar, se inclinando e beijando a boca dela rapidamente.
— Bom, você eu não sei! Mas a Keyse tirou a sorte grande – falo e Ryan me empurra enquanto nós rimos, ele dá a volta entrando no carro e eu aceno um até logo antes de pegar o caminho pra casa.
A tarde já está começando a cair quando alcanço a Aldeia, vou até a porta de casa, a luz acesa indica que Keyse já chegou, eu coloco a mão na maçaneta da porta, mas alguma coisa ainda me impede de entrar, eu respiro fundo e encosto a testa na porta, olho pro lado e vejo que as luzes da casa do lado estão acesas, eu me afasto da porta e sigo até lá, entro sem bater, as vozes vem da sala, caminho devagar até lá, a TV está ligada e mamãe está deitada no sofá, me aproximo lentamente pra não chamar a sua atenção.
— Desista! Eu tô velha mas não estou surda! – ela fala já virando a cabeça pra trás e me olhando com um sorriso, eu faço uma careta e ela ri, se senta no sofá e acena pra que eu me sente com ela, eu vou até lá e me sento ao seu lado, ela beija minha bochecha enquanto passa os dedos pelo meu cabelo – Então? – ela pergunta me olhando como quem soubesse que eu quero falar algo.
— Papai tá aí?
— Tá lá em cima ajudando o Pietro com um trabalho da escola! – ela fala e continua me olhando – E vai demorar bastante... – ela fala e se vira mais pra mim, eu jogo minha cabeça pra trás e encaro o teto, tentando entender o que há de errado comigo, mas sem saber exatamente o que é – Isso é maluquice né? – ela pergunta me imitando e também jogando a cabeça pra trás – Você tem sua vida, está muito bem casado e então... Bum! Tudo vai mudar! – eu viro a cabeça de lado olhando pra ela – Você já tem tudo que imaginava e mais um pouco... Tem uma casa, tem um marido perfeito, uma vida confortável, uma rotina... Daí você descobre que está grávida e todos os seus planos, suas certezas, seus medos, tudo parece maior... Tudo parece... Diferente!
— Foi o que você sentiu?
— Não! – ela nega com um riso meio perdido – O que eu senti foi muito pior! Eu simplesmente fiquei apavorada! – ela confessa e se desencosta do sofá – Eu não queria ter filhos! Não havia uma única parte consciente minha que queria ter filhos, mas seu pai sim, seu pai era movido pelo sonho de um dia ter um filho e então depois de anos, de brigas, de conversas, de pedidos... Aconteceu! Meu medo não sumiu, ele aumentou, ele superou qualquer outro medo que eu já tive antes, ele me apavorava, mas no momento que eu peguei sua irmã nos braços pela primeira vez eu soube que nada jamais me faria me sentir tão completa, foi a maior certeza que eu tive na minha vida, não a certeza de que faria tudo certo, mas a certeza que eu faria absolutamente tudo pra merecer o amor daquele bebê e... Todo aquele medo se transformou em amor, um amor tão grande que me preparou pra você – ela segura minha mão e sorri – Eu nunca me imaginei tendo um filho, hoje eu tenho três! E nada nesse mundo me deixa mais feliz, orgulhosa e realizada do que olhar pra vocês três – ela toca meu rosto com um sorriso – Eu sei o que você tá sentindo e acredite em mim vai passar, quer dizer, primeiro vai piorar depois vai passar – eu acabo rindo junto com ela – Meu filho, presta atenção, não é errado sentir medo, não é errado pensar que é cedo demais, não é errado se sentir desse jeito... Na verdade isso é ótimo, todo esse medo e ansiedade significa que você não quer errar, que você vai tentar fazer tudo certo e isso é ótimo, não que você vai conseguir acertar sempre por que você não vai, mas vai tentar e esse é o objetivo, tentar, tentar e tentar, uma hora ou outra a gente acerta – ela sorri e beija minha testa – Não é você que vive dizendo que é um Everdeen Mellark? Então... Nós não caímos sem lutar!
— Nunca! – eu afirmo e ela sorri.
— Nunca! – ela confirma e então eu a abraço forte e demorado – Agora você precisa ir pra casa por que tem uma esposa pronta pra vários desejos estranhos durante os próximos meses – eu acabo rindo e me levanto do sofá.
Entro em casa devagar, a luz da cozinha está acesa mas o lugar está vazio, em cima da mesa tem um prato com pedaços de bolo de cenoura, eu pego um dos pedaços e subo as escadas ignorando as migalhas que caem mesmo sabendo que vai me custar um sermão da Keyse depois, entro no quarto e também está vazio mas ouço Keyse cantarolando no banheiro, provavelmente de dentro da banheira, eu termino o pedaço do bolo e tiro minha roupa, fico só de cueca e me jogo deitado na cama.
— Pyter! – a voz ecoa pelo quarto e eu me levanto, vou até o banheiro, abro a porta e coloco a cabeça pra dentro, ela está dentro da banheira como eu imaginei que estaria, a cabeça apoiada na borda – Vem cá... – ela pede me olhando meio ansiosa.
— Acho que depois do dia que tivemos você deveria relaxar um pouco – eu falo e ela desencosta a cabeça e me olha mais firmemente.
— É, você tem razão! – ela concorda e eu já estava saindo do banheiro quando ela se levanta, a agua e espuma escorrendo pelo seu corpo totalmente nu, me proporcionando a melhor visão de todas – Eu acho que eu adoraria relaxar! – ela fala com um sorriso malicioso, eu acabo sorrindo junto com ela, desisto de sair mas continuo parado olhando pra ela.
— Você sabe o que vai acontecer se eu entrar né?
— Eu tô esperando por isso desde que você apareceu na porta – ela confessa e sorri novamente, então eu entro e sem precisar pensar mais uma vez estou dentro da banheiro, ainda estou de cueca, passo meu braço pela sua cintura e a puxo pra mim.
No dia seguinte eu acordo primeiro que ela, mas quando estou saindo de casa combinamos de nos encontrarmos no Hospital pra primeira consulta, a manhã passa rápido e quando chego lá ela já estava me esperando.
— Tá atrasado! – ela fala antes de aceitar meu beijo.
— Eu sempre estou atrasado – dou de ombros e ela aceita meu beijo, logo o nome dela é chamado, eu seguro sua mão e ela sorri animada já esquecendo que eu cheguei atrasado, entramos na sala de consulta e a médica nos recebe com um sorriso simpático, nós nos sentamos enquanto ela faz a ficha da Keyse, ela faz varias perguntas, faz alguns exames rápidos de pressão, frequência cardíaca e então vamos para uma maca onde Keyse se deita, a medica se senta na cadeira ao lado e eu fico do outro lado segurando a mão da Keyse, a medica explica o ultrassom e então minutos depois na pequena tela ao nosso lado a imagem borrada aparece.
— Keyse e Pyter, conheçam o bebê de vocês – ela fala apontando um ponto na tela, embora eu só consiga ver alguns borrados o sorriso estampado no meu rosto é o mesmo que está no rosto da Keyse, a médica segue falando mais alguma coisa porém não presto atenção, a única coisa que me prende é a imagem na tela, aquele pequeno ponto turvo que já é um pedaço meu e da Keyse e que eu já amo como se conhecesse de verdade.
Depois de voltarmos para a poltrona de antes a medica segue com conselhos e restrições, dessa vez eu ouço tudo atentamente, Keyse faz algumas perguntas, tira duvidas e então eu mesmo faço a pergunta que eu quero.
— Em relação ao sexo, tem alguma coisa que... Não pode?
— Pyter – Keyse empurra minha perna me olhando como se eu tivesse falado besteira.
— Eu acho que é importante saber ué! – a médica ri quando Keyse esconde o rosto com as mãos.
— Não tem motivo pra vergonha, na verdade ele está absolutamente certo...
— Viu, absolutamente certo! – repito com um sorriso orgulhoso.
— Não tá ajudando – Keyse reclama com ela que ri novamente.
— Bom, essa é uma pergunta que eu ouço muito e é importante, na verdade não tem nenhuma restrição... Quer dizer, vamos manter as coisas sem muitas aventuras, ok? – eu sorrio concordando – Mas o sexo é até recomendável!
— Presta bem atenção nessa parte – eu falo e Keyse ri, mas revira os olhos.
Nós saímos da consulta e vamos almoçar em um restaurante no centro, depois aproveitamos pra passar no mercado, chegamos em casa no final da tarde e acabamos indo jantar na casa dos meus pais.
1mês depois
Os dias vão passando e tudo parecia a mesma coisa até que um dia quando eu chego em casa depois do treino, no inicio da noite, paro meio surpreso na entrada da cozinha, Keyse está sentada na cadeira e em cima da mesa na frente dela estão seis pratos com tortas de frango.
— Quê isso? Estamos fazendo um festival de torta e eu não sabia – pergunto achando graça mas ela me olha frustrada, empurra o prato e ameaça chorar.
— Não é nenhuma dessas!
— Você já provou todas? – ela balança a cabeça concordando – E nenhuma é boa? – ela nega e as lagrimas rolam pela bochecha dela – Ei, não precisa chorar! – peço já me abaixando na frente dela e enxugando suas lagrimas.
— Eu quero uma torta de frango! – ela fala e mesmo sendo uma coisa boba ela realmente parece chateada.
— Então eu vou te dar uma torta de frango!
— Eu comprei uma de cada lugar da praça e nenhuma delas é a certa!
— Então nós faremos a certa – ela para de choramingar e me olha meio duvidosa - Tá, nós faremos meu pai fazer a certa – eu conserto e ela acaba rindo.
— Eu te amo! – ela fala e me dá um beijo rápido.
Nós chegamos na casa dos meus pais e eles estão jogados no sofá, mas assim que explico o problema papai se levanta e corre pra cozinha com uma alegria e animação tão grande que sei que ele vai fazer o impossível pra acertar.
Uma hora depois estamos sentados em volta da mesa vendo uma Keyse completamente satisfeita enquanto devora sozinha um tabuleiro de torta de frango.
— Essa é a melhor coisa que eu já comi na minha vida! – ela fala comendo mais um pedaço e fechando os olhos satisfeita, papai ri e mamãe se aproxima de mim.
— Melhor você garantir que o banheiro está desocupado – ela fala e eu a olho confuso mas antes que eu pergunte o que quer dizer, Keyse se levanta tão rápido que a cadeira cai pra trás, ela sai da cozinha correndo e eu a sigo sem pensar duas vezes, ela vai pro banheiro no corredor e cai ajoelhada na frente do vaso, eu fico ao seu lado enquanto ela vomita três vezes seguidas, ela parece exausta, eu lavo seu rosto, seco e ela me olha com uma careta.
— Eu odeio essa parte! – ela confessa e eu a abraço, nós voltamos pra sala.
— Como você sabia? – pergunto pra mamãe que sorri orgulhosa.
— Já passei por isso três vezes – ela dá de ombros.
— E piora? – Keyse pergunta curiosa.
— Alguns dias piores que outros! Mas vale a pena – ela garante e Keyse sorri mais calma.
Nós voltamos pra casa e vamos direto pro quarto, Keyse tira o vestido, ficando apenas de calcinha e sutiã, então me aproximo dela, meus dedos sobem pelo seu braço até seu ombros, meus olhos acompanham meus dedos e então eu afasto a alça do seu sutiã.
— Sabe qual é a minha parte preferida? – pergunto e a olho com um sorriso malicioso, ela também sorri mas espera que eu fale, então escorrego meus dedos até entre os seios dela, como seu sutiã abre na frente eu uso as duas mãos pra abri-lo, meus dedos fazem o caminho em volta de casa seio e então a olho, ela sorri e me olha curiosa.
— Eles cresceram né? – eu acabo soltando uma risada divertida.
— E eu tô adorando isso – ela também ri e morde o lábio daquele jeito provocante, então eu beijo seu pescoço lentamente descendo minha boca até um deles, seu corpo arqueia e ela aperta meu ombro, eu a deito na cama e então assim como todas as vezes eu a amo com todo meu corpo.
3meses depois
— Pyter! Pyter – abro os olhos e Keyse já está quase me empurrando da cama de tanto que me sacode, levo uns segundos pra despertar e ela já está sentada na cama me esperando, olho pro relógio ao lado e marca 3:14 da manhã.
— Eu espero que a casa esteja pegando fogo ou que esteja chovendo notas de 100 – eu falo e ela me empurra mais uma vez.
— Eu preciso muito de melancia com mel e aquela geléia de figo que você trouxe da capital! – ela fala e eu a encaro sem acreditar.
— Você tá me zoando né? – pergunto e ela faz uma cara frustrada.
— Eu não consigo dormir! – ela fala ajoelhando na cama e me olhando.
— A gente não tem melancia e a geleia acabou mês passado!
— Eu ainda quero comer! – ela reclama como uma criança malcriada.
— E o que você sugere que eu faça?
— Que levante a bunda da cama e se vire pra conseguir – ela dá de ombros e eu acabo rindo.
— Até por que vai ser muito fácil achar isso no meio da madrugada!
— Bom, foi você que disse que faria o impossível pra me fazer a mulher mais feliz do mundo e adivinha só... Isso me fará! – ela dá a cartada e me olha vitoriosa.
— Jogo sujo! – ela dá de ombros e ri.
— Jogo com as armas que eu tenho e anda logo, que eu não consigo dormir antes de comer!
— Será que não podemos matar o tempo de outro jeito? – pergunto arrastando ela pra mim e beijando seu pescoço, ela ri mas me empurra.
— Não! Pyter, eu preciso comer melancia, mel e geleia de figo. AGORA! – ela exige saindo da cama – E você não dorme enquanto eu não comer! – ela avisa e me encara.
— Ok, eu vou sair batendo nas portas de todo mundo!
— Contanto que você apareça com a geleia e a melancia, eu não me importo! – eu faço uma careta e puxo pego uma camisa no chão e me aproximo dela.
— Essa é a parte que eu odeio – ela sorri e me beija.
— Eu te amo! – eu faço outra careta e saio do quarto.
— Onde você vai? – ela pergunta enquanto desço as escadas.
— Fazer o impossível pela minha esposa irritantemente mandona e grávida – ela sorri satisfeita e eu pego a chave do carro, descalço, com uma calça de moletom e uma camisa velha, entro no carro e vou pro único lugar onde eu tenho certeza que tem geleia de figo.
Toco a campainha e alguns segundos depois ouço os passos e as vozes sussurradas se aproximando, assim que abre a porta Ryan me olha preocupado.
— O que aconteceu? – Nathy entra na frente dele já assustada.
— Foi mal aparecer essa hora mas aquela mulher vai me enlouquecer...
— O que foi? – Ryan pergunta.
— Por favor me diz que você ainda tem aquela geleia de figo que eu te dei... – eles se olham confusos.
— Tá na metade ainda – Nathy fala e me olha curiosa – Desejo?
— As três de manhã! Por que ela simplesmente não pode esperar amanhecer – eu reclamo e eles riem.
— Keyse nunca foi do tipo que espera alguma coisa – Ryan ri e eu reviro os olhos.
— Entra... – Nathy me convida e eu entro, ele fecha a porta enquanto Nathy vai pra cozinha.
— Ah dá um sorriso, vai deixar ela feliz – Ryan fala me cutucando.
— Ela ainda vai me deixar maluco! Semana passada eu tive que correr o Distrito inteiro atrás de jabuticaba, dois dias depois ela me fez sair as onze da noite pra comprar mostarda e ela nem gosta de mostarda! – Ryan ri e eu esfrego meu rosto com as mãos.
— Ela tá gravida, é normal ter desejos assim – Nathy volta defendendo ela e me entrega a geleia.
— Podia ser em horários comerciais!
— Aí não teria graça – Ryan fala dando de ombros e eu finjo uma risada.
— Será que vocês teriam uma melancia sobrando? – eles riem ainda mais.
— Foi mal, essa vamos ficar devendo!
— Não sei pra que tenho amigos assim então – falo já saindo, eles riem e me desejam boa sorte, entro no carro e volto pra aldeia, vou pra casa dos meus pais, como tenho a chave entro sem precisar bater, vou direto pra cozinha e pra minha sorte tem metade de uma melancia, saio sem ser percebido, volto pra casa e assim que abro a porta encontro Keyse sentada no primeiro degrau da escada, ela se levanta ansiosa e quando mostro a melancia e o pote de geleia ela quase os arranca da minha mão, corre pra cozinha, coloca em cima da mesa e pega um prato, ela corta a melancia em pedaços pequenos, joga mel por cima, tira uma colher da geleia e mistura junto, então come como se essa fosse a coisa mais gostosa do mundo, os suspiros ecoam pela cozinha e mesmo um pouco irritado acabo sorrindo em ver ela satisfeita.
— Você é o melhor marido do mundo e eu te amo mais do que qualquer coisa... – ela fala com a boca ainda cheia, eu sorrio.
— Espero que sim! – ela volta a devorar até o ultimo pedaço, então sorri satisfeita e se inclina pra me beijar, mas antes que o beijo aumente, ela corre pro banheiro, depois de vomitar duas vezes, ela lava o rosto e me olha sorrindo satisfeita.
— Agora eu posso dormir! – ela me dá um beijo rápido e sai do banheiro, eu apago as luzes de baixo e subo, entro no quarto e ela já está na cama, tiro a camisa e a calça e me encaixo do lado dela.
— Agora meu sono foi embora – eu sussurro no ouvido dela que sorri enquanto se vira de frente pra mim.
— Isso é horrível! Agora estou me sentindo culpada...
— Ah mas você é culpada! – ela abre um sorriso misterioso, então em um movimento rápido está por cima de mim.
— Será que eu posso me desculpar?
— Você pode tentar mas não posso garantir nada – eu aviso tentando me manter sério, ela sorri então beija meu pescoço, os dentes mordendo levemente enquanto ela desce a boca pro meu peito, descendo pela minha barriga mordiscando levemente, então ela me olha com um sorriso malicioso e desce ainda mais se encaixando entre as minhas pernas, seus dedos agarram a borda da minha cueca e abaixa lentamente, ela sorri mais uma vez e então todo meu corpo se desperta com o toque dela.
3 meses depois
Pela primeira vez nós chegamos no Hospital pontualmente, entramos pra consulta e como sempre a médica é muito simpática mesmo com Keyse reclamando dos inchaços e que ela deveria passar algo pra diminuir isso, mesmo assim ela explica calmamente que tudo isso é natural, então pra acalmar Keyse ela diz que hoje devemos conseguir ver o sexo do bebê e isso é suficiente pra fazer ela quase correr pra maca ansiosa, a medica faz todo ritual do gel na barriga enquanto nós olhamos atentamente para o monitor, então a médica solta um riso e nos chama a atenção.
— Bom, eu tenho novidades! – ela fala e Keyse me olha ansiosa.
— Menino ou menina? – pergunto sem conseguir esperar mais.
— Na verdade a novidade é outra!
— Outra? – nós perguntamos juntos e ela confirma.
— Olhem o monitor! – ela pede e nós encaramos o monitor por vários segundos e mesmo eu que já havia pegado o jeito de entender os borrões me sinto meio confuso olhando as imagens.
— Eu acho que isso tá meio quebrado, parece que tem dois – eu falo rindo e olhando meio confuso.
— Ai meu Deus! – Keyse fala alto demais e surpresa, então quando olho pra médica ela está sorrindo.
— Não está quebrado! – ela garante e eu olho pra Keyse que está com os olhos arregalados me olhando como se não soubesse o que dizer e eu entendo perfeitamente por que eu também estou sem saber o que dizer – Vocês terão gêmeos! – como se pra nos despertar a médica diz em voz alta o que ainda estamos tentando entender.
— Isso é possível? – pergunto mas mal reconheço a minha voz, a medica concorda.
— Existem casos que nós não conseguimos identificar logo no começo, os fetos ficam próximos e parecem um só, já tivemos caso de só descobrirmos na hora do parto – ela explica e eu olho pra Keyse, ela parece assustada com a minha reação.
— Bom, pelo menos já sabemos por que você tem comido tanto – eu falo com um sorriso e ela acaba sorrindo aliviada, ela procura minha mão e aperta como se quisesse me dizer algo, eu me inclino e aproximo nossos rostos – Eu amo você! Vocês três – ela abre um sorriso tão grande e aliviado que me faz sorrir ainda mais.
— E tem como ver o sexo? – a médica sorri misteriosa.
— São meninos! – nós dois sorrimos animados.
Saímos do consultório e a noticia ainda está sendo digerida.
— Você tá assustado? – ela me pergunta assim que entramos no carro.
— Eu achei que não iria piorar mas... Gêmeos! – ela concorda e respira fundo.
— Será que a gente consegue? – sua voz parece carregar tantas duvidas que mesmo ela sendo a mais confiante de nós agora parece mais assustada que eu.
— É claro que nós conseguimos – afirmo com toda certeza que eu tenho – Nós somos Everdeen Mellark, nós sempre conseguimos – ela ri mas ainda parece pensativa.
— Ei, presta atenção... – eu seguro sua mão e a faço olhar pra mim – Eu já não sabia como seria antes e agora muito menos, eu tô assustado, com medo, apavorado, mas eu te amo e eu já amo esse bebê mesmo sendo em dose dupla... – eu falo e ela acaba rindo – Eu não posso te dizer como serão as coisas por que eu não faço a menor ideia, mas eu posso te garantir com toda certeza do mundo que eu vou fazer dar certo, eu vou fazer o impossível, além do impossível, absolutamente tudo que eu puder, pra fazer de vocês três as pessoas mais felizes do mundo, pra fazer da nossa família a mais feliz do mundo! – as lagrimas descem pelo rosto dela e eu enxugo com meus dedos – Eu amo vocês! Não importa quão complicado e corrido seja! Eu amo e isso não vai mudar, só aumentar... – eu sorrio e beijo seus lábios lentamente, ela me aceita e me beija de volta.
— E você ainda tem dúvida se será um bom pai? – ela pergunta com um sorriso bobo.
— É fácil quando se é casado com a melhor mulher do mundo! – ela sorri ainda mais.
— Não precisa exagerar, eu vou dormir com você hoje – ela fala e eu acabo rindo.
— Eu estou contando com isso – eu falo e lhe dou um beijo rápido – Mas perai... Não tem nenhum risco desses dois virarem três né? – ela solta uma risada alta.
— Idiota! – ela fala ainda rindo.
— Não quero nem imaginar meu pai e sua mãe recebendo essa noticia – eu falo e ela arregala os olhos pra mim.
— A gente podia esperar e contar outro dia...
— E mentir? Isso parece muito feio – eu falo fingindo achar errado.
— Tem razão, nós vamos agora, contamos e passamos o resto da tarde ouvindo tudo que eles terão pra falar... – ela dá de ombros e então me olha – Ou nós podemos ir pra casa, encher a banheira com bastante espuma...
— Ok, me convenceu! Vamos pra casa! – eu falo e ela ri animada.
Ela pega no sono primeiro e eu não consigo desviar os olhos da sua barriga, onde tem dois meninos que em poucos meses estarão aqui nos meus braços, o pensamento me apavora mas mais do que nunca me desperta um amor tão grande que me faz sorrir involuntariamente, tudo que eu disse pra Keyse é verdade, não faço ideia de como será mas eu já os amo incondicionalmente e eu farei tudo que puder pra dar certo, pra MINHA família dar certo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nova fase'" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.