Selection escrita por Pudim de Menta


Capítulo 8
VIII - A nuvem de unicórnio


Notas iniciais do capítulo

oiiiii, quero agradecer a Quinta marota de Hogwarts pela maravilhosa recomendação, capítulo dedicado pra você ♥



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Eu e Sirius ficamos por uns momentos sem saber o que dizer, ele acabou por decidir quebrar o silêncio.

―Vamos. ― ele proferiu. ― vou te levar a biblioteca.

Depois o único som presente foi o meu salto ecoando no piso, dobramos pelos corredores varias vezes, tentei lembrar o caminho e finalmente chegamos.

Sirius disse que aguardaria do lado de fora, atravessei as portas duplas da biblioteca e era a segunda vez no dia que eu tinha oportunidade de vislumbrar o paraíso.

Havia tapetes em cores pasteis cobrindo o chão, as paredes não possuíam nenhum quadro, por que todas eram cobertas por estantes, até as janelas eram ladeadas por livros, havia pufes multicoloridos aqui e ali e mesinhas .

As janelas eram vítreas com grades douradas e o sol atravessando as vidraças criava um espetáculo fechando tudo com chave de ouro a lareira que crepitava de leve.

Mamãe deve ter amado aquele lugar, talvez ela tivesse se sentado em alguns pufes ou remexido na maioria dos livros.

Pensar nisso me deu muita saudade de casa, muita mesmo, tentei me focar por alguns momentos.

Achei o livro de fantasia que Scorpius lia, achei um livro fino de código das flores e peguei alguns de economia.

Aquele ambiente solitário me deu um pouco de inspiração, por que Sirius fugiu de casa? Será que era maltratado?

Ninguém que é Dois em sã consciência decide forjar um sequestro e se transformar em um seis, eu tinha que ganhar a confiança dele e descobrir o por que.

Não que importasse na minha missão, mas era curiosidade, e eu tinha que saber se podia confiar em James e talvez eu conseguisse descobrir a rota dele e de outros guardas, iria ajudar muito.

E houve a organização que ele citou, comensais da morte, eu não sabia o nome da nossa organização, papai nunca falou por medo dele acabar sendo pego e queria evitar ao máximo nosso envolvimento.

Porém duvido que papai se envolva em algo como esse nome, essas questões estavam começando me atormentar.

Peguei os livros estávamos saindo da biblioteca, voltamos calmamente e um alarme soou.

A cada batida, Sirius contava.

―Uma. ― ele sussurrou, parecia tranquilo. ― Duas. ― seu tom ficou mais preocupado. ― três, merda, desculpe o palavreado senhorita, solte esses livros e corra me siga.

Ele começou a correr, mas quem disse que eu consigo correr de salto, parei para tirar os sapatos.

― Não dá tempo. ― ele me pegou e me colocou nos ombros dele como se eu fosse um mero saco de batata. ― Se segure.

Coloquei as mãos no casaco dele e eu odiava me sentir a donzela em perigo, ele começou a correr muito rápido, de relance o vi sacando a arma.

Um grito de dor masculino, consegui me virar o suficiente para ver um homem caído no chão e Dominique correndo desesperada em direção Sirius, ela chorava e uma manga do seu vestido estava rasgada.

―consegue correr? ― ele perguntou a ela.

― consigo. ― A voz saiu fraca e dez metros depois Sirius parou, eu desci de seus ombros, tentei recuperar um pouco da minha dignidade, tiros soavam e eu tentei manter a compostura, Dominique parecia ter as pernas de gelatina.

Sirius apertou um botão e uma portinha se abriu e sem pedir entramos, a porta fechou por trás e James desapareceu e eu ouvi uma explosão distante.

Eu e Dominique engatinhamos e o mini corredorzinho acabava em um quartinho.

Havia um colchão de casal limpo, poucos segundos depois Dominique desabou e começou a chorar, ajudei ela se deitar, havia uma pia, por sorte a água era aquecida, lavei o rosto dela, havia também uma prateleira com casacos e cobertores e no canto estavam algumas cadeiras dobráveis.

Peguei um cobertor e coloquei por cima dela, tirei os meus sapatos e o dela, deitei do lado de Dominique e abracei.

― O que houve, se sente confortável pra falar? ― perguntei e ela meneou a cabeça.

― Eu preciso falar, se não fico louca. ― sua voz saiu em um sussurro estrangulado. ― Eu dispensei meu guarda e decidi andar sozinha pelo castelo, os alarmes começaram, tentei correr de volta para o meu quarto e aquele homem apareceu, segurou a manga do meu vestido, consegui escapar, metros depois ele me alcançou, segurou meu braço e me empurrou para o chão, disse que agora eu seria levada pelos comensais e que eu seria uma excelente moeda de barganha, ainda falou “você é apenas uma selecionada e já oferece um grande valor, seria ótimo colocarmos as mãos no príncipe Luke, duas figurinhas que estão ali só pra sorrir, só pra acalmar, o príncipe adorado do povo e a Selecionada favorita!”.

― Vai ir embora? ― levantei a duvida.

― Não. ― ela trocou seu tom choroso por um tom convicto. ― Não vou mostrar para aqueles bundas-moles dos rebeldes que eu fiquei com medinho deles e minha família precisa do dinheiro da seleção!

― Mas e sua mãe se souber disso? ― questionei.

― ela não vai saber. ― ela virou-se e deve ter fechado os olhos, o soluço parou um pouco, naquele momento eu parei de ver Dominique como a donzela indefesa, eu vi como uma adversária ou aliada forte e convicta.

Ela podia ser uma oradora poderosa, tinha carisma, eu tinha medo ( não exatamente medo ) de Lily Potter pela influencia, mas Dominique tinha persuasão, podia encorajar, podia comover.

Horas se passaram, e a portinhola do esconderijo se abriu de novo, me encolhi, temendo ser um rebelde, mas para minha surpresa príncipe Luke e Scorpius deslizaram pra dentro, Luke tremia e Scorpius usava um casaco preto, parecia do avesso, com um capuz cobrindo seus cabelos e uma faixa amarrada na testa.

Levantei e já estava prestes a fazer uma reverencia, ele fez um gesto dispensando e assim que sai do colchão, Luke se deitou no meu lugar e chorava baixinho.

Por fim adormeceu.

Sentei-me nas cadeiras dobráveis ao lado do príncipe, pensei em puxar assunto, mas talvez não fosse apropriado, mas ele o fez.

― Vocês estão bem? ― ele perguntou.

― Sim. ― respondi e contraí os lábios. ― Porém, Dominique passou maus bocados, sei que sou só uma selecionada, mas vou dizer mesmos assim, ela comentou que quase foi sequestrada. ― comecei a falar baixo. ― O rebelde disse que levaria o príncipe Luke.

― Nossa, o baixinho teve sorte dessa vez. ― ele acrescentou. ― e tem a ver com esse casaco dos guardas virado de cabeça para baixo e a faixa amarrada na cabeça, o forro da jaqueta dos guardas se você percebeu é preto, tentei parecer um rebelde, quando um ataque começou, eu e meus pais estávamos no escritório, Luke estava brincando, um guarda nos levou a um esconderijo e prometeu procurar Luke, duas horas e ele não voltou, o único guarda com a gente no nosso esconderijo saiu e deixou sua jaqueta, mais uma hora e ele não retornou e minha mãe já estava aos prantos, de nos três sou o menos valioso, decidi sair, se não ela sairia e procuraria Luke, me passei por rebelde e achei ele no salão de baile que ainda está com as mesinhas da ultima festa, ele se escondeu sob uma que ainda tem as toalhas, um guarda nos ajudou e nos colocou nesse esconderijo, deixei–o maior parte do tempo de olhos fechados, mas ele ainda vai ter pesadelos com esses ataques.

― E a rainha, ela ficara desesperada se vocês não retornarem. ― avisei.

― Pedi para o guarda ir até aquele esconderijo e avisa-la. ― ele explicou.

― Mudando um pouco o rumo, os rebeldes são sempre assim? ― arqueie uma sobrancelha.

― Depende da organização. ― ele revelou. ― existem duas, os comensais da morte que querem instituir um governo muito pior e de aristocracia de castas e cor e gênero, por exemplo, um homem branco, da casta dois estaria no topo e uma mulher negra da casta oito estaria na base e o seu nome ia contar, sua descendência, não importa se você nasceu 2, se sua mãe fosse uma 7, você seria eternamente julgado por isso.

Eu quis dizer que o mundo era exatamente assim, que essa cultura escravagista, racista e machista sempre esteve enraizada nessa porcaria de mundo, mas eu tentei me conter, não queria ter a imagem errada logo no inicio, me passando por histérica e talvez fosse considerada até antipatriota e seria logo mandada embora, mas as pessoas que não conhecem a verdade tem uma mania muito chata de chamar qualquer um com uma opinião diferente de “alienado” e outros insultos.

― E a segunda organização? ― tentei voltar ao rumo da conversa antes que eu me irritasse.

― Ordem da Fênix. ― ele respondeu. ― Acho que eles querem destruir as castas, mas procuram algo, os comensais só vem para fazer bagunça, mas os da Ordem vem procurando algo.

Ficamos em silêncio por um tempo, Luke acordou sobressaltado e Dominique continuava a dormir, ele começou a chorar copiosamente, ele pulou no colo de Scorpius, mas ele não conseguiu acalma-lo.

― Vem cá. ― estendi os braços pra ele, eu já acalmara Hugo milhões de vezes quando ele era mais novo.

Luke me abraçou e aos poucos parou de chorar e dormiu novamente.

― Os ataques demoram tanto assim? ― expressei-me.

― Já devem estar na vistoria do castelo. ― Supôs o príncipe e olhou para o seu irmão. ― Sabe!Meu pai desde sempre me ensinou que o mundo era um lugar inóspito e frio, sei lá, queria ter um pouco de ingenuidade, quero que o Luke conserve a dele por um tempo.

Eu quis gritar que ele nunca tinha saído do castelo e que garotas como Dominique sabiam que o mundo era um lugar inóspito e frio, para ele o mundo era uma nuvem fofinha onde unicórnios pastavam.

O príncipe podia ter lá suas qualidades, mas mal sabia enxergar um palmo na frente do nariz.


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Notas finais do capítulo

Bom girls, no começo do dialogo do Scorpius e a Rose, ele falou sobre uma aristocracia de castas, Rose citou o machismo e o preconceito , infelizmente essas coisas que não deviam existir existem.
Sobre o trecho
"Eu quis dizer que o mundo era exatamente assim, que essa cultura escravagista, racista e machista sempre esteve enraizada nessa porcaria de mundo, mas eu tentei me conter, não queria ter a imagem errada logo no inicio, me passando por histérica e talvez fosse considerada até antipatriota e seria logo mandada embora, mas as pessoas que não conhecem a verdade tem uma mania muito chata de chamar qualquer um com uma opinião diferente de “alienado” e outros insultos."
Isso é uma coisa que ocorre na nossa sociedade, não sei se vocês veem debates na internet ou na rua mesmo, uma opinião diferente você já é chamado de esquerdista, comunista ( sendo que o povo que chama isso, nem sabe o que o termo significa, não! Não apoio comunismo nem nada e nem sei se me defino como esquerdista ou de direita, por que as coisas não são só 8 ou 80).
Só é uma coisa que vem acontecendo, se você admira uma ideia de outro país você já é considerado antipatriota, ok, isso ficou super confuso, mas é isso que ocorre, hoje somos acusados de tudo e as pessoas como o Scorpius falou a "sociedade seria assim e assado", as pessoas não enxergam que ha coisas ruins a serem desfeitas e desconstruídas, ou seja, como a Rose disse a gente tem que parar de pensar que unicórnios pastam nas nuvens.
Mas também o mundo não é só esgoto e titica de galinha, mas a gente tem que canalizar o esgoto e limpar o galinheiro.
De qualquer forma me alonguei e desculpa se ofendi alguém, só quis por isso na fic.
Beijos



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