Selection escrita por Pudim de Menta


Capítulo 39
Bônus - Roxanne Johnson


Notas iniciais do capítulo

Oieeee, um bônus sobre a Roxanne



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A atmosfera do avião era pesada, eu estava no fundo e lá na cadeira da frente eu via um pedaço do cabelo louro de Dominique e sei que ela estava chorando.

Eu odiava ver uma amiga chorar, mas se eu fosse lá, apenas ia piorar as coisas, era um tipo de dor que eu não podia compreender, ela havia me contado do relacionamento que tinha com Sirius, não eram noivos, muito menos namorados, estavam naquela fase de interpretar os sinais que cada um dá e começando a se conhecer.

Ela esperava ansiosamente o fim da Seleção, ela apenas não esperava por esse final.

Eu olhei para Rose, ela estava na outra fileira do avião, estava encolhida e seu rosto vermelho e banhado de lagrimas, devia estar em um mundo de dor tão particular que já devia ter esquecido os arredores.

Eu queria ir lá e abraça-la, mas não surtiria efeito e novamente odiei toda aquela situação.

Eu estava com minha própria dor, eu não era apaixonada por Scorpius, ele era como se fosse um amigo, acho que fui o mesmo para ele.

Talvez ninguém nunca tenha percebido, mas eu sempre estava falando com ele, fui a primeira pessoa que ele contou que estava apaixonado por Rose.

Ele me pedia ajuda para conquista-la, me pediu até aulas de como se portar num encontro.

Perguntava-me do que as mulheres gostavam, perguntava se devia dar flores a Rose ou se devia escrever um poema, ele me contava sobre reinar e a pressão de levar adiante o legado da família.

Na Seleção, das garotas eu era a que mais o entendia nessa parte de ter expectativas sobre si, eu também tinha pais famosos, as pessoas esperavam que eu fosse impecável e talentosa, eu também tinha que frequentar festas da alta sociedade em roupas de gala.

Scorpius me questionava também, como era estudar em uma escola normal e perguntava se eu tinha alguém lá fora, alguém especial me esperando depois dos muros.

Enquanto eu olhava as nuvens pela janela do avião uma lembrança dele veio em minha mente.

Conversávamos em um dos corredores na frente de uma pintura de algum tataravô dele.

―Não é por nada não, mas seu tatatatataravô aqui tá com cara de quem comeu espinafre, por que está fazendo careta. ― Apontei para o quadro.

Ele deu risada.

―Eu acho que ele comeu torta de manga! ― Riu Scorpius

Eu ri e ele parecia serio, a postura estava reta e as mãos cruzadas para trás das costas.

―Roxanne. ― Ele pareceu ponderar e falava com cuidado. ― Terá alguém te esperando no aeroporto, no dia da sua volta?

―Sim. ― Respondi.

―Quem?

―Minha mãe vai me esperar ansiosamente nas portas do salão de desembarque e provavelmente diversos fotógrafos.

―Falo de alguém especial daquele jeito. ― Explicou Scorpius.

―Não, nunca tive ninguém assim.

Ele pareceu surpreso e começou a rir novamente.

―Por que está rindo? ― Indaguei.

―Por que você me dá todos esses conselhos maravilhosos, deve ter tido uma porção de namorados. ― Ele explicou e dessa vez eu ri.

―Vou confessar algo. ― Enlacei minhas mãos. ― Eu nunca me apaixonei intensamente, eu tinha apenas pessoas que eu tinha rolos e flertava.

― Nossa! ― Ele comentou. ― Mas ninguém marcante?

―Talvez. ― Torci as mãos pelo nervosismo. ― Uma garota...

―Você é... ― Ele pareceu nervoso.

―Bi! ― Respondi e depois não falamos mais no assunto  ele nunca insistiu, fui grata e muito e depois essa parte minha ficou escondida..

Era tabu e proibido em Illéa, Scorpius foi a primeira pessoa a saber e a única.

Continuei imersa em lembranças a respeito da Seleção, o avião pousou e Dominique desembarcou, chorosa, mas garantiu que ia sobreviver.

Depois foi a vez de Rose, fiquei sozinha no avião, as ultimas semanas não pareciam reais.

Chorei um pouco e finalmente o avião pousou no extremo Sul de Illéa, minha província, Panamá.

Não havia tantos repórteres, eu não era a mais destacada da Elite, imaginei o inferno que Rose deveria estar passando com aqueles abutres.

Fui em um carro discreto até em casa.

Minha mãe geralmente era rígida, exigia que desenvolvêssemos nossos talentos e não aceitava ociosidade, mas me deu duas semanas de folga.

Foram duas semanas longas, pensei até em ligar para as garotas, mas elas deviam ter seus próprios problemas e eu não sabia o que dizer.

Com o tempo comecei os meus esboços e voltei a ser modelo, atuei como coadjuvante em alguns filmes, encontrei até Lysander em algumas premiações, porém ela não quis conversa, mas a imprensa fez a festa, duas ex-elite no mesmo lugar?

Sobre o amor, não casei com o primeiro cara que conheci, nem com o segundo, tão pouco com o terceiro, eu não tive aquele conto de fadas do primeiro amor e isso nunca me afetou.

O meu marido John não tivemos um romance de cinema Cult, éramos melhores amigos e tínhamos um arsenal de piadas e cantadas baratas.

Eu o conheci numa premiação de cinema, no qual ele compôs a trilha sonora do filme e começamos a sair.

Não tivemos filhos, ele era estéril e eu não sei se seria uma boa mãe.

Batalhei muito para deixar de ser a filha de George e Angelina Johnson, batalhei bastante também para ser mais do que uma ex-elite e lutei muito para ser mais do que a esposa do cantor John.

Alcancei meu próprio brilho, ditei a moda e influenciei pessoas. Fui uma mulher bem sucedida e não tinha o que reclamar da minha vida.

 Apesar dos solavancos da vida, de quase me divorciar, de perder uma amiga querida como Dominique eu um quase irmão como Scorpius e também de perder um irmão de sangue e meus pais, fui feliz e sabia que um dia os veria de novo.

Não por uma certeza religiosa, até por que eu ia à igreja apenas nos eventos que a lei obrigava, nunca acreditei muito nessas coisas.

Mas eu tinha no fundo de minha alma que os encontraria de novo e todas as pessoas queridas que partiram.


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Notas finais do capítulo

O que acharam?????
Beijos ♥ e até o próximo bônus



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