Selection escrita por Pudim de Menta


Capítulo 37
XXXVI - Lágrimas


Notas iniciais do capítulo

Olá, não me matem, grata.



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A fumaça fazia meus olhos arderem e eu mal via um palmo na frente do nariz, Scorpius imediatamente segurou meu braço apesar de haverem vários puxões e empurrões ele se manteve firme e as coisas estavam caóticas.

―Rose. ― Ele teve que gritar para ser ouvido por mim e começamos a andar em busca das portas, mas não enxergávamos nada. ― Saiba que eu amo muito e nunca duvide disso.

―Alteza e Rose. ― Era a voz de Sirius, eu apenas via o vermelho de seu uniforme. ― Venham.

Seguramos os braços dele, cada um segurava um braço e finalmente eu vi algo, havia outros tipos de soldados que não eram dali, eram os comensais.

O pouco que eu conseguia ver era o caos e cada vez eu me sentia mais fraca.

Minhas pernas pareciam querer ceder ao meu peso, meus olhos estavam lutando para se manterem abertos e meu pulmão começou a ficar em brasas.

Um vulto preto passou perto de Scorpius e o agarrou e o afastou, Sirius estava indo lutar com tal vulto e eu ouvi Scorpius gritar.

―Não se atreva soldado, a prioridade aqui é Rose Weasley, leve-a para um lugar seguro agora, é uma ordem.

Não tive tempo de processar direito e nem forças para lutar contra, apenas Sirius me puxou para fora daquele salão e minhas pernas fraquejaram ainda mais e ele colocou nas costas dele, me segurei nele com as pernas e os braços já que suas mãos estavam ocupadas segurando uma arma.

―Rose, se você encontrar Dominique diga que eu a amo muito e que quero ter muitos filhos com ela e que ela é a garota mais incrível do mundo. ― Fiquei aturdida com a declaração de Sirius a Dominique.

Ouvi um disparo, era ele, andamos mais um pouco e ouvi outro, era ele também.

Captei alguns passos atrás de nós, ele virou-se e alguns comensais vinham por ali.

―Rose, solte das minhas costas e corra, vá pela esquerda, lá tem um abrigo.

Soltei e precisei reunir todas as minhas forças para correr até o tal corredor, consegui chegar ao abrigo, abri a portinhola e deslizei para ali e o abrigo se trancou.

Era um abrigo com apenas cadeiras dobráveis, uns mantimentos e um colchão e eu me lembrei de que foi um dos abrigos que fiquei presa durante um ataque junto com Scorpius e no colchão estava encolhida Dominique.

Seu vestido rosado estava aos farrapos e seus olhos úmidos.

―Rose. ― Ela deu um grito e me abraçou, mas logo percebeu que eu não estava muito bem. ― Ó céus, você ficou muito tempo naquele gás.

Ela me deitou no colchão e procurou por uma garrafa d’água no meio dos mantimentos e me deu um pouco.

―Você vai melhorar. ― Dominique consolou. ― Durma.

―Antes que eu me esqueça, Sirius que me trouxe até aqui, ele tem um recado para você. ― Minha voz saia embargada e pausada. ― Ele diz que a ama muito, que quer ter muitos filhos com você e que te acha à garota mais incrível do mundo.

Dominique me abraçou e eu deitei, tentei permanecer acordada, ligada ao pensamento que pessoas queridas estavam lá fora, correndo perigo, mas o efeito do gás foi mais forte, quando percebi meus olhos se fecharam contra minha vontade e adormeci.

Quando acordei, horas depois, já estavam em meu quarto, ainda com meu vestido vermelho, que estava um pouco rasgado e Amélia parecia triste, apenas me esperando acordar.

―Bom dia Amélia. ― Respondi com a voz fraca.

―Já é boa noite senhorita. ― Ela declarou, tentando esconder a pontada de tristeza na voz, era impressão minha ou ela estava realmente tentando esconder o choro?

―Cadê a Alice? ― Questionei.

― A senhorita Johnson diz que queria vê-la, assim que acordasse era para eu chama-la. ― Amélia não me respondeu.

―Cadê a Alice? ― Perguntei, tentei soar firme, mas minha voz era apenas um sussurro embargado.

Amélia novamente ignorou minha pergunta e saiu do quarto, averiguei que a porta do meu quarto fora arrancada, percebi também que minhas cortinas estavam rasgadas e meu quarto revirado.

Escutei os passos de Amélia retornando, ela estava com mais alguém ouvi a voz de Roxanne.

―Amélia, não sei se sou a melhor pessoa para dar as noticias. ― Era a voz de Roxanne, eu não as via, vi apenas um pedaço de uma sombra de alguma das duas.

―Mas você é a única, ela não tem afinidade com a Scamander e Dominique não está em condições. ― Era a voz de Amélia, me questionei por que não citaram a Lily e logo Roxanne entrou no meu quarto.

Ela estava abatida e parece que havia andado chorando, ela se sentou na cadeira que Amélia estava sentada.

―Rose, eu vou tentar ir sem rodeios, mas mesmo assim vamos com calma, eu não sei como dizer tudo. ― Roxanne começou a explicar pausadamente. ― Vamos aos poucos e vamos repassar os últimos eventos, havia uma grande festa e houve um ataque rebelde, você se lembra disso? ― Ela perguntou e eu meneei a cabeça positivamente.

―Sim, eu estava sendo pedida em casamento por Scorpius. ― Na hora em que falei isso as sobrancelhas de Roxanne se mexeram levemente.

―O ataque foi terrível, muitos feridos e... Mortes, uma delas foi Alice, sua criada. ― Roxanne falou como se desarmasse uma bomba atômica e deixei escapar uma lagrima. ― Outra baixa foi Lily Potter. ― Mais uma lagrima. ― Sirius também faleceu, mas lutou até o fim.  Também perdemos nossa rainha, ela foi uma das primeiras vitimas. ― Uma torneira de lágrimas se abriu e solucei por alguns minutos enquanto Roxanne tentava me consolar.

―Scorpius deve estar arrasado, ele está bem? Como ele passa? ― Era uma das inúmeras perguntas que estavam entaladas em minha garganta e Roxanne ficou em silencio por alguns segundos parecendo ponderar a resposta.

―O príncipe Scorpius Malfoy também foi uma das baixas. ― Nessa hora nem Roxanne segurava mais as lagrimas e eu comecei a chorar e muito ela me deu espaço e continuei chorando.

Toda a comida que me levaram no decorrer daquele dia eu neguei, Amélia tentou me preparar um banho, mas me fiz de rogada.

A noite virou e no por do sol do dia seguinte Roxanne voltou ao meu quarto.

―Rose. ― Seu tom de voz era amável e carinhoso. ― Haverá o funeral hoje, sua mãe está vindo e depois disso tudo você pode voltar para casa.

Mexi a cabeça concordando e finalmente consegui ter forças para falar alguma coisa.

―Como estão Lysander e Dominique? ― Questionei.

― Dominique está tentando sobreviver, Lysander está aos cacos, partiu ontem à tarde para sua província e jurou nunca mais pisar no palácio.

― E o Luke? ― Questionei temendo a resposta.

― Ele está trancado em seu quarto.

― O rei? ―

―Também e está chorando muito.

―Quando minha mãe chega?

― Daqui uma hora.

Roxanne me deixou no meu quarto e finalmente a ficha caiu com um peso, Scorpius estava morto, aquilo era demasiado doloroso, realmente caiu à ficha que não teríamos os filhos loiro-ruivos.

Que não seriamos monarcas, que não nos beijaríamos mais e que eu nunca mais ouviria a voz dele.

Dessa vez a pontada no meu coração foi mais forte e eu comecei a chorar o dobro.

Eu não sei quanto tempo se passou, só sei que fui brevemente tirada de meu topor por minha mãe entrando no quarto, ela não disse nada, apenas me abraçou, insistiu por alguns minutos para que eu tomasse um banho.

Fui à contra gosto, um dos poucos vestidos que sobreviveram foi um preto bem simples que pareceu apropriado à ocasião, o casaco também era preto.

Não me lembro dos detalhes, apenas lembro que fomos conduzidos para fora do castelo, por trás da estufa tinha uma pequena capelinha, eu nunca a tinha visto, afinal eu sairá apenas uma vez para andar aos arredores do castelo.

E eu me lembrei dos momentos que aconteceram ali e as lagrimas voltaram novamente, minha mãe fez uma leve pressão em minhas mãos.

Havia rasas lagrimas nos olhos dela e eu desejei ser forte como ela, ela havia perdido uma grande amiga e eu um grande amor.

―Como você está aguentando mãe? ― Perguntei baixinho?

―Eu não estou Rose, quanto mais você lutar contra e pensar que não aconteceu, mais vai doer.

Acomodamos-nos em um dos bancos da pequena capelinha, pelo que eu soube o corpo de Alice foi enviado para a sua província, Paloma, ela lá seria velada pela família.

Com muita dor assisti aquilo, na ocasião velávamos Sirius, Lily, Scorpius e a Rainha.

 O corpo de James e de Lily iam ser mandados para Hudson, mas a Senhora Potter disse que Lily odiava aquela província e James gostaria de ficar ao lado dela.

Por ela ser uma ex-elite, ela poderia ser sepultada na parte do  cemitério da família real e por James ter salvado o Luke e a mim ele foi considerado um herói e também teria o mesmo direito de Lily.

Vi a rainha e a cena povoa meus pesadelos até hoje, mas o que mais doeu foi ver Scorpius ali em um caixão em sua roupa de gala.

Nessa hora chorei ainda mais, vi a senhora Potter chorando sobre o corpo dos filhos e seu marido também, Albus estava encolhido em um canto.

Vi a família de Astória se debulhando em lagrimas, o rei chorava e muito e abraçava Luke.

Quando Luke me viu correu até mim e me abraçou.

Momentos depois eu senti algo em minhas mãos que havia até esquecido, minha aliança de noivado, de repente todo o processo a seleção, a morte de Scorpius, todas aquelas coisas pareceram surreais.

Parecia a pouco que eu ainda estava em minha casa em Sonage, com metas bem delineadas e o futuro traçado, agora eu estava mais perdida que nunca.

A vida é engraçada, em momento tudo se encaixava, eu havia me decidido, Scorpius estava me pedindo em casamento e tudo parecia dar certo e num repente tudo desabou.

Todo aquele futuro que já estava sendo construído o projeto foi desfeito.

A cerimônia fúnebre durou a madrugada, por questões de segurança não foi aberta ao publico, apenas o enterro.

Havia uma multidão perto do palácio, que foi um cortejo de mais de 12km.

Inúmeras pessoas apontavam para mim e para a minha mãe, as ex-selecionadas, eu vi alguns flashs e fiquei com raiva, quem pensava em tirar foto em um momento daqueles?

Logo subimos em um carro e fomos para o cemitério, na parte onde a realeza era sepultada, não me apeguei a detalhes e não aguentei ver os caixões sendo enterrados.

Foi um dos momentos mais dolorosos da minha vida, a cada vez que jogavam um pouco de terra em cima do féretro era uma martelada em meu peito, por que ali era a certeza que eles não voltariam.

Lembro em que certa altura fiquei abraçada a Dominique, ela parecia abalada e chorava muito.

A dor e aquele dia foram os aspectos mais indescritíveis da minha vida.

As coisas eram engraçadas, antes dessa competição toda eu planejava estudar algo voltado à literatura e me tornar escritora, durante a Seleção meus planos consistiam em Scorpius.

Mas aquilo tudo ruiu, talvez eu voltasse com meus velhos planos, mas sem Scorpius tudo que eu faria daqui para frente parecia ser inadiavelmente sem graça e sem cor.

Porém no momento o futuro não me passava pela mente, apenas a dor do presente preenchia todo espaço.


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Notas finais do capítulo

Gente, ainda não é o fim, teremos o epílogo e os bônus, relaxem.
Sim, doeu no coração esse fim, eu sempre planejei outro ( Que era igualmente triste ou mais.), mas a Rose nunca me contava em detalhes o fim da sua saga, finalmente, na metade da fanfic ela me contou e era esse mesmo.
Obrigada pelo carinho, beijos.
#PosteiECorri.