Na manhã seguinte eu sabia que a rainha estaria em uma das suas saletas privadas e eu sabia qual, por isso naquela manhã despertei bem cedo.

Alice levou um susto com a presença de Luke, mas logo o ajudou a se aprontar, devido a muitos transtornos as refeições durante o período que permaneceríamos em Belcourt seriam no quarto, Alice acompanhou Luke até os aposentos dele e voltou com minha refeição, a fiz com uma calma calculada, mas por dentro estava com pressa, eu tinha que me livrar daquela carta.

Assim que terminei de comer e Alice foi levar a bandeja e já peguei a carta, deixei um bilhete para a minha amiga dizendo que ia explorar o local.

Tentei ser discreta, logo cheguei à saleta privada da rainha, bati na porta e quem atendeu foi a própria.

―Olá senhorita Rose Weasley, adoro vê-la, mas sua visita é um tanto quanto surpresa, o que buscas? ― Ela me inquiriu.

Apenas mostrei a carta e sua expressão de suavidade e calma foi substituída por pânico e ela me puxou para dentro do recito.

―Mais alguém sabe da existência dela? Como conseguiu?

―Ninguém alteza, estava em um dos livros da biblioteca dos visitantes. ― Expliquei e ela pareceu aliviada.

―Ó céus, tinha que ser filha de Hermione Granger para mexer em um livro que ninguém leria. ― Ela se suavizou um pouco e voltou a ser a rainha contida de sempre.

Fique em silêncio, sem saber ao certo o que dizer.

―Mas me diga Rose você leu? ― Ela perguntou.

―Sim. ― Decidi falar a verdade.

―Por que a não entregou a alguém, ou expos na mídia ou podia usar para me chantagear? ― Astória me olhou e eu soube que aquilo era um teste.

―Por que não era certo, causaria confusão e se eu estivesse em sua posição ou posição parecida não ia querer ela em mãos erradas. ― Declarei. ― E também por que não faz parte do meu caráter chantageá-la.

Tá, a possibilidade passou pela minha cabeça, sabe barganhar, só que pareceu estúpido demais e desonesto.

Ela sorriu.

―Espere um instante, em posição parecida? Você é uma selecionada, enquanto carregar esse status é nobre, não tanto quanto o status de rainha, para você em posição parecida seria você Selecionada, atual Elite, seria ter um rebelde na família assim como eu? Essa é sua posição parecida.

Meneei a cabeça positivamente.

―Você está em posição parecida, algum rebelde na família?

Por mais irracional que fosse eu soltei tudo para a rainha.

―Eu estou sim em posição parecida, não apenas rebeldes na família, mas eu também.

A rainha parecia ponderar.

―Scorpius sabe? ― Ela questionou.

―Não. ― Respondi.

―Conte a ele! ― A rainha pediu.

―Eu vou embora? ― Perguntei, com o coração aos frangalhos apenas de imaginar a possibilidade de deixar o castelo e principalmente de deixar Scorpius para trás.

―Não, não vai! ― Ela respondeu. ― Por mim não e como meu segredo esta a salvo com você o seu está a salvo comigo e o único que pode te mandar embora é Scorpius e acredito que quando você se  imagina indo embora desse castelo e o deixando parta seu coração, mas creio também que quando ele imagina você o deixando parta ainda mais o dele.

Minhas bochechas coraram e a rainha continuou.

― Desde o primeiro dia eu a vi com uma coroa na cabeça e desde o primeiro dia Scorpius deve ter tido visão similar. ― Ela revelou. ― E espero ansiosamente pelos dias em que você me chamará de sogra e eu te chamarei de nora e espero muito pelos dias que a treinarei para ser princesa e espero muito o dia que eu e Draco possamos abdicar da coroa e terei orgulho de ver Scorpius sentando no trono simbolicamente, assim como terei igual orgulho de ver você ao lado dele e me curvarei a você e terei muito prazer em te chamar de nora, de filha e principalmente de dizer que você é minha rainha.

Depois de todas aquelas informações eu não soube bem o que dizer e a rainha pareceu compreender isso.

― Não precisa dizer nada, apenas vá e lute pelos seus ideais e pelo meu filho.

Curvei-me a rainha e deixei o cômodo com minha mente dando voltas e Scorpius apareceu, meu coração começou a sapatear e meu estomago embrulhou.

―Rose, quero que venha aqui comigo, agora. ― Ele segurou minha mão e me conduziu para os andares superiores, quando vi estávamos no lado de fora. ― Quero que aprecie a vista.

O abrigo ficava na ponta do penhasco e lá de cima podíamos ver perfeitamente a capital de Belcourt, Salt Lake.

Sentamos-nos e apreciamos a vista, aquela cidade parecia bem planejada, Scorpius me explicou que essa cidade foi construída no século 19, por pessoas que sofriam perseguição religiosa e eles fizeram aquela cidade com muito esmero.

Foi o único estado que manteve sua liberdade religiosa, logo inúmeras pessoas devotas de diversas religiões se deslocaram para lá para adorar seja qual deus adorassem sem interferência  governamental, Scorpius também acrescentou que a realeza fazia vista grossa para Belcourt, até porque era a província mais armada.

Belcourt parecia uma província multicultural, cheia de sinagogas, capelas, altares e templos e outros diversos edifícios religiosos.

―Dizem que em Belcourt em uma única mesa de restaurante pode-se ver um batista, um judeu, um politeísta e um ateu conversando tranquilamente.

―Mas Scorpius, como Belcourt permanece armada?  ― Questionei. ― Quando os Estados Unidos se tornou Estados Unidos da China todas às armas não foram recolhidas?

―Sim, mas aqui eles foram mais espertos e a lei aqui sempre foi menos restrita com armas e então ninguém mexeu muito com eles, aqui há até menos segregação com castas e menos preconceito.

Eu remexi a cabeça concordando, mas Scorpius não me levou até ali para dissertar sobre as maravilhas de Belcourt.

Fiquei em silencio e ele também, ficamos assim, por uns minutos vendo as coisas lá em baixo.

―Rose, vamos fazer uma brincadeira?

―Qual? ― Perguntei.

― Eu te conto um segredo e você me conta outro. ― Ele explicou e ali vi a oportunidade perfeita para contar quem eu era. ― Ok, eu o príncipe Scorpius Malfoy estou apaixonado por Rose Weasley, naquele dia que eu a levei para Montreal o que eu disse em russo é “estou apaixonado por você”, eu estou pensando nela bem antes da Seleção, eu me lembro perfeitamente do dia que ela veio aqui, ainda pequena e fiquei encantada com a cor de seus cabelos e seu nome de flor, eu ainda guardava o nome dela, Rose Weasley, nunca esqueci, não eu não estava apaixonado, quando eu tinha treze anos minha família foi visitar a província dela.

―Scorpius...

― Por favor, Rose, me deixa falar tudo antes que eu perca a coragem. ― As mãos dele tremiam. ― Naquele dia eu enganei um dos guardas e decidi correr pela cidade, sim, eu sou inconsequente desde pequeno, eu estava com um moletom de capuz e corria de cabeça baixa ninguém podia me reconhecer, eu não vi e tropecei em uma garota de cabelos ruivos, eu não podia levantar a cabeça e nem falar nada, mas eu sabia que estava na frente dela, a menina do cabelo de cor bonita, ou seja, você Rose Weasley e você gritou comigo, me chamou de burro e grosso e eu me encantei por você, todo mundo pisava fininho comigo, todo mundo tinha medo de me ofender, mas você não, teve coragem o suficiente para dizer o que pensava, eu sabia que um dia o destino te traria a seleção, esse é meu segredo, eu estou apaixonado por você, é isso que os crisântemos vermelhos dizem, eu quero passar o resto da minha com você.

Eu não tinha nado poético para dizer e ele me olhava com expectativa e eu soltei num impulso.

―Scorpius, meu segredo é que sou uma rebelde, participante da ordem da fênix.