―Scorpius, não precisa se preocupar. ― Falei em meio aos soluços.

― Só saio daqui quando você estiver sorrindo. ― Ele pontuou e tentei forçar um sorriso. ― Falei um sorriso, não um espanta demônio.

Dei risada sobre o meu projeto de sorriso.

― Viu, já está rindo. ― Ele comentou e se aproximou de mim lentamente e quando vi me fazia cócegas, seus braços estavam ao redor da minha cintura e seu cheiro emanava pelo local.

Eu dava alguns gritinhos e tentava fazer cócegas na barriga dele.

―Foi mal, Rose, eu não tenho cócegas. ― Ele mostrou  língua.

― Que mentira, todos tem cócegas. ― Comentei e passei as mãos em um gesto de cócegas pelos braços dele, subi para o pescoço, enquanto passava as mãos entre seu pescoço e sua orelha, fiz uma coisa bem idiota.

Fiquei nas pontas dos pés e beijei Scorpius, foi tão rápido e logo me separei dele.

― Desculpa. ― dei dois passos para trás, ele ficou em silêncio por dois segundos, se aproximou de mim, segurou minhas mãos, como se estivesse pedindo permissão.

Levantei o queixo e ele me beijou e dessa vez ninguém teve medo ou se afastou propositalmente, teríamos ficado mais tempo assim se não fosse por um pigarreio.

A porta estava aberta e quem estava parado ali era meu pai, seu olhar estava ferido, talvez ele estivesse indo pedir desculpas ou algo assim.

― Ahn... Desculpe-me senhor Weasley. ― Scorpius estava com as bochechas coradas e tinha perdido a pose diplomática e de líder que ele geralmente carregava.

Meu pai o encarou feio e novamente eu tive vontade de chorar de novo, ele virou-se e foi embora, o silêncio que se instalou foi sepulcral, a tensão podia ser cortada com uma faca de manteiga.

―Já vi da onde vem à insolência pela família real que você tem. ― Ele brincou. ― Acho que ele seria capaz de cuspir a torta de manga.

Sentei-me no tapete novamente, sem clima para brincadeiras ou qualquer coisa do gênero.

―Eu esperava no mínimo uma reverencia, afinal ele está diante do príncipe da beleza e todo poderoso Scorpius  Malfoy. ― Era muito estranho ver Scorpius solto.

― é impressão minha ou você está bem mais babaca hoje. ― Comentei entre dentes, a piada de Scorpius de certa forma havia me incomodado. ― realeza do ego enorme.

― Te incomodei com a piada? ― Ele perguntou com os olhos arregalados.

― Um pouco. ― Comentei baixinho, segurando as lagrimas, estava contente por Scorpius tentar levantar meu astral, por se prestativo e ser refinado o suficiente para não questionar meu choro.

― É por causa de alguma coisa familiar que você está chorando? Não precisa dizer o que, mas só diga que sim ou não, para não dizer nenhuma bobagem. ― Ele pediu.

―Sim. ― Respondi.

― De certa forma, eu gosto da sua “insolência”, a forma como já me chamou de besta, idiota ou babaca ou realeza do ego, como nunca se importou com o fato de ser o príncipe. ― Scorpius declarou. ― Você não faz ideia como isso é legal, ouso dizer apaixonante.

Eu estava divida entre chorar pelo meu pai, ou dar pulos  de alegria por Scorpius estar bem ali, do meu lado, dizendo aquelas coisas e se preocupando, isso devia significar algo.

Ficamos em silêncio novamente e a vontade de chorar foi diminuindo.

―O que jovens comuns fazem para puxar assunto? ― Ele inquiriu.

―Não tem uma formula pronta, sei lá, apenas faça uma pergunta besta. ― Dei de ombros.

―Ok. ― Scorpius pareceu ponderar. ― Qual seu signo?

Ri e me sentei no chão com as pernas cruzadas e ele imitou o gesto.

―Aquário. ― Respondi. ― Qual o seu?

― Então seu aniversário está bem próximo. ― Ele comentou. ― Janeiro ou fevereiro? Ah, eu sou de Libra.

―Fevereiro. ― Ri. ― Minha lua é libra, meu ascendente é gêmeos.

―Eu sei que a minha mãe é de Gêmeos. ― Scorpius falou. ― o Luke é de peixes, meu pai é capricórnio.

―Minha mãe é de virgem, o Hugo é de Áries e meu pai é de peixes. ― Falar no meu pai doeu um pouco, mas prossegui.

― Acho que meu ascendente é Áries e a minha lua é Aquário. ― Scorpius comentou.

― É estranho te ver como libriano. ― Eu disse.

― Mas eu sou, nasci no finalzinho de setembro. ― Ele falou. ― Dia 29.

― Eu nasci dois de fevereiro. ― Falei e zombei. ― Quero festa.

― Pode deixar. ― Ele deu uma piscadinha.

― Acredita em astrologia? ― Ele perguntou.

― Não. ― Respondi. ― E você.

―Como o bom libriano que eu sou, irei ficar em cima do muro. ― Scorpius revelou. ― Muita coisa do meu mapa astral bate, mas sei lá, até gosto e entendo um pouco do assunto.

―Você entender de astrologia é um lado que seu que eu não conhecia. ― Dei um meio sorriso.

― O assunto é interessante, volta e meia eu fico obcecado com um assunto, um deles já foi astrologia, há uns meses eu estava louco por algumas teorias de física quântica.

― Física quântica. ― O encarei. ― Estou na frente de um gênio?

― Não. ― Scorpius riu e negou com a cabeça. ― Nem sei fazer os cálculos e acho que jamais saberia, mas gosto de ler alguma teoria ou outra sobre universos paralelos.

―Se você não tivesse que ser rei, o que seria da sua vida?

― Escritor. ― Ele respondeu prontamente e olhou para baixo meio envergonhado. ― Às vezes nos meus devaneios mais loucos eu imagino o Luke reivindicando o trono ou quando eu for rei sendo deposto e indo viver em Domica , mas mesmo assim, continuaria sendo Um, seria um nobre ou iria para o clero.  E também quero ser rei, amo meu povo e diversas noites imagino fazendo o melhor para Illéa, algo sobre deixar sua marca no mundo e fazer o bem, e seria mais fácil fazer isso sendo um rei do que um escritor.

― Você seria três, como eu. ― Repliquei. ― Escritor, também como eu quero ser, mas por que Domica?

― Por que Domica é quente, apesar de amar inverno, deve ser bom acordar em uma manhã e ir para praia, ver o mar, é isolada, já estive lá, é um lugar simples, mas aconchegante. ― Scorpius explicou.

― E se pudesse morar em qualquer província? ― Ele perguntou.

―Amo Sonage, mas adoraria morar em Bakston. ― Falei. ― Quebec seria maravilhosa, aquele clima outono-inverno, as praias, as pessoas falam francês o tempo inteiro.

Scorpius riu e estava prestes a dizer algo, se não fosse um guarda aparecendo na porta e o chamando.

― Vossa alteza, o rei quer vê-lo no escritório, ele comunicou que hoje você não foi dispensado de seus deveres e que deve retornar imediatamente. 

O guarda se curvou e foi embora.

― Até logo Rose, desculpe por isso, qualquer hora apareço.

Ele se despediu dando um beijo nas costas da minha mão e foi embora, fiquei curiosa qual foi o propósito inicial dele ir até meu quarto com o Luke, porém não o inquiri naquele momento.

Apenas fiquei ali, ponderando todas as ultimas emoções daquela manhã e ansiosa para a qualquer hora que Scorpius aparecesse e triste imaginando até onde o relacionamento com meu pai iria.

É, deve ser a lua em Libra.