Ficamos em silêncio por uns minutos, mas o único que dormiria ali seria o Luke.

― Por que você foi para a lateral esquerda? ― Sussurrei. ― E mandou eu e seu irmão para direita.

― Existe outra entrada na esquerda, ela é mais difícil de abrir e de achar, a chance era menor de conseguir, eu ia demorar mais, então pelo menos ia deixar você e Luke seguros, se eu conseguisse entrar e chamava um guarda. ― ele explicou.

Passei um braço na frente do pequeno e Scorpius também fez o mesmo, ficamos em silêncio, sem conseguir dormir e cada vez ficava mais escuro e neve parecia aumentar.

Talvez tenha passado duas ou três horas, eu não sei, mas quando vi pelas vidraças a neve tinha parado.

― Scorpius. ― o cutuquei, minha voz saiu fraca. ― A tempestade parou.

Tivemos que sacudir o Luke e ele se remexeu, um pouco sonolento, mas acordou.

Conseguimos sair da estufa com dificuldade, voltar ao castelo foi mais complicado ainda, mas chegamos.

Scorpius empurrou as portas e nos aliviamos quando elas abriram, assim que adentramos o palácio um guarda gritou.

― Eles voltaram. ―

― Altezas e senhorita a rainha quer vê-los. ― Um guarda informou. ― No escritório do rei.

Praticamente voamos até lá, a ideia de a rainha querer ver a gente, fez meu estomago embrulhar, talvez levássemos uma bronca. Chegamos lá e só estava a rainha, seus cabelos tinham fios desalinhados, ela usava um vestido verde e pesado, não vi o rei.

Dito e feito, ela falou com Scorpius sobre a irresponsabilidade dele, que ele devia ter checado a meteorologia antes de sair, mas logo nos abraçou e finalizou.

― Sejam bons rapazes e acompanhem a senhorita até os aposentos dela. ― Astória orientou.

Voltamos pelos corredores e Luke cantarolava novamente, antes de abrir a porta Scorpius me parou.

― Sabe, que tal no sábado, eu te levo para um encontro de verdade? Jantar a noite. ― ele deu um sorriso.

― E eu posso ir? ― Luke se intrometeu.

― Dessa vez não. ― Respondeu o mais velho e Luke bufou. ― Rose, desculpe por esse fiasco.

― Eu até me diverti. ― Dei uma risada.

Ele virou-se e foi embora, dessa vez não olhou para trás, abri a porta do meu quarto e me deparei com uma cena um tanto quanto incomum.

Alice e Amélia estavam sentadas na minha cama com um aspecto desolado, Roxanne estava sentada naqueles mini sofás embutidos nas janelas e Dominique estava na poltrona e Sirius estava agachado perto dela, segurando as mãos da menina em uma forma de consolo.

Como a maioria estava de cabeças baixas e inertes, não viram minha chegada.

― A onde é o funeral? ― Perguntei zombeteira.

Todos ergueram o queixo e sorriram e logo tinha uma fila para me abraçar, primeiro foi Amélia, depois Alice, Logo Roxanne, em seguida Dominique e por ultimo Sirius.

No momento em que abracei Sirius pude ver pelo canto do olho as sobrancelhas de Dominique se apertarem levemente, aquilo era ciúme?

Ficamos conversando uma meia hora e cada um se encaminhou para onde tinha que ir, menos Amélia e Alice, me arrumaram um pijama quente e deitei em baixo das cobertas e elas me deixaram sozinhas no quarto.

A manhã eu ia verificar melhor as passagens laterais e fazer contato, quando eu estava quase dormindo alguém bateu na porta, estou chegando à conclusão que meu quarto é uma espécie de point.

Eu esperava me deparar com Sirius, com Dominique, ou Alice e Amélia, mas me deparei com Luke.

Ele usava um pijama azul, e estava agarrado a um brinquedo.

―Rose, tive um pesadelo, posso dormir com você. ― ele pediu com a expressão do gato de botas, eu tentei recusar, mas não pude.

― Tá. ― Abri mais a porta para ele passar, ele correu para minha cama e se jogou lá, me acomodei ali e abracei-o.

― Por que veio até mim? ― Questionei.

― Papai não gosta que eu vá dormir com ele e a mamãe, ai eu fui pro quarto do Scorp, só que ele tem um sono muito pesado, eu bati um tempão na porta dele e ninguém abriu, ai eu me lembrei de você. ― A voz de Luke passava muita inocência.

― Tudo bem. ― falei. ― Agora vamos dormir.

Acabei caindo no sono ouvindo o ressonar da respiração de Luke, na manhã seguinte Alice pulou de susto, quando viu Luke ali.

Amélia correu par o quarto do garoto para pegar roupas além do pijama para ele poder sair para o café da manhã.

Elas me separaram um vestido lilás e eu fui me trocar no banheiro e quando sai Amélia já havia voltado, depois Luke foi para o banheiro, para se trocar.

Saímos do meu quarto e Luke segurou minha mão até chegarmos ao salão das refeições, Astória pulou de susto, por sorte só havia ela e Lysander no salão de refeições, mas com certeza Lysander faria fofoca correr, era capaz de dizer que eu estava me aproveitando do Luke para atrair atenção e que devia ter raptado o garoto.

Não liguei, Astória ficou espantada, entretanto não comentou sobre, apenas me sentei e esperei o inicio da refeição matinal.

Aquela semana passou-se quase normalmente, se não fosse pelos seguintes fatos, eu era péssima nas aulas de esgrima, o Luke foi ao meu quarto por mais duas noites, ele estava me chamando de melhor amiga até.

Eu também havia passado alguma comunicação para os rebeldes, sobre as entradas, mas não foi de tanta valia.

Um dia antes do meu outro encontro eu estava matando o tempo no salão das mulheres, devia estar anoitecendo, estava tranquilo até Lysander chegar aos pulos no local.

― Eu beijei Scorpius. ― Ela se gabou. ― Não acredito, fui à primeira.

Sabe de nada inocente, eu já havia beijado Scorpius duas vezes, mas preferi não comentar, para falar a verdade eu estava tentando controlar a raiva que eu sentia e expressão de tacho, por algum motivo eu queria gritar e depois matar Scorpius e ressuscitá-lo só para matá-lo de novo, como assim ele se contaminou com a Lysander?

Naquele momento eu tive uma epifania, eu ficava nervosa na presença de Scorpius, eu queria beijar ele, eu queria passar um tempo com ele, por mais que eu não admitisse, eu quase me derretia quando ele piscava para mim no jantar, ficava fula quando ele não fazia.

Corava com as palavras dele, comemorei uma vez quando ele puxou a cadeira para mim quando chegamos daquele encontro, mas não o fez para a Lysander e não pareceu dar a mínima para ela depois.

Oh não, eu estava apaixonada pelo garoto que vivia na nuvem de unicórnio, droga!

Não! Não podia, talvez eu nem estivesse apaixonada por Scorpius Malfoy, talvez fosse falta de controle emocional, também podia ser carência, talvez fome, era isso mesmo, eu estava com fome e não apaixonada,  acho que um pouco de lasanha podia resolver o problema.

Tentei ficar feliz por Lysander, eu juro que tentei, mas eu estava com uma coisa que havia sentido há muito tempo, ciúmes!