Naquela noite voltei meio desnorteada com o que estava acontecendo, virei até nos corredores errado.

Finalmente eu consegui chegar ao meu quarto, morrendo de vergonha, por que eu estava com aquele pijama patético e nem vou comentar o estado de meu cabelo.

Assim que entrei no quarto me deitei e adiei os planos de fazer uma comunicação, eu ainda tinha que organizar as ideias.

Primeiro procurei alguma coisa na conversa de Astória, eu sabia que já havia ido ao castelo quando pequena, mas não sabia onde essa informação seria útil, repassei a conversa de Scorpius.

― Lily é filha de dois figurões da política, tem o talento de convencer as pessoas, Dominique é de uma casta baixa em uma província com constantes ataques e revoltas, é para mostrar que nós, a realeza, não temos preconceito com castas mais baixas, sem falar que Dominique não tem o talento de acalmar as pessoas, ela tem o dom e a convocação dela acalmou os rebeldes. Lysander está aqui por causa de seus contatos na Austrália, Lucy está pelos seus contatos na Rússia, Roxanne é negra, isso é para mostrar que Illéa em um país sem racismo, o que todos sabem que é uma mentira, eu sei que nem posso falar de algo que nunca passei.

Ele citou que o rei já tinha suas opções e eu sabia quem era as opções, Lily Luna ou Lysander, gelei com a possibilidade dessas garotas, seja Lily ou Lysander, um dia terem uma coroa na cabeça.

E juntei os pontos, com certeza elas tinham um passe para a Elite.

E teve o beijo, algo que eu queria ignorar, mas minha mente teimava, acabei adormecendo depois de um tempo.

Fui acordada por Amélia, elas perguntaram sobre a conversa da rainha Astória, depois narrei que o príncipe viera aqui, apenas ocultei a parte do beijo e sobre a armação da Seleção, praticamente foi a conversa toda.

Por que ainda não era capaz de expressar em palavras, ou eu ficava em um estado bem confuso.

Falei sobre o meu encontro e elas piraram, como se fosse o encontro delas, eu não podia negar, o meu conceito sobre Scorpius estava mudando.

Ontem ele tinha falado sobre a cultura podre das castas, não diretamente, mas estava lá. Quando ele falou sobre Dominique e sobre Roxanne, quando ele citou o racismo, eu realmente pensei que ele vivia na nuvem de unicórnio.

Sai para o café da manhã e quando passava pelos corredores acabei presenciando uma cena desagradável, Scorpius estava batendo o maior papo com Lily Luna Potter.

Obviamente ela estava se jogando para ele, meu estomago revirou-se, dei o meu melhor sorriso e segui para a sala das refeições, Scorpius entrou logo depois com Lily, mas ele não puxou cadeira e nem nada.

Internamente eu sorri, por que ele havia puxado para mim, nem sei por que comemorei aquilo.

A monarquia entrou logo depois e o rei Draco não estava em um bom dia, fizeram os gestos dispensando as reverencias.

Servi minha comida, pão integral, bolo e chá, notei que a mesa tinha lugares vagos, não só de Selene, Amberly e Ashley, pelo que eu soube elas foram eliminadas essa manhã, mas alem das cadeiras dela havia outras cinco vagas.

A de Lucy estava vaga e faltavam quatro garotas, elas haviam sido eliminadas, ou seja, sobraram 20 selecionadas.

Concentrei-me mais nas pessoas da mesa do que na minha própria refeição, Astória parecia concentrada em um pêssego que degustava feito uma dama, os olhos do rei estava distantes, como se pensasse nos problemas, ele apenas dava garfadas mecanicamente.

Os pratos de Luke e Scorpius estavam intocados, eles faziam algum jogo de mãos, a rainha os repreendeu e mandou que eles comessem logo.

Scorpius viu que eu estava observando e me deu uma piscadinha e levantou um pouco os cantos dos lábios.

Tentei não corar, mas não é uma reação que de para se controlar, foquei em Luke e naquele momento percebi que ele não aparecia muito pelo castelo eu só o via nas horas das refeições.

Terminei meu desjejum e me mandei para as aulas de etiqueta, eu acreditava que madame Lestrange era terrível, mas Umbridge era pior.

Ela tinha cara de sapo e estava com um conjunto rosa, era torturadora, se quiséssemos falar tínhamos que levantar a mão direita, ela tinha um sorriso sádico também, era terrível.

Depois fui para as aulas de teatro coma professora Sibila, sinceramente acho que Trelawney andou tendo contato com substancias alucinógenas, por que ela não batia bem.

Depois de um dia cansativo mandei-me para o quarto e pedi o almoço em meus aposentos, por que eu não estava nem um pouco a fim de encarar pessoas.

As meninas me colocaram para tomar banho, depois me arranjaram um vestido elegante, ele era azul escuro com bolinhas pretas, ia até o joelho, tinha mangas longas e era de lã, elas deixaram meu cabelo solto.

As três em ponto alguém bateu na porta, era Scorpius e meu estomago embrulhou, mas havia mais alguém com ele, o príncipe Luke.

― Melhor colocar um casaco, pois a gente vai lá pra fora. ― ele avisou.

Alice e Amélia prontamente me trouxeram botas cinzentas de neve, um sobretudo também cinza e luvas pretas.

Assim saímos e fiz uma expressão interrogativa em direção ao príncipe Luke que ia à frente e Scorpius andava ao meu lado, ele não parecia o tipo de cara que leva o irmão mais novo no encontro.

― Deve estar curiosa. ― Pontuou ele. ― trouxe o Luke, ele soube que eu ia sair com você e birrou de todo jeito e tive que trazer ele para nos fazer companhia.

Luke saltitava alegremente, indo à frente.

― Ele fica por onde no palácio? ― Perguntei. ― Nunca o vejo.

― Ele fica mais na sala de estudos ou no quarto dele, ele não é fã das outras selecionadas. ― Explicou Scorpius. ― Mas por algum motivo ele se afeiçoou a você.

― Luke. ― Chamei o pequenino. ― Gosta de mim?

― Sim. ― ele respondeu saltitante. ― Você devia casar com meu irmão.

Olhei para Scorpius.

― Ei, eu não mandei dizer isso. ― Scorpius levantou as mãos em rendição.

― Luke, de quem você não gosta? ― perguntei tentando fugir do assunto e minhas bochechas estavam coradas.

― Não gosto da menina que tem o cabelo igual ao seu e nem da menina que tem o cabelo igual a do Scorp, elas duas andam juntas. ― Sua voz soou infantil.

― Lily e Lysander. ― Arrisquei.

― Acho que é. ― ele respondeu.

― Você gosta da menina negra, que tem aquele cabelão cacheado? ― Perguntei.

― Sim, mas nunca falei com ela. ― ele revelou e ficou quieto por uns instantes. ― Rose, você vai casar com o Scorpius.

― Luke, para por favor, casamento é sério! ― Repreendeu o mais velho.

― Não sei. ― Repliquei.

― Então casa comigo. ― o pequeno sugeriu na maior inocência.

― Opa, Opa. ― Ralhou Scorpius. ― Olha o respeito.

Olhei de forma interrogativa para o mais velhos dos irmãos.

― Na boa, você ensinou isso?  Mas tenho a leve impressão que seu irmão é um xavecador e bem galante. ― declarei aos risos.

― Não sei da onde saiu essa influência, por que sou péssimo com garotas. ― ele confessou.

― Sério, só 90% da população feminina de Illéa antes da Seleção estavam saindo no tapa por você. ― exemplifiquei.

― Acho que se interessam mais pela minha coroa e o que um casamento me envolvendo traria. ― ele replicou.

― Tá Rose. ― Luke interrompeu. ― Você vai casar comigo?

― Claro que não! ― O mais velho respondeu por mim.

Finalmente depois daquela caminhada chegamos no jardim, estava coberto de neve e totalmente branco.

― Quis te trazer aqui, aposto que em Sonage não tem muita neve. ― ele sorriu.

― Neve nenhuma. ― comentei.

― Conhece neve. ― ele arqueou uma sobrancelha.

― Sim, quando viajei para Staton. ― respondi e quando me dei conta uma bola de neve tinha atingido meu rosto.