Paranoia escrita por Yokichan


Capítulo 8
Capítulo 8




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Annie não quer conversar com médico nenhum. Por mais que Mark diga que isso vai fazer com que os sonhos ruins parem e que prometa que ninguém pensará que ela é louca porque ele mesmo não pensa assim, ela se recusa. Annie não imagina como alguém poderia entender o que ela sente. Aquelas coisas só acontecem dentro dela e não há como conta-las ou explica-las porque Annie nem mesmo sabe se existem. Como um médico seria capaz de acabar com algo que ele não vê? Annie sente que um buraco se abre toda vez que ela mergulha num sonho e tem medo de cair e ficar para sempre lá dentro. Ela só precisa parar de pensar neles, mas aquele médico não deixará que ela os esqueça.

Mark está sentado na beira da cama, cansado de discutir. Ele passa uma mão trêmula pelos cabelos e respira fundo.

— Por que você está agindo assim? — ele pergunta. — Você tinha gostado dele.

— Só que ele não é a pessoa de quem eu gostei.

— Só por que ele é um médico?

— Porque ele vai ficar me torturando com essa coisa de sonho!

— Essa coisa de sonho é o seu problema! Você não pode mais ignorar, Annie!

Ela se vira para deixar o quarto, não quer brigar com Mark, mas ele a segura por um braço e a faz ficar. Ela se debate, tenta se soltar, geme nãos tão dolorosos que ele quase não pode suportar e que lhe deixam os olhos molhados. Annie também está chorando quando Mark a pega pelos ombros e a sacode, e grita para que ela pare com aquilo.

Então ela desiste.

Vai caindo devagar, agarrando-se ao corpo e à roupa dele até acabar ajoelhada diante de Mark, os braços ao redor das pernas dele. Mark vai para junto dela e segura-lhe o rosto para que ele possa olhá-la nos olhos.

— Annie... Como nós podemos nos casar assim?

— Você não quer mais...

Eu quero. — ele beija-lhe os olhos molhados. — Eu quero você porque eu te amo.

Annie chora e tenta desviar o rosto, mas Mark a mantém ali.

— Mas você precisa ficar bem. Você precisa fazer isso por nós.

— Mark...

— Você pode fazer isso, Annie.

— Eu não consigo...

— Você consegue. Eu vou estar aqui o tempo todo. Eu prometo!

Ela agarra-se à camisa dele e o abraça com força. Sente o cheiro de sua pele e do perfume que ele usa. Sente a maciez do tecido em seu rosto molhado. Sente as costelas doerem quando ele a aperta junto de si. Então Annie se lembra de que Mark é real. Mark não faz parte de um sonho. Mark é a única porta que ainda está aberta. Annie pensa que se perdê-lo, não haverá caminho de volta.

— Tudo bem. — ela sussurra.

— Promete que irá ao médico comigo amanhã?

— Prometo.

Mark deixa os ombros caírem num suspiro aliviado. Ele beija-lhe o topo da cabeça e a leva para cama.

______________________________________________________

Mas na manhã seguinte, quando ele acorda, Annie não está mais ao seu lado. Ela não está em nenhum lugar do apartamento. E embora não faça a mínima ideia de onde encontra-la, ele veste a primeira roupa que encontra e sai para a rua com a sensação de que já é tarde demais.


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