Thalia tinha feito coisas estúpidas na vida — mesmo que a maior parte do tempo ela tenha passado como uma árvore. Porém, se apaixonar por Zoe era a pior de todas elas.

Ela sequer sabia como ou quando isso tinha acontecido. Talvez fosse o jeito que ela falava, ou o quão graciosa ela parecia à noite, quando a luz da Lua refletiam no seu rosto quase aristocrático.

Mas, como tudo na vida de Thalia, ela tinha desaparecido. E tudo que restou era um monte de "quases".

Como os quase sorrisos que Zoe a dava, antes de notar que sorrir para Thalia não era certo. Ou quando elas quase se deram as mãos, pois a filha de Zeus não aguentava mais a forma que seus dedos formigavam toda vez que sentia o calor da mão da caçadora próxima da sua. Ou, ainda, quando elas quase se beijaram, e Thalia vacilou no último segundo, pois Zoe a olhava de olhos arregalados e com a mão contra o peito, como se fosse empurrá-la mesmo que não quisesse. Ela não parecia Zoe de verdade, pois Thalia nunca tinha visto-a tão desarmada.

Thalia sabia que Zoe quase tinha se apaixonado também. Conforme o tempo passava, ela notou a forma que Zoe a olhava. Notou como seus olhos se perdiam quando viam as sardas espalhadas pelo seu rosto e ombros. Era como se tentasse as contar.

Mas, elas não podiam ter nada daquilo. Thalia tinha medo de altura, e Zoe era o céu.

Zoe nunca contaria suas sardas, porque ela estava tão no alto, e Thalia tinha medo de subir até lá e cair.

Agora, Zoe era uma estrela de verdade. Bonita, brilhosa e impotente como os planetas no céu. E tudo que Thalia podia fazer era olhar para ela. Tão tangível como sempre. As coisas pareciam não mudar tanto assim.

As caçadoras eram imortais. Viam todos os seus familiares morrerem, e não podiam se apaixonar. Thalia tinha violado essa regra, e agora seu destino era ficar olhando para Zoe enquanto existir, pensando sobre todos os seus quases até ela explodir como todas as outras estrelas.

Algumas coisas não são para acontecer. E tudo que restava à Thalia era esperar que em algum outro universo, as coisas pudessem dar certo. Ela não teria seu medo de cair, e Zoe já não seria tão distante.