Kai estava sentado na sala dos Satos, sua mãe havia proibido sua ida ao hospital aquela tarde, já haviam se passado dois dias desde o atentado nas indústrias Varick. Também fazia três dias que não tinha nenhuma notícia de Aira. Sabia que a garota estava bem pois estava com Mako, porém estar  sem notícias estava o deixando agoniado. Por mais que não quisesse assumir o moreno estava apaixonado pela avatar já fazia bastante tempo, ainda mais que já ia completar um ano que a garota estava com eles na cidade. E nessa semana seria aniversário de Kai e Mai, na verdade amanhã é o aniversário dos dois, mas eles não fariam nada para comemorar devido aos últimos acontecimentos.

Kai estava tão distraído que não reparou a chegada de outros pessoas na sala.

—Deveria tentar se distrair assim mais vezes garoto. Talvez lhe ajude.

Ao ouvir a voz de Mako, o dobrador de fogo levantou bruscamente encarando as pessoas que estavam à sua frente. Já ia retrucar ou brigar com Mako pelo que ele havia feito, mas calou ao olhar para Aira. Os cabelos dela estavam presos num rabo de cavalo baixo havia alguns curativos no rosto e o braço quebrado estava junto ao corpo.

—Você está bem? - foi a única coisa que conseguiu dizer.

—Estou Kai, foi só uma luta. - respondeu Aira. - Bom eu irei descansar. Não gostei nenhum pouco de viajar de avião.

Nisso a garota subiu para seu quarto.

Assim que Aira sumiu da vista dos dois Kai olhou fixamente para Mako e fechou a cara.

—Você não devia ter feito isso! Nem deixado ela fazer essa loucura!

—Kai, ela precisa de um pouco de paz. Ela reviu uns amigos, soube  da filha deles doente e quis ajudar, Aira não é preparada para as pressões como Avatar.

—Mas mesmo assim olha o estado dela!

—Deveria ter visto como ela lutou.

—Mako ela …

—Kai, tenho você e sua irmã como netos, ajudei Korra e Asami a cuidarem de sua mãe, então sinto que posso dizer isso. Meu jovem, esse sentimento que você tem pela jovem Aira te faz mais humano e te ajuda a não perder seu controle, mas Kai tome cuidado, as coisas que estão para acontecer talvez sejam de muito fortes para ela, ou até mesmo para você.

Sem esperar resposta, Mako saiu da sala deixando o jovem sozinho.

***

O quarto de Woe era uma bagunça, a cama sempre desarrumada, com roupas espalhadas por todos os lados, sapatos colocados uns em cimas dos outros, diversas fotos penduradas, brinquedos de ação de séries famosas que ele assistia. Porém mesmo sendo esse furacão era o único local, além dos braços de Mai, que o garoto sentia tranquilo. Era possível ver o rapaz perdido no meio das roupas no chão. A situação com seus pais estava difícil, ser um dominador de terra com duas sub dobras não facilitava as coisas. Ainda havia Mai, amanhã seria aniversário da garota e ele não havia pensado em nada, claro que a situação não deixa as coisas fáceis. Claro que eles não eram namorados, bom não publicamente, mas não podia deixar a data passar. Ouviu um barulho vindo do corredor, era comum isso, mesmo sendo filho único, sempre havia alguém em casa.

—Posso entrar? - ouviu a voz do seu avô não porta

—Sim

Seu avô por mais duro que seja ainda era mais compreensivo que seu pai, e mais brincalhão também. Mesmo que desde a morte da sua avó era possível ver o velho dobrador de terra sempre quieto em um canto.

—Seu tio avô acabou de chegar. Aira se machucou em uma batalha. Fui até lá fora te avisar mas não encontrei você treinando.

—Nao estou com muita cabeça para treinar. -respondeu Woe sem olhar para a frente.

Bolin se aproximou do neto sentado na beira da cama ao lado do jovem.

—Woe, seu velho avô já não tem muita cabeça para algumas coisas, mas me preocupo com você, seu pai, sua mãe, seu tio sua tia e seus primos. Vocês são a minha família. Você é o único de minha linhagem que herdou minha sub dorbra, sei que pego muito no seu pé, mas precisa compreender o que está por vir. Guerras são batalhas feias meu neto, e eu sei que luta ao lado do avatar é uma grande responsabilidade. Por isso que desejo que se torne um dobrador tão bom quanto eu fui um dia, ou o quanto já é hoje. Saiba que eu tenho orgulho de você.

Ao terminar o discurso um silêncio total se espalhou no quarto ficando por algum tempo assim.

Woe tentava compreender o que seu avô havia dito, sabia que as coisas estavam complicando e batalhas estariam próximas.

—Vô o que posso dar a Mai de presente?

Bolin riu pelo nariz da pergunta feita pelo neto.

—Um pedido de namoro talvez seja o necessário!

Nisso Woe e o avó riram.

***

Aira não havia saído do quarto desde o momento que chegará a mansão no dia anterior. Estava presa em seus pensamentos que nem reparou quando adormeceu. Hoje era um dia muito complicado para a avatar.

Seu reflexo no espelho do banheiro, e estava com a cara amassada pelo tanto que havia dormido. Lavou o rosto, trocou de roupa e desceu, já havia passado a hora do café então teria que ir a cozinha para comer algo.

A cozinha estava limpa, havia funcionários fazendo o almoço e alguns cuidando de outros preparativos.

—Senhorita Aira, vejo que acordou tarde hoje.- disse a governanta da casa.- Senhor Kai pediu para separarmos um pouco do café para a senhorita. Vou buscar.

Aira agradeceu ao prato de café que a moça havia trazido e chamava a atenção que Kai novamente lembrou-se dela, mexendo novamente com ela sentia pelo dobrador de fogo. Claro que depois das últimas descobertas, ainda não compreendia completamente mas sabia que sentia algo pelo rapaz.

Aira reparou que a cozinha estava uma movimentação fora do normal, havia mais agitação.

—Está tendo algo especial? -perguntou quando a moça veio pegar seu prato.

—A senhora Sato pediu para fazer algo um pouco especial. Algumas pessoas virão almoçar hoje comemorar o aniversário dos gêmeos.

—Hoje é aniversário da Mai e do Kai?

—A senhorita não sabia?

—Não! É muita coincidência! - riu Aira se levantando e seguindo até a sala.

Era muita coincidência toda essa situação riu baixinho.

Ao chegar na sala encontrou Ryu e Kim sentados. O dobrador de fogo parecia um pouco aflito, usava roupas pretas com detalhes em vermelho. Já o dobrador de ar estava menos despojado e com o rosto cansado, barba por fazer e cabelos um pouco grande.

—Ola meninos. - disse se sentando na frente dos dois.

—É bom vê-la Aira!- disse Kim.

—Você mesmo longe deu trabalho! - falou Ryu sem entender a garota- Por causa dessa sua pequena escapada quase tivemos um incêndio por aqui.- falou isso fazendo Aira e Kim rirem.

—Acho melhor tomar mais cuidado então! - falou sorrindo de lado.

Aira contou a eles como havia sido sua pequena escapada, contou um pouco sobre as lutas assunto que Ryu fico muito interessado.

—Você apanhou bastante!  - falou o príncipe.

—Mas bati também.- falou arrancando rosado dos dois.

—Disso eu não duvido.- falou Woe entrando na sala carregando uma sacola pequena parecia uma joia.

—Vai pedir ela em casamento hoje? -brincou Ryu.

Woe mostrou o dedo do meio para Ryu fazendo todos da sala rirem. Logo em seguida sentou ao lado de Kim.

—É só um presente. - falou fechando a cara.

Aira sorria com os amigos, porém sentia um pouco triste. Mesmo que ninguém reparasse.

Continuaram a conversa até que a campainha tocou, uma das empregadas foi atender. Kira entrou meio fechada acompanhada de Chun, ambas pareciam cansadas.

—Chun, eu soube o que aconteceu.- falou Aira abraçando a amiga. - Ainda bem que está tudo bem agora.

—Você também nos deu um susto mocinha.- falou Kira abraçando a amiga.

As três se sentaram no sofá. Kira e Chun perguntavam a Aira sobre os machucados e sobre sua antiga cidade.

Kim ficou um pouco quieto com o chegar das garotas assim como Ryu.

—Chun, e seu irmão?- perguntou Woe tentando entrar na conversa das três.

—Ele está em casa já. Tay faz a segurança dele 24 horas, mal dorme e come.

—É você? - perguntou Ryu.

Os dois não se falavam desde a noite no hospital, Ryu havia ficado com ela até tarde aquele dia, mas depois Chun ficará mais tempo com o irmão ou com as meninas, também resolverá algumas coisas com a imprensa e os funcionários.

—Estou bem!

Os dois se encararam por um tempo num silêncio amigo, enquanto os outros conversavam entre si eles estavam somente no seu mundo.

Mai e Kai haviam chegado a sala  acompanhados da avó Assami.

—Gente, quanto honra receber vocês aqui! - falou Mais arrancando risos de todos.

As meninas abraçaram ai dando feliz aniversário enquanto os meninos comprimentavão Kai logo depois foi a vez dos meninos comprimentarem Mais e as meninas Kai.

Aira foi a última a comprimentarem Kai.

—Feliz aniversário azulado! - falou abraçando dizendo o apelido que havia ouvido uma vez.

—Obrigado.- disse Kai ainda no abraço.

O Abraço dos dois foi mais demorado um pouco que os outros, mas somente quatro pessoas repararam.

Mas Kai reparou que assim que Aira se afastou o sorriso que havia no seu rosto morreu rapidamente.

***

—O prefeito está atrapalhando os negócios do contrabando.- falou o jovem de cabelos pretos.- Prendeu alguns fornecedores importantes senhorita Tea

A mulher olhou para os rapazes a sua frente analisando toda a situação.

As últimas ações da Fênix não puderam ser executadas pois Noah havia melhorado alguns pontos na segurança da Cidade.

—O concelho nos deu carta branca para fazermos o que queremos Tea.- disse Lia sentada ao lado da outro.

—Tenho uma ideia. Porém preciso do nosso informante na casa dos Sato.

***

Noah havia vindo almoçar com a turma, assim como Mako, Bolin e Aang. Mai havia gosta de ver o pai, enquanto Kai fechava a cara o tempo inteiro.

O moreno reparava o tempo inteiro que algo incomodava Aira. Então esperou até o fim da tarde onde quase todos haviam ido embora e a garota estava sozinha no jardim da mansão.

Kai reparava o quanto ela estava diante. A morena encarava as flores com seus olhos verdes, e olhava fixamente para frente.

Aira percebeu quando Kai entrou no jardim e quando ele sentou ao lado dela.

Ficaram alguns minutos em silêncio até Kai quebrá-lo.

—Você está estranha. O que te incomoda?

Aira olhou para Kai e seus olhos verdes fixaram nos avermelhados do rapaz. Não sabia como dizer o que se passava, mesmo que fosse algo bobo.

—Hoje… Hoje...Hoje é…- tentava a todo custo dizer mas a frase não se completava em sua boca.

—Hoje é o dia que seus pais morreram? - perguntou, achando que seria isso que deixava a garota triste.

—Não. É outra coisa. - falou Aira olhando novamente para frente.

—O que é Aira? - perguntou Kai preocupado.

—Meu aniversário.- falou um pouco baixo mas o suficiente para Kai ouvir.

—Seu aniversário? Não me diga que hoje…

—Sim, hoje eu completo 21 anos.

—Isso quer dizer que fazemos aniversário no mesmo dia! Mas por que não disse antes?

—Eu nunca comemorei meu aniversário, e toda situação que está acontecendo. Eu não quis atrapalhar.

—Aira - Kai pegou a mão da garota- Não precisa esconder nada de mim, ou de Mai. Estamos aqui para poder te ajudar.

Aira sorriu.

—Feliz aniversário Kai! - disse outra vez ao garoto.

—Feliz aniversário Aira.

Os dois ficaram até anoitecer no jardim sozinho. Mai havia saído com Woe e talvez nem em casa dormiria. Os outros já haviam ido embora e os mais velhos da casa já se retiravam. Aira e Kai subiram até seus quartos para dormirem, acompanharam um ao outro já que seus quartos eram de frente.

—Obrigada por tudo Kai.

—Eu que tenho que agradecer.

Aira sorriu novamente. Uma ideia rápida passou por sua cabeça. Talvez fosse loucura, mas ela precisa confirmar seus sentimentos.

—Kai. - chamou.

—Sim.

—Posso tentar algo?

Kai confirmou com a cabeça não imaginando o que Aira faria.

Porém ele não esperava por isso. A dobradora quebrou a distância entre os dois em um segundo selando os lábios dos dois. Kai havia se assustado com o acontecido, mas assim que os lábios macios de Aira encostaram nos seus ele levou as mãos até o cabelo dela, aprofundando o beijo deles.

Não foi um beijo demorado, rapidamente estavam olhando um para o outro, havia um pouco de vergonha mas Aira agora tinha certeza do que sentia.

—Boa noite Kai. Durma bem. - disse entrando para seu quarto deixando um Kai atordoado para trás.