Dor escrita por Tia H


Capítulo 1
Capítulo 1-único


Notas iniciais do capítulo

Terminei!
Gostei do que escrevi, mas achei difícil atingir todas as regras do desafio. Mas foi algo muito legal e eu espero mais desafios do grupo.
Não usei música na composição da fic, mas ouvi essa música em um looping infinito para escrever- https://www.youtube.com/watch?v=einMTwBywTo

Espero que gostem!



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Quando dizem que a vida inteira passa por sua cabeça na hora da morte não pense que será só quando você morrer, pois ver a morte de alguém muito próximo também pode gerar tal façanha e a dor causada por tal fato é tão forte que descreve-la é como tentar descrever sua própria morte.

Quando conheci Sasuke Uchiha eu poderia descrevê-lo com uma única palavra: arrogante. Talvez essa simples palavra fosse suficiente para que pessoas se afastassem de seu ego gigantesco, mas não para com o Uchiha. Por mais incrível que pareça Sasuke tinha um magnetismo em torno de si que tornava impossível a não aproximação com ele . Por mais idiota e babaca que ele fosse, por mais egoísta que fossem seus atos, todos nós estávamos, de uma maneira quase doentia, presos a ele.

Digo nós, pois eu não era o único a “orbitar” o Uchiha. Juugo o admirava de maneira quase religiosa e a presença do Uchiha era o bastante para que ele mantivesse sua fúria controlada, não digo isso pelos poderes oculares do Sasuke, mas também pela presença que ele passava ao Juugo, pra mim o jeito do Uchiha era simplesmente irritativo, permanecer calmo e indiferente nas mais variadas situações não parecia algo muito normal, mas ele era assim e Juugo permanecia sereno com isso.

Dentre nós o que mais me intrigava de fato, era como ela se sentia. Karin era a única menina do grupo, eu podia entender sua presença lá pelo fato de ser uma excelente ninja rastreadora e por possuir um tipo esdrúxulo de habilidade curativa onde morder partes de seu corpo poderia mantê-lo vivo. Porém, para ela, parecia mais que aquilo. Sentia que Karin não o “orbitava”, ela vivia ele. Eu não conseguia imaginar algo daquele nível, um sentimento tão devastador que nem mesmo a fúria de Juugo machucaria tanto. E no momento em que a ouvi gritar que ele se fora que seu chakra simplesmente havia desaparecido , também a vi cair de joelhos e fraquejar da maneira mais proibida para um ninja.

Eu seguia o Uchiha pelo simples fato de que ele me intrigava e seu magnetismo pessoal me fazia questionar a todo instante se ele não estava apenas utilizando-se de seu doujutso para nos hipnotizar e fazermos o que ele queria, mas depois de muito pensar eu percebi que seguia o Uchiha pelo simples fato de ser ele e não havia mais nada, eu não achava nada para explicar isso, mas se alguém chegasse e perguntasse: “Hey! Você lutaria até a morte se ele lhe pedisse?” eu simplesmente responderia: “Claro! Por que não?”. E isso era suficiente para eu desconfiar de minha sanidade mental. Mas ali naquele instante, percebi que a vida é algo tão frágil que mesmo ele com toda aquela pinta de invencível e aquele aqueles olhos medonhos, sucumbira aos braços da morte.

Vi Karin cair e Juugo petrificar no lugar. Eu só parei e esperei que aquele Sasuke deitado ali explodisse em uma nuvem de fumaça e se transformasse em um tronco qualquer ou até mesmo sorrisse de um jeito arrogante levantasse e voltasse à luta. Mas isso não aconteceu. E quando torturantes segundos, que pareceram horas, se estenderam e ele permanecia caído e inerte fui sugado em um turbilhão de pensamentos. Voltei à infância quando fiz meu primeiro amigo, oscilei entre o momento em que percebi minhas habilidades ninjas e o momento em que fui parar em um laboratório, depois disso muitos flashes do rosto de Sasuke passaram por minha mente, o dia em que ele me tirou daquela prisão parecia uma lembrança sem fim e depois disso apenas as lembranças ao lado do Uchiha. Fui retirado de minhas divagações pelo grito sofrido de Karin. Fui tragado de volta a vida real de maneira bruta e dolorida, estava em lembranças deveras boas e confortáveis e logo depois meus sentidos despertaram em um campo de batalha onde eu podia ver o Sasuke Uchiha caído. Morto. Senti meus joelhos fraquejarem e a parte sóbria que restava em mim não entendia o motivo disso, todo meu corpo estava anestesiado.

Morto.

Aquele vazio que eu estava sentindo começou a ser preenchido por um sentimento destruidor. Meu corpo, antes anestesiado, começava a doer e não era somente fisicamente. Por dentro uma chama me corroía, meu coração batia descompassadamente no peito chocando-se com fúria contra meu esterno e até mesmo respirar era difícil.

Olhei para trás e Juugo continuava parado e imóvel, as marcas negras em seu rosto pareciam compadecer por sua dor e não terminaram de tomar seu corpo como se não quisessem compartilhar daquele momento. Os sons de batalha ao longe entravam por meus ouvidos e naquele momento nada mais pareciam que o som de uma marcha fúnebre. Ouvi mais um grito de dor sofrido e virando minha cabeça para o lado vi que Karin também continuava lá, sendo destruída de dentro para fora, consumida num sentimento arrasador e foi aqui que me dei conta que se eu, que via o Uchiha como um companheiro de batalhas, me sentia destruído, como uma pessoa que dizia ama-lo estaria se sentindo num momento como esse? Seria eu capaz de mensurar tamanha destruição para ela? Somos ninjas e não fomos ensinados a dizer palavras de consolo, fomos ensinados a perder um companheiro e sentir-se por ele, mas continuar lutando, não tínhamos aulas de palavras doces nem de como nos portar diante de tal sofrimento, apenas éramos ensinados a seguir em frente.

Compreender minha dor era difícil, mas compreender a dos outros ajudava a esquecer a minha própria. Apoiei-me com a mão no chão, dobrei o joelho com intenção de levantar e me dei conta que fisicamente não doía, mas mesmo assim meu corpo latejava. Nunca levantar foi tão difícil. Olhei para o céu e senti algo molhado em meu rosto, não chovia. Olhei para os meus pés e vi gotículas de água cair no chão marcando o lugar. Neguei-me a tocar meu próprio rosto. Tornei a olhar para o céu, na direção da batalha que se afastava de nós, a lua estava gigantesca, tão bela e deslumbrante que qualquer um se sentiria encantado por ela. Vi então que sua forma grande e brilhante começou a ser tomada por um vermelho sangue, muito semelhante àquele que tomava o corpo do Sasuke. Vírgulas do sharingan se uniram a cor escarlate que, ironicamente, combinavam com aquele novo luar o tornando ainda mais belo.

Dei um passo à frente e vacilei. Firmei-me novamente no chão e tentei mais uma vez e, como uma criança que aprende a andar, dei poucos passos vacilantes na direção de Karin. Juugo se rendeu ao peso da dor e caiu por terra também, apenas eu tentava sustentar a perda. Onde estaria o garoto da Kyubi agora? Sasuke não era amigo dele? Onde ele estava quando ele precisou? Será que sentiria a dor que eles sentiam agora ou tomaria aquilo como uma perda da guerra? Tantas perguntas sem respostas. Se Sasuke estivesse ali lhe lançaria um olhar debochado e reprovador e diria que eram perguntas desnecessárias e sem sentido. Mas ele não estava ali, nunca mais estaria.

Antes de chegar perto de Karin, ergui meus olhos para a lua novamente e sua aparência vermelha sangue com aqueles pontos pretos me lembrava dos malditos olhos do Uchiha e me lembravam o que havíamos vindo combater. Tarde demais eu acho. Na verdade não importa. Talvez nada mais importe no fim. Se todos morreremos porque não morrermos num mundo onde a dor não existe?

Senti que começava ser envolvido no genjutso. Me ajoelhei diante de Karin. Seu corpo inteiro tremia. O chão a sua frente estava encharcado e eu me perguntei como alguém conseguia derramar tantas lágrimas . Senti algo começar a me envolver, como galhos que se enroscam pelo corpo, e começam a me imobilizar. Não lutei contra. Vi Karin e Juugo sendo envoltos pela mesma coisa, mas os dois também pareciam não se importar com tal coisa. Meu corpo junto com de meus colegas foi preso e nós pudemos desfrutar da visão final da lua. Tão grande tão vermelha. Era o fim, não só do Sasuke, mas o nosso também. Se existir algo depois da vida, talvez possamos encontra-lo.

Abri os olhos vagarosamente. Sentia meu corpo leve. Uma paisagem serena se estendia em minha frente e eu já não sentia minha face molhada.

Mas por que ela estaria molhada? Suprimi o pensamento.

Um pouco mais adiante vi um vulto ajoelhado. Caminhei em sua direção aproveitando a brisa fresca que tocava meu rosto. Os cabelos vermelhos começaram a tomar forma. E Karin se encolhia no chão daquela linda paisagem. Não entendi o motivo. Aproximei-me e vi que chorava. Como sentia dor em um lugar tão cheio de paz como aquele? Agachei-me em sua frente e toquei sua mão. Seus olhos vermelhos se ergueram para mim. Sorri minimamente, olhei fundo em seus olhos e sequei uma lágrima que escorria por seu rosto. Seu corpo tremia e eu não sabia o porquê.

-Não sabia que você chorava. – Provoquei.


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Notas finais do capítulo

E a?? Ficou boa? Atingi o objetivo? aushaushasuahsaush
Obrigada por lerem!

Vlw Flw

Semana que vem tem O vizinho dos meus pais.

Beijinhos



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