Fallen From The Sky escrita por Tia Ally Valdez


Capítulo 16
Como Perder Para a Sua Namorada


Notas iniciais do capítulo

Oi, amorecos! :3 Como estão?
Bem, estou meio sem tempo para falar agora, já que tenho que ir dormir, mas vim aqui postar para vocês! ;)
Então, sem enrolações, fiquem com o cap!
P.O.V do nosso Necromante favorito! :3
Enjoy it!



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Nico

É O QUÊ?!

Era o que eu queria ter dito, mas estava sufocando demais para falar. Thalia apenas soluçava baixo. Emily apenas ria da situação.

— Para a sua informação, Thalia, dois dias após a sua troca, Luke propôs um acordo com Akhlys. Não posso dizer o que ele prometeu em troca, mas sei o que ele ganhou. – Ela respirou, triunfante. – Adivinhe o que foi!

Thalia arregalou os olhos e engoliu em seco.

— Eu tenho algo a dizer... – Murmurei. Pelo silêncio, Emily estava me deixando falar. – Você fala demais!

Inclinei minha cabeça para frente e, em seguida, violentamente pra trás, causando uma enorme dor. Emily guinchou e me soltou, tirando as garras de minhas costas. Ofeguei quando cheguei ao chão. Emily estava com a mão prensada contra o nariz, do qual saía sangue negro.

— Garoto tolo! Você já tentou me matar! Não sabe como matar uma bruxa!

Ri debochadamente. Senti algo em meu bolso e sorri, tentando imaginar como aquilo ainda estava lá.

— Bruxinha tola... Se vivesse na cidade grande, saberia que estamos mais do que informados a seu respeito!

Tirei meu isqueiro do bolso e o acendi, jogando-o em Emily, que riu debochadamente enquanto o segurava.

— Sim, o fogo! Ótimo palpite! Pena que nessa eu não caio mais! – Emily sorriu. – Eu sei que vocês sabem a nosso respeito. Mas acham que será fácil assim nos matar? Muitos anjos já tentaram... Fogo, enforcamento e...

Antes que ela terminasse de dizer, só teve tempo de arregalar os olhos, surpresa, quando tirei Umbra do bolso e apertei o botão do cilindro. Com um intervalo de milésimos de segundos, movi Umbra num arco perfeito e Emily só teve tempo de arquejar antes que seu corpo tombasse para um lado e sua cabeça para o outro.

— Decapitação. – Ofeguei, tentando me apoiar em Umbra, falhando no quesito e tombando feio no chão. O ferimento das garras de Emily em minhas costas ardia muito. Mas tive forças para uma última coisa: peguei meu isqueiro nas mãos dela e o acendi novamente, agora sem ninguém para me impedir de jogá-lo em seu corpo.

Ofeguei novamente. Ouvi os passos de Thalia na minha direção.

Foi tudo o que ouvi antes que minha visão se escurecesse.

[...]

Acordei com dor. Uma dor de cabeça infernal. Eu estava agora na cama novamente. O corpo carbonizado de Margareth e o corpo decapitado de Emily não estavam mais lá. Olhei para a janela acima da cama e vi que o sol brilhava. Ouvi vozes coletivas, vindas do andar de baixo, e me levantei, sentindo minhas costas arderem em protesto. Minha cabeça latejava no ponto onde acertei o nariz de Emily. Ofeguei, levantando minha camiseta e vendo a cicatriz de suas garras em meu peito.

Tossi e caminhei até a porta. Estava usando outra camiseta. Caminhei até minha jaqueta pendurada na cabeceira da cama e não contive um muxoxo ao ver o estrago que as garras de Emily fizeram na mesma.

— Dá para consertar. – Ouvi a voz de Percy e tive um sobressalto. Virei-me para encará-lo, na porta do banheiro. – Tudo bem?

— Tudo ótimo... – Respondi, sentindo dor na garganta ao falar. Percy sorriu compreensivamente e pegou, da mesa de cabeceira, uma taça com água. Depois me estendeu. – Obrigado.

— Não precisa me agradecer. Foi Thalia quem cuidou dos seus ferimentos. Eu só me ofereci para ficar de olho e ver quando você acorda enquanto rola uma reuniãozinha lá em baixo.

Ao pensar em Thalia, pude me lembrar da noite anterior, na qual ela me disse o preço por salvar minha vida. E o que eu senti naquele momento a principio foi raiva. Agora eu não sabia identificar. Talvez um misto de raiva e tristeza. Não de Thalia. Mas de mim. Eu fui fraco. Eu só fui envenenado porque era fraco. Um fracasso.

Fracassado.

Sacudi levemente a cabeça para me livrar desses pensamentos e encarei Percy.

— Sobre o que é a reunião?

Percy suspirou.

— Sobre o que faremos a seguir. Você ainda precisa treinar, mas ontem Katie teve um sonho no qual demônios invadiam um museu, se não me engano.

— Por que demônios invadiriam um museu?

Ele deu de ombros.

— Sei lá... Talvez quisessem roubar um quadro ou tirar uma selfie com o esqueleto de dinossauro no Museu de História Natural.

Ri baixo.

— Mas estamos falando desse museu?

Percy negou.

— Não faço ideia de qual museu seja. Mas de uma coisa Katie teve certeza absoluta... – Ele me encarou. – Seja lá o que estiverem procurando, é para destruir boa parte do nosso mundo.

Que ótimo!

— Vamos descer então. – Falei. Percy assentiu e me estendeu meus óculos.

— Eu limpei hoje de manhã. Estão novos em folha.

— Beijou eles enquanto eu não estava olhando?

Percy bufou, fazendo com que eu risse.

— Imbecil.

— Você ama meus óculos, Jackson. Eu sei disso.

Peguei minha jaqueta e caminhei até a porta, já ouvindo a conversa com mais clareza assim que a abri.

— Não sabemos o que pode ter lá. – Thalia disse. – E Nico está fraco demais para lutar contra um demônio poderoso. Ele matou uma bruxa! E quase morreu!

— É uma habilidade natural do di Angelo. – Leo acrescentou. – Quase morrer e matar a gente do coração.

Sorri levemente.

— Eu sei disso, Thalia... – Disse Katie. – Mas se eles obtiverem o que estão procurando, estarão cada vez mais fortes do que nós! Eles não podem tocar na opala de fogo!

— O que é a opala de fogo? – Perguntei, fazendo com que os outros ali se sobressaltassem. Thalia me encarou de onde estava e um sorriso surgiu em seu rosto. Os olhos ainda brilhavam de tristeza com a noite anterior.

Eu dei uma gota do meu sangue em troca da sua vida”.

Retribuí seu sorriso. Estava cheio demais para demonstrações públicas de carinho.

— Estou ficando desconfortável com esse olhar cheio de luxúria e desejo. Se quiserem um quarto, nós esperamos aqui. – Disse Leo, fazendo com que eu corasse e desviasse o olhar de Thalia, que fez o mesmo, igualmente vermelha.

— Vai se ferrar, Valdez. – Reclamei. Leo apenas riu. Encarei Katie novamente. – O que é a opala...

— De fogo? – Katie completou por mim. Assenti. – É uma pedra antiga, guardada sob um museu dos Estados Unidos. Ela parece ter fogo em seu interior ou, para outras pessoas, um lindo por do sol. Essa opala dá poderes ilimitados sobre o fogo para aquele que a obtiver. Além disso, também fornece a Chama da Cura, que é capaz de curar qualquer ferimento, independente de sua gravidade.

— Uau. – Leo assoviou. – E se eu perder minha cabeça?

— A opala não realiza esse tipo de cura.

— E uma perda simples, tipo a minha mão?

— Também não.

— E um dedo?

— Não.

— E se eu perder meu...

— Valdez! – Izzy o calou. – Não quero mais ouvir nenhuma baboseira saindo da sua boca!

— Ba-bo-sei-ra. – Provocou Leo com um sorriso. Isabelle rosnou, inclinando-se sobre a mesa para socá-lo, mas Thalia foi mais rápida, puxando Isabelle e colocando-se entre ela e a mesa.

— Chega. Parecem duas crianças!

Isabelle apenas bufou. Leo ria divertidamente em seu lugar.

— Então está decidido. – Falei. – Vamos impedir que peguem a opala de sei lá o que.

— A opala de fogo. – Corrigiu Katie.

— Obrigado. – Falei. – Vamos impedir que os Renegados ou demônios, sei lá! Peguem a opala de fogo!

— Você não está fraco? – Thalia me encarou.

— Eu tenho uma espada que pode me ajudar com isso. – Sorri mostrando Umbra em forma de cilindro. Thalia sorriu levemente. Ela encarou Isabelle, que pareceu perceber o que tanto eu quanto a maravilhosa morena de olhos azuis queríamos.

Isabelle pigarreou.

— Nós vamos na frente para ver qual o caminho mais rápido até a estrada. Leo tem um mapa no bolso da jaqueta. Estaremos esperando do lado de fora.

Thalia assentiu enquanto Isabelle jogava sua mochila sobre um dos ombros e guiava os outros para fora. Assim que Percy saiu por último e fechou a porta, ergui meu olhar para encará-la. Uma parte minha queria muito beijá-la. A outra queria gritar com ela. Brigar por abrir mão da sua vida daquela maneira. Apesar de eu ter dito a ela que não valia um preço alto, ela pagou Akhlys com o mais alto dos preços.

— Eu não vou te pedir desculpas, Nicholas. – Thalia disse, séria. – Eu não vou me desculpar por ter salvo a sua vida, se é o que você espera.

— Não era. Eu sei que você achou que estava fazendo o certo.

— Eu não achei! Eu estava fazendo o certo!

— Não! Não estava! Você sabe que Luke tem o seu sangue em mãos agora! Algumas pesquisas aqui, alguns livros ali e ele tem a fórmula perfeita para te envenenar em questão de segundos! Por que não me deixou morrer?

— Por que não pode simplesmente me agradecer por ter dado minha vida pela sua?!

— PORQUE EU NÃO QUERO PERDER VOCÊ TAMBÉM! – Rebati. Eu não pude conter minha raiva. Não mais. – EU PERDI MINHA MÃE, PERDI BIANCA, NUNCA MAIS VEREI HAZEL, SE EU PERDER VOCÊ TAMBÉM, EU NÃO SEI O QUE FAÇO!

— E EU NÃO PODIA PERDER VOCÊ! NÃO NAQUELE MOMENTO! NÃO QUANDO EU SOUBE QUE ESTAVA ME APAIXONANDO! – Thalia cruzou os braços. Podia ser uns cinco centímetros menor que eu, mas tinha uma determinação que nenhum outro anjo teria. – Eu não quero morrer agora, Nico.

Caminhei até ela.

— Saiba de uma coisa... – Segurei, com delicadeza, seu braço. – Se você se atrever a morrer, Thalia Grace, eu vou percorrer o mundo todo atrás de Luke. E, quando eu o matar, eu juro por todos os anjos que não permanecerei nem um segundo sequer na Terra.

No segundo seguinte, ela me bateu. E não foi qualquer tapinha não! Foi uma bofetada muito bem dada no rosto. Por, pelo menos, cinco segundos, fiquei ali, atordoado. Até que finalmente virei-me para encará-la.

— Nunca mais diga isso! – Thalia parecia estar segurando suas lágrimas. – Eu nunca mais quero sequer pensar em você tirando a própria vida!

Baixei o olhar no segundo seguinte. Parabéns, seu imbecil! Merecia muito mais do que aquele tapa!

— Desculpe... – Pedi em voz baixa. – Desculpe, Thalia... É que... Eu não consigo mais me ver sem você, sabe? Eu não consigo me imaginar sem você.

Thalia sorriu levemente. Algumas lágrimas silenciosas rolavam pelo seu rosto.

— Eu te prometo, Nico... Nós vamos dar um jeito de pegar meu sangue de volta.

Sorri levemente. Depois me inclinei para beijá-la.

— Agora que resolvemos isso... – Comecei. – Vamos continuar?

Thalia sorriu e assentiu.

— Vamos... Antes que Leo entre aqui e pergunte se vou me entregar a você.

Levei alguns segundos para entender a frase e Thalia riu ao ver minha cara.

— Desculpe... Esqueci que vocês usam outro termo... – Ela pensou por um momento. – Seria... Transar?

Ri baixo e assenti.

— É o termo que os adolescentes usam hoje em dia mesmo.

Thalia fez uma careta.

— Mas transar é um termo tão estranho.

Ri alto.

— Se entregar a alguém é que é. – Defendi. Thalia me encarou com raiva e eu ergui as mãos em sinal de rendição. – Mas, se você quer saber, eu acho que é uma maneira muito linda de se definir uma relação sexual.

Thalia revirou os olhos e saiu primeiro. Ri baixo e saí logo depois.

Leo, Travis e Connor conversavam entre si sobre alguma coisa engraçada. Percy e Annabeth se agarravam perto de uma árvore alta e Isabelle e Katie estavam voando, vendo pelas copas das árvores qual seria o caminho mais rápido até a estrada.

— Vejo uma estrada! – Disse Katie. – Esperem... – Ela ficou em silêncio por um tempo e, no segundo seguinte, uma pequena trilha de flores se revelou à minha direita. Era um caminho até a estrada. Katie sorriu satisfeita e pousou. – Prontinho. Agora é só seguir em frente.

— Eu acho que uma trilha de florzinhas é muito gay para mim. – Falei.

Katie revirou os olhos e foi na frente. Isabelle a seguiu. Percy e Annabeth finalmente pararam de se pegar e começaram a andar. Travis se levantou primeiro, ajudando Connor e Leo a se levantar. Encarei Thalia e ela sorriu, começando a caminhar ao meu lado. Fiquei alguns segundos fitando seu corpo lindo (ok, eu estava fitando a bunda dela. Podem me julgar! Posso ser um cavalheiro, mas ainda tenho instintos primitivos masculinos!) antes de finalmente segui-la.

A caminhada nem foi tão longa. Não tivemos problemas com monstros. Chegamos a encontrar Olívia novamente.

— Aqui... – Ela me estendeu um galho de sua árvore. – Se estiverem com problemas, pode me chamar. Isso é parte da minha árvore, então posso estar onde ele está.

Sorri.

— Obrigado, Olívia. E seja menos chata a partir de agora.

Ela revirou os olhos e encarou Thalia.

— Ensine seu namorado a ser mais cavalheiro, Thalia. – Ela a abraçou. – Nos veremos novamente.

Thalia sorriu e assentiu. Depois voou até sua árvore, onde se fundiu ao tronco.

Revirei os olhos. Thalia sorriu levemente.

— Pelo menos vocês se entenderam.

Retribuí seu sorriso e continuamos caminhando até eu reconhecer a estrada.

Que estava fechada.

Vários policiais se encontravam lá. Faixas fechavam aquele ponto na estrada. Os policiais conversavam entre si, e pareceram intrigados ao nos ver. Olhei mais à frente e arregalei os olhos ao reconhecer o trailer destruído. Onde deveria estar o pé enorme do troll no qual batemos, estava um caminhão capotado. Sangue se encontrava no para-brisa rachado.

Engoli em seco ao ver médicos removendo uma maca na qual, obviamente, se encontrava um corpo.

Merda!

— O que estavam fazendo na floresta? – O policial perguntou quando a ambulância foi embora.

— Nós fomos... – Comecei, hesitando. – Fomos...

— Acampar. – Disse Thalia. – Fomos acampar. Mas aí nós nos perdemos.

— Sei... – Ele disse. – Esse celular parece familiar para vocês?

Ele clicou na tecla central do celular e eu reconheci os rostos de Travis e Katie, os dois faziam menção de se beijar, porém, entre os dois, estava Connor, com um sorriso bobo, fazendo com que Travis e Katie beijassem cada lado de seu rosto. Os três sorriam, dando a entender que a foto fora planejada. Connor empalideceu ao tocar os bolsos e não sentir o celular.

— Bem... – Comecei. – Certamente isso tem uma explicação...

— Não há como explicar a bagunça que fizeram, Sr. di Angelo.

Se eu era pálido, devia ter ficado transparente ao ouvir meu sobrenome.

— Mas... Como sabe meu sobrenome?

O policial percebeu que fez merda, mas não pareceu assustado. Ele sorriu um sorriso sinistro conforme ele crescia até ter uns dois metros. A pele ficou completamente negra (negra do tipo preto. Tipo meu cabelo).  Os olhos ficaram completamente vermelhos e seus dentes afiados. Uma segunda fileira de dentes superiores e inferiores cresceram em sua boca e eu soltei um grito agudo ao ver os outros policiais tomarem a mesma forma.

— Demônios médios! – Thalia agarrou meu braço e me tirou do caminho no momento em que o demônio cuspiu um líquido incandescente. – Não deixe que isso toque você! – Alertou, me ajudando a levantar logo depois.

Apenas nos entreguem o Necromante e sua morte será mais rápida!

— Não entreguem o Necromante e vocês vão viver! – Falei. O demônio rosnou.

Entreguem o Necromante e não serão torturados!

— Não entreguem o Necromante e ganhem um pote de Nutella!

O demônio guinchou e eu fui arremessado contra uma árvore. Por exatos três minutos, minha visão ficou escura.

— NICO! – Ouvi Thalia gritar. Ouvi o som do seu arco sendo retesado e de uma flecha sendo disparada. O demônio acima de mim guinchou novamente. Minha visão voltou lentamente. Ouvi passos. Depois Thalia me ajudou a levantar. Eu sabia que era ela pelo cheiro de chuva. – Seu imbecil! Vai acabar morrendo assim!

— Não resisti. Não tenho culpa! – Defendi-me. – Além disso, quem é que recusa um pote de Nutella? É uma oferta irrecusável!

Ela revirou os olhos.

— Você não tem jeito.

Sorri de canto. Ouvi o demônio sibilar e virei-me para olhá-lo. Os outros demônios, assim como o suposto líder do bando, tinham os olhos vermelhos fixos em mim.

Quero ver se vai continuar com esse sorriso ridículo quando eu arrancar a sua pele, Necromante! — Ele tirou a flecha de Thalia do ombro.

Ergui as mãos para o alto, fingindo estar frustrado.

— Por que é que hoje em dia todo mundo quer arrancar alguma coisa minha? Meu coração, minha espinha, minha pele... – Comecei a numerar cada um dos itens que quase me arrancaram nos dedos. – Só falta alguém querer levar os dedos do meu pé esquerdo! É sério, cara! Isso está ficando chato! Daqui a pouco vão querer arrancar o meu p...

CALADO! – O sibilar do demônio foi alto o suficiente para que eu ficasse quieto. Eu adorava fazer piadas, mas também sabia a hora de dar uma parada. – Eu vou matar todos os seus amigos, Nicholas... Vou forçá-lo a assistir a morte deles! E depois nós o levaremos ao nosso mestre!

— Quem? Luke? Sério que vocês escutam ordens daquele babaca da cara rachada? É tão... – Antes que eu completasse, a enorme mão com enormes garras do demônio foi prensada contra a minha boca. Era tão grande que, prensada contra a minha boca, ainda conseguia se fechar logo acima da minha nuca. E o demônio aproveitou isso para me erguer a alguns centímetros do chão.

Tão ingênuo... É difícil acreditar que você seja o Anjo da Terra. — Um riso debochado escapou dele. Ouvi o som do arco de Thalia sendo retesado ao máximo. – Não seguimos e nunca seguiremos as ordens de Luke! Nosso mestre sempre será o grande Cronos! O Primeiro Renegado! – Quê?!Agora, se me permite... Vamos levá-lo até Cronos!

Com muito esforço, consegui alcançar Umbra em meu bolso direito e a ativei, girando-a num arco e decepando o braço do demônio, que me largou uivando de dor. Sangue negro jorrava do que sobrara do braço e do pedaço decepado que jazia no chão. Ofeguei baixo de dor quando uma pequena quantidade entrou em contato com a minha pele. Sangue de demônio queimava.

— Não irei a lugar nenhum! E a única coisa que voltará ao seu chefe serão seus pedacinhos! – Ergui Umbra. A tatuagem de Necromancia em meu pulso vibrou quando o chão estremeceu e dezenas de esqueletos se ergueram. Rachaduras se espalharam pelo local. A grama aos meus pés estava morta. Os demônios recuaram, hesitantes, mas decidiram que eu iria por bem ou por mal e avançaram para cima de mim.

— Cuidado! – Thalia disparou uma flecha no momento em que um demônio avançou em minha direção, atravessando seu crânio. Sorri em agradecimento e avancei para uma das criaturas.

Você irá por bem ou por mal, Necromante!

— Eu prefiro não ir. – Falei e quase fui atingido por outro golpe.

ACHA QUE ESTAMOS BRINCANDO?! — O demônio sibilou. Depois gritou quando o atravessei usando Umbra.

— Na verdade... Quem não está brincando sou eu. – Sorri de canto quando o demônio se dissolveu em cinzas. – Porque eu não estava brincando quando disse que você voltaria em pedacinhos.

Os outros demônios sibilaram, se afastando devagar e me encarando com certo temor. Sorri de canto.

— Vão lá avisar pro seu chefe que o Necromante não quer mais que venham arrancar alguma coisa dele! E digam que, se for para me levar para algum lugar, que seja para o Wizard World Of Harry Potter ou para um lugar com bastante Nutella.

Os demônios sibilaram mais uma vez. Caminhei na direção deles, mas, antes que os alcançasse, já haviam desaparecido.

Leo assoviou quando a estrada voltou a ficar tranquila.

— Uau... Os Winchester poderiam levar você nas viagens.

Ri baixo.

— Acho que sou maravilhoso demais para eles. – Brinquei. Thalia me deu um tabefe.

— Besta. – Brincou. – O que acha que procurarmos um lugar para assistir Supernatural?

— Agora você falou minha língua. – Eu a abracei. – Namorada minha tem que gostar de Supernatural.

Thalia revirou os olhos. Depois começou a caminhar. Ela olhou para trás por um momento, mas arregalou os olhos ao me encarar.

Não pude me virar. Senti uma dor aguda na cabeça e, subitamente, tudo se escureceu.

Eu não estava no corredor. Nem numa cidade pós-apocalíptica, nem num Impala 67 com os Winchester e muito menos no Wizard World Of Harry Potter.

Eu estava numa enorme sala negra, com tochas que queimavam com um fogo vermelho escuro. Uma aura sombria se encontrava naquele lugar. Uma aura que fazia com que eu sentisse meus poderes sendo sufocados. Aquele lugar era praticamente uma câmara de gás para anjos. Eu tinha certeza de que, se não fosse parcialmente mortal (já que não era um anjo por completo), eu estaria morto.

— Gostou da casa? – Ouvi uma voz sinistra e grave, que ribombava pelas paredes como um trovão.

— Na verdade, acho que seria bacana se você redecorasse. Sei lá... Esse ambiente está muito macabro. Sabe que o Dia das Bruxas ainda não chegou, não é?

A risada que ecoou logo depois era tão macabra quanto a voz do monstro.

— Seu senso de humor vem me divertindo esses dias, Anjo da Terra. Meu comandante tem todos os dias uma piada sua para contar. Será realmente uma pena ter que tirar sua vida.

— T-tirar minha vida?

— Sim, Necromante. Tirar sua vida. Drenar seu sangue. Porque o sangue de um Anjo da Terra é a única coisa que pode me fazer renascer com todo o meu poder. Eu já tentei com sua mãe, porém me faltou um detalhe. Apenas a segunda geração teria o sangue necessário.A voz ainda ecoava pela sala, apesar de eu não estar vendo nada. – Infelizmente, não posso tocá-lo, senão já teria lhe matado.

— Você mesmo disse que adora meu senso de humor. Acho que ficaria muito deprê por aqui se eu morresse. – Comentei. Sua risada gélida fez os pelos da minha nuca se arrepiarem.

— Você realmente me diverte. Espero que seus gritos sejam tão divertidos quanto seu senso de humor.

Engoli em seco.

— Só veio aqui para que eu te conte uma piada?

Por um instante, tudo ficou em silêncio. Até eu sentir toda aquela aura negra me sufocar. Foi de um segundo para o outro. Arregalei os olhos e tentei respirar. O ar não entrava, nem saía. Tentei falar algo. Minha voz não saiu.

— Eu vim aqui para que você saiba que eu irei te matar, Nicholas di Angelo. Irei matar você e a todos que você ama. Irei matar, inclusive, a sua querida amada. Vou fazê-la sofrer da pior forma possível. E eu lhe juro, Necromante, que farei com que você assista. Farei com que você sinta a dor dela! É isso que eu vim dizer a você.

Tentei falar algo. Tentei ameaçá-lo, xingá-lo ou até mesmo fazer uma piada, mas aquela aura negra ao meu redor me impedia. Senti meu corpo ser erguido a alguns centímetros do chão, mas não consegui me mover. Fechei os olhos com força.

Abri os olhos subitamente, puxando todo o ar que consegui. Ofeguei e olhei em volta, encarando um teto bege acima de mim.

Tossi ao me levantar na confortável cama de casal em que me encontrava. Levei a mão à nuca, que latejava, e senti uma cicatriz. Seja lá qual tenha sido o ferimento, foi bem forte.

— Nico! – Ouvi a voz de Thalia e olhei à minha esquerda, encontrando-a saindo por uma porta a alguns metros da cama, provavelmente era o banheiro, já que os cabelos dela estavam molhados. Ela usava apenas um sutiã e uma calcinha, ambos pretos. E estava sorridente.

Senti meu rosto esquentar quando Thalia veio me abraçar com força, mas a abracei de volta, deitando a cabeça em seu ombro e sentindo seu cheiro de chuva, agora misturado ao cheiro de sabonete do banheiro.

— Ah, pelos anjos, Nico! – Ela se afastou para me encarar. – Quando aquele demônio atacou você... Eu fiquei tão preocupada! Foi um ataque muito forte, Nico!

— Eu estou bem, Lia... – Sorri quando ela me deu um selinho. – Quero saber o que aconteceu.

Thalia suspirou.

— Assim que voltamos a andar, um demônio surgiu. Ele estava escondido. Não sabíamos de onde ele havia vindo. – Ela pegou a toalha sobre a cabeceira da cama e secou seus cabelos. – Ele atacou você por trás com um golpe forte de um bastão de madeira e você caiu, inconsciente. Tinha um corte na nuca.

— Que chato... – Comecei. – Não acha que seria muito mais louco se meus miolos ficassem de fora? – Me arrependi de ter dito isso no momento em que Thalia bateu na minha cabeça usando a escova com a qual penteava o cabelo. – Ai! Desculpa!

— Imbecil... – Ela revirou os olhos, apesar de sorrir. – Posso continuar? – Perguntou. Assenti. – Bem... Eu dei um jeito no demônio e Isabelle cuidou do seu ferimento. Ela disse que você precisaria repousar. Então Katie nos estendeu aqueles amuletos de teletransporte e pegou o dela, voando até este hotel, onde usou seu amuleto para nos teletransportar até aqui.

— Uou. – Comentei. – Que louco.

Thalia riu baixo.

— Que bom que está melhor. Já são oito da manhã. Ficou apagado por dois dias.

Assoviei. Thalia percebeu que estava um tanto indecente e corou, caminhando até o banheiro com suas roupas. Ri baixo.

— Se quiser saber, você tem um belo corpo, Thalia!

— Eu vou aí enfiar uma flecha no seu olho!

Ergui as mãos em sinal de rendição, mesmo sabendo que ela não estava me vendo.

— Calma, moça! Parei, ok?

Thalia sorriu levemente quando saiu, já vestida.

— Venha... Vamos tomar café.

Sorri e me levantei, acompanhando-a até o saguão, onde os outros já se encontravam. Travis e Katie estavam se beijando em um canto enquanto Connor fazia expressões de enjoo. Percy e Annabeth conversavam perto da porta e Isabelle brincava com as sombras num canto escuro, puxando-as e depois soltando de volta. Leo a observava com certa curiosidade no olhar. Sorri de canto. Depois pigarreei.

— Nico! – Percy sorriu. – Cara, você gosta muito de se arrebentar, não é?

— É meu hobby. – Brinquei. Percy deu a língua. – E então? Vamos procurar um lugar para tomar café?

Percy assentiu e sorriu quando Thalia se aproximou.

— Estamos perto de uma cidadezinha. – Ela sorriu. – Só alguns minutos a pé e chegamos rapidinho!

Sorri e a seguimos para fora, caminhando pela estrada, que agora revelava algumas lojas, casar e pequenos restaurantes. Percy apontou para um café não muito longe e caminhamos até lá.

— Hoje eu vou te ensinar a manusear armas. – Disse Thalia. – Não pode depender só da sua espada.

— Eu não dependo só da minha espada. Dependo das minhas pernas também, porque, se nada der certo, correremos.

Thalia revirou os olhos, rindo baixo.

— Besta.

Sorri de canto. Depois entrei na frente.

[...]

— Isso é Nutella? – Thalia perguntou, olhando para o pote de Nutella.

Sorri.

— Sim. – Abri o pote e usei minha faca para passar Nutella em um pedaço de pão. – Prove.

Thalia hesitou, mas fez o que eu disse, levando o pedaço de pão à boca. No segundo seguinte, seus olhos se arregalaram, ambos brilhavam. Ela tinha um sorriso engraçado e fofo ao mesmo tempo.

— Eu quero mais! – Ela pediu com um sorriso. Ri alto. – Nico, isso é delicioso!

Ri um pouco mais baixo.

— Eu sei que é. – Passei Nutella num outro pedaço de pão e o entreguei para Thalia, que devorou tudo avidamente. Ri baixo ao vê-la daquela maneira. – Vai acabar se engasgando. – Brinquei. Thalia sorriu timidamente enquanto limpava a boca usando um guardanapo.

— Meu pai me mataria se me visse comendo assim. – Ela riu baixo depois de beber um gole de cappuccino.

Apenas sorri, observando-a. Não havia (e nunca haveria) como negar que Thalia era a coisa mais bela que eu já havia visto. A pele clara, com o nariz pontilhado por sardas. Os olhos azuis e brilhantes. Os cabelos negros. O sorriso de canto que ela me lançava...

Epa!

Corei ao notar que ainda a encarava fixamente e tanto Thalia como os outros começaram a rir.

— Parem de rir! – Senti meu rosto esquentar mais ainda. – Que droga!

— Relaxa, Nico... Ninguém vai contar que você estava fitando Thalia descaradamente.

Ainda vermelho, escondi o rosto atrás das mãos.

— Vai se ferrar, Jackson!

[...]

Caí no chão empoeirado de um hotel abandonado pela quinta vez naquele dia.

— Vamos, Nico! – Ouvi a voz de Thalia.

— Ah não... – Gemi de preguiça. – Estou cansado!

— Não está não! Você só treinou o uso de espada, adagas, lança, machados de guerra e arco e flecha! Ainda nem te ensinei a manusear um par de sai!

— SAI?! Você é ninja ou algo do tipo?

Ela revirou os olhos.

— Levante, preguiçoso!

Choraminguei, tentando convencer Thalia a me deixar jogado no chão.

— Mas estamos treinando há quatro horas e sem nenhum intervalo! – Reclamei. Ela revirou os olhos.

— Levanta, Nico!

— Eu não aguento mais treinar!

Ela bufou, irritada.

— Vamos fazer o seguinte... – Ela caminhou até mim, segurando sua lança em uma das mãos. – Escolha uma arma. Qualquer arma. Se conseguir me derrubar, nós acabamos o treino por hoje. – Ela sorriu de canto. Engoli em seco. – Agora, se eu derrubar você, vamos treinar por mais duas horas!

Ótimo! Vou treinar por mais duas horas!

Levantei-me, tirando Umbra do bolso.

— Feito.

Thalia sorriu, largando a lança e pegando, da mesa que Isabelle conjurara, duas adagas. Adagas requeriam uma maior proximidade ao adversário. Consequentemente, requeria mais habilidade em combate. Estou ferradamente ferrado!

Ela me encarou com seus olhos azuis vibrantes e colocou-se em posição de luta. Engoli em seco, mas fiz o mesmo.

E quase não me defendi quando Thalia avançou para cima de mim, descrevendo um arco com uma das adagas, da qual eu desviei. Em seguida, ela brandiu a segunda adaga em minha direção e eu utilizei Umbra para bloquear o golpe. Thalia riu baixo quando tentei desarmá-la. Afastei-me quando ela se moveu, quase me derrubando. Não posso cair!

Era a minha vez. Segurei Umbra e avancei para cima de Thalia, que cruzou as adagas à sua frente, bem onde eu a atacaria. Ofeguei quando ela prendeu Umbra entre as duas lâminas cruzadas. Ela sorriu de canto, cruzando mais ainda as adagas. Se eu não desse um jeito de sair de lá, perderia minha espada.

Thalia sorriu mais. Depois largou as adagas, caminhando em minha direção e agarrando minha nuca. Arregalei os olhos quando ela me puxou para um beijo, mas o retribuí no mesmo segundo.

Para que ela me desse uma rasteira no segundo seguinte, derrubando-me. Suas mãos moveram-se rapidamente, tirando Umbra das minhas mãos. Ofeguei quando Thalia encostou a lâmina negra em minha garganta. Ela nem sequer ofegava. Apenas tinha um pequeno sorriso, que foi aumentando até virar um riso quando encontrou meu olhar atônito.

— Não valeu! – Reclamei, ainda no chão e com Thalia ainda em cima de mim. Ela ainda ria alto. – Pare de rir!

Com muito esforço, Thalia conseguiu parar. Ela me encarou com um sorriso. Depois se aproximou.

— O inimigo não vai jogar limpo, Nico. Tenha isso em mente.

Ergui uma sobrancelha.

— Está querendo dizer que Luke vai me beijar para me distrair?

Thalia revirou os olhos, mas riu baixo.

— Você é um idiota mesmo, Nicholas. – Brincou. – A única pessoa que vai e que pode te beijar... – Ela me deu um selinho. – Sou eu.

Sorri e a puxei para um beijo de verdade, sentindo-a sorrir antes de retribuir o beijo. Segurei sua mão e fiz Umbra voltar a ser um cilindro. Depois nos virei, ficando por cima de Thalia enquanto ainda a beijava. Suas mãos foram aos meus cabelos, ora puxando-os, ora afagando-os. Sorri de canto e voltei a beijá-la, aprofundando aquele beijo cada vez mais até...

— Não deviam estar treinando? – Ouvimos a voz de Leo e nos separamos num pulo. Eu não sabia dizer quem estava mais vermelho: eu ou Thalia. Leo tinha um sorriso malicioso. – Safadinhos! Dizem que vão treinar e ficam aí se pegando!

— Vai se ferrar, Valdez! – Reclamei. – Sai daqui!

— Sei... Para vocês transarem?

Thalia corou violentamente. Senti meu rosto esquentar.

— E se a gente fosse transar? Você entraria aqui e veria o meu bumbum! Seria legal para você?

Leo parou de rir na hora, fazendo uma careta ao imaginar a cena.

— Pensando por esse lado... Tem razão. – Ele me encarou e voltou a sorrir maliciosamente. – Não vou mais atrapalhar vocês, seus safadinhos. Podem voltar a “treinar”. – Ele fez aspas com os dedos e saiu. Gritei um palavrão qualquer e voltei a encarar Thalia, cuja vermelhidão já sumira do rosto.

— E agora? – Perguntei, levantando-me e ajudando-a a levantar. Thalia sorriu de canto.

— Agora, Necromante... O senhor vai ter mais duas horas de treino!

Gemi em protesto, mas Thalia apenas riu baixo e caminhou até a mesa de armas.

Seria um longo dia de treino.


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Notas finais do capítulo

E aí? Me digam o que acharam! :3
Nos vemos nos reviews! o/
Bom feriado para vocês! :3
Bjoks! *3*