POR JIN

— Provavelmente hoje vai dar tempo de você jantar com os meninos. Acho que já faz um tempo! – o manager disse, quando estávamos saindo da emissora, se referindo ao fato de eu ter sido liberado mais cedo.

— Verdade! – eu dei um sorriso amarelo, tentando parecer animado.

Na verdade, eu não sabia se os meninos iriam me esperar para o jantar, não sabia qual tinha sido a reação deles ao saber sobre o “meu namoro” e não estava nem um pouco a fim de conversar com eles ou com qualquer outra pessoa sobre isso.

Quando o manager me deixou na frente do dormitório, eu apenas falei para mim mesmo que estava tudo bem, e que não devia explicação de nada a ninguém. Eu estava me sentindo mal, afinal os meninos são a minha família e eles merecem uma explicação, mas nesse caso eu não podia fazer nada, apenas aguentar (ou tentar aguentar) as pedras que todos vão jogar nas minhas costas.

Assim que abri a porta, vi Jungkook em pé no meio da sala, parecia ter acabado de chegar, e J-Hope estava se levantando do sofá com o olhar fixo no garoto, pois eles estavam conversando, mas seu olhar logo se voltou para mim.

— Por que você fez isso com Lis? – Kook perguntou no momento em que notou minha presença, sem esperar nenhum segundo sequer.

— Eu não estou com cabeça para conversar sobre isso, Kook. – eu respondi rispidamente, cortando o assunto e pronto para me trancar no meu quarto.

— Então é isso? Você magoa Lis e não dá a mínima importância para isso. Esperava mais de você, hyung! – eu continuei andando pelo corredor e simplesmente ignorei a presença de Jimin, Namjoon, V e Yoongi que agora também estavam na sala - Talvez seu cansaço seja mais importante do que o fato de fazer Lis chorar. – senti meu coração paralisar, assim como eu paralisei no corredor ao ouvir aquilo, mas depois de respirar fundo me tranquei no quarto.

Ouvi quando a porta da sala foi fechada com tudo, e tive certeza de que os meninos tinham saído atrás de Jungkook. Eu nunca tinha sido grosso dessa forma com nenhum deles, o que estava fazendo minha cabeça explodir. Agora todos pensariam que a fama subiu à minha cabeça. Lis sem dúvidas era a mais decepcionada de todos, e ironicamente era a pessoa que mais tinha me apoiado em todas as minhas decisões.

Me senti ainda mais uma porcaria ao ouvir Jungkook se referir ao fato de eu fazer Lis chorar, o que provavelmente significava que eles tinham se encontrado. A raiva só me invadia cada vez mais.

— NÃO ERA ESSA VIDA QUE EU QUERIA! – eu gritei ao jogar meu celular contra a parede do quarto e desabar em lágrimas.

Depois de algum tempo aos prantos, eu me recompôs e fui tomar banho. Saí do banheiro com fome, mas não estava com disposição para comer, então apenas me joguei na cama. A intenção era dormir, afinal amanhã eu tinha que acordar cedo, mas eram tantas coisas passando pela minha cabeça, que eu não estava conseguindo pegar no sono. Foi aí que eu me lembrei das pílulas para dormir, que eu usava na época em que eu costumava ter diversas crises relacionadas ao meu acidente de infância.

Abri a porta do quarto silenciosamente para conferir se os meninos ainda não tinham chegado, e fui até a cozinha pegar um copo de água. Quando voltei para o quarto, peguei uma pílula em uma caixa que ficava embaixo da cama, e depois de tomar o remédio me deitei.

— Você sabe que eu te amo, certo? – perguntei olhando nos olhos de Lis, que sorria.

— Não sei... – ela me analisava com um sorriso brincalhão estampado no rosto – Será que ama?

— Você está duvidando do meu amor, Sra. Jung? – eu carinhosamente puxei a mão da garota que andava ao meu lado.

— Eu nunca disse nada. – então ela saiu correndo pela Café, como se estivesse brincando de esconde-esconde.

— Por que eu nunca consigo ficar perto de você?

— Talvez seja porque o destino não quer. – nesse momento ela me olhou com uma expressão séria, parada do lado oposto ao meu.

— Por que o destino cruzaria os nossos caminhos para depois nos separar? Eu não entendo.

— Não é o destino, são eles que querem nos separar. Não temos opção! – lágrimas já escorriam no rosto dela, e sempre que eu tentava me aproximar algo nos afastava ainda mais – Você vai desistir de mim, SeokJin?

— NÃO! – eu gritei desesperado – Eu protegerei você, mesmo que seja uma jornada difícil. Eu posso enfrentar qualquer tipo de ameaça por você, eu darei tudo de mim por nós, Lis.

— Não é tão fácil assim... – ela gritou aos prantos, e quando eu quase consegui chegar perto dela, alguém a puxou.

— Lis, eu preciso de você. TUDO QUE EU PRECISO É VOCÊ! – por mais que eu tentasse, eu não conseguia sair do lugar.

— Acho que isso é um adeus, Jin! – ela se debatia contra a pessoa que a segurava.

— Não, Lis! Você tem que confiar em mim. – eu chorava, e batia meu punho contra o peito – Eu irei te proteger, eu nunca vou te dizer adeus.

— Tudo vai mudar, Jin. Eles vão nos mudar.

— Mas, meu coração não vai mudar. Eu amo você, eu amo você, Lis Jung! – ela não tinha mais forças para lutar contra aquela pessoa – Sempre mantenha isso em mente, porque eu sempre te amarei.

— Por que isso está acontecendo?

— É tudo culpa minha... me desculpe! Um dia eu irei te explicar tudo.

— Não se esqueça de mim, SeokJin. Não desista de nós. – ela falou e então sumiu na escuridão como poeira.

— LIS... eu não te esquecerei. ME DESCULPE... ME DESCULPE! – eu continuei repetindo sozinho na escuridão, chorando desesperadamente.

Acordei suando frio, com lágrimas no rosto e com uma sensação de que tudo aquilo tinha acabado de acontecer. Quando olhei para o relógio ao lado da cama, me surpreendi ao ver que ainda eram três e meia da manhã, e que o sonho, ou melhor, que o pesadelo tinha sido tão forte que o remédio não tinha surtido total efeito. Sentei na cama e não conseguia parar de pensar em tudo que tinha acabado de sonhar, tudo ainda estava claro na minha cabeça. A sensação tinha sido tão real, que eu cheguei a pensar que tudo aquilo realmente poderia ter acontecido. Mesmo tendo sido real ou não, de uma coisa eu tenho certeza, minha vida está se tornando um verdadeiro  pesadelo.