POR JUNGKOOK

— Eu estou indo! – falei para meus pais, enquanto calçava os sapatos.

— Já? Não quer ficar para o jantar? – minha mãe perguntou da cozinha.

— Eu já almocei aqui hoje, não quero dar mais trabalho e os meninos devem estar me esperando para o jantar.

— Entendo... – pude sentir um tom de tristeza na voz da minha mãe.

— Apareça mais vezes. – meu pai falou do nada, e eu não pude deixar de me assustar.

— Sim, senhor! – eu o reverenciei – Então, eu vou indo...

— Cuidado! – minha mãe falou, após sair da cozinha para se despedir de mim.

— Qualquer coisa que precisarem podem me ligar, e não deixe de me informar sobre o estado do meu pai. - eu pedi antes de sair.

Minha cabeça estava pesada, meus olhos estavam marejados e meu coração parecia que ia explodir a qualquer momento. Fazia um bom tempo que eu não visitava meus pais, e depois de tanto enrolar, finalmente resolvi seguir o conselho de Jin hyung. Então, aproveitando o fato de que eu e os meninos fomos liberados hoje, resolvi passar o dia com meus pais.

Meu pai, aparentemente, e segundo a minha mãe, estava bem melhor. Apesar de sua teimosia, estava seguindo o tratamento com cautela, e indo para todas as sessões de quimioterapia nas terças e quintas. Fiquei feliz e aliviado por ele está melhor, e estar respondendo bem ao tratamento, mas o que mais me surpreendeu foi ter visto alguns álbuns do BTS no quarto dos meus pais, quando eu fui ao banheiro. Nem acreditei, porque ele sempre deixou bem claro ser contra o fato de eu ter me tornado um idol, e isso com certeza era uma das mínimas coisas que eu esperava da parte dele.

Saí da minha casa atordoado, e nem estava raciocinando direito para onde tinha que ir pegar o metrô para voltar ao dormitório. Parei em frente a uma praça que costumava brincar quando criança, depois que meus pais resolveram se mudar para esse bairro. Eu era o mais novo dali, diferentemente de quando eu morava no bairro anterior onde moravam muitas crianças da minha idade, e a minha melhor amiga, por isso na maioria das vezes eu ficava praticando alguns passos de dança sozinho naquela praça, bem no canto – perto da gangorra – para não chamar atenção.

— Lis? – eu pensei estar enganado, mas não tinha como aquela garota sentada no balanço não ser Lis.

— Jungkook? – ela perguntou, segundos depois, quando eu me aproximei.

— Você está bem? – eu não pude evitar a pergunta, já que a garota estava chorando.

— O quê você está fazendo aqui? – ela passava a mão freneticamente pelo rosto na tentativa de enxugar as lágrimas.

— Eu fui visitar meus pais, e... bom, isso não vem ao caso. – mesmo que eu estivesse me sentindo mal, ela parecia estar bem pior – O quê aconteceu com você?

— Acho que você não soube ainda... – ela ponderou, olhou para os pés, e então me olhou nos olhos – Jin está namorando.

— Como assim? – eu falei confuso, realmente não estava entendendo o que ela queria dizer.

— Hoje foi anunciado oficialmente pela BIG HIT que SeokJin está namorando... com aquela atriz que contracena no drama com ele.

— A Lee Sung Kyung?

— Sim, essa mesma. – Lis suspirou, e então me fitou novamente – Você realmente não sabia?

— Não! Eu passei o dia fora, nos deram folga hoje. – eu respondi incrédulo.

— Vocês também estavam de folga? Mas eu vi a van de vocês no estacionamento da empresa hoje.

— Era o Jin hyung usando a van, ontem Soon Deok nos avisou que estaríamos livres hoje.

— Entendo... também fomos liberadas hoje, depois da reunião que tivemos pela manhã.

— Alguém sabe que você está aqui?

— Eu avisei as meninas que precisava espairecer um pouco, ficar naquele quarto não estava me fazendo muito bem, e nem dormir eu consegui depois de ler todas aquelas notícias.

— Então você ficou sabendo pela internet? – eu perguntei ainda sem acreditar na “novidade”.

— Na verdade, a internet só me confirmou o que eu vi hoje de manhã.

— Você encontrou o Jin hyung, hoje? – ela balançou a cabeça confirmando, e eu só conseguia imaginar o quanto ela estava sofrendo.

— Eu vi os dois juntos na empresa de mãos dadas, e quando cheguei no dormitório descobri o que realmente estava acontecendo pela internet. - eu continuava de pé na frente da garota.

— Eu não acho que isso tá certo, alguma coisa está acontecendo. Jin hyung te ama, Lis! – eu olhei bem no fundo dos olhos dela.

— Também pensei que era assim, mas já fazia um tempo que ele estava me ignorando e no fundo eu acho que dessa vez tudo acabou mesmo. – Lis disse e instantaneamente começou a chorar, escondendo o rosto nas mãos.

Meu coração doeu tanto ao ver Lis naquele estado, que as minhas preocupações anteriores já tinham sido soterradas momentaneamente, e então eu soube que eu ainda amava essa garota. Dei alguns passos para frente, e abracei ela, que logo encostou seu rosto em minha barriga. Ficamos assim por um bom tempo, quando chequei o relógio já passava das sete horas, Lis estava morrendo de vergonha, e não parava de pedir desculpas por me fazer vê-la naquele estado.

— Tenho que ir pra casa... e acho que você também. – ela disse, depois de alguns minutos em que me fez sentar no balanço ao seu lado.

— Você está melhor? Podemos ficar mais um pouco...

— Acho que já nos arriscamos demais nessa praça, alguém poderia ter nos reconhecido.

— Você tem razão, mas isso era o que menos importava quando eu vi você sozinha aqui nesse estado. – eu falei me levantando, logo depois que ela se levantou do balanço.

— Muito obrigada por hoje, Jungkook. Acho que ficar aqui sozinha teria sido bem pior... apesar de ter sido vergonhoso o fato de você me ver assim. – ela me abraçou inesperadamente, e eu petrifiquei tentando reunir palavras para responder a garota.

— Sem problemas... – eu falei por fim, quando ela deus alguns passos para trás e me encarou.

Insisti para levá-la até o dormitório do GIFT, mas ela argumentou que se alguém nos visse poderia pegar mal para nós dois, e poderíamos nos meter em problemas. Eu acabei cedendo, e segui para a estação de metrô mais próxima, depois de ver Lis pegar um táxi, apesar do dormitório dela não ser tão longe de onde estávamos.

Passei o caminho inteiro pensando em tudo que Lis tinha me contado, e acabei pegando meu celular para ver as tais notícias com meus próprios olhos. Eu ainda tentava achar uma explicação para toda aquela situação, não conseguia imaginar o hyung fazendo algo para magoar a garota que ele tanto ama, o brilho nos olhos dele quando ele se refere a Lis ou quando ele a encontra é algo inexplicável.

Quando cheguei ao dormitório, imaginei que Jin ainda não tinha chegado já que fazia algum tempo que ele vinha chegando tarde ao dormitório, geralmente quando eu e os meninos já estávamos indo dormir.

— Olá! – eu falei assim que vi J-Hope hyung assistindo TV.

— Estávamos te esperando para jantar! – ele falou, depois de conferir que era eu que tinha chegado – KOOK ESTÁ AQUI, VAMOS JANTAR! – ele gritou para chamar os meninos que deviam estar em seus quartos.

— Acho que você e os meninos já estão sabendo. – eu falei sem dar muito bola para o que ele tinha falado.

— Algo parece estar acontecendo com Jin hyung. – ele disse, e logo em seguida Jin abriu a porta, e eu não consegui me conter.

— Por que você fez isso com Lis? – a esse ponto, eu nem dei importância às formalidades da diferença de idade entre nós dois.

— Eu não estou com cabeça para conversar sobre isso, Kook. – ele me ignorou e saiu andando pelo corredor.

— Então é isso? Você magoa Lis e não dá a mínima importância para isso. Esperava mais de você, hyung! – eu estava muito furioso com o desprezo dele em relação a toda aquela situação - Talvez seu cansaço seja mais importante do que o fato de fazer Lis chorar. – Jin paralisou no corredor ao ouvir aquilo, passou a mão no cabelo, suspirou e depois entrou no quarto batendo a porta com tudo.

J-Hope, Jimin, Namjoon, Taehyung e Yoongi estavam me fitando com os olhos arregalados, como se nunca imaginassem tal reação da minha parte. Eu estava indignado com tudo aquilo, e não tinha como me sentir mais calmo depois de ver o desprezo que Jin deu a toda a situação. Saí pela mesma porta por onde tinha entrado poucos minutos antes, e os hyungs me seguiram, talvez estivessem com medo de que eu acabasse fazendo alguma besteira.