A Filosofia do Existir de um Imortal escrita por Teffyhart


Capítulo 6
VI


Notas iniciais do capítulo

Teoricamente esse capítulo deveria vir antes do anterior, mas já que ele foi publicado nessa ordem, assim será ;)



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Então existia ele. Existia o vazio. Existia uma vida nova, uma consciência infantil que mal sabia estar fadada à morte.

A existência dele, já tão conturbada, rodava em torno de uma falta dela própria. Triste em seu paradoxo, mas fraca demais para fugir de tudo aquilo.

Existia o templo, também. E a estátua. Exista suas Deusas, que a única recompensa que davam por sua fé initerrupta, era o direito de ser testado novamente. De ter sua fé abalada para que ele a reerguesse mais forte. Mais centrada.

Os séculos passavam novamente e ele, novamente, permanecia. Sob um céu sem vida ficou, até que ele renasceu. Sobre os cadáveres dos animais até que eles se desfizessem. Sobre a terra amaldiçoada com a morte, que teimava em lembrá-lo da falta que não fazia.

De sua presença constante.

Quem era ele? Sieghart. O que era? Tradição.

Ele era a melhor definição para aquela palavra. A coisa que passavam-se os anos e ela permanecia.

Imortal.

Ele ria, mas achava que provavelmente alguma coisa morrera, fazendo aquela risada não ter sentido, mas ter o gosto do desgosto.

Ele assistiu o renascimento da terra sozinho. Hoje mantinha a história e o templo. Sozinho. Sozinho com toda sua complexidade histórica.

Ele existia? Quem sabe?

Existia algo além dele? Ninguém para garantir isso.

Quantos ciclos faltavam pela frente? Infinitos.

E sozinho chorava lágrimas vazias, secas. Sem água alguma para escorrer por seu rosto. Sem trilha para garantir que passaram por ali. Sem qualquer tipo de existência para comprovar uma dor tamanha. Ele era forte para ele mesmo, porque não havia mais ninguém lá.

Que venha o fim dos tempos! Frequentemente clamava. Meus Deuses estão mortos! Rugia aos céus. Ernasis nos deixou e esta dimensão está fadada à destruição da existência!

Mas não compreendia que, assim como os outros humanos, o divino crescia dentro de si. E como todos os outros, ele também era seu próprio Deus. Tinha controle sobre seu próprio destino. E de todos que entrelaçariam com o seu.

Não compreendia a falta de ordens. O silêncio. A falta do perdão. Da salvação ou redenção. Não queria que aceitar que dentro de si, um universo inteiro existia.

Não. Esfregava as mãos por seus cabelos, retornando para dentro do templo quando a chuva começou a cair, molhando seu corpo e lavando-o de toda a raiva que sentia. Não. Ele não desejava a morte de nenhuma delas. Como um servo eternamente grato, ele seguia, acendendo as chamas das velas uma a uma, iluminando o templo.

Ele sabia que elas não estavam lá. Nunca mais voltariam. Ajoelhado em frente à estátua, apoiou a cabeça nas mãos entrelaçadas. Mas nunca aceitaria que não havia mais ordens que ele pudesse seguir.Orava.

Era um gesto que reaprendera com o início de toda confusão, era um gesto que não o mantinha são, mas ele sentia que era um tipo de obrigação. Era o gesto mais nobre que possuía para dar para as Deusas. Era a única maneira que se sentia menos divindade e mais humano.

Porque o que mais temia desde que tudo aquilo começou, desde que Ernasis apareceu para si, era a mesma frase sussurrada em seus ouvidos, todos os dias, sem parar.

Eu posso não estar aí, mas você é o mais perto de um Deus que esse mundo terá. E é você quem irá guiá-los daí para frente, sendo o Deus deles.


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