Sons of Theolen escrita por Live Gabriela


Capítulo 37
Rakshasa - O Confronto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/642142/chapter/37

Os olhos amarelos de Khwarizmi tinham as pupilas contraídas devido à iluminação do sol sob a planície nortenha e encaravam Dorothy já há alguns instantes. A cavaleira de Theolen protegia o pequeno homem ao seu lado sem demonstrar medo, mas não possuía arma ou vestia sua armadura, apenas segurava um escudo em mãos, o que fazia o rakshasa crer que aquela poderia ser a última batalha da jovem. Ainda assim, ele tinha que continuar sua missão. Deveria confrontá-la.

— Está pronta, senhorita Leon? – ele perguntou depois de ouvi-la dizer ao serviçal para correr dali.

—Mais do que imagina – ela respondeu sem demonstrar medo.

Khwarizmi deu um curto passo à frente e então sentiu com os pés felinos a dureza de um círculo de pedra camuflado na grama. Ele olhou para baixo discretamente e notou estar sobre uma das inúmeras entradas para as cidades subterrâneas do reino de Thorrun. “Outro truque do destino” pensou consigo erguendo as sobrancelhas, considerando que Dorothy estava muito próxima do acesso ao local que a levaria de encontro a seu tão procurado tio. “Bem, agora já é tarde” concluiu, voltando a atenção para a jovem.

Ela o encarava com suspeita, pronta para agir caso ele fizesse algo, então assim ele pegou o cajado para chamar seu constructo a moça disparou em sua direção. Ela estava há uma boa distância, então sem se sentir ameaçado, o conjurador apontou o orbe de seu bastão para o chão e logo um círculo arcano com símbolos azulados apareceu em sua frente sobre a pedra.

— Bom, porque eu fiz algo para você… – ele sorriu mostrando as presas pontiagudas, deixando a garota com a guarda alta – Venha, meu servo! – invocou.

Imediatamente o cadáver reanimado de minotauro começou a sair de dentro do círculo, erguendo-se com a ajuda das mãos como se saísse de um buraco no chão, até ficar em pé na frente de seu mestre. Khwarizmi sentiu a porta de pedra sob seus pés tremer com o peso de seu lacaio e saiu de cima evitando sobrecarregá-la, afinal aquela era uma estrutura muito antiga.

Dorothy parou de correr ao ver o monstro e trocou olhares com o necromante, recuando de volta para a posição mais alta na colina e erguendo o escudo em frente ao peito em seguida.

— Procurando pelo solo mais alto… Muito bem, mas não acho que isso seja o suficiente para que ganhe essa luta - afirmou o rakshasa - Deve pensar além de táticas básicas de combate.

A garota não o respondeu, parecia ter o minotauro como foco de sua atenção, mesmo que ele ainda não estivesse fazendo nada. Impaciente, o Necromante resolveu fazer daquilo um espetáculo pessoal e ergueu os braços ativando seu amuleto de proteção preso ao pescoço para chamar a atenção da moça. O quartzo rosa do colar de ouro emitiu uma energia de mesma cor formando uma espécie de capa feita de hexágonos que cobriu todo o corpo do humanoide felino e desapareceu em seguida. Então ele bateu o cajado na terra, fazendo uma pequena brisa balançar seu robe de veludo e deixar à mostra a espada cor de chumbo em sua cintura que há pouco havia roubado de seu mestre para àquela ocasião.

— Surpreenda-me paladina ou perecerá sob este solo maldito assim como muitos outros de seu reino! – gritou com um sorriso sinistro no rosto – Ataque-a! – rugiu comandando o minotauro.

O desmorto de dois metros e meio de altura soltou o ar frio pelas narinas e correu desenfreado na direção da jovem, preparando para acertá-la com os chifres. Dorothy arregalou os olhos e posicionou-se de maneira defensiva, sabia que não conseguiria desviar a tempo da investida do monstro então tentaria bloquear o golpe, mas mesmo seus anos de treinamento não foram suficientes para aguentar a força do constructo.

Ela conseguiu evitar ser perfurada pelos chifres com o escudo, mas o impacto do ataque a empurrou de forma violenta, fazendo-a bater contra a árvore atrás de si e ainda deslocar o ombro que segurava o presente de Vaalij. Ela mordeu os lábios reprimindo a dor e então olhou para o outro lado da colina para ver onde estava sua equipe.

Nipples correu até seus companheiros o mais rápido que pôde, alcançando Charly que treinava ao sopé de um morro sob o olhar crítico de Solomon e na companhia de Arlindo, que apreciava uma garrafa de cerveja. O pequeno homem chegou completamente esbaforido e logo o jovem theolino foi até ele.

— Nipples, o que foi? – perguntou assustado, apoiando uma das mãos nas costas do serviçal.

— A Senhorita Leon… Está em perigo! ...O Necromante! – ofegou, fazendo o garoto arregalar os olhos.

Solomon se desencostou da parede da cripta e Arlindo imediatamente largou sua garrafa de cerveja, deixando-a cair no chão. O homem loiro pegou sua maça que estava apoiada ali perto e correu à socorro da paladina. Charly preparou-se para segui-lo, mas logo ouviu Solomon:

— Pegue sua armadura primeiro.

O garoto assentiu com a cabeça e adentrou no mausoléu, saindo de lá às pressas enquanto colocava o corselete de couro sobre as roupas de algodão e encaixava o arco no ombro. Solomon fez o mesmo, pegando sua brunea escamada, assim como a ombreira e as braçadeiras.

— Eu o ajudo com isso, meu senhor – disse Nipples para o guerreiro enquanto ele começava a se vestir para o combate.

Khwarizmi observou entediado ao duelo de Dorothy contra o minotauro. Seu servo estava tendo um bom desempenho, mas Dorothy apenas trocou o escudo de braço e começou a se defender, sem atacar em nenhum momento. Ela manteve a posição defensiva durante todo o embate, mesmo que às vezes isso não fosse o suficiente para que ela não se machucasse. “Por que não está atacando? Meu servo é forte demais para ela? Não… Ela deve estar tramando algo.” considerou o conjurador, já que já havia visto o quão ofensiva Dorothy poderia ser em combate.

— Continuará fugindo paladina? – questionou tentando provocar uma ação mais ativa da jovem no combate – Ao contrário de você, meu servo não tem fôlego e não se cansa. Se ao menos tivesse um mestre para lhe ensinar o caminho do controle dos mortos… Este problema seria facilmente contornado - falou rodando o pulso.

— Agradeço a oferta – disse Dorothy aparando uma pancada do minotauro com o escudo – Mas já tenho um mestre para isso - ela falou sorrindo, enquanto olhava rapidamente para o outro lado da colina.

Khwarizmi franziu o cenho e deu alguns passos para mais próximo de onde ela estava, então viu uma luz esbranquiçada aparecer no topo do morro, seguida de uma voz madura e decidida.

— Em nome de Obad-Hai e da natureza, vá embora aberração da morte! – gritou Arlindo criando uma explosão de luz forte ao estender seu símbolo sagrado para o desmorto.

“Expurgo” pensou o rakshasa rangendo os dentes ao reconhecer o efeito que era o ponto fraco de qualquer criatura ressuscitada por necromancia, já que feria e afastava mortos-vivos ou, em casos mais extremos, os destruía por completo.

A criatura com cabeça de boi soltou um som seco, rouco e dolorido ao entrar em contato com o clarão divino do clérigo. Sua pele podre borbulhou como se estivesse queimando até ele recuar os suficiente para o brilho não mais lhe machucar, ficando a uma boa distância dos theolinos.

— Você está bem? – perguntou o clérigo tocando em suas costas.

— Vou ficar, obrigada pela ajuda – respondeu ela concentrando a energia da aura na mão e empurrando o ombro esquerdo de volta ao lugar – Solomon está vindo? – gemeu com a dor da luxação e o clérigo fez que sim com a cabeça – Ótimo, preciso que cuide do minotauro então - disse em seguida – Eu vou atrás do Necromante, não consigo vencê-lo sozinha mas consigo ganhar tempo até que se juntem à mim.

— Não deveríamos só ir embora? Você disse que não conseguiu derrotá-lo, que ele é forte demais…

— Se formos embora ele simplesmente vai nos seguir ou aparecer novamente depois. Além disso, ele sabe onde está Steve. Preciso que ele me conte.

— E como vai convencê-lo a te contar isso?

— Não tenho certeza, mas por algum motivo ele parece querer me ajudar de alguma forma… – disse ela olhando para o Necromante - Acho que se eu conversar com ele, talvez consiga ao menos uma pista.

— Parece que seu mestre em expurgo não é poderoso o suficiente para derrotar meu servo, paladina! - gritou o rakshasa de forma amarga chamando atenção dos dois jovens sobre a colina – Mas estou certo de que o contrário pode ser feito… Destrua-os! – ordenou ao minotauro.

O monstro balançou a cabeça como uma besta descontrolada e bufou em seguida, parecia um tanto tonto ou atordoado pelo expurgo do clérigo, mas logo começou a correr na direção dos dois para cumprir com a ordem de seu mestre.

— Assim que der, iremos atrás de você – disse o clérigo para a Leon – Fique atenta caso ele for conjurar, ele pode ser rápido, mas se você desconcentrá-lo ele pode acabar errando os rituais, assim as magias não se realizarão. E leve isso – falou entregando sua maça.

— E quanto a você? – ela questionou aceitando a arma enquanto Charly chegava ao topo do morro.

— Não se preocupe. Obad-Hai me fornece todas as armas que preciso contra esta fera – falou dando uma piscadela.

Dorothy assentiu com a cabeça e sorriu para ele, correndo na direção de seu inimigo logo depois.

— Garoto! – gritou Arlindo vendo o morto-vivo já há subindo a colina novamente.

— O que? – perguntou Charly fitando boquiaberto o minotauro zumbi.

— Pegue o arco – disse e o menino concordou com a cabeça – Vou tentar expurga-lo novamente, se falhar, atire! Mas tenha cuidado com isso, minha retaguarda já sofreu o suficiente com atiradores.

— Tá bem – afirmou o jovem posicionando uma flecha na corda do arco.

Khwarizmi virou o rosto ao ver novamente o clarão provocado pelo efeito do clérigo e assim que conseguiu olhar novamente na direção dos humanos, avistou Dorothy avançando em marcha a seu encontro. Apesar de ter sido facilmente derrotada no último encontro, ela não parecia estar nenhum pouco assustada de se aproximar dele novamente.

— Por que voltou aqui, Necromante? – perguntou a paladina – Eu lhe disse que não iria embora.

— Sim, uma terrível decisão, devo lhe dizer. Mas uma decisão, ainda. Eu por outro lado nada decidi, não tive escolha em minha presença aqui… Veja bem senhorita Leon, não podemos fugir do que o destino nos dita - respondeu calmamente.

— Destino é algo que criamos, não seguimos – falou parando há alguns metros do conjurador.

— É nisso que acredita? - sorriu mexendo brevemente as sobrancelhas para cima com grande interesse pelas crenças da jovem.

— Sim, por isso não vou desistir de Steve. Não importa se acha que não sou forte o suficiente, não vou me render à você ou qualquer outro obstáculo que eu encontre - falou mexendo a maça de forma enfática.

— Eu não esperaria menos de você – respondeu mostrando as presas em um sorriso.

— Então me diga onde ele está – pediu encarando-o.

— Eu já lhe disse… Ele está bem embaixo do seu nariz.

Dorothy franziu o cenho e correu para atacar seu oponente, acertando a lateral seu rosto em cheio. Khwarizmi virou a cabeça sentindo o impacto da arma, mas nenhuma dor o afligiu. Não só sua resistência sobrenatural lhe protegeu, como também o campo de anteparo de seu amuleto amorteceu o golpe da paladina.

Ele virou o rosto vagarosamente para fitar a jovem e esticou o cajado para acertar o ombro da garota, que se defendeu com o escudo de desenho de javali. Em seguida ela maçou lateralmente o adversário, agora acertando seu braço, mas de novo sem conseguir feri-lo.

— Achei que tinha aprendido que não tem chances contra mim num confronto direto – disse o Necromante confiante.

— Só aprendi que preciso me esforçar mais para te derrotar – respondeu ela descendo a maça em sua direção, acertando seu peito.

O Necromante sequer se moveu, apenas suspirou um tanto desapontado com a teimosia infundada da jovem. Ela puxou a maça para perto e novamente mirou em seu rosto, mas dessa vez ele aparou o golpe com a mão livre, segurando a cabeça irregular e pesada da arma.

— Tola – falou concentrando energia mística nas mãos – Ainda tem muito o que aprender… – disse descarregando uma onda de choques na maça de ferro de Arlindo que conduziu a eletricidade para a garota.

Dorothy gritou ao sentir a corrente elétrica passar por seu corpo e queimar sua mão, então rapidamente soltou a arma caindo de joelhos sobre a grama, recuperando o fôlego enquanto sentia espasmos no braço direito.

— Acha que pode me vencer tendo passado apenas um dia desde sua derrota? – Khwarizmi se aproximou parando em frente à ela e chutando a maça para longe. – Você nem ao menos me conhece ou sabe do que sou capaz.

— Está certo… Não sei nada sobre você, – ela ofegou ainda abaixada e olhando para o chão. - mas você também não me conhece, do contrário não iria me subestimar ao ponto de achar que pretendo derrotá-lo sozinha.

Desconfiado, o rakshasa olhou rapidamente para trás para saber se havia algum perigo iminente se aproximando, sem suspeitar que Dorothy o atacaria com o escudo enquanto se levantava do chão. Ele aparou o golpe na altura do rosto com o cajado, protegendo sua face, mas assim que se voltou para a paladina notou que ela não pretendia acertá-lo e sim abrir sua guarda, pois logo em seguida ela esticou o braço direito até seu cinto e puxou a espada cor de chumbo de sua cintura em um movimento rápido e preciso.

Apesar de esperar que a lâmina parasse nas mãos da menina hora ou outra, considerou que iria ter de facilitar muito mais a situação, deixando a arma cair de propósito para ela pegar em algum momento do confronto. Ser surpreendido daquela forma deixava o conjurador tão orgulhoso da garota, quanto com raiva por ter sido desarmado de forma tão rápida por alguém tão jovem e inexperiente quanto ela.

Enquanto isso, Charly puxava a corda do arco e disparava mais uma flecha. Apesar de perfurar o tronco do minotauro e empurrá-lo para trás com o impacto, aquilo não foi o suficiente para sequer enfraquecer o inimigo que passava a mão sobre os ônix em seus olhos como se estivesse tentando limpar a visão e enxergar depois do segundo efeito de expurgo de Arlindo.

— Não está funcionando! – exclamou o menino para o clérigo que murmurava algumas palavras estranhas enquanto uma bola de energia verde surgia em sua frente – Ele não parece nem estar sentindo as flechadas!

— Continue atirando – falou Arlindo conjurando o bastão de energia espiritual de Obad-Hai – Ressuscitados são muito resistentes, mas não são invencíveis.

— Já foram 3 flechas, se eu continuar vou acabar sem munição para o resto da viagem!

O clérigo da natureza olhou rapidamente para o jovem ao seu lado e então voltou-se para o morto-vivo que balançava a cabeça de forma confusa e aos poucos recuperava-se do clarão que ainda o afetava.

— Muito bem, vamos tentar de outro jeito então – disse o loiro por fim.

— O que vai fazer?

— Improvisar – respondeu – Para trás.

— Isso vai ser rápido? Porque ele já está vindo…

— Apenas faça o que eu digo garoto!

Charly recuou alguns passos então Arlindo olhou para o minotauro. O desmorto gigante começou a correr na direção dos dois com os chifres prontos para perfurar o clérigo, mas antes que pudesse alcançá-lo, Arlindo bateu o bastão no solo passando energia mística para a terra. Grandes raízes saíram do chão e começaram a enroscar-se nas pernas e no tronco do monstro, prendendo-o a superfície da planície e impedindo-o de avançar.

— Isso não vai segurá-lo por muito tempo, então vamos ter que lidar com ele com força bruta – falou o adorador da natureza parando ao lado do jovem guerreiro, enquanto vigiava o bovino enredado pelas plantas.

— Deveríamos esperar o Solomon, então? – questionou o garoto.

— Não há tempo pra isso, vamos derrotar esta besta com a benção de Obad-Hai!

— Como assim?

Sem responder Charly, Arlindo conjurou sua magia de aumento de força, uma aura vermelha envolveu o corpo do clérigo deixando-o mais potente, em seguida ele tocou no ombro do rapaz meniguiando parte dessa aura para ele, fazendo com que os braços magros do adolescente ganhassem um reforço muscular temporário.

— Mas o que… – exclamou o garoto observando o próprio corpo tonificado – Eu me sinto tão forte! - falou maravilhado.

— Claro, como um touro! Agora atira logo naquela coisa! Duvido que suas flechas não façam nada à ele - exclamou o clérigo vendo o zumbi gigante já arrebentando grande parte das raízes que o prendiam.

Charly acenou com a cabeça e preparou mais uma flecha no arco. Ao puxar a corda sentiu muito menos dificuldade, e o arco também lhe parecia muito mais leve. Sem tremer tanto o braço com o peso da arma, o jovem pôde mirar melhor, acertando o minotauro em cheio e fazendo-o cair para o lado, dando oportunidade das plantas mágicas de Arlindo enrolarem o braço que o monstro apoiou no chão.

O garoto sorriu confiante e agradeceu o clérigo, mas ele já havia avançado na direção do oponente, erguendo seu bastão mágico para lhe acertar uma pancada na cabeça.

Vendo sua criação indefesa, Khwarizmi esticou a mão para cancelar a magia de plantas de Arlindo, mas assim que o fez Dorothy o empurrou usando o escudo, desconcentrando-o e fazendo-o interromper o movimento necessário para conjurar sua contra magia, gastando energia mística no ar sem realizar a conjuração.

— Sua luta é comigo – disse a paladina com o escudo e a espada de metal em mãos.

— Oh, deseja minha atenção Leon? É toda sua! – exclamou incomodado tirando um pouco de pó avermelhado do bolso para conjurar um feitiço sobre a mente de sua oponente.

Dorothy moveu a espada para tentar atrapalhar o ritual do conjurador, mas dessa vez Khwarizmi aparou o golpe com seu cajado para não ser interrompido. Para ele, naquele momento, mais importante do que confrontar fisicamente a garota, era testar sua resiliência mental e emocional, por isso optou por criar uma ilusão para ela, assim, também poderia ver quanta força de vontade a paladina possuía para poder sobrepujar magias. Então ele soprou o pó na direção da jovem e rapidamente desenhou três pequeno símbolos arcanos com as garras no ar, enquanto dizia o encantamento:

— Procidat Delirium Mendacium!

Uma brisa passou por Dorothy e ela sentiu o cheiro adocicado do pó de cogumelo que o adversário soltou no ar. De repente ela percebeu o chão tremular perto de si, olhou em volta então notou uma mão saindo da terra, como costumava acontecer quando os mortos-vivos se erguiam durante a noite. Ela preparou a espada e o escudo para eliminar o capanga que o Necromante invocara, mas uma fala de seu inimigo logo lhe chamou atenção:

— Cuidado, talvez não queira machucar este aí… – sorriu maliciosamente o humanoide felino.

— O que você…

— Apenas olhe para ele – interrompeu o rakshasa.

Dorothy olhou desconfiada para o morto-vivo e assim que todo o tronco dele estava para fora da terra ela o reconheceu. A armadura segmentada estava sem brilho, o cabelo loiro estava opaco e sujo caindo sobre a face barbada e agora magra. Os olhos azuis, pareciam cinzentos e sem vida, assim como todo o rosto de Steve Leon.

— Tio... Tio Steve? – perguntou Dorothy com os olhos arregalados e marejados.

Enquanto isso, Arlindo acertava em cheio um golpe contra o rosto pútrido da besta bovina, arrancando parte da pele apodrecida de sua cabeça. O zumbi, incapaz de sentir dor física, apenas revidou com uma pancada no peito do clérigo com o braço livre, empurrando-o com força para trás.

Arlindo usou o bastão para se equilibrar e retomou o fôlego, então correu novamente contra o inimigo. Sentiu uma pontada de dor em sua perna direita, mas seguiu em frente acertando um golpe no braço e outro no queixo do minotauro. No mesmo momento Charly também atingiu uma flechada nas costas do monstro, fazendo-o se inclinar para frente.

Com apenas uma ordem guiando suas ações, o constructo do Necromante bufou e se impulsionou para frente arrebentando as últimas vinhas que o prendiam e correu na direção do garoto para lhe perfurar com os chifres. Charly sem saber o que fazer, ergueu o arco em frente ao rosto preparando-se para o impacto, mas Arlindo rapidamente largou seu bastão místico no ar e se jogou no trajeto da criatura, parando em sua frente e segurando os chifres da besta para pará-la, sendo arrastado para trás no processo.

O menino com o arco ficou parado observando tudo assustado com súbito ataque do monstro, mas logo voltou a si e viu que Arlindo precisava de ajuda então respirou fundo e atirou contra o morto-vivo, acertando sua coxa e dificultando sua movimentação. O clérigo então aproveitou o momento e usou toda a força que tinha para desequilibrar o oponente e, pelos chifres, o jogou no chão, fazendo-o rolar colina abaixo.

— Obrigado Arlindo... – disse Charly se aproximando do rapaz loiro.

— Não me agradeça ainda, temos que finalizá-lo primeiro – respondeu o homem ofegante – Fique aqui, eu vou dar um jeito lá embaixo. Me dê cobertura e se tiver confiança em sua mira, atire no Necromante.

Charly assentiu com a cabeça e rapidamente olhou para o confronto de sua amiga contra o rakshasa, notando que não estavam lutando, na verdade a jovem parecia estar conversando com o adversário apesar de não estar virada para ele diretamente. Ele viu o homem com cabeça de tigre se aproximar da garota e colocar a mão sobre o ombro dela, então puxou uma flecha e mirou no conjurador, pronto para atirar caso ele fizesse algo.

— Pobre Sr. Leon… – falou Khwarizmi de maneira dramática – Preso há tantos meses neste reino maldito completamente só. É uma grande perda para o mundo que tamanho herói tenha perecido em uma missão tão frívola como a que lhe deram.

— Não pode ser… – gaguejou a jovem com os olhos marejados – Não, não pode ser. Ele não está morto! Eu ainda o sinto – disse agora se aproximando do desmorto à sua frente.

— Você falhou com ele, paladina. Chegou tarde demais… – provocou tentando quebrar Dorothy aos poucos com suas palavras enquanto observava a garota fitar a ilusão.

— Não… – ela murmurou chorando enquanto encarava o paladino e segurava sua mão gélida - Eu estou aqui tio Steve. Estou aqui! Eu sei que está aí em algum lugar, eu consigo sentir! Apenas aguente firme e tudo vai ficar bem. Eu prometo, eu vou te tirar daqui!

— Oh, eu não acho que seja possível – continuou Khwarizmi caminhando para o lado com as mãos nas costas – Ele está morto e uma vez morto, sua alma pertence ao Lorde das Profundezas e ao reino de Thorrun. Sei que é prepotente, mas nem mesmo você pode contrariar um deus, Leon. Mesmo um morto.

— Eu vou dar um jeito... – ela respondeu passando a mão pelo rosto inexpressivo do tio.

— Não há um “jeito” – rugiu o homem com cabeça e tigre já impaciente – Você falhou porque é fraca! Se me escutasse poderia completar sua missão com sucesso. Poderia ser quem está destinada a se tornar!

Dorothy não o respondeu, apenas deslizou a mão até o peito da ilusão de Steve Leon e fechou os olhos tentando sentir as batidas de seu coração e se sua aura já estava corrompida, mas ela não conseguiu detectar nada além da poderosa aura do Necromante.

— Ele está amaldiçoado? – perguntou ela ainda de costas para o conjurador depois de alguns segundos de silêncio.

— Sim, e não há nada que possa fazer agora – respondeu sem interesse.

— Está errado...

Subitamente Dorothy virou-se para atacar novamente o rakshasa. Sem se preocupar com o golpe da garota, não se moveu, frustrado por ela recorrer à violência novamente. Mas para a surpresa do Necromante, desta vez, a espada cor de chumbo brilhou com a luz divina da aura da paladina e ela conseguiu atravessar seu campo de anteparo e perfurar sua barriga.

Khwarizmi sentiu a dor aguda do corte da lâmina lhe afligir, mas ainda pior do que isso era a energia da aura da jovem que parecia lhe cortar não só seu corpo, mas também sua alma. Ele se moveu para trás rapidamente olhando para o primeiro ferimento que a Leon lhe causou com completo espanto. Ela nunca havia ultrapassado sua resistência sobrenatural antes e isso o deixava confuso, surpreso e de certa forma empolgado com o fato de finalmente sentir-se desafiado por um oponente.

— O que… – ele balbuciou colocando a mão felina sobre o corte dolorido que já deixava seu sangue vazar pelo manto verde-escuro.

— Era uma ilusão, não era? – ela perguntou baixando a espada e olhando de soslaio a imagem de seu tio zumbificado desaparecer no ar como fumaça – Você queria brincar com a minha mente, usar meu tio contra mim – ela rangeu os dentes de raiva – Você é um monstro! – gritou fazendo uma pequena pausa em seguida - Mas estou feliz que Steve tenha me treinado para lidar com criaturas malignas como você - falou apontando a espada para o Necromante.

— Ah… Entendo – disse ele rosnando. – Você sentiu minha aura, mas não a dele, correto? Muito esperta. Ainda assim… – continuou puxando discretamente de sua manga pequenos pedaços de carvão. – Isso ainda não acabou! – rugiu conjurando outra magia na direção da paladina.

O belo seguidor de Obad-Hai jogou suas madeixas para trás e estendeu a mão, fazendo o bastão flutuar até seus dedos. Ele aproveitou o impulso que a descida da colina lhe proporcionava e correu para cima do minotauro caído pronto para terminar aquela luta, mas uma dor aguda no pé direito fez o jovem mancar até lá embaixo, o que deu tempo ao monstro de se levantar e agarrar clérigo antes que ele o atacasse, erguendo-o no ar e jogando-o no chão com força em seguida.

Arlindo sentiu uma dor tremenda no tronco devido ao impacto na terra. O morto-vivo então cerrou o punho e acertou em cheio o rosto desprotegido do homem, quebrando seu nariz. Em seguida, o socou outra uma vez e mais uma, deixando a face do clérigo manchada de vermelho.

Charly que mirava no Necromante, logo ouviu os gemidos de dor do clérigo e gritou por ele preocupado. Ele mirou no minotauro, mas com medo de atingir o amigo, largou o arco e saiu correndo em sua direção. O humanoide bovino virou para o garoto fitando-o com suas ônix brilhantes e ergueu o braço para atingi-lo, mas o jovem guerreiro puxou as duas lâminas de sua cintura e as cruzou sobre a cabeça, parando a grande mão do monstro.

Mal conseguindo acreditar em tal feito, Charly não viu o outro braço do oponente vindo em sua direção e logo foi atingido e arremessado para o lado. A besta gigante então correu para atacá-lo com ambos os punhos levantados e os desceu para esmagar o garoto, que rapidamente desviou para o lado e se reergueu, encarando a criatura gigante com as espadas em mãos.

Um leque de chamas saiu das mãos animalescas do rakshasa, mirando a cavaleira de Theolen. Para evitar o fogo Dorothy ergueu o escudo e rolou para o lado na grama, evitando que as labaredas a queimassem.  Em seguida, ela se moveu parando às costas do homem-fera e o golpeou com força, fazendo seu amuleto mágico piscar para protegê-lo. Depois o acertou de novo sem efeito algum.

— Continuará insistindo nestes ataques imprecisos? – zombou da moça virando-se para ela.

— Eu lhe atingi antes, tenho certeza de que se continuar, o farei novamente – ela o respondeu com a respiração um pouco mais pesada já estocando a espada em seu inimigo.

— Pura sorte - retrucou parando a lâmina com o antebraço – Sei que não consegue repetir aquele ataque muitas vezes. Aceite garota, você não pode me derrotar sozinha – falou o homem com cabeça de tigre segurando o escudo da jovem para abrir sua guarda.

— Ela não está sozinha! – gritou Solomon vindo detrás do conjurador distraído.

Antes que pudesse se virar por completo, o rakshasa sentiu o impacto do martelo em suas costas, que ultrapassou sua defesa mágica, fazendo-a tremular, e ainda o fez cair e rolar pela terra de forma violenta. Dorothy aproveitou a oportunidade e investiu contra o oponente, descendo a espada em suas costas para finalizá-lo.

Ainda caído, o Necromante rolou para o lado e ergueu a pata aparando o golpe da paladina, mas isso imediatamente abriu o corte que havia feito na palma da mão para dar vida ao seu lacaio, fazendo-o rosnar de dor. Ele então viu o humano de armadura se aproximar e pular mirando sua cabeça, mas graças ao amuleto de proteção, a arma desviou para o lado e apenas esmagou a grama.

Depois de chutar o peito do guerreiro para ganhar espaço para se levantar, o rakshasa viu os dois theolinos avançando cada um de um lado, para acertá-lo. Ele se afastou com as presas à mostra e interceptou o primeiro golpe de Dorothy com seu cajado, então parou o martelo de Solomon com o braço, sentindo a força impressionante do guerreiro.

Irritado, Khwarizmi atacou Solomon com suas garras, mas o guerreiro conseguiu se defender sem muito esforço usando suas braçadeiras, então revidou com outra martelada que novamente atravessou a proteção mágica do conjurador, causando muita dor a ele.

Dorothy também avançou, acertando o ombro do adversário com o escudo e em seguida subindo sua lâmina num corte diagonal, fazendo seu amuleto de proteção piscar novamente. O rakshasa empurrou a garota com um os braços e então apontou o cajado para o guerreiro, soltando seis projéteis de energia mística de sua orbe. Solomon tentou bloquear a magia, mas sem sucesso, foi arrastado para trás com o impacto dos raios mágicos em seu peito. Cada um explodiu em um ponto diferente de seu tronco causando-lhe dores e hematomas que apareceriam em breve, mas ele não se rendeu à magia do Necromante e avançou em sua direção urrando.

Segurando o martelo com as duas mãos, o Guerreiro Renegado acertou o braço do inimigo com tanta força que a magia de seu amuleto não foi o suficiente para protegê-lo, tampouco sua resistência natural, causando o rachar do osso de seu braço esquerdo. Khwarizmi rugiu com a dor da pancada e caiu para o lado com o impacto. Enquanto se levantava, ele avistou à distância seu lacaio observando-o acertar o tronco de Charly com as garras e em seguida ser atingido pelo bastão flutuante de energia de Obad-Hai, que o fez cair de joelhos no chão.

O pequeno garoto humano com as espadas se levantou e fincou suas duas lâminas nas costas do desmorto, empurrando-o para o chão com força. O minotauro tentou resistir, mas Arlindo pulou sobre a besta e segurou a cabeça bovina pressionando seu símbolo sagrado contra a testa do monstro enquanto gritava:

— Em nome de Obad-Hai eu te expurgo! VÁ EMBORA!

Um clarão muito mais intenso do que o do primeiro expurgo de Arlindo tomou conta da planície, fazendo até mesmo Dorothy e Solomon que estavam longe dali, desviarem o olhar. As ônix negras do zumbi se racharam e de seus globos oculares saiu a luz divina do deus da natureza. O som agonizante dos gritos do desmorto foi aos poucos se cessando, conforme o brilho que também saía de sua boca, desaparecia. Em instantes, nada mais do que os fragmentos das pedras negras do rakshasa haviam sobrado do minotauro.

Com a derrota do lacaio do Necromante, Dorothy ficou mais confiante e avançou com a espada para acertar o adversário novamente, atingindo seu campo de anteparo enquanto Solomon já preparava seu martelo. Em um momento de desespero e raiva, Khwarizmi invocou uma de suas mais poderosas magias para afastar aqueles humanos indesejados de si.

Ao som da palavra “ignus” uma grande bola de fogo foi evocada, mas antes que pudesse ser lançada diretamente na direção de Solomon e de Charly e Arlindo que já vinham logo atrás, Dorothy atrapalhou seus movimentos com uma escudada em seus cotovelos, causando a falha dos movimentos do conjurador, o que resultou em uma enorme explosão. O Rakshasa foi empurrado para trás com o impacto da onda de choque e sentiu o calor das labaredas esquentando seus pelos.

O som da explosão ecoou pela planície e logo uma nuvem de fumaça encobriu toda a área. Com as orelhas felinas se movendo ele ouviu o nome de Dorothy ser chamado com preocupação pelas vozes mais agudas dos outros humanos e assim que notou que a paladina não os respondera ele ficou preocupado, sentindo imediatamente remorso e arrependimento. “Oh não Khwarizmi, o que você fez? Não deveria ter lançado uma magia como esta, é poderosa demais… Será que ela está…? ”.

Os olhos felinos começaram a percorrer todo o local em busca da Leon, mas a fumaça não o permitia enxergar qualquer coisa além de um metro à sua frente, por isso quando viu uma turva silhueta se aproximando ele sorriu satisfeito “Ela está viva!”, mas não era Dorothy quem caminhava à seu encontro.

Depois de notar a altura incompatível da sombra com a garota, o Necromante sequer teve tempo de se proteger da violenta pancada que Solomon lhe acertou com o martelo enquanto ele gritava em fúria:

— EU - ODEIO - MAGIA!

Khwarizmi ouviu o quartzo de seu amuleto de proteção rachar enquanto os golpes de Solomon lhe acertavam um seguido do outro. Assustado com o humano ele ergueu os braços em frente ao rosto para se proteger até que por fim seu campo de anteparo estourou e o conjurador sentiu a dor gritante na região de suas costelas causada pelo homem careca. Com o impacto da martelada, ele rolou pela planície até cair para fora da nuvem de fumaça, parando novamente sobre o círculo de pedra camuflado.

Há muito tempo o homem-fera não sentia tamanha dor, afinal há muito tempo nenhuma criatura no norte conseguira lhe ferir daquela maneira. Ele estava pasmo, tentando descobrir quem era aquele humano e sem conseguir se mover, tamanho o choque que sentia, ele permaneceu caído, vendo a fumaça se espalhar enquanto Solomon, Arlindo, Charly, Dorothy e até mesmo Nipples ao fundo, se aproximavam dele.

— Acabou – disse a garota ofegante coberta de cinzas.

A paladina parecia bastante ferida e cansada, estava toda chamuscada, com a roupa e partes de sua pele queimadas, mas estava viva. Seus companheiros não pareciam muito melhores, mas ainda assim se mantinham em pé ao seu lado. E foi neste momento que Khwarizmi notou que sozinha, Dorothy poderia não ser forte o suficiente ou sequer estar preparada para o que o destino cobraria dela, mas com aquela equipe, ela tinha uma chance. Eles estavam prontos, juntos.

— Agora, Necromante... – continuou a jovem – Diga-me onde está o meu tio. Se fizer isso pouparemos sua vida e poderá ir embora. Do contrário --

O rakshasa soltou um alto rugido gargalhado interrompendo a theolina. Por um momento, lhe pareceu muito cômico que estava sendo ameaçado para passar uma informação que estava literalmente bem à frente da garota, afinal com mais um passo, Dorothy pisaria sobre a entrada do subterrâneo do reino, onde poderia encontrar Steve Leon. Ainda assim, não poderia simplesmente dizer isso à theolina, não era seu dever, apesar de que poderia dar uma pequena dica à ela...

— Por que eu lhe diria? Não vai encontrá-lo a tempo de qualquer jeito… – respondeu de forma debochada.

— Onde ele está? – exclamou ela de forma enfática.

— Eu já lhe disse. Não posso ser mais específico.

— Então você não tem serventia para nós – falou Solomon de forma intimidadora rodando o martelo.

— Você pode se surpreender guerreiro, um bom feiticeiro sempre tem um truque nas mangas… – provocou agora sabendo da aversão do homem à magia.

Khwarizmi puxou rapidamente de seu bolso um de seus cubos de teletransporte para sair dali. Sem saber do que se tratava o objeto, Solomon desceu o martelo na direção do conjurador com toda a força que tinha em seu corpo, mas acabou apenas quebrando e fazendo um buraco no círculo de pedra sobre o qual ele estava, pois o Necromante desapareceu em um flash de luz esverdeada.

Cansado e ferido, Khwarizmi apareceu ofegante no chão de seu quarto e ficou caído sob o confortável tapete de veludo por alguns instantes, apenas se acostumando com a dor que sentia no tronco. Ele moveu os dedos criando alguns símbolos arcanos no ar e trouxe para perto de si um vidro com um líquido azulado dentro com um pequeno truque de telecinesia.

Ele bebeu alguns goles da poção, sentindo o corte que a paladina de Theolen havia lhe dado se fechar e sua costela voltar ao lugar, então sentou-se na cama, pegando seu globo de cristal do criado-mudo ao lado. Ele viu o próprio reflexo no vidro e logo sua imagem virou o rosto de Dorothy Leon. Junto de seus companheiros, ela levantava do chão o grande círculo de pedra que haviam quebrado, descobrindo um túnel vertical que seguia para baixo com uma escada de pedra em sua borda.

Sem saber que estava sendo observada pelo conjurador, a garota olhou em volta, fitando o horizonte com o olhar confuso que parecia se direcionar para o rakshasa do outro lado do globo de vidência.

— Eu não posso lhe contar tudo, paladina – ele disse para ela. – Mas encare esta pequena dica como um presente meu para você. Aproveite até nosso próximo encontro e por ora…  – falou sorrindo para a figura da jovem – Boa sorte encontrando seu tio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Oláá pessoas!

Desculpem pela demora. Eu tive muita dificuldade de escrever esse texto, mas depois de 10 longos meses, aqui está o novo capítulo de Sons of Theolen! Espero que gostem ^^

Não deixem de comentar!