O sol brilhava anunciando mais um início de ano letivo. Alexander acordou ao som de seu despertador a pilhas e logo sentou-se em sua cama buscando seus óculos que estavam em cima da mesa de cabeceira. Depois de vestido foi até a cozinha e acabou encontrando sua mãe.

– Bom dia, querido. – Ela disse com um sorriso.

– Bom dia, mãe. Onde está o papai? – Alexander perguntou enquanto sentava-se à mesa.

– Seu pai está dormindo, chegou tarde do plantão, mas ainda hoje vai viajar.

Alexander apenas grunhiu baixinho e continuou sua refeição.

Chegando na escola tudo parecia normal. Os mesmos alunos, os mesmos professores e as mesmas coisas dos outros anos. Era o último ano de Alexander e estava estudando na escola a três anos, a mesma quantidade de tempo em que estava na cidade. Seu pai veio até a cidade a passeio e gostou tando que acabou se mudando com a família. Para Alexander, era indiferente onde ele moraria, desde que ele não precisasse ficar mudando de escola, e que a mesma tenha um ensino qualificado.

O rapaz pescou a grade de horários no bolso do moletom preto e depois de alguns segundos concluiu que deveria se dirigir até a sala 3-B para o seu primeiro período de biologia. Alexander conhecia todas as instalações da escola, então não teve dificuldade de encontrar a sua sala. Quando chegou, havia poucos lugares sobrando, haviam cinco fileiras com cinco classes cada e ele tinha somente duas opções, o segundo lugar da quinta fileira que ficava na janela ou o quarto lugar da segunda fileira, e acabou optando pela segunda fileira pois ali ele não chamaria muito a atenção. Cinco minutos depois o último lugar na janela foi ocupado por Lilian Millar, e junto dela, a professora chegou.

– Bom dia, alunos. – A professora saudou e eles responderam juntos. – Como todos sabem, sou a professora de biologia, Valéria.

Valéria fez uma introdução do que seriam as aulas ao decorrer do ano letivo. Todos já estavam entediados, loucos para voltarem para suas casas ou que o ano já passasse logo. Alexander era um aluno exemplar, nunca havia tirado notas abaixo da média ou levado advertências. Nesse momento ele estava prestando atenção em tudo que a professora falava, anotando tudo que achava importante e que ele pudesse usar como referência em estudos, trabalhos ou provas. O período passou rápido, faltando agora, menos de dez minutos para terminar.

– Então para concluirmos, quero que façam um resumo do que aprenderam no ano passado. E para facilitar minha vida, façam em duplas. Vocês tem esses últimos minutos para decidir seus pares e quero o resumo para a próxima aula.

Alexander suspirou em silêncio, nunca foi bom em socializar com seus colegas, e ainda mais no primeiro dia de aula. Ele via os pares se formando, mas precisava achar um par logo, pois ele não deixaria de fazer uma trabalho por culpa de sua timidez. Alexander levantou-se e deu um passo em direção a Lilian, ele não sabia bem o porquê. Na verdade ele sempre gostou dela, mas ela é popular e bonita, nunca olharia para ele, e quando olhava ou conversava, era para pedir respostas ou ajuda, foi assim no ano passado.

– Hey! Nerd! – Ele ouviu uma voz feminina atrás dele e virou-se.

– E-Eu? – Sua voz falhou e ele odiou a si mesmo por ser tão tímido.

– É sim, por acaso tem outro aqui? – A moça de cabelos claros falou sorrindo.

– Não... – Alexander abaixou a cabeça, afinal, o que ela queria?

– Você já tem par?

– Não. – Ele deu uma olhada de soslaio para Lilian. – Não tenho.

– Quer ser meu par? Afinal não sobrou muitas pessoas, e minha amiga vai fazer com meu irmão.

Só ai Alexander notou-os, além da loira, havia uma ruiva simpática e um rapaz de cabelos escuros e expressão fechada, sentados atrás e ao lado dele.

– Tudo bem. – Alexander disse e voltou para o seu lugar.

– Ótimo, nos encontramos na biblioteca depois da aula. – A moça loira sorriu e virou-se para conversar com a ruiva.

O sinal para a próxima aula tocou e os alunos se dispersaram pelos corredores. Alexander juntou suas coisas rapidamente e levantou-se para sair da sala e ir para sua próxima aula, mas foi interrompido por um cutucão.

– Hey nerd, qual é a sua próxima aula? – Era a moça loira.

– H-ham, história.

– Ótimo! É a minha também, vamos juntos! – A moça começou a andar junto a ele. – Vejo vocês depois. – A moça disse para a ruiva e o garoto.

Alexander e a moça começaram seu caminho até a sala A-1. No trajeto ele olhou a garota e notou que ela era um tanto diferente. Usava calça jeans rasgadas, coturno e uma camiseta de banda que ele desconhecia, tudo na cor preta. Seu cabelo longo era loiro claríssimo e havia algumas mechas cor-de-rosa espalhadas. Fora a sua maquiagem escura e seu batom vermelho sangue.

– Algum problema? – Perguntou a moça quando notou Alexander a olhando.

– Nenhum. – Ele falou e abaixou a cabeça.

Para ele, sua roupa e atitudes eram intimantes, porém a moça parecia ser simpática e estava sempre com uma expressão descontraída.

– Eu sou Lohana, mas pode me chamar somente de Hana se preferir, e você? – Ela perguntou parando e estendendo a mão.

– Alexander... – Ele apertou a mão dela, mas em seguida largou e voltaram a andar.

– Alexander? Realmente um nome nerd. – Ela riu. – Vou te chamar somente de Alex.

Alexander sorriu de canto. Ele não tinha coragem de sorrir abertamente assim como Lohana faz, e aqueles sorrisos dela, estavam fazendo-o ficar nervoso.

***

As aulas acabaram e os alunos foram se despedindo uns dos outros. Lohana e Alexander acabaram de perdendo depois da segunda aula, mas ficaram de se encontrar na biblioteca no meio da tarde. Na verdade Lohana sugeriu e Alexander apenas assentiu. Ele só queria fazer o resumos e garantir sua nota. E depois, ir para casa e cuidar da sua vida. Já Lohana, só tirava a média e sempre esquecia de entregar alguns trabalhos. Já havia ficado em recuperação, algumas vezes, mas nada com que a faça realmente se descabelar.

No estacionamento da escola, enquanto ele ia em direção ao ponto de ônibus, um carro escuro parou ao seu lado.

– Nos encostramos depois, então? – Era Lohana com a ruiva e o rapaz.

– Sim sim. – Alexander respondeu intimidado pelo rapaz atrás do volante.

– Até mais. – Lohana sorriu e o carro seguiu seu caminho.