Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 9
Capítulo 8 - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Desculpem a demora, mas essa semana foi bem corrida. Serei madrinha de um casamento, então já viram né? Provas e mais provas de vestido. Mas finalmente consegui postar... Novamente precisei dividir o capítulo, e essa é a primeira parte. Espero que gostem!!!



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"Eu amo tudo o que foi / Tudo o que já não é / A dor que já não me dói / A antiga e errônea fé". (Fernando Pessoa)

Eu gosto de você. 

Eu gosto muito de você. 

Por um momento, aquilo pareceu apenas uma alucinação. Foram os sons de passos na escada que a tiraram do transe. E o chefe, parecendo perceber o mesmo, a soltou abruptamente. Gil segurou-se no corrimão da escada caracol tentando recuperar o fôlego enquanto o Sr. Parker andava em círculos, disfarçando o constrangimento de ser surpreendido.

— O que está acontecendo aqui? — Kerya encarou a cena com curiosidade.

— Creio que não poderei ficar para o jantar. Lamento muito por isso. — o Sr. Parker cumprimentou a mais velha. — ele se aproximou de Gil e sussurrou ao seu ouvido. — Te vejo na segunda.

O chefe desceu as escadas numa velocidade admirável, sem dar a Gil a menor oportunidade de questionamento. Ele simplesmente desapareceu depois de dizer com todas as letras que gostava dela.

Que. Gostava. Dela.

E se Gil quisesse, ainda poderia segui-lo. Sim, poderia segui-lo e perguntar melhor. Saber melhor. Mas não o fez. Com os olhos de Kerya a questionando e uma estranha sensação de perda, Gil achou melhor retornar ao salão.

Covarde.

É. Era melhor apenas retornar ao salão.

xXx

Vincent entrou na sala de reunião com o semblante bem-disposto. Já fazia algum tempo que não dormia tão bem. O jantar com Elaine o fizera recuperar os ânimos e a satisfação de vê-la tão feliz o enchera de energia. Sorriu um pouco com as lembranças da noite passada, mas o seu entusiasmo foi interrompido pelos olhares aflitos de Matthew e Oliver.

— Qual a merda agora? — Vincent quis saber.

Oliver hesitou. — O Matt tem uma coisa para te contar.

O produtor fez uma careta e sussurrou para Oliver. — Me deixe fora disso, eu sou só o produtor.

Por isso mesmo. — Oliver sussurrou de volta. — Ele não pode te matar, ele precisa de você.

— Que porra vocês dois estão cochichando aí? 

— A equipe da Moda Mulher reservou Fort Worth para os testes da Rise&Sun. — o produtor despejou de uma só vez.

Vincent cerrou os dentes e travou o maxilar. Mas nem fodendo! 

Fort Worth era o camping que a sua equipe esportiva reservava anualmente para os testes de equipamentos de suas marcas. Isso só podia ser uma brincadeira de mal gosto.

— Isso é coisa dela? — Vincent perguntou o óbvio e Oliver apenas assentiu.

— Talvez ela apenas não se atentou que vocês costumam usar especificamente esse camping. — o produtor quis amenizar.

— Não seja ingênuo Matt, aquela megera nos ferrou de propósito. — Oliver passou a mão pelos cabelos, visivelmente agoniado. — Estamos ferrados, precisamos testar os equipamentos e o cronograma está em cima.

— Então ela não engoliu mesmo o fato da nossa produtora fechar o contrato com a equipe de vocês. — Matthew ponderou. — Isso me soa como um belo troco. 

Vincent bufava de raiva. As lembranças de suas conversas com ela rodeavam a sua cabeça. Reviveu a cena de ambos deitados no tapete da sala. Um lençol fino cobria o corpo dela, os seus olhos, concentrados e penetrantes, absorviam cada palavra que ele dizia. 

O sorriso dela ecoava no ambiente e o seu cabelo bagunçado caia pelos ombros. Detalhes tão doloridos que ele gostaria de esquecer. 

E então, ouviu a si mesmo contando de Fort Worth. Das vantagens da locação, da proximidade com a cidade e o custo benefício. Viu-se contando coisas confidenciais e sentiu-se um imbecil por isso. E sem a menor ética, ela usou as informações que eles compartilharam num momento de intimidade para se beneficiar. 

Como ele ainda se surpreendia com isso? Sempre tão manipuladora. Ela realmente era capaz de tudo? Algo em seu coração insistia que não. Vincent alargou a gravata. Talvez ele não a conhecesse tão bem, ou apenas, ela se tornara alguém que ele já não reconheceria. Aquela mulher, que ele amou tão desesperadamente, não passava de uma estranha agora.

Deixou os colegas e seguiu até a sala de Larsson, a fim de tirar satisfações do assunto. Quando o velho presidente o recebeu, Vincent não se preocupou em disfarçar a sua insatisfação.

— Por que o senhor autorizou Fort Worth para a Moda Mulher? E nem tente negar, ela não conseguiria isso sozinha. — ele questionou sem rodeios.

— Bom dia para você também, Parker. — o velho presidente o provocou com um sorriso, mas Vincent não retribuiu. — Autorizei porque achei conveniente. 

— Eu tenho um acordo de anos com aquele lugar e tenho beneficiado a B&B Larsson com isso, ou o senhor perdeu a memória?

— Não. Não perdi. — Larsson respondeu, e a sua voz parecia calma demais. — E agradeço muito pela sua colaboração. — o velho levantou-se e andou até um pequeno bar e se serviu de um copo de whisky. — Mas acontece que a Moda Mulher possuía informações muito precisas. E eu não pude recusar esse pedido.

— Ela... Te chantageou? — Vincent arregalou os olhos, quase incrédulo.

— Sabe, Parker... Homens de negócios, como nós, devem ser cautelosos com o que compartilham com as suas mulheres. — Larsson tomou um gole de sua bebida. — Os romances não são eternos, porém, uma mulher magoada... Ah... Isso dura para sempre.

— Eu não fiz nada ilegal, o senhor sabe. Mandei alguns presentes, é verdade, mas eu simplesmente-

— Simplesmente... — Larsson o interrompeu. — Você não está numa posição que possa ser acusado de qualquer coisa, ou não quer mais a promoção? Melhor ceder ao capricho. E ficamos com essa lição; nunca misture prazer com negócios.

— Isso é um absurdo. Você é o presidente desse lugar. Se livre dela, porra!

— Seria mais simples, —  Larsson concordou. — mas ela vale muitos milhões para essa companhia. E você sabe como eu aprecio mulheres que me trazem dinheiro em vez de tirá-lo.

— Com ou sem Fort Worth, eu vou destruir aquela equipe de merda!

— Veja só... Que curioso, — Larsson o encarou com um sorriso lascivo. — ela disse exatamente a mesma coisa de você.

xXx

Vincent observava a paisagem da janela do ônibus. O céu estava limpo, quase sem nuvens e os raios de sol abençoavam a bela vista do horizonte. Não poderia desejar um clima mais perfeito para os testes dos equipamentos. Vincent bufou.

Infelizmente, a sua irritação não iria abandoná-lo tão cedo. Não conseguia aceitar terem perdido as reservas de Fort Worth.

Ao invés disso, ele e a sua equipe seguiam para uma outra região e se instalariam em um camping a aproximadamente quatro horas de distância da cidade, atrasando consideravelmente todo o cronograma. Tanto, que Vincent mal conseguiu ter uma maldita noite de sono tentando agilizar os preparativos o suficiente para não impactar no tempo que ainda tinham.

Mas não poderia reclamar. Era uma imensa sorte terem conseguido essa reserva. Algo que parecia improvável, já que estavam em alta temporada. Mas a Srta. Missão Impossível novamente havia dado um jeito de resolver os imprevistos. Tinha que admitir, Gilan fizera um ótimo trabalho resolvendo isso.

Vincent observou as pessoas ao seu redor. A animação da equipe conseguiu o deixar ainda mais enfurecido. Não aguentava aquelas cantorias cafonas e as piadas de gosto duvidoso de Oliver. 

Cada vez que o chefe de pesquisas falava alguma bobagem, Gilan ria até perder o fôlego.

Francamente. Vincent revirou os olhos.

Tentou se desligar do ambiente, e talvez, quem sabe, dormir um pouco. Mas parecia algo impossível. A sua mente simplesmente não conseguia descansar. Era uma máquina trabalhando na capacidade máxima, prestes a explodir. Desistiu de tentar e olhou novamente para a paisagem da estrada e um pouco depois, sentiu uma presença ao seu lado.

— Sr. Parker, eu preciso conversar com o senhor. — a voz da assistente parecia preocupada.

— Diga logo. — Vincent respondeu sem tirar os olhos da janela.

— Elaine me ligou mais cedo e... — a jovem respirou fundo. — Ela gostaria muito de acampar conosco.

— De jeito nenhum. —  ele respondeu rispidamente. A última coisa que precisava era lidar com a sua mãe tagarelando.

Gilan ficou calada por alguns segundos. — E se por um acaso, Elaine insistisse tanto que eu não tivesse outra saída a não ser lhe passar o endereço do camping?

Vincent finalmente a encarou. — Aquela mulher irritante encontrou mesmo uma cúmplice, não é mesmo? — ele resmungou, menos rabugento do que gostaria de soar. Pensando bem, acampar era um item da lista de Elaine, e talvez Vincent pudesse se esforçar para isso acontecer.

— Ela parecia tão empolgada. Elaine não precisa ficar o tempo todo conosco e ela prometeu não incomodar. Ela irá montar uma barraca perto de nós, mas eu prometo que-- — Vincent encostou dois dedos na boca de Gilan, obrigando-a a parar de falar.

— Eu já entendi. — ele sentiu a jovem assistente respirar acima de seus dedos. — Eu estou morrendo de dor de cabeça, por favor, pare de tagarelar.

— Desculpe. — a jovem respondeu sem graça. — Eu vou... Bom... Eu vou voltar ao meu lugar. — quando Gilan se levantou, Vincent segurou firme em seu pulso.

— Você pode ficar. — ele praticamente ordenou, e Gilan sentou-se obediente. Vincent encostou a sua cabeça nos ombros da jovem e antes de fechar os olhos, murmurou. — Só me deixe descansar um pouco aqui. — E finalmente, conseguiu dormir.

xXx

Gil percebeu que já estavam nos arredores do camping. A agitação da estrada mostrava que o destino parecia próximo. Em seus ombros, ainda sentia o peso do chefe. O homem respirava tranquilamente enquanto dormia.

Discretamente, ela observava o perfil de seu rosto. O contorno simétrico de seu nariz, a curvatura acentuada dos seus cílios, o desenho irregular de sua boca. Como era possível que uma pessoa tão irritante pudesse parecer tão angelical?

Eu gosto muito de você.

A cada encontro, essa frase parecia ficar menor e mais distante. O chefe nunca mais tocou naquele assunto, e ela tampouco. Será que aquilo aconteceu mesmo ou foi um delírio?

— Gilan? — o chefe acordou e a fitou com espanto, como se a culpa fosse dela por estar ali. Por Deus! Foi ele mesmo quem insistiu para que ela ficasse. —  Já chegamos?

— Quase.

— Ótimo. — o Sr. Parker se ajeitou e olhou pela janela, parecia agitado.

— Com licença. — Gil levantou-se rapidamente e retornou ao seu assento de antes.

Não olhou para trás, evitando qualquer contato visual com o chefe. Ainda sentia o calor do rosto dele em seus ombros. E se perguntou, se com ele, acontecia o mesmo.

O veículo parou em frente a um portal de madeira com os dizeres “Bem Vindos ao Camping The Ground”. Gil avistou Matt conversando com alguns funcionários do camping e respirou aliviada. Ao menos, teria uma boa companhia durante a viagem. Foi quando avistou também Elaine, acenando em direção ao ônibus.

Duas ótimas companhias. E ficou um pouco mais animada.

Todos desceram e dividiram os equipamentos. Gilan segurava três caixas pesadas e mal conseguia enxergar o caminho. O Sr. Parker passou por ela sem sequer lhe perguntar se precisava de ajuda. Gil bufou rabugenta. Andava desajeitadamente quando sentiu o peso diminuir. Os olhos do produtor cruzaram com os seus enquanto ele segurava uma das caixas para ela. Matt parecia mais radiante do que nunca.

— Até que enfim vocês chegaram. Fizeram uma boa viagem?

— Sim. Obrigada. — Gil sorriu de volta. — E se não se importa, vou abusar um pouco mais da sua boa vontade. Preciso que me ajude a montar as nossas barracas.

— Estou aqui para isso! Vou apenas resolver algumas coisas e depois te encontro no campo. — Matt falou com empolgação.

— Se eu fosse você não ficaria tão animado, teremos que montar pelo menos umas quarenta dessas. — o produtor fez uma careta de choro seguida por um beicinho. Gil achou adorável e não conseguiu segurar uma gargalhada.

— Você deve ser um comediante e tanto, Matthew. — o Sr. Parker se aproximou dos dois. — Toda vez que eu o encontro você está fazendo a minha assistente gargalhar.

— Isso é uma boa coisa, certo? Gil tem um lindo sorriso, não acha? — Matt deu um tapinha nas costas do Sr. Parker. 

O chefe pareceu um pouco desconfortável. — Está tudo certo para os testes? — ele mudou drasticamente de assunto. — Espero que dessa vez não aconteça nenhuma merda.

— Só de lembrar daquele incidente com as abelhas... Argh! Eu fico inteiro arrepiado. — Matt respondeu e Gil o olhou com curiosidade. — Depois eu te conto sobre isso. — o produtor sussurrou para ela.

— Espero que mantenham o foco no trabalho e não em conversas improdutivas. — o Sr. Parker repreendeu desnecessariamente. 

— Sim, senhor! — Matt bateu continência de forma debochada e o Sr. Parker o encarou com cara de poucos amigos, revirando os olhos antes de deixá-los ali.

xXx

Quando Gil se aproximou do campo para começar a montagem das primeiras barracas, avistou Elaine do outro lado parecendo bastante aflita. Gil colocou os equipamentos no chão e foi em direção a Sra. Parker.

— Elaine! — Gil abraçou a mulher. — Tudo bem? Você parece preocupada.

— Se o Vincent me pegar conversando com vocês ele me manda de volta para a cidade em cima de uma carroça. — ela sussurrou tentando disfarçar. — Ele não quer que eu distraia a equipe.

— Deixe de bobagem, o que você precisa?

Elaine olhou em direção a sua barraca e Gil logo percebeu o motivo de sua aflição. A montagem estava toda torta e provavelmente não resistiria aos primeiros movimentos de seu habitante. — Tenho a impressão de que não sei montar uma barraca.

— Impressão? — Gil levantou uma das sobrancelhas e sorriu. Ela desmontou o objeto e recomeçou a armação. — É simples. Viu essa ponta? Encaixa ela aqui, e depois aqui. — ela puxou bruscamente e o objeto ficou ereto. — Agora eu prendo aqui. Com bastante força. — apertou as extremidades e com um martelo fixou as pontas no chão. — Fácil, não é?

— Impressionante. — Gil escutou o chefe se aproximar. — Para uma garota tão pequena, você até que é bem forte.

— Não é mesmo, querido? Gil tem muitos talentos. — Elaine bateu palmas comemorando, mas cessou assim que o olhar severo do Sr. Parker a alcançou.

— O que eu disse à senhora sobre atrapalhar os meus funcionários? — ele resmungou.

— Ora, mas foi só uma ajudinha à toa. — Elaine abriu uma cadeira de praia e sentou-se. Tirou de dentro da bolsa térmica uma caixa de suco e o bebeu fazendo barulhos com o canudo. — Prometo que agora ficarei aqui, bem quietinha.

— A senhora me enlouquece. — o chefe balançou a cabeça.

— Se precisar de algo é só me chamar. — Gil respirava ofegante. Sua testa estava suada e o excesso de vento bagunçou o seu cabelo. 

Ela se afastou de Elaine e foi em direção aos equipamentos. Mas enquanto andava, sentiu a presença do Sr. Parker a seguindo.

— Preciso que vocês terminem de montar as barracas antes do entardecer. — ele exigiu.

— Sim. O senhor já disse isso. — Gil tentou manter a boa educação, embora o chefe não estivesse facilitando.

— Preciso também que amanhã, antes do sol nascer, vocês estejam na frente da trilha. — ele continuou insistindo.

— Sim. Eu já sei disso também. Eu quem fiz o cronograma. — Vincent Parker era o homem mais inconveniente da terra. Será que ele não percebia a quantidade de trabalho que ela tinha naquele momento?

Gil abaixou-se e colocou uma das barracas nas costas. Andou alguns passos e soltou o equipamento abruptamente no chão. Voltou, pegou mais uma barraca, afastou-se alguns metros da outra e a jogou no chão também. O chefe apenas acompanhava os seus movimentos com o olhar.

— Eu acho que o espaçamento de uma barraca para a outra deveria ser maior. — ele sugeriu.

— Como quiser. — Gil suspirou fundo. Colocou uma das barracas nas costas e se afastou um pouco mais. — Aqui?

— Hum... — o chefe refletiu por alguns segundos, mas com aquela barraca enorme nas costas pareceram horas. — Vá mais para a esquerda. — Gil andou, o obedecendo. Ela sustentava com dificuldade o peso daquela barraca. — Mais um pouquinho. — ele pediu. E ela andou novamente. — Vai mais um pouquinho. — Gil deu mais alguns passos. — Só mais um-

Gil soltou a barraca com fúria no chão e o impacto fez um barulho estrondoso. Alguns membros da equipe olharam na direção deles. Ela limpou o suor da testa com as costas da mão, e bufou, fazendo a sua franja voar em frente ao seu rosto.

O Sr. Parker tinha finalmente conseguido irritá-la.

Há algumas horas, ela o estava admirando dormir como se ele fosse a criatura mais inocente do mundo, e agora, tudo o que queria era martelar a cabeça do chefe no chão até ele ir parar na China.

— Até que ficou bom assim. — o Sr. Parker murmurou. Gil passou por ele o ignorando completamente.

— Está tudo bem por aqui? — Matt se aproximou deles com a expressão preocupada. — Precisa de alguma coisa, Gil? 

— Está tudo ótimo, Matthew. — o Sr. Parker retrucou. — Gilan está fazendo um excelente trabalho.

— Sei. — Matt a encarou com cumplicidade. — Vincent, precisam de você no chalé, para acertar alguns detalhes da estadia. Se tudo está bem por aqui, venha comigo.

Gil teria que se lembrar de agradecer o produtor mais tarde, pois depois que o Sr. Parker se afastou, ela finalmente conseguiu trabalhar com rapidez e tranquilidade. Montou muitas barracas sozinha e admirou orgulhosa o seu trabalho. Os anos de acampamento com Kerya lhe renderam bons frutos.

Mais tarde, o jovem produtor se juntou a Gil para ajudá-la na montagem. E como previsto, antes do entardecer, as quarenta barracas estavam devidamente arrumadas.

O Sr. Parker e Matt reuniram todos para entregar o cronograma e discutir as atividades. Era a primeira vez que Gil participava de um evento dessa natureza, e apesar de todo o trabalho, estava ansiosa para começar os testes.

Matt pediu a atenção dos colegas. — Peço que vocês confirmem  se todos possuem os equipamentos listados. Mochilas, lanternas, estribo, cinturão, freios, blocantes, mosquetões, saco de dormir, sapatos impermeáveis, infladores, isolantes, luvas... Enfim, chequem os itens um a um, por favor.

— Amanhã teremos o primeiro treinamento de utilização dos equipamentos. — o chefe completou. — Espero não ter que acordar nenhum dorminhoco com um balde d’água.

Gil não duvidaria que ele fizesse realmente isso.

— Vamos nos separar para prepararmos o nosso jantar. Preciso de voluntários que queiram cozinhar. — Matt falou com animação, e algumas pessoas se aproximaram dele para se candidatarem.

O Sr. Parker  apontou na direção de Gil. — Você fica encarregada de buscar a lenha. 

Gil arregalou os olhos. Havia tantos homens presentes ali, muito mais fortes do que ela, e mesmo assim o maldito do chefe a escolhera. Por que o Sr. Parker insistia em atormentá-la daquela maneira? Ele estava tão contrariado assim por terem que trabalhar em outro camping? A culpa  disso sequer era dela, caramba.

Todos se dispersaram para cumprirem as suas tarefas e Gil apressou-se em organizar alguns objetos dentro de sua mochila. Não tinha a menor vontade de andar sozinha pela mata, mas aparentemente, todos já estavam ocupados demais para acompanhá-la.

— Pronta? — Matt perguntou. Ele vestia roupas quentes e carregava uma lanterna.

— Você vai comigo? — Gil nunca sentiu tanto alívio na vida antes.

— Acha mesmo que eu deixaria você se enfiar naquela mata sozinha? 

Gil e o produtor se viraram, avistando o Sr. Parker segurando um casaco de poliéster nas mãos. — Eu agradeço a sua preocupação com os meus funcionários, Matthew, mas isso não será necessário.

O chefe se aproximou de Gil e delicadamente a cobriu com o casaco. Enquanto o Sr. Parker ajeitava a roupa nos ombros dela, os seus olhos se encontraram. E como se isso já não fosse o suficiente para deixá-la agitada, ele a segurou pelas mãos e a puxou em direção a mata.

O chefe se virou para Matt.

— Avise aos outros que não iremos demorar.

E o Sr. Parker a arrastou pela trilha, fazendo com que o acampamento, as pessoas e o boquiaberto produtor desaparecerem de sua vista.

 


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Notas finais do capítulo

Até a semana que vem, e muito obrigada mesmo pelos comentários. ^^'



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