Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 37
Capítulo 32 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Antes de mais nada, eu quero agradecer a recomendação que recebi da leitora Lana Ariel... Eu simplesmente fiquei nas nuvens com tudo o que você escreveu, muito obrigada, de coração. Ler o que vocês estão achando sobre a nossa história me motiva DEMAIS!

Vamos lá... Eu sei que demorei MUITO para postar a parte 2 e estou me sentindo super culpada por isso. Me desculpem. Eu me atrapalhei com várias coisas nesses últimos dias. Depois ainda teve a minha sogra, que veio passar uma semana em casa, e então, logo em seguida foi o meu aniversário (29 anos... Socorroooo eu tô ficando velha =o), mas enfim.... Chega de enrolar e vamos logo ao capítulo, não é mexxxxmo? xD



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" 'Eu te odeio', disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la". (Clarice Lispector)

— Ai meu Deus! — Gil apertou os olhos com força e virou as costas para aquela cena.

Sua irmã mais velha, seminua e esticada no sofá do seu antigo apartamento, com um moreno atracado entre as pernas.

— O que diabos você está fazendo aqui, Gilan? — Gil escutou Kerya berrar, enquanto a movimentação na sala parecia se tornar mais intensa. Provavelmente, a dupla de pervertidos tentava se vestir o mais rápido possível.

— Você tem uma cama enorme e confortável no seu quarto, sabia? — Gil permanecia de costas e com os olhos cerrados, nada no mundo a faria abri-los. 

Deus! Aquilo era tão constrangedor.

— E como eu ia adivinhar que você apareceria por aqui? Graham Bell não inventou o telefone à toa, sabia? — Kerya respondeu com a voz ainda ofegante.

— Eu tentei te ligar. Só que ninguém me atendeu. — Gil resmungou irritada. — E se você não queria que eu aparecesse sem avisar, por que me deu a cópia da chave?

— Estou pensando seriamente em pegá-la de volta. — Kerya retrucou, parecendo ter recuperado o fôlego. — Pode se virar, já estamos vestidos.

Gil só queria se teletransportar para o seu antigo quarto sem ter que encarar o namorado da semana, mas infelizmente, não tinha escolha. Abriu os olhos devagar e se virou na direção do casal.

O homem estava vermelho de constrangimento da cabeça aos pés, em contrapartida, Kerya parecia impecável como uma santa no altar.

— Derek, essa é a minha irmã, Gil… Gil esse é o Derek. — Kerya fez a apresentação mais desleixada e superficial que pode e andou até o balcão da cozinha, recolhendo algumas louças sujas e as colocando na pia.

O moreno musculoso cumprimentou rapidamente Gil e logo em seguida encarou o rosto entediado de Kerya, como se esperasse por alguma resposta. Sem conseguir nenhuma palavra, o pobre homem simplesmente se virou até a porta, mas antes de sair, a fitou com olhos pidões.

— Eu te ligo, pode ser, baby?

— Legal. — Kerya acenou entediada para o moreno, que se mandou mais rápido do que Gil conseguia soletrar “oral”.

— Baby? — Gil ergueu uma sobrancelha.

— Nem me pergunte. — a irmã revirou os olhos e começou a lavar a louça.

— Parece sério dessa vez, ele disse que vai te ligar.

— O problema é que eles nunca ligam, irmãzinha. Mas esquece esse assunto. Eu quero saber o que a senhora Gilan Parker está fazendo aqui… — Kerya olhou para as mãos da caçula. —… segurando uma mala? Tá fugindo de casa?

— Quase isso. — Gil soou mais triste do que pretendia.

— Sério? O que aconteceu? — a expressão da irmã se tornou automaticamente aflita e Gil só queria chorar. Kerya se importava tanto. Gil sentia falta disso.

— Podemos conversar depois? — e fez um esforço imenso para disfarçar a sua voz embargada.

Kerya ficou alguns segundos em silêncio, observando os olhos hesitantes da caçula. Às vezes, Gil tinha a impressão de que Kerya conseguia ver através de sua alma. Como se soubesse de tudo o que acontecia dentro dela.

— Já reparou que nunca mais conversamos? — a irmã finalmente falou. — Você não me explica mais as coisas. Eu sinto a sua falta, Gil. De saber o que acontece com você. De saber de verdade como você está.

— É um assunto complicado. — Gil não tinha coragem de devolver o olhar à irmã. Tinha muito medo de revelar mais do que deveria. — Eu não posso falar sobre isso agora, Kery.

— Não pode ou não quer? — a irmã soltou a mesma pergunta que um dia Matt lhe fizera.

— Não posso. — isso ainda era uma verdade. Gil não podia, mas queria. Queria mais do que tudo.

— Me machuca não poder te ajudar.

Gil estremeceu. Não suportava mentir para Kerya. Aquele casamento a deixou solitária em muitos aspectos, mas aquele era o pior deles. Não poder abrir-se com Kerya era a coisa que mais odiava naquele contrato.

— Você sempre consegue me ajudar. — Kerya a encarou condescendente, e Gil continuou. — Cozinhe a minha comida favorita, me conte histórias bobas, faça maratona de Supernatural comigo… E me deixe passar essa noite aqui. Eu só preciso de você, Kery. Só isso.

Kerya a abraçou com força, a espremendo contra o seu corpo quente e a deixando familiarmente confortável. 

— Gil, eu te amo tanto.

E Gil teve certeza, que mesmo sem receber nenhuma explicação, a irmã sempre abriria os seus braços e a aceitaria de novo.

— Eu sei. Por isso estou aqui.

xXx

De todas as coisas que sentia falta de morar com Kerya, assistir TV abraçadas no sofá era a maior delas.

Para uma garota de dezoito anos, sem a mãe ou qualquer outro adulto por perto, não era fácil manter uma criança sempre entretida, então, a solução que a jovem Kerya encontrou na época – mesmo pouco educativa – funcionou muito bem: Televisão.

Realities shows, filmes, séries, desenhos. Até programas idiotas de auditório. Viam tudo o que aparecesse na programação. Era a coisa delas, o momento em que estavam juntas. Gil se sentia protegida, ao mesmo tempo que Kerya sentia que fazia algo dar certo. A irmã sempre sentiu uma grande cobrança ao educar Gil, mas quando estavam assim, abraçadas na frente da TV, o mundo até parecia mais simples de encarar. A ficção era muito mais fácil do que a realidade.

— Elaine está internada. — Gil despejou, e tudo bem, não era esse o motivo de estar ali, mas era algo que a estava destruindo realmente.

Kerya contorceu o rosto numa careta. Entendia daquele assunto como ninguém.

— É por isso que você está aqui?

— Também. — Gil mordeu o lábio inferior e se perguntou o quanto deveria revelar para a irmã. — Eu me desentendi com o Vincent.

— Aquele lunático aprontou alguma coisa? — Kerya questionou, ativando o seu modo defensivo.

— É… Algo assim. — Gil hesitou, não podia contar sobre Amelia. A irmã jamais perdoaria uma infidelidade de Vincent e com toda a certeza a faria se divorciar no dia seguinte. — Eu só… Eu só não posso-

— Deixa eu adivinhar, você não pode me contar. — Kerya sorriu, mas não era um sorriso amigável.

— Eu sinto muito. — Gil murmurou derrotada.

— Eu também sinto muito que você não confie mais em mim.

Os seus olhos ficaram instantaneamente mais pesados depois de ouvir aquilo. Estavam embaçados e prestes a desabar. A decepção na voz de Kerya conseguiu acabar com o pouco que restava do seu autocontrole.

— Eu queria que as coisas fossem diferentes, eu realmente queria. — Gil fungou, e uma lágrima teimosa percorreu a pele da sua bochecha.

— Gil, não! Me desculpa. — Kerya correu para limpar a lágrima da caçula com os dedos. — Tudo vai ficar bem.

— Você sabe que isso é uma grande mentira. — Gil soluçou com amargura.

— Mentira? — Kerya soltou um riso incrédulo e Gil se surpreendeu um pouco com a agressividade da irmã. — Eu era uma adolescente quando perdi a minha mãe e mesmo assim te criei. E você se tornou essa pessoa maravilhosa, inteligente e capaz. Depois de tudo o que passamos, Gilan, eu não posso aceitar que você duvide da força que tem.

— Não é apenas sobre isso, Kery.

— Às vezes as coisas não acontecem do jeito que queremos, mas elas são o que são. — Kerya continuou energicamente. — Não estou dizendo que encontraremos uma cura, ou um milagre. Ou que os seus problemas com o Vincent irão simplesmente desaparecer. Estou dizendo que tudo ficará bem… Porque ficará. E eu estarei do seu lado para me certificar disso.

A firmeza de Kerya a entorpeceu um pouco. Pela primeira vez em sua vida, sentiu uma inveja esmagadora da irmã. Queria ser um pouco assim. Se fosse, talvez não estivesse enrolada até o pescoço naquela bagunça. Antes que pudesse se recompor daquela conversa, o telefone começou a tocar.

— É aquele lunático, não é? — Kerya perguntou.

— Provavelmente. Eu larguei as coisas dele na recepção do hospital e sumi de lá. — revelou um pouco envergonhada. Não sentia orgulho de ter agido tão impulsivamente.

— Se eu atender posso mandá-lo à merda? — Gil lançou um olhar repreensivo para a irmã. — Tudo bem. A mãe dele está mal, nada de xingá-lo.

Gil suspirou desanimada. Pensar em Elaine naquele hospital lhe causava uma dor real. Daria tudo o que tinha para tirá-la daquele lugar.

— É melhor eu atender, pode ser importante. — Gil ponderou, mal aguentando o barulho insuportável daquele telefone.

Segurou o aparelho sem a menor convicção e respirou fundo.

— Alô.

— Você está me deixando?

Gil não conseguiu formular nenhuma resposta e o seu silêncio incentivou Vincent a continuar.

— Amelia me contou o que vocês conversaram. — o chefe revelou, e o simples fato de imaginá-lo com aquela mulher a deixou sem ar.

Era um sentimento horrível. A apertava, a sufocava. Era um ciúme tão irracional. De um homem que não era nada seu. Não de verdade.

— Você está me deixando, Gilan? — ele insistiu naquela pergunta.

Com dificuldade, Gil finalmente conseguiu respondê-lo.

— Eu acho que é ao contrário, Vincent. — ela olhou rapidamente para a irmã que acompanhava a conversa mesmo parecendo não entendê-la.

— Nada aconteceu. Eu não toquei em Amelia. — ele retrucou com tanta firmeza que Gil quase se convenceu.

Quase.

— Eu não acredito em você, Vincent. — ela despejou obstinada, e logo em seguida desligou o telefone, sem dar oportunidade para que o chefe retrucasse.

— Não pareceu uma boa conversa. — Kerya se aproximou da caçula, colocando as mãos em seus ombros e os massageando.

— Isso não tem importância. Vincent precisa cuidar de Elaine agora. — mal terminou a frase e o telefone começou a tocar novamente.

Kerya a olhou com dúvida e Gil negou com a cabeça, num pedido silencioso para que a irmã não o atendesse.

Sem o menor ânimo, sentou-se ao lado da janela de seu antigo apartamento e fixou o olhar apático no horizonte. A vista dali era muito diferente da que havia se habituado em seu novo lar. Tudo parecia tão monótono por ali. Uma calmaria que havia ficado para trás desde que aceitou se casar com Vincent. Uma calmaria que só era interrompida de tempos em tempos pelo barulho insistente do telefone.

xXx

— É ele… De novo. — Kerya fez sinal para Gil, que a ignorou e voltou a sua atenção para a vista da janela. O sofá se tornou o seu lugar fixo durante aqueles três dias.

Três dias.

Três dias que não atendia nenhuma ligação de Vincent. 

Três dias também que não ia trabalhar, mas Gil não poderia se importar menos.

Pelo que soube, o chefe manteve os seus compromissos, cumprindo todas as suas obrigações de líder de equipe – apesar de passar todo o restante do seu tempo ao lado da mãe.

Elaine, que finalmente havia acordado, estava num quadro clínico muito melhor do que todos esperavam. O que de certa forma acalmou o coração de Gil. Queria tanto visitar a sogra, mas ainda não se sentia preparada para se encontrar com Vincent. Precisava resolver o que faria. Gil não podia negar que a sua vontade de voltar para aquele apartamento era embaraçosamente insistente, mas não se tratava apenas disso. Ela tinha que voltar.

Havia assinado um contrato. Um contrato que não possuía condições financeiras para contestar. E por mais que esperasse que Vincent jamais a acionasse sobre isso, não gostava de se sentir como alguém que não cumpre os seus acordos, que não tem palavra.

Portanto, ela tinha que voltar. Mas não conseguia.

Suas últimas lembranças naquele apartamento eram conflitantes. Em uma noite, esteve na cama de Vincent, como se aquele fosse o seu lugar. O único lugar que ela já quisera realmente estar. Na outra, dormiu totalmente sozinha. Porque Vincent não apareceu em casa. Porque no final do dia, ele nunca seria verdadeiramente o seu marido. Vincent era livre. E ela também. 

Então, por que se sentia tão presa nisso tudo?

— Eu já disse que ela não quer falar com você. — Gil já havia perdido as contas de quantas vezes ouviu aquele telefone tocar, e ainda assim, a irmã continuava a poupando de atendê-lo. — Ela não quer e eu não vou insistir. Vincent, eu juro que se você não parar de ligar eu arrancarei esse telefone da tomada e-- — Kerya encarou o aparelho com uma expressão incrédula. — Você acredita que aquele lunático desligou na minha cara?

— É melhor assim. — Gil respondeu desanimada, se levantando finalmente do sofá. — Eu não dormi muito bem ontem a noite, vou tentar tirar um cochilo.

— Sem almoçar? De jeito nenhum. Eu pedi uma hora a mais da minha pausa apenas para ficar com você.

— Kery, eu agradeço de verdade, mas eu realmente não estou com fome.

— Gilan, por favor… Dá para notar que você perdeu peso… Coma alguma coisa. — a irmã a encarou com os olhos aflitos.

Gil bufou rendida, não tinha energia sequer para discutir.

— Tudo bem, eu almoço com você.

Foi um momento silencioso. Mas Kerya já devia estar acostumada com isso, pois não insistiu de nenhuma maneira para que Gil interagisse. Na verdade, a mais velha parecia satisfeita apenas em ver a caçula se alimentar e Gil se sentiu um pouco culpada por isso. Não era a sua intenção preocupar a irmã assim. 

Era só que… Não conseguia evitar. Estava abatida demais para cuidar de si mesma. 

Kerya recolheu a louça do almoço e guardou rapidamente o restante da comida na geladeira. Pegou a sua bolsa no cabide do corredor e se despediu da irmã.

— Eu vou voltar ao trabalho. — Kerya encarou a caçula com seriedade. — E por favor, tente comer mais um pouco hoje, você mal tocou no almoço.

— Mais tarde eu esquento a comida. — Gil murmurou, sem fazer o menor esforço para aquilo parecer convincente.

Kerya a olhou com desconfiança mas não insistiu no assunto.

— Você tem certeza que ficará bem? Se quiser eu peço uma dispensa no trabalho para-

— Eu me sentirei ainda pior se te fizer perder um dia de trabalho. — Gil retrucou imediatamente.

— Mas promete que me ligará caso precise de algo? — Kerya foi interrompida novamente pelo toque do telefone. Revirou os olhos antes de atender. — Oi pela centésima vez, Vincent… — falou com deboche, e Gil se levantou, pronta para deixar a sala. Não tinha a menor vontade de escutar aquela conversa de novo. — Eu já disse que ela não quer-… O que? Você está aqui na portaria?

Ao escutar aquilo, Gil sentiu uma raiva inacreditável preencher o seu corpo. Por que o chefe agia de maneira tão invasiva? Seria demais pedir uma folga de toda a farsa daquele casamento? Só alguns míseros dias? Por Deus! Vincent a deixou sozinha tantas e tantas vezes, que agora, quando Gil precisava realmente estar a sós, ele não a deixava em paz. Era tão injusto.

Gil fez um sinal negativo para a irmã. Não queria vê-lo, não naquele momento. Gil sequer seria capaz de escutar a sua voz.

— Ela não quer recebê-lo. Bom, aí o problema é todo seu, eu já dei o recado. — e Kerya desligou irritada. — Esse homem é muito teimoso, disse que só vai embora depois de falar com você.

— Não se preocupe com isso. — Gil retrucou sem emoção. — Vincent tem agendada uma reunião importante hoje. Ele não ficará muito tempo por aqui.

— Se você diz… — Kerya abraçou a caçula e se despediu mais uma vez. — Não se esqueça de comer, ok?

xXx

Gil acordou num sobressalto. Foi o barulho de um trovão que a arrancou do sono profundo que se encontrava. O verão era sempre intenso e isso significava incessantes tempestades como a que acontecia agora. 

Confusa e sonolenta, Gil se esticou e olhou para o relógio. Quase seis horas da tarde. Kerya não demoraria a chegar do trabalho. E mesmo sem a menor vontade, obrigou-se a sair da cama e tomar um banho. Havia dormido a tarde inteira, e se a irmã percebesse os pratos limpos jamais a perdoaria pela negligência, então, após se trocar, foi até a cozinha tentar comer alguma coisa e em menos de meia hora Kerya abriu a porta do apartamento, surgindo completamente encharcada.

— Gilan… — a mais velha começou a falar assim que pisou dentro do apartamento.

— Meu Deus, Kery! Desse jeito você vai ficar doente. Vou buscar uma toalha. — Gil saiu correndo e logo voltou com uma toalha nas mãos.

— Obrigada. — a irmã agradeceu enquanto se secava. — Mas Gilan-

— Eu acordei agora pouco e admito, foi só por causa dos trovões. Pelo menos essa chuva melhorou o calor… Estava tão abafado, não é? — Gil desencadeou-se a falar. — Você quer assistir alguma coisa hoje? Espera um pouco, eu vou fazer uma pipoca e -- — Gil já andava na direção da cozinha quando Kerya a interrompeu. 

— Vincent ainda está lá fora, Gilan.

Gil travou o passo, e sem se virar para a irmã, permaneceu estática, feito uma estátua. Não queria acreditar que aquilo fosse possível, que Vincent fosse capaz de esperá-la por tantas horas.

— Ele está todo molhado. Sentado na mureta aqui na frente do condomínio. Eu discuti com ele, — a irmã revelou — implorei para que fosse embora. Mas ele disse que só sairá daqui depois de falar com você. Eu juro, aquele homem é muito difícil. Mas… Eu estou um pouco preocupada com ele, por conta da chuva e-

— Deixe-o. — Gil a interrompeu, finalmente se virando na direção da irmã. — Isso não irá muito longe, Vincent tem outras coisas com as quais se preocupar.

— Você não quer se abrir comigo, tudo bem. Eu respeito. Mas essa situação está completamente fora do controle. O homem está acampado na frente da nossa casa há horas, Gilan. — Kerya se aproximou da irmã e a observou como se procurasse alguma resposta em seus olhos. — Eu não sou a maior fã do lunático do seu marido, mas essa sua frieza está me assustando um pouco, Gilan.

— Eu tenho motivos para agir assim. — Gil se defendeu.

— Tudo bem, eu não vou me intrometer. — Kerya suspirou pesado e relaxou os ombros. — Mas eu só te peço uma coisa, não haja feito uma pessoa que você não é. Independente do que tenha acontecido, não seja covarde. Porque essa, nem de longe é a Gilan que eu conheço.

xXx

Gil estava deitada na cama tentando se concentrar em seu livro, mas o vento fazia um barulho tão irritante entre as frestas da janela que a todo momento ela perdia o foco. Aquela chuva parecia não ter fim e se intensificou assustadoramente conforme anoitecia.

Kerya já havia ido dormir e Gil desejou conseguir fazer o mesmo. Mas a verdade era que nada do que ela tentasse a deixava esquecer que Vincent poderia estar lá fora. 

No meio da maldita tempestade. 

Não. 

Impossível.

O chefe não seria tão irresponsável assim, arriscando ficar doente apenas para fazer birra na porta de sua casa. Não. Isso seria uma loucura. Isso seria o tipo de estupidez que Gil jamais veria Vincent Parker fazer. 

Que porcaria! Não conseguia parar de pensar nele. E o odiou por isso. O odiou por fazê-la perder tempo se preocupando. Imaginando se ele ainda estava lá fora, se sentia frio ou fome, se estava bem.

Decidida, Gil fechou o seu livro e apagou a luz do abajur. Estava delirando. Vincent provavelmente já descansava tranquilo em seu apartamento luxuoso de elevador complicado, deitado quente e confortável na cama, enquanto ela ainda estava ali, sofrendo deliberadamente feito a tola que era. 

Sim. O chefe já devia estar longe, e tudo o que restava a Gil era suplicar ao seu coração por um pouco de trégua. Um mísero segundo de trégua, para que pudesse finalmente dormir e se esquecer da saudade dilacerante que a ausência dele lhe causava.


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Notas finais do capítulo

Gil está irredutível. Mas eu acho que o Vincent merece penar um pouquinho, não concordam?

Vocês viram a capa nova da fic? Um amigo meu resolveu me dar de presente e eu achei a coisa mais linda do mundo, tô apaixonada!!! Bem... Espero não demorar muito para postar o próximo capítulo... Até mais meus leitores pacientes, fiéis e queridos... o/



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