Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 33
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Antes de qualquer coisa, eu quero agradecer de coração as recomendações lindas que eu recebi das leitoras Jéssica Rodrigues e boozinha, vocês são demais meninas! E como disse a Jéssica, nossa história completou 1 ano de existência o/. E eu não sei se agradeço a paciência de vocês ou peço desculpa pela minha demora absurda em postar! Eu realmente vou tentar pegar mais firme e tentar organizar o meu tempo livre para conseguir terminar nossa história antes de completar 02 anos HAHAHAHAHAHA xD Bem, espero que vocês gostem desse capítulo. Deixarei uma música para, quem quiser, tocar num determinado momento (que avisarei no meio do capítulo). O link é: https://www.youtube.com/watch?v=fJLQCf4mFP0

Música : Arctic Monkeys - I Wanna Be Yours

Dica: deixem tocar repetidas vezes! Beijos o/



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"Um homem só encontra a mulher ideal quando olha em seu rosto e vê um anjo e, tendo-a nos braços, as tentações dos demônios". (Pablo Neruda)

Velho. Era assim que Vincent se sentia ao observar todos aqueles jovens dançando e rindo pelo salão. Aquela garotada devia ter saído das fraldas, há o quê? Cinco anos? E já estavam se reunindo? Desejou reencontrar alguns desses rostos daqui uns dez anos, pelo menos. Isso sim seria algo interessante de se ver, principalmente o grandalhão de olhos azuis. 

Vincent não dava um par de anos para toda aquela montanha de músculos se transformar em uma bela pança.

Ryan Murphy. Repetiu o nome com desprezo.

Será que toda escola tinha uma cota de Ryans sarados e jogadores de futebol para preencher? Mais clichê que isso, só mesmo o popular e a garota estudiosa dançando no meio do salão. Vincent revirou os olhos para aquela cena e bebeu mais um gole de sua garrafa de whisky. Tentou se levantar da cadeira do balcão e cambaleou levemente. Ótimo. Estava bêbado.

Pediu um copo de água com gelo para um dos garçons. Precisava melhorar se quisesse levar Gilan para casa.

Observou a assistente de longe, rodopiando de maneira travada e pouco confortável. A jovem não parecia nada à vontade ao lado do ex-jogador e Vincent atribuiu esse desconforto àquela mulher irritante que encarava o casal como se fosse devorá-los vivos.

Vincent soltou uma risada irônica. Ele não era o único irritado com aquela dança estúpida, afinal. Apesar da tal de Marlucy não desgrudar os olhos do noivo grandalhão, o sujeito não parecia nem um pouco incomodado em ser vigiado. Ele sorria, mostrando todos aqueles dentes brancos de maneira excessiva e Vincent sentiu uma leve pontada no estômago. Quantos dentes um ser humano tem na boca mesmo? Esse cara parecia um cavalo feliz.

Mesmo com a distância e pouca visibilidade, Vincent não perdeu o momento em que Ryan acariciou as costas de Gilan e sussurrou algo em seu ouvido. Sentiu o seu corpo esquentar, sabendo que faltava muito pouco para que esse sujeito terminasse com o nariz igual ao de Matthew. Então, para piorar tudo, Gilan sorriu de volta. 

Aquele sorriso que todos ganhavam dela, menos ele.

Porque ele era um idiota, é claro. Mas isso não vinha ao caso.

Gilan segurou naquelas bombas de proteínas que eram os braços de Ryan e ele a guiou para os jardins do colégio. Vincent terminou de beber a água com gelo, apertando o copo com força demais entre os dedos, e imediatamente encarou a expressão de Marlucy do outro lado do salão, igualmente incomodada com aquela cena.

Jurou por Deus que cronometraria cinco minutos no relógio antes de ir atrás de Gilan e ficaria com os ouvidos bem atentos caso ela gritasse por ajuda.

Acontece que ela não gritou. E Vincent tampouco esperou cinco minutos inteiros.

xXx 

Gil não tinha certeza se aceitar o convite de Ryan para dar uma volta havia sido uma boa ideia, mas não aguentava mais encarar Vincent enchendo a cara e a fuzilando com o olhar. Fizeram o caminho por trás da escola, chegando até uma estrada de pedras brancas. O céu estava com nuvens carregadas, o que significava que logo uma tempestade das boas cairia por ali. Andaram devagar apesar da promessa de chuva e Gil observou cada detalhe daquele lugar, lembrando-se exatamente da sensação de quando se encontrava com Ryan no pequeno campo abandonado.

E lá estava, o mesmo terreno inutilizado no qual os casais cheios de hormônios se beijavam durante os intervalos.

— É bom saber que os jovens de Woodrow ainda tem onde se divertirem. — Ryan sorriu travesso. — Olha, o nosso banco ali.

Gil o encarou com um meio sorriso, e em seguida, saiu correndo na direção do banco.

— Não acredito, ainda está aqui.

Ryan se aproximou e reconheceu as iniciais R e G marcadas na madeira do velho banco.

— Eu usei o meu canivete de escoteiro, lógico que estaria aqui. — ele estufou o peito, se vangloriando de sua obra.

— Como éramos tolos. — Gil murmurou, enquanto passava os dedos no relevo da madeira. 

— Não seja tão dura com a nossa versão adolescente. — Ryan brincou.

— Você salvou o meu ano quando me convidou para o baile, sabia? Graças ao Sr. estrela do futebol eu tenho uma ótima história para contar. 

 Ryan desviou o olhar e prensou os lábios.

— Você era tão inteligente. E eu... Bem, eu era um idiota que sequer conseguia passar em álgebra. Não tinha confiança suficiente, então, quando Margareth me pediu para... — Ryan se calou por alguns segundos.

— O que Marlucy te pediu? — Gil perguntou verdadeiramente curiosa. 

— Eu pedi que Ryan te convidasse para o baile, Gigi. — a voz esganiçada de Marlucy ecoou pelo campinho vazio. Gil viu a ex-colega se aproximar com um copo de bebida em suas mãos e um sorriso mínimo no rosto. — Depois daquele mal entendido que tivemos, sobre a sua nota, você se isolou de todos e eu confesso que fiquei com pena.

— Não houve nenhum mal entendido entre nós, você me prejudicou de propósito. — Gil não conseguiu mais segurar o tom rancoroso de sua voz.

— Tanto faz… — Marlucy revirou os olhos. — Isso não era motivo para se afastar, não acha? Éramos só adolescentes. — ela sorriu exageradamente e bebericou a sua bebida. — Mas mesmo depois de tudo, eu quis ser legal com você, por isso insisti para que Ryan a convidasse. Só não imaginava que fosse flagrar vocês dois se beijando no dia do baile, afinal, você sempre soube que eu gostava dele, Gigi.

Gil não suportava esse talento de Marlucy em se fazer de vítima, era tão fácil para a ex colega reverter os papéis.

— Isso é realmente verdade? — Gil encarou os olhos aflitos de Ryan.

O ex-jogador não respondeu mas a sua expressão dizia tudo. 

— Era algum tipo de aposta? — Gil quis saber.

— Não seja boba, não estamos em um filme de baixo orçamento. Eu só queria te poupar de uma noite tediosa e solitária. — Marlucy retrucou.

— Eu agradeço pela sua preocupação, Marlucy. — Gil suspirou devagar e deu o sorriso mais cínico que conseguiu. — E quanto a você, Ryan. Como eu disse, a nerd e o jogador de futebol, mesmo clichê, sempre será uma ótima história para contar. 

— Margareth me pediu para te convidar, mas eu só fiz isso porque realmente queria. — o ex-jogador tentou amenizar.

— Não vamos guardar mágoa de uma coisa tão insignificante, não é mesmo? Nós somos adultos agora. Venha cá, Gigi. — e Marlucy estendeu os braços, oferecendo um abraço.

Mas o que Gil fez foi gargalhar.

— Você tem razão. Vou aproveitar esse momento de reconciliação e pedir desculpas pelo beijo que dei em Ryan no dia do baile, eu mereci mesmo aquele suco no vestido. — Gil levantou-se do banco e encarou a ex-colega, que esbanjava uma expressão irritante de triunfo. — E me desculpe também pelas outras centenas de beijos que trocamos aqui, nesse mesmo banco.

Marlucy fuzilou o noivo com o olhar e o ex-jogador coçou a nuca, disfarçando. O ambiente ficou tempestuoso, e não apenas pelo clima no céu. — Vocês dois… Você... E ela?

— Não comece, Margareth, nem estávamos juntos ainda. — Ryan retrucou com irritação.

— Tenham uma ótima noite. — Gil virou as costas para o casal, mas antes que conseguisse os deixar para trás, Marlucy a impediu.

Não teve sequer a oportunidade de reclamar, pois logo em seguida o líquido doce da bebida que a ex-colega carregava espirrou em seu rosto e vestido. Já havia visto aquela cena antes. Abriu a boca pronta para xingá-la, mas sentiu o peso da mão da mulher.

Marlucy lhe atingiu com um tapa na cara.

— Você enlouqueceu de vez, Margareth? — Ryan levantou-se do banco e segurou os braços da noiva.

— Eu não sou mais aquela menina idiota, Gilan. — Marlucy despejou cheia de rancor. — Dessa vez, você não sairá daqui só com um vestido manchado.

Gil se aproximou da ex-colega com as mãos trêmulas, e pela primeira vez, sentiu vontade de encher alguém de porrada.

Infelizmente, – ou felizmente – Ryan foi mais rápido e apertou a cintura de Gil, a afastando da noiva. O ex-jogador se colocou no meio das colegas, tentando evitar que a discussão saísse do controle.

Algumas gotas de chuva começaram a cair e o contato da água gelada com a pele ardida de Gil a fez retorcer o rosto em uma careta. 

O tapa doía. Fisicamente e emocionalmente.

— Você é uma infeliz, Margareth Lucy! — Gil desabafou em um grito.

— Infeliz? Eu? — Marlucy soltou uma risada sarcástica. — Olhe para você. Eu tenho pena de você, Gilan, sempre tive. Você nunca foi ninguém. Sem família, sem amigos. Você não passa de uma órfã miserável.

— Margareth! Cala essa boca! — o ex-jogador gritou, assustando Marlucy e a fazendo desmanchar o sorriso.

Gil sentiu o ar circular denso dentro de seus pulmões, como se algo pesado a estivesse esmagando devagar. 

A intensidade da chuva pareceu aumentar, misturando as gotas grossas com as lágrimas estancadas em seus olhos. Gil fez uma força sobre-humana para não desabar na frente das figuras embaçadas de Ryan e Marlucy. Ouviu as vozes dos colegas se afastarem aos poucos, como se a sua mente a estivesse resgatando daquele lugar. As imagens se tornavam cada vez mais turvas, e ela correu.

E sem entender muito bem como tudo havia acontecido, se viu dentro de um táxi a caminho do apartamento de Vincent, completamente encharcada de chuva e lágrimas.

xXx

Poucos minutos após conseguir abrir a maldita porta daquele elevador, Gil escutou passos no hall de entrada indicando que o chefe também havia chegado. Bufou nervosa, rezando para que Vincent fosse direto para o seu quarto e não a visse daquele jeito, molhada e descabelada enquanto tentava tirar a mancha de bebida do seu vestido.

 — Gilan? Cadê você? — a voz do chefe foi se aproximando e Gil sabia que seria inevitável que ele a encontrasse.

— Estou na lavanderia, mas por favor, não venha até aqui. — Gil praticamente implorou.

Mas Vincent invadiu a cozinha e andou em direção à lavanderia. Gil virou-se, tentando esconder a sujeira do seu vestido e o seu rosto inchado.

— Olhe para mim. — o chefe exigiu.

— Me deixe sozinha. Eu realmente não quero que você me veja assim.

— Você não devia ter me abandonado na festa daquela maneira. — apesar de tudo, a voz de Vincent parecia genuinamente preocupada.

— Vincent. Por favor…  Agora não. Apenas me deixe.

— Eu só preciso saber se você está bem. — o chefe se aproximou e segurou com firmeza o pulso de Gil, obrigando-a a encará-lo.

Pela expressão apreensiva de Vincent, Gil logo soube que a sua aparência estava uma bagunça. Sentia uma ardência irritando os seus olhos, um tremor em seus lábios e uma leve camada de suor em sua testa. Tudo isso misturado com a água da chuva que a cobria de uma gélida lembrança daquela noite desastrosa.

— Se eu estou bem? — Gil desviou o olhar de Vincent e se afastou abruptamente, esfregando com violência o seu vestido. — Eu estou além de bem. Eu estou ótima. Não vê? — o barulho da esponja friccionando o tecido de sua roupa parecia aumentar a cada segundo. — E eu preciso me livrar dessa mancha idiota. Eu pre-preciso… Preciso me livrar dessa sujeira. — e esfregou, esfregou, esfregou. Até os seus dedos doerem.

— Pare com isso, você vai se machucar. — Vincent segurou os pulsos de Gil novamente, tentando impedir que ela continuasse com aqueles movimentos.

— Me machucar? — Gil gargalhou com ironia. — Mais?

Num movimento brusco, Vincent a abraçou. Com força. Sem lhe dar sequer a chance de reagir.

O chefe a apertava contra o seu corpo firme e Gil soltou um gemido. Sentiu-se sufocada com o cheiro entorpecente que vinha da pele dele e da ardência daquela aproximação. E só então notou o quanto ele também estava molhado, tendo pego, talvez, a mesma chuva que ela.

— O que você pensa que está fazendo? — Gil sacudiu todo o seu corpo, tentando escapar das mãos de Vincent. — Me solte! — e começou a espernear sob o corpo do chefe.

Vincent a prensou de tal maneira que Gil não conseguiria sair daquele abraço nem mesmo se usasse toda a sua força. Então, num ato histérico, começou a socar o peito do chefe enquanto um calor percorria por suas bochechas e um gosto salgado invadia os seus lábios. Chorar na frente dele a humilhava demais.

— Me deixe cuidar de você. — Vincent murmurou, o seu corpo parecia rígido como uma pedra, sequer se abalando com os golpes que recebia.

— Você não tem esse direito. Me solta. Me deixe sozinha, por favor… — Gil sentiu os seus músculos amolecerem, e aos poucos, os socos se transformaram em pancadas ridiculamente fracas.

— Você sabe que eu não irei te deixar, Gilan. — a voz autoritária de Vincent fez com que Gil o encarasse com fúria.

— O que você quer de mim, Vincent? — Gil despejou entre soluços. — Eu tenho tentado tanto ser boa. Tentado não magoar Elaine ou desapontar Kerya, tentado todos os dias não me tornar um incômodo. Mas eu não sou uma estátua, Vincent. Eu não sou um objeto que você decide onde colocar.

— Você jamais foi um incômodo. — ele sibilou.

— Eu sempre serei um incômodo enquanto Amelia existir.

— Que merda, Gilan! Não coloque Amelia no meio de nossos problemas. — Vincent alterou a voz.

— Não ouse me julgar por isso. — Gil tentou mais uma vez se livrar do toque de Vincent, mas logo desistiu. — É você quem não a tira daqui, é você quem insiste nesse passado e o coloca entre essas paredes.

— E por que isso te incomoda tanto? — Vincent a apertou ainda mais contra si. — Você deixou bem claro o tamanho da sua indiferença quando beijou aquele produtor. Quando me desobedeceu… E desrespeitou o nosso acordo.

— Você é tão idiota, Vincent. — então, com toda a sua força, Gil finalmente conseguiu se afastar do chefe e lhe deu as costas, mas logo em seguida, sentiu os mesmos braços a renderem, cercando-a contra a parede.

— Eu posso ser um idiota, mas você é a minha mulher. — Vincent colocou um braço de cada lado, impedindo que ela escapasse dali.

— Eu nem ao menos sei quem sou quando entro nesse apartamento. — Gil falou com desprezo. — Eu já não me reconheço. Não sou a sua funcionária, muito menos a sua amiga e eu jamais serei a sua mulher. Nenhum lugar me serve, Vincent. 

— Isso não é verdade! — Vincent despejou com brutalidade. — Você está sendo injusta comigo. Desde que você colocou os pés aqui eu tenho feito de tudo para que a sua vida não se tornasse miserável ao meu lado.

— Minha vida se tornou miserável no momento em que assinei aquele contrato! — Gil respondeu aos gritos, sem ponderar o peso de suas palavras.

A expressão de Vincent despencou. O líder de equipe abriu a boca, mas em seguida se calou. E Gil se arrependeu.

— Eu não quis dizer isso. — ele ainda a prendia contra a parede, mas agora, não ousava encará-la. — Aconteceram muitas coisas essa noite e eu só estou exausta. — Gil tentava se explicar, mas Vincent continuava em silêncio e sem lhe dirigir o olhar. — Merda! — ela praguejou, ganhando finalmente a atenção do chefe. — Eu sinto muito se fui indiscreta em relação ao Matt. Que droga, Vincent! Eu sinto muito. Eu realmente sinto muito, por tudo. Mas eu já disse que isso nunca mais irá-

E sua frase foi abafada pelos lábios do chefe.

Não havia língua. Não havia sequer movimento. Só havia uma pressão enfurecida que a dominava por inteira.

O sabor de menta misturado com whisky pareceu lhe roubar todo o ar. Gil não sabia como agir e Vincent finalmente abriu a boca contra a sua, numa provocação covarde e sem sentido.

Ela só queria gritar.

Odiou a si mesma e a sua submissão. E odiou ainda mais a sua incapacidade de se afastar, a sua vontade obscena de intensificar aquele toque. Transformá-lo em algo maior. Mais profundo.

Vincent a pressionou contra o seu peito, a deixando rendida. O estômago de Gil vibrou com a expectativa daquele contato ficar maior e explodir entre eles.

— Gilan… — o chefe murmurou entre a sua boca. — Se eu começar, eu não conseguirei parar. — ele passou a ponta de sua língua por todo o lábio inferior de Gil, o mordiscando suavemente em seguida. — Me peça para parar.

— Não pare. — Gil deixou escapar um gemido quase inaudível .

E tudo aconteceu. Rápido, intenso, sem pausa. Línguas e saliva, numa mistura que aguçaram todos os sentidos de Gil. Com certa rispidez, Vincent apertou a sua cintura, fincando os polegares na carne exposta das costas do seu vestido. Houve um choque térmico entre o calor inflamado das mãos de Vincent e a pele fria de Gil, antes castigada pela chuva. Ela estremeceu e esfregou-se contra o chefe, procurando qualquer contato que lhe desse um pouco de alívio. Vincent fazia o mesmo.

Seus dedos pressionavam as costas de Gil, puxavam os cabelos de sua nuca e acariciavam toda a lateral de seu corpo. Gil o sentia em todos os lugares. Em cada pedaço do seu corpo, em cada maldito espaço do seu ser.

— Quando quiser alguém… — o chefe rosnou sem fôlego. — Quando precisar beijar alguém…— e com o olhar transtornado ele desceu as mãos até as coxas de Gil e a ergueu num só movimento. — Beije a mim. Queira a mim.

Gil se viu instintivamente entrelaçando as pernas em volta da cintura do chefe. Estava inteiramente prensada contra a parede agora, e apoiou as suas pequenas mãos no tórax firme do líder de equipe. Sentiu o volume entre as pernas de Vincent friccionar o seu baixo-ventre e as mãos dele apertarem sem a menor cerimônia a sua bunda. E Deus! Ela desejou ter mais daquilo. Ela precisava de mais.

Como se adivinhasse o que fazer, Vincent andou alguns passos até a escada, ainda a sustentando entre os seus braços. Ele encarou os olhos ansiosos de Gil, e logo em seguida, fitou o final das escadas. 

E tudo pareceu tão claro. Vincent sabia ler os seus pensamentos.

Vincent sabia ler o seu corpo.

Ele subiu os degraus, um a um, tomando o cuidado de não cair ou afastar a sua boca de Gil. Sugava os seus lábios, chupava a sua língua, mordia o seu pescoço e todo o pedaço de pele que apontava em seu caminho. E Gil apenas choramingava, desistindo de lutar contra aquilo que sentia.

Um tanto desajeitadamente, Vincent abriu a porta do quarto. O quarto dele – não o de Gil – e ela respirou forte, tomada pela ansiedade enquanto o chefe a jogava sobre a cama, talvez um pouco mais brusco do que ele mesmo planejara.

— Se você soubesse o quanto desejei tê-la aqui. — o chefe sussurrou em seu ouvido, antes de descer a boca até a sua clavícula e distribuir beijos por toda a linha de seu osso.

— Eu já estive aqui. — ela o lembrou, enquanto reprimia outro gemido.

— Não do jeito que eu queria.

Vincent desceu ainda mais, encostando a testa na barriga de Gil, exatamente no lugar em que se encontrava a mancha de seu vestido. E os pensamentos dela a traíram, trazendo à tona todos os acontecimentos de antes.

Tudo parecia tão pesado. Aquela cama era onde ela desejava estar por tanto tempo, que agora, não sabia o que esperar. Não sabia qual direção deveria seguir.

— Não pense em nada. — ele voltou a subir o seu rosto, a encarando com adoração. — Apenas, seja minha.

[Iniciem a música]

Eu já sou. Era o que Gil queria dizer. Mas guardou toda a carga desse fato apenas para si. E assentiu. Concordando com aquilo que o seu corpo já sabia há tempos.

Vincent deslizou o zíper lateral de seu vestido, o puxando em seguida, revelando sua modesta lingerie, também em tom azul. Enquanto o tecido ainda se arrastava em suas coxas, Vincent aproveitou para deixar um casto beijo em sua pele, fazendo com que ela se arrepiasse imediatamente.

— Você é tão fodidamente linda. — ele praguejou, enquanto jogava o vestido no chão.

Vincent se afastou alguns centímetros, ficando ajoelhado no colchão. Alargou a gravata e desabotoou a camisa, a jogando no mesmo canto que o vestido. Gil puxou o ar quando o viu exposto em sua frente e continuou a observá-lo, dessa vez, tirando o cinto de sua calça e se despindo rapidamente. E lá estava ele. Usando apenas uma boxer, exibindo o seu corpo moreno de músculos harmoniosos e marcas que Gil jamais havia reparado tão detalhadamente. Ela mordeu os lábios e piscou repetidas vezes, se certificando que aquele homem não era uma alucinação da sua mente em abstinência.

Vincent deitou-se sobre ela, cobrindo o seu pequeno corpo com o calor do dele. Gil o sentiu apertar toda a sua pele, acariciando as suas coxas, cintura e barriga. Ele deslizou as mãos até alcançar o fecho de seu sutiã, e em segundos, se viu sem a peça. Gil corou, incapaz de evitar o constrangimento de ter os seus seios à mostra.

— A-apague a luz. — foi a única coisa que conseguiu dizer.

— Não! Eu quero ver você. — ele a encarou com a voz ofegante.

— Eu não estou na minha melhor forma. — Gil admitiu, se arrependendo por ter se alimentado tão mal naquela semana.

Odiava ser magra demais.

Vincent agarrou o seu rosto com as duas mãos, tornando impossível que ela desviasse o olhar, em seguida, a beijou mais uma vez, brincando com a língua por toda a sua boca.

— Eu te quero tanto. — ele gemeu entre o beijo, sem desgrudar os seus olhos negros dos azuis.

Gil assentiu obediente, mas para a sua surpresa Vincent tocou no interruptor ao lado da cama e atendendo o seu pedido, apagou a luz. Ainda era possível vê-lo entre as frestas que iluminavam o quarto. Vincent se inclinou e sugou a pele de seu pescoço, a fazendo se contrair ridiculamente. 

O chefe percebeu, é claro, e soltou um pequeno sorriso.

 — E eu mal te toquei. — o ar quente que saia de sua boca entregava que ele ainda sorria.

— Não seja um maldito arrogante justo agora, Vincent. — Gil retrucou, se odiando por não conter outro gemido.

— Isso já é pedir demais.

E ela se contorceu, sentindo que o tecido da boxer que ele usava já não servia de nada. Ela o sentia por inteiro. Firme. Duro.

Ele pareceu compreender o que ela queria e com um desespero animalesco, atacou a pele de seus seios, sugando e chupando os mamilos rosados e sensíveis de Gil. E isso era demais para ela, era mais do que poderia aguentar.

— Por favor… — ela pediu manhosa.

— Por favor, o que? — Vincent deslizou a sua mão até o meio das pernas de Gil e apertou o tecido fino de sua calcinha, a puxando pela lateral e a rasgando com brutalidade, como se fosse feita de papel.

Gil arregalou os olhos com o susto e sentiu as mãos de Vincent segurando os seus pulsos, os prendendo acima de sua cabeça.

— Mas o que...? O que você está fazendo? — ela o observou se afastar um pouco e enrolar o que restou de sua calcinha entre os dedos.

— Eu esperei muito por esse momento. E isso não vai acabar tão cedo. — ele revelou, se aproximando dela e amarrando os seus pulsos com o tecido de sua própria calcinha. — É para impedir que você me atrapalhe. Você é sensível demais.

Gil quis xingar Vincent e a sua prepotência, mas poucos segundos depois, o sentiu entre as suas pernas a lambendo com a ponta da língua. E o seu corpo deu um salto, seguido de um gemido um pouco alto demais. Aquele toque foi totalmente repentino.

— Eu disse. — ele riu com malícia. — Você corresponde tão bem. — Gil observou o chefe mordiscar a pele de sua barriga, subindo pelos seus seios, clavícula e pescoço. Ela baixou os braços ainda amarrados e tentou tocá-lo, mas ele a impediu, a prendendo novamente com os braços erguidos. — Você me tocará o quanto quiser… Depois.

— Por que não pode ser agora? — ela choramingou, quase sem ar.

— Porque agora eu vou te chupar até você gozar.

O corpo de Gil tremeu com aquela promessa. Nenhum homem havia falado com ela daquela maneira. E sem o menor constrangimento, Vincent se colocou novamente entre as suas pernas, beijando e chupando as laterais de suas coxas. E pela dor ardente que se seguiu, ela teve a certeza de que estariam marcadas no dia seguinte. Não demorou para que Gil sentisse, mais uma vez, a ponta da língua de Vincent. O seu gemido saiu estridente e afetado enquanto jogava a sua cabeça para trás. Os olhos do chefe a fitaram e Gil achou injusto não poder agarrar em seus cabelos. Se conformou em torcer os seus pulsos no tecido, que só agora havia percebido o quanto estava apertado. Céus! Isso era tortura.

Ele não parava nenhum segundo. A chupava com agilidade e sem se cansar. Quando uma sensação se amenizava, logo surgia outra ainda mais poderosa. E Gil se perguntou se aquele homem conseguia respirar direito entre as suas pernas. Sentiu espasmos controlarem o seu corpo e o seu quadril se moveu instintivamente, implorando para que Vincent acabasse de vez com aquela agonia. Mas ele só acelerava quando queria. E isso a estava deixando maluca.

Foi então que Gil entendeu. Ela não tinha escolha. Vincent tinha o domínio do seu corpo e seria ele quem decidiria o exato momento em que ela poderia se desfazer. E Gil obedeceu. Gozando e se contorcendo de excitação, abandonando todos os seus pensamentos, enquanto vergonhosamente gritava o nome dele.

— Vincent… Por favor… — ela implorou, quando percebeu que ele, ainda sim, não tinha a intenção de cessar o toque de sua língua. — Eu não aguento mais.

O chefe calmamente se afastou, se colocando de joelhos e parecendo admirar a cena: Gil com os braços erguidos e corada entre o lençol molhado. Pateticamente suplicando por ar.

— Você aguenta, eu sei que sim. — ele ofegou, entregando que a sua condição não era tão melhor que a de Gil.

O chefe se levantou da cama e foi em direção a mesa de cabeceira, tirando um pequeno pacote de lá, e Gil deixou escapar um chiado de espanto. Ele não havia terminado e ela mal conseguia se mover. Vincent finalmente tirou a única peça de roupa que ainda usava e Gil o olhou com surpresa. Pela primeira vez, teve receio por estar amarrada. 

Enquanto ele colocava o preservativo, ela abriu levemente as suas pernas, mas diferente do que imaginou, ele não veio até ela. O chefe sentou-se ao seu lado e ajeitou as costas na cama.

— Senta aqui. — ele  ordenou, dando um tapa na própria coxa. 

Ainda sem energia e com o corpo amolecido, Gil se aproximou, sentando no colo de Vincent e o envolvendo com os seus braços ainda amarrados. Fez o possível para evitar que o contato se aprofundasse, ainda se sentia sensível demais.

— Senta em mim, Gilan. — ele ordenou mais uma vez, e ela quis choramingar.

Não ia aguentar. Simplesmente não ia.

Vincent agarrou em sua cintura e a olhou com devoção. Mas não havia nenhum resquício de piedade naquele olhar, pelo contrário, Gil se sentia dominada… E apenas cedeu ao seu comando.

Foi de uma vez. Uma sensação de posse que a preencheu por inteira, fazendo toda a sua pele arrepiar. 

— Tão apertada. — ele rosnou. — Eu não vou durar.

Ainda sentindo toda a sensibilidade do seu último orgasmo, Gil mordeu os lábios, se impedindo de xingar. Era uma sensação tão intensa que a sobrecarregava de prazer, um prazer que jamais havia sido apresentada antes.

Gil arriscou se mover devagar, sem perder o contato visual com Vincent. Então, num movimento bruto, ele soltou as amarras de seus pulsos, jogando a calcinha estraçalhada em qualquer lugar.

— Me toque. — ele exigiu.

Gil imediatamente agarrou os cabelos de Vincent, o apertando com desespero, como se aquilo pudesse aliviar o frenesi que a havia invadido. Aumentou a intensidade de seus movimentos, o tocando em todos os lugares que antes havia sido proibida. Braços, abdômen e costas. E a pele do chefe ficou marcada com as linhas vermelhas provocadas pelas unhas de Gil.

— Você vai gozar de novo. Comigo. — aquela afirmação fez com que Gil encostasse a sua testa nos ombros de Vincent e o montasse com mais velocidade. Ele estava certo, Gil faria exatamente como ele queria.

O chefe contornou toda a sua cintura com os braços e começou a estocar em movimentos fortes. Não demorou para que Gil escutasse a voz grave de Vincent ecoar por todo o cômodo, se misturando com o seu próprio gemido estridente e exausto.

Ainda sem sair de dentro dela, Vincent se esforçava para recuperar o fôlego. E Gil, mesmo prestes a desmaiar, não conseguia deixar de olhá-lo. O chefe nunca esteve tão vulnerável, nem mesmo quando o vira chorar. Uma camada fina de suor cobria a pele de ambos e era estranhamente excitante sentir aquela mistura de cheiros espalhados pelo quarto. O quarto de Vincent. A cama de Vincent. Onde acabaram de consumar um casamento que jamais deveria ter saído do papel.

E Gil não teve mais dúvidas, aquele era o seu lugar.


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Notas finais do capítulo

AI MEU DEUS EU TÔ NERVOSA! Eu nunca havia escrito nada desse tipo antes e tô com medo de ter ficado uma merda e não ter atingido as expectativas de vocês, mas é isso! Tentei o meu melhor, e sei que ainda tenho muito o que aprender... AFINAL, ESSE CASAL VAI SE PEGAR BASTANTE AINDA!!!!!!!!!! Beijos meus queridos leitores e até semana que vem... o/