Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 32
Capítulo 28 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores. Por favor, perdoem o tempo ENORME que eu levei para atualizar! Dessa vez, não foi minha culpa. Mudei de casa e estou com problemas com a operadora da internet (não citarei nomes, mas deveria se chamar "morto" e não v***) e ainda não resolveram. Ou seja, já faz mais de 15 dias que eu mudei e nada da internet ser instalada. Estou nesse momento em uma lan house apenas para postar esse capítulo pra vocês, pois já estava me sentindo mal por tanto tempo de ausência. Espero que gostem... S2



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"Talvez eu esteja muito ocupado sendo seu para me apaixonar por um novo alguém". (Arctic Monkeys)

 Woodrow High School. Colocar os pés novamente naquela escola a enchia de lembranças. Não que Gil tivesse se formado há tanto tempo assim, mas a vida adulta não a permitiu manter alguns contatos como gostaria. E talvez um certo chefe lunático tivesse uma parcela de culpa nisso.

Era o mesmo salão do seu baile de formatura. Mas tinha que admitir, a decoração estava muito melhor do que da última vez que havia estado ali. Garçons circulavam com bandejas prateadas e uma banda bastante agradável tocava ao fundo. E para completar, algumas luzes de led iluminavam parcialmente o ambiente, deixando tudo com um ar ainda mais sofisticado. Gil agradeceu Kerya mentalmente por obrigá-la a usar o seu vestido azul-claro favorito, não imaginou que se empenhariam tanto em uma simples reunião de colégio. Um dos garçons lhe ofereceu uma taça de champanhe, a qual Gil aceitou imediatamente, virando o líquido rápido demais. 

Não era a sua intenção ficar bêbada, mas se isso ajudasse a esquecer um pouco de toda a decepção desses últimos dias, ela não hesitaria em continuar bebendo.

Beijar Matt foi a ideia mais honesta e egoísta que tivera.

Honesta porque, de fato, desejou aquele beijo. E nunca pensou que fosse tão incrível se sentir inteiramente correspondida. 

Mas era também muito egoísta, porque essa mínima abertura poderia causar um dano irreversível aos sentimentos de Matt. E ela jamais suportaria magoá-lo. 

Gil finalmente avistou rostos conhecidos, e timidamente se aproximou de um grupo de ex -alunos e professores. Diferente do que imaginava, foi recebida calorosamente por eles e a conversa fluiu de maneira fácil e confortável. Pensando melhor agora, por que havia se afastado tanto dos amigos do colégio?

— Não acredito! — uma voz esganiçada ecoou pelo salão. — Gigi, é você?

 Ah certo. Acabara de se lembrar o motivo.

 Respirou fundo, e então, encarou os olhos negros e animados de Margareth Lucy.

— Marlucy… — devolveu o cumprimento com o melhor sorriso que pode. — Tudo bem com-

Não teve tempo de terminar a sua frase, pois a ex-amiga se aproximou abruptamente e a abraçou com força.

Gigi, você realmente veio, querida. — Marlucy berrou desnecessariamente no ouvido de Gil.

Aquilo era no mínimo constrangedor. A última vez que se viram não foi nem um pouco amigável. Marlucy havia jogado um suco de uva no vestido de Gil, no dia do baile, depois de vê-la com Ryan no jardim.

Ryan. A estrela do time de futebol. Um dos garotos mais populares do colégio, e misteriosamente, o par de Gil no baile de formatura. E como ela mesma havia descoberto anos atrás, o grande amor de Marlucy. A colega costumava trocar de paixões mais rápido do que trocava os seus cardigãs, mas aparentemente, Marlucy falava sério sobre a sua paixonite, pois os olhos de Gil imediatamente identificaram o homem alto e loiro ao lado da colega.

Gigi, você se lembra do Ryan? — Marlucy a soltou finalmente, e logo em seguida, ficou ao lado do loiro. E Gil os notou entrelaçando os dedos.

Gil o cumprimentou um pouco sem graça. Deus! Esse garoto já havia enfiado a língua em sua boca. 

— Caramba, Gil. Você está… — os olhos azuis do moço fitaram Marlucy de relance, o fazendo ajeitar a sua postura. — Diferente.

— Não usa mais aqueles óculos horrorosos? — Marlucy comentou com a voz doce.

Gil fez uma força imensa para não revirar os olhos. Ela adorava colocar os seus óculos de leitura, de vez em quando. E não havia nenhum problema com eles.

— Me sinto uma adolescente de novo. — Gil tentou desconversar e olhou ao redor. — Não mudou nada por aqui. 

— Tenho boas lembranças desse salão. — Ryan murmurou baixo demais, mas o suficiente para ser ouvido.

— Eu também. — a ex-amiga sorriu debochada. — Tenho uma foto tão engraçada sua, com o seu vestido manchado de roxo. Me desculpe por isso, Gigi.

Era impressionante como Marlucy conseguia dizer as piores coisas com os melhores sorrisos.

— Sem problemas. — Gil tentou sorrir também. — Foi um baile divertido.

— E teve um final feliz. — Marlucy lançou um olhar malicioso na direção de Ryan, que pareceu um tanto agitado. — Eu e Ryan estamos juntos. E finalmente ficamos noivos.

— Que bom. — Gil não sabia exatamente o que dizer. Não queria soar falsa, mas a verdade era que estava pouco se lixando para a vida amorosa dos dois colegas.

— E você? — Marlucy a encarou com curiosidade. — Já desencalhou, Gigi

— É… — Gil olhou para os lados à procura de mais champanhe, e então, respondeu com um pouco de desânimo. — Eu me casei.

— O que? — Marlucy soltou um grito tão estridente que quase matou Gil do coração. A colega agarrou a sua mão direita e ficou boquiaberta quando viu um fino anel dourado junto de outro verde e azul. — Isso é safira de verdade?

   — Sim. Safiras e esmeraldas. — Gil puxou a sua mão delicadamente, se afastando do toque de Marlucy. Encarou o anel de noivado em seu próprio dedo e sorriu sem perceber. 

A lembrança do skyline sempre lhe causava algo.

 — Como eu não fiquei sabendo desse casamento? — Marlucy franziu a testa de uma maneira assustadora. — Nós teríamos te enviado um belo presente. O pai de Ryan é dono de uma das maiores redes alimentícias do país, você sabe.

— Foi uma cerimônia íntima, apenas para familiares. — Gil achou melhor se explicar.

— E o que o seu marido faz? De que família ele é? Vocês se conhecem há muito tempo? — Marlucy parecia uma metralhadora de perguntas.

Doce, por favor. Não seja indiscreta. — Ryan finalmente se manifestou, lançando um olhar terno na direção de Gil.

— Oh! Estou me intrometendo, Gigi? — Marlucy sorriu grande. — Me desculpe por isso, mas estou curiosa para saber das novidades.

— Não tenho muito o que contar. — o último assunto que Gil queria tratar naquele momento era Vincent, mas diante dos olhos vidrados da colega, achou melhor respondê-la de uma vez. — Eu o conheci no trabalho, sou assistente dele. Trabalhamos com vendas. Shopping home, para ser mais exata, na B&B Larsson.

— Nunca ouvi falar. — Marlucy bateu com os ombros.

— Essa é a empresa de Baxter e Brianna Larsson. — Ryan informou. — Eu trabalho nos bastidores da Liga de Futebol Americano e já anunciamos alguns produtos com vocês. Tivemos um ótimo retorno e as vendas foram à loucura. — Marlucy bocejou, deixando claro o quanto aqueles assuntos de negócios não lhe interessavam em nada. — O seu marido atua em qual área?

— Ele é o líder de equipe do departamento esportivo. — Gil respondeu, observando Marlucy distraidamente olhar a movimentação do salão.

— Você é casada com Vincent Parker? — Ryan disse com surpresa, o que fez Marlucy finalmente prestar atenção na conversa.

— Sim, sou. — Gil sentiu-se estranhamente tímido.

— Esse cara é uma lenda. — Ryan soltou um suspiro. — O que Vincent Parker fez na última temporada foi um verdadeiro milagre.

— Ele é tipo, importante? — Marlucy quis saber.

— Importante? Parker conseguiu patrocinadores até para os sabonetes do vestiário. — Ryan explicou animado e Gil soltou um fino sorriso. 

Aquilo era tão a cara de Vincent. 

— Em contrapartida, — Ryan continuou. — não sobrou uma única peça daquela coleção para contar história. Vendemos todos os artigos que os jogadores promoveram.

— Interessante. — Marlucy sorriu maliciosamente. — Quem diria, a tímida Gigi foi mesmo capaz de amarrar o chefe rico? — então, Marlucy arregalou os olhos e tapou a boca, parecendo preocupada. — Não me diga que… Você está grávida dele?

— Margareth! — Ryan a repreendeu e Gil o agradeceu internamente por isso.

— Me desculpe, claro que não está grávida, o seu corpo não mudou nada desde o colégio. — e Marlucy sorriu com uma falsa simpatia, a encarando por tempo demais, fazendo Gil cruzar os braços e cobrir os seus modestos seios, bem menores do que os da colega.

— Eu não estou grávida. — achou melhor deixar isso claro. — Nós nos conhecemos a menos de um ano e-

— Você o conhece a menos de um ano? E como conseguiu se casar tão rápido? — Marlucy parecia desconcertada. — Quero dizer… Vocês mal se conhecem.

— Eu realmente… Eu não sei. — olhou desesperadamente pelo salão, procurando algo ou alguém que pudesse tirá-la daquela conversa. Falar desse casamento não era nem um pouco fácil, envolvia coisas demais para que Gil se arriscasse em dizer algo equivocado. — Acho que… Apenas aconteceu.

Marlucy a olhou com desconfiança. — E por que ele não está aqui?

— Vincent precisou comparecer em um evento promovido pelos nossos parceiros. — sua voz era quase um sussurro. Não precisava nem mesmo fingir a insatisfação que a ausência do chefe lhe causava.

— Homens de negócios. — Marlucy segurou nos braços musculosos do noivo. — Eles nunca estão presentes. Por isso jamais me opus quando Ryan decidiu seguir a sua carreira no esporte em vez de assumir os negócios da família. Claro, depois de fraturar o joelho e ser impedido de jogar, achei que Ryan finalmente se tornaria um desses engravatados, mas preferiu trabalhar nos bastidores da Liga, não é mesmo, doce? — Ryan apenas assentiu, parecendo realmente magoado com esse último comentário.

— Sinto muito pelo seu joelho. — Gil o encarou com empatia. — Me lembro o tanto que você gostava de jogar.

— Foram épocas difíceis. Mas me sinto honrado por fazer parte da Liga de alguma maneira, aquela equipe é a minha paixão. — Gil pode ver os olhos de Ryan se iluminarem com a simples menção ao time.

— Sem contar que os horários são flexíveis, folgas durante a semana e férias duas vezes ao ano. — Marlucy completou, sorrindo amorosamente para o noivo que retornou o olhar com a mesma ternura.

Ryan havia se tornado um bom rapaz, afinal.

— Estamos de malas prontas para a Tailândia, já que a temporada terminou e não teremos jogos nas próximas semanas. — Ryan contou com entusiasmo.

— A Tailândia deve ser um país maravilhoso. — Gil sorriu sinceramente. Sempre teve vontade de viajar mais vezes, porém, as oportunidades foram poucas.

— Nós merecemos esse descanso. — Marlucy encostou a cabeça nos ombros de Ryan. — Afinal, de que adianta o dinheiro se não temos alguém ao nosso lado para dividir os melhores momentos da vida, não é mesmo?

Normalmente, Gil se sentia anestesiada com as palavras de Marlucy, mas dessa vez, elas a atingiram em cheio. Ir sozinha naquela reunião não era o seu maior problema. Aquele seria só mais um dos momentos em que Vincent não se faria presente. Pois, apesar de dividirem o mesmo teto, o chefe estava demonstrando que não tinha a intenção de abrir qualquer espaço para que Gil pudesse entrar. E essa era a sua verdadeira solidão.

Presenciar um casal real fazia aquele contrato parecer ainda mais patético. Por mais detestável que Marlucy fosse, era ela quem segurava nos braços de um homem apaixonado. Era ela quem viajaria sem se preocupar se dormiriam ou não no mesmo quarto, na mesma cama… Era Marlucy quem recebia um olhar cheio de intimidade.

— Me desculpem o atraso.

Gil reconheceu a voz grave e ofegante atrás de si, e assim que se virou, os seus olhos flagraram um Vincent suado, descabelado e com a gravata torta demais para alguém que nunca aparecia desarrumado.                     

— Vincent? — Gil se segurou para não demonstrar o tamanho de seu espanto. Marlucy e Ryan a encaravam como se procurassem por explicações, e sinceramente, ela mesma esperava por isso. — O que você está fazendo aqui?

— Pensei que eu tivesse sido convidado. — o chefe respondeu entre dentes, ainda respirando com dificuldade.

— Por que você está todo suado? — Gil ergueu uma de suas sobrancelhas.

— Eu corri um pouco. — Vincent apoiou as mãos nos joelhos, puxando o ar com força. — Talvez muito.

— E o coquetel? E Amel-- — Gil encarou novamente os olhos curiosos de Marlucy e se impediu de continuar a frase. — Eu não entendo.

— Não se preocupe com isso. — Vincent sussurrou para Gil, e em seguida, lançou um olhar na direção de Marlucy e Ryan. — A propósito, sou Vincent Parker. — e o chefe estendeu a sua mão. — O marido de Gilan.

— S-sim… O m-meu marido. — Gil gaguejou nervosa. — Esses são Margareth Lucy e Ryan, frequentamos o ensino médio aqui na Woodrow.

— Me chame apenas de Marlucy, por favor. — a colega lançou um sorriso cheio de entusiasmo na direção do chefe.

Ryan não estendeu a sua mão imediatamente e encarou Vincent o analisando por alguns momentos. Gil pode perceber o quanto o chefe parecia menor ao lado do ex-jogador, e Vincent estava longe de ser um homem pequeno.

— Ryan Murphy. Creio que já fomos apresentados na Liga de Futebol Americano. — o ex-jogador finalmente o cumprimentou. 

Vincent apenas assentiu e Gil logo imaginou que o chefe não fazia a menor ideia de quem diabos fosse Ryan.

— Não imaginei que iríamos conhecê-lo hoje. — Marlucy jogou os cabelos para o lado num movimento extremamente irritante. — Soubemos que você estaria em um evento importantíssimo.

Vincent envolveu os seus braços ao redor dos ombros de Gil.

— De fato, eu tinha outro compromisso. — o chefe revelou. — Mas por sorte, consegui adiá-lo a tempo.

— Oh! Não era necessário adiá-lo, essas reuniões de colégio são tão entediantes. Um homem ocupado assim não deveria se preocupar com essas bobagens. — Marlucy despejou, ainda sustentando o mesmo sorriso excessivo.

— Eu costumo administrar muito bem o meu tempo. — Vincent respondeu com firmeza, mas com o cuidado de não parecer grosseiro. — Além do mais, nada relacionado à Gilan é uma bobagem.

Gil imediatamente ergueu o seu olhar e Vincent a fitava com uma expressão ilegível. Sentiu o polegar do chefe acariciar a pele de seu ombro em movimentos circulares e o seu corpo até poderia relaxar com aquele toque, se não estivesse tão agitado com a presença inesperada do líder de equipe.

Marlucy fitou Vincent dos pés à cabeça. — Fico feliz de saber que Gigi teve a sorte de encontrar um marido tão dedicado.

— O único sortudo desse casamento sou eu. — Vincent imediatamente retrucou.

Por mais que aquelas palavras tenham soado extremamente elogiosas, Gil apenas desejou poder sumir dali. Não aguentava assistir aquela encenação ridícula. Suas mãos suavam. Toda essa conversa fiada estava lhe dando dor de cabeça.

— Se me permitem, eu gostaria de alguns minutos a sós com a minha esposa. — Vincent apertou a sua cintura num gesto sutil de posse.

Como se o chefe tivesse sentido o mal-estar de Gil, ele se desviou da insistência de Marlucy em continuar outros assuntos e conseguiu finalmente se afastar do casal.

— Quer uma bebida? — Vincent perguntou com tranquilidade, enquanto caminhavam em direção ao balcão.

— O que você faz aqui? — Gil foi direta, esperando dessa vez uma resposta verdadeira.

— A minha presença te incomoda? — a voz sombria de Vincent lhe causou um frio na espinha.

— Não. Apenas me surpreende. Você deixou claro que não viria.

— Mudei de ideia. — ele disse rispidamente.

Gil observou o chefe pedir uma garrafa de whisky a um dos garçons, que o encarou com desconfiança, mas logo suavizou a sua expressão ao ganhar uma generosa nota de cem dólares entre os dedos.

— E Amelia? — Gil precisou perguntar.

— Eu já disse para não se preocupar com isso.

— Certo. Se quiser pode levar o seu carro, eu pedirei um táxi. — Gil devolveu a chave do SUV e o chefe tomou um longo gole da bebida que devia estar amarga e quente, pela sua expressão desgostosa. — Ou talvez seja mais seguro alguém vir buscá-lo.

— Você está me dispensando? — Vincent perguntou, sem tirar os olhos da garrafa.

— Não! — Gil se apressou em explicar. — Mas você não precisa ficar até o final.

— Por que? Tem medo que eu atrapalhe os seus planos depois daqui? — o chefe praticamente rosnou em resposta. — Pretende ir direto para o apartamento do produtor ou ele virá encontrá-la?

Gil entreabriu a boca totalmente em choque, e em seguida, riu debochada.

— Eu vejo que andou conversando com Amelia. — ela disse simplesmente.

— E eu esperava que você tivesse um pouco de consideração e fosse mais discreta. — a voz de Vincent nunca pareceu tão sarcástica como agora. — Vocês dois estavam se beijando em um lugar público. E Amelia os viu.

— E pelo jeito a sua ex-namorada não resistiu em te contar sobre isso. — Gil retrucou com o mesmo sarcasmo, tentando controlar a irritação de ter sido dedurada por Amelia.

— Qualquer um me contaria. — o chefe elevou a voz quase que imperceptivelmente. — Agradeça por ter sido Amelia e não Kerya. Ou até mesmo a minha mãe.

Gil abaixou o olhar, sentindo-se mal pela primeira vez desde que beijara Matt. Esse beijo havia sido um impulso irresponsável e poderia magoar mais pessoas do que ela imaginava. 

— Isso não voltará a acontecer, não se preocupe. — ela encarou os olhos escuros de Vincent e não resistiu em provocá-lo. — Prometo que seremos mais discretos e manteremos a sua imagem intacta, Sr. Parker.

Gil deu as costas para Vincent na intenção de deixá-lo sozinho, mas sentiu o baque e a força de mãos pesadas virando o seu corpo. 

Estava perto demais do rosto do chefe.

— Vão se encontrar escondidos? — num movimento brusco, Vincent a encurralou contra o balcão, colocando um braço de cada lado e a impedindo de se mover. — Como dois amantes?

— Por que? Pretende me sugerir algum motel? — Gil empinou o nariz, o desafiando. — Deve ter frequentado algum recentemente, não estou certa?

Vincent cerrou os olhos e prensou os lábios.

— Aquele produtor de merda! O que ele te contou?

— O que Matt tem a ver com isso? — Gil ficou confusa, mas logo arregalou os olhos, finalmente entendendo. — Ele te viu, não foi? Matthew te viu com outra mulher. — dizer aquela frase em voz alta parecia mil vezes pior. Teria sido com Amelia?

Vincent ficou em silêncio, ainda sem liberar o caminho de Gil. Seus rostos estavam tão próximos que o calor de suas respirações pareciam uma coisa só.

— Acho que estamos quites. — Gil zombou. — Ambos fomos pegos. Talvez eu tente o motel da próxima vez.

— Nem pense em sair de novo com aquele produtor. 

— Eu não te devo obediência, Vincent. — Gil retrucou, sentindo o corpo do chefe  a prensar cada vez mais contra o bar.

— Não se esqueça que temos um acordo. — ele a advertiu. — O mínimo que eu espero é respeito.

— E eu já disse que seremos discretos da próxima vez. — ela tentou se afastar mas Vincent a cercou ainda mais.

— Merda! Por que? — ele falou alto demais, e sua voz chamou a atenção de algumas pessoas ao redor. — Por que você precisa tanto se encontrar com ele?

— Pelo mesmo motivo que você voltou para a casa com a camisa manchada de batom. — Gil respirou ofegante, soltando toda a frustração que estava entalada em sua garganta há dias.

— Não aconteceu nada do que você imagina, Gilan.

— Encontrei vocês! — Ryan se aproximou, e só depois notou o clima nada amigável entre os recém-casados.

Vincent bufou revirando os olhos, sem esconder a irritação de ter sido interrompido. Gil aproveitou para se livrar dos braços que a cercavam e se afastou alguns passos do chefe.

— Me desculpem… Eu não quis atrapalhar a conversa. — Ryan continuou. — Marlucy encontrou algumas amigas e… Você se lembra dessa música, Gil? Pensei que gostaria de dançar.

Gil encarava Vincent sem realmente prestar atenção nas palavras do ex-jogador. Franziu o cenho tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse o olhar furioso do chefe e escutou a tal música que tocava no fundo. Justamente a música que ela e Ryan dançaram na formatura.

—Acho que foi uma péssima hora. — o ex-jogador ficou constrangido, já que ninguém o respondia. — Me desculpem novamente.

— Ryan! — Gil finalmente conseguiu falar, sentindo os olhos de Vincent a devorarem em reprovação. — Essa é uma ótima hora para dançar.


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Notas finais do capítulo

Corrigi um pouco correndo, se acharem algum erro me avisem que eu arrumo. Esses dois novos personagens não irão aparecer muito, mas são necessários para os acontecimentos do próximo capítulo. Até semana que vem... o/



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