Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 28
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Um mês sem postar. Mil desculpas por deixá-los sem att por tanto tempo. Tive diversos problemas e não conseguia sentar na frente do computador. Mesmo que o capítulo já estivesse escrito eu precisava revisá-lo, porém, estava sem ânimo para isso. De todos os problemas, o mais grave foi ter perdido um amigo de infância no final de abril, o que me deixou muito triste e abalada. Ele só tinha 24 anos. Quis esperar me sentir melhor para não influenciar negativamente na escrita. Espero que vocês entendam de coração. Muito obrigada para os que continuam aqui. Boa leitura...



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"Muitos estragam suas vidas com um doentio e exagerado altruísmo". (Oscar Wilde)

O caminho de volta para casa era sempre acompanhado de um silêncio arrasador, o que normalmente deixava Gil desconfortável e ansiosa. Porém, hoje, agradeceu ao fato de Vincent não insistir em qualquer conversa.

O orgulho não era exatamente uma característica que Gil possuía, entretanto, apesar de modesto, o seu ego havia sido inteiramente esmagado na presença de Amelia. Mas o pedido de Gil foi por um motivo nobre, pelo menos era o que ela repetia para si mesma durante o trajeto até o apartamento. 

Assim que chegaram, trocaram poucas palavras antes do chefe subir as escadas em direção ao seu quarto. Gil fez o mesmo, ansiando por um longo e quente banho.

Saiu do banheiro deixando o vapor do cômodo invadir o seu quarto. Vestiu umas das suas calças de flanela, uma camiseta de tamanho maior e sentou-se de frente à sua penteadeira, ligando o secador e jogando o ar quente em seus cabelos ainda úmidos. 

Então, viu a figura do chefe parada na porta do seu quarto. Deixou escapar um gemido de surpresa quando percebeu aqueles olhos negros a observando.

Vincent ainda a intimidava. Muito.

— Me perdoe. — o chefe se adiantou em dizer. — Eu bati várias vezes, e a porta estava entreaberta.

— Tudo bem. — Gil desligou o secador barulhento, provável motivo de não ter escutado as batidas do chefe, e se levantou da cadeira, encostando-se no batente da porta do banheiro e tentando parecer descontraída. — Precisa de alguma coisa?

— Eu gostaria de conversar. — Vincent pigarreou. — Sobre Brianna.

— Sente-se. — Gil apontou para a sua cama, na qual Vincent se acomodou na beira, a encarando de frente.

O chefe também estava com os cabelos úmidos. Ele usava uma regata fina da cor cinza e uma calça de moletom. Gil sentia um prazer inexplicável ao vê-lo vestido dessa maneira. Era tão informal e tão íntimo.

— Eu e Brianna tivemos um breve romance no ano passado. — Vincent revelou  e ajeitou a sua postura. Gil notou que a calça de moletom parecia ainda mais justa em seu corpo. Deus! Precisava parar de encarar as pernas do chefe. Corou furiosamente, voltando a sua atenção para o que ele dizia. — E o final não foi pacífico.

Gil assentiu. Ela queria dizer qualquer coisa relevante, mas no fundo, não estava muito a fim de prolongar aquele assunto, e temia que Vincent lhe desse detalhes desnecessários de seu romance. — Só espero que Amelia tenha mesmo a carta na manga que diz ter. — mudou o rumo da conversa.

— Ela sempre tem.

A resposta de Vincent fez Gil torcer discretamente o nariz. O chefe não costumava soar elogioso quando o assunto era Amelia, mas talvez as coisas mudassem depois dessa reunião. A simples ideia de vê-lo se reconciliando com a líder de equipe fazia com que o seu estômago revirasse.

— Amelia tem muita influência. Se ela fosse a sua esposa, Brianna jamais agiria dessa maneira. — Gil nem ao menos sabia o motivo de dizer tal coisa. — Ela seria uma aliada muito mais útil.

— Eu não me casei para melhorar o meu ciclo social. — Vincent sustentou o olhar em sua direção. — Você conhece muito bem os meus motivos.

— Elaine simplesmente adora Amelia. — dizer aquilo doeu mais do que Gil poderia imaginar. Sentiu um ciúmes estúpido da sogra, mas sabia que aquilo era verdade. — Talvez a sua mãe até goste mais dela do que de-

— Nem sequer termine essa frase absurda. — a voz autoritária de Vincent fez com que Gil curvasse os seus ombros. — Jamais me passou pela cabeça me casar com Amelia.

— Talvez devesse. — a frase apenas escapou e Gil se arrependeu de tê-la dito. O chefe levantou-se contrariado, ficando próximo demais.

— Que conversa é essa, Gilan? — ele a confrontou, o aborrecimento nítido em sua voz. — Você quer desistir do nosso contrato?

— E se for? — a expressão de Vincent pareceu desabar e Gil sentiu algo estranho torcer em seu peito. — Eu não tenho recursos suficientes para lidar com as pessoas que te rodeiam. Amelia. Harold. Brianna. Ou qualquer um do seu mundo.

— Só existe um mundo, Gilan. E é nele que estamos vivendo. Juntos. Sob o mesmo teto. — Vincent passou os dedos nos próprios cabelos, como se precisasse se conter de alguma maneira.

— Olhe bem para mim. — Gil apontou para si. — Eu não me encaixo aqui. Eu não consigo nem abrir aquela maldita porta do seu elevador. — ela resmungou baixinho. — Eu estou no lugar errado.

— É por isso que você não consegue dormir?

— O que? — Gil perguntou confusa.

— Eu a carreguei algumas vezes para o seu quarto. — o chefe confessou. — É por isso que você tem dormido no sofá da sala? Você se sente desconfortável morando comigo?

Gil pensou alguns instantes sobre aquela pergunta. 

Se sentia desconfortável? Não. Mas por algum motivo, baixar a sua guarda parecia um tanto imprudente.

Gostar daquele lugar a expunha a um sentimento equivocado de familiaridade. E isso não era algo que lhe pertencia. Vincent não era a sua família, e jamais seria. Talvez pior do que sentir-se desconfortável, ela estivesse apenas com medo. Medo de estar ali, e de um dia, simplesmente não estar mais.

— Eu sinto falta da minha casa. E da minha irmã. — Gil desconversou, tentando soar convincente.

— Quer vê-la agora? — Vincent perguntou imediatamente, fazendo com que ela erguesse uma de suas sobrancelhas. — Nós podemos visitá-la quando você quiser. Isso não é um cativeiro.

Gil não conseguiu conter um sorriso diante daquela proposta. A jovem sabia muito bem que aparecer no meio da semana, sem avisar Kerya, era a melhor maneira de pegá-la transando no sofá.

— Ou podemos comprar uma cama igual a sua antiga. — Vincent continuou, com o tom de voz animado. — Ou ainda melhor, podemos buscar justamente a sua cama antiga e jantar com a sua irmã. — dessa vez Gil riu alto, fazendo Vincent olhá-la satisfeito. — É uma boa ideia, não? Resolvemos dois problemas de uma só vez.

Gil riu ainda mais, os seus olhos lacrimejando levemente.

— Esse apartamento pode não ter a companhia que você gostaria e nem o melhor sistema de portas… — o chefe brincou, girando de propósito os olhos. — Mas ele é seu. Certo ou errado, esse é o seu lugar agora.

Gil assentiu e se afastou um pouco. Abriu uma de suas gavetas e retirou dali um papel, e em seguida, sentou-se na beira de sua cama ao lado de Vincent.

O chefe a observava com curiosidade e ela se convenceu que aquele era um bom momento para tocar no assunto, e lhe entregou o papel.  O convite para a reunião escolar.

— Eu não preciso buscar a minha cama. — ela disse num tom divertido. — Mas gostaria de te fazer um pedido, algo que me ajudaria muito se você me ajudasse. 

Vincent leu o convite com atenção e a sua expressão ainda parecia confusa.

— É uma reunião do meu colégio. — Gil explicou. — Será nessa sexta-feira e existem algumas pessoas que eu realmente gostaria de rever, e outras que, enfim… Eu não quero ir sozinha. — ela limpou o suor das mãos em sua calça. — É estúpido, eu sei, mas, mesmo assim, eu só queria que-

— Eu vou com você. — o chefe a interrompeu.

Um alívio imediato a fez relaxar os ombros. Não sabia explicar por que estava tão nervosa em fazer esse pedido, afinal, ela mesma vinha sendo o suporte de Vincent em todos os eventos que ele era solicitado. Entretanto, até o momento, não havia incluído o chefe em nenhum dos seus convívios. E essa seria a primeira vez.

Havia Kerya, é claro, e a irmã sendo a sua única família tornava inevitável qualquer encontro com Vincent. Mas a ideia de tê-lo perto de seus amigos mais antigos parecia definitivo demais. Quando tudo acabasse, Gil poderia lidar com Kerya, mas não saberia o que fazer com o restante. Não gostava de pessoas, e muito menos de se explicar para elas. Porém, seria questionada sobre a sua separação.

Sim. Separação.

Mesmo que evitasse pensar no assunto, Gil não poderia ignorar o fato de que, mais cedo ou mais tarde, haveria um divórcio.

— Gilan? Você quer que eu a acompanhe? — Vincent chamou a sua atenção. 

— Sim. — ela respondeu finalmente.

— Bom. — o chefe andou devagar até a porta do quarto, e antes de sair, lançou um sorriso convencido. — Se prepare para deixar o capitão do time arrependido por não tê-la levado ao baile.

xXx

Ir ao encontro de Amelia não era exatamente o que Vincent havia planejado para a sua manhã. Mas com a comemoração exagerada de Oliver por causa da liberação do orçamento, achou pertinente agradecer pessoalmente a líder de equipe. 

Amelia deu um soco na impressora e apertou freneticamente diversos botões. Franziu a testa parecendo irritada, antes de finalmente notar a presença de Vincent.

— Lata velha imprestável. — ela praguejou.

— Tendo uma manhã difícil? — Vincent brincou.

— Nada que eu não esteja acostumada. — Amelia ajeitou a sua roupa, erguendo levemente o queixo, e em seguida, fitou Vincent dos pés a cabeça. — Suponho que veio me agradecer. — provocou.

— Exato. — Vincent se aproximou um pouco mais, batendo os dedos suavemente na mesa de Amelia. — Brianna te devia mesmo alguns favores, aparentemente.

— Às vezes, tudo o que se precisa fazer é usar bem as suas informações. — Amelia abriu um largo sorriso.

— Assim como você as usou com o velho Larsson? — a voz de Vincent saiu mais amarga do que ele gostaria.

— Sobre isso, Vince… — ela tentou se explicar mas foi interrompida pelo toque do telefone. — Diga, Gretta. Agora? Certo, irei recebê-lo.

O presidente Larsson entrou na sala de Amelia e imediatamente a sua expressão suave se tornou surpresa.

— Parker? — o velho cumprimentou o seu pupilo. — Não esperava encontrá-lo por aqui.

— Amelia deu um grande suporte para a minha equipe, como o senhor já deve saber. — Vincent explicou. — E eu quis agradecê-la.

— E já agradeceu? — aquele velho provocador parecia se divertir com a situação.

— Obrigado. — Vincent disse com sinceridade, e a líder de equipe assentiu um tanto sem graça.

— Talvez um agradecimento não seja o suficiente. — Larsson voltou a provocar. — Pelo que ouvi, a sua equipe teve um notável estouro no orçamento. E posso imaginar a dificuldade que foi convencer a minha adorável irmã. — Larsson piscou na direção de Amelia.

A líder de equipe parecia tão confusa quanto Vincent e o velho presidente revirou os olhos, impaciente.

— Ora, minha querida… Não foi você mesma quem reclamou de comparecer sozinha ao coquetel da Starprise? — Larsson soltou uma risada debochada. — Acredito que seja uma boa maneira de Parker retribuí-la. Que tal acompanhá-la no evento? — o velho se virou na direção de Vincent.

— Isso não é conveniente, presidente. E eu já decidi que irei sozinha. — a líder de equipe parecia genuinamente atordoada com a insinuação de Larsson.

Vincent sabia muito bem que Amelia não era uma mulher de se abalar facilmente, portanto, o motivo dessa reação diante do coquetel não poderia ser por qualquer coisa.

Harold Mars. É claro, Amelia estava evitando se encontrar com o ex-noivo. 

Vincent observou a líder de equipe abaixar o olhar e cerrar os seus punhos. Talvez fosse apenas gratidão pela ajuda preciosa que tivera, ou até mesmo um resquício de empatia que ainda nutria por aquela mulher, mas a verdade foi que as palavras seguintes simplesmente escaparam de sua boca.

— Não vejo nenhum problema em acompanhá-la. — e imediatamente Amelia o encarou, como se não acreditasse no que acabara de ouvir.

Vincent também não acreditava no que acabara de dizer. 

O velho Larsson sorriu, como se fosse um casamenteiro satisfeito,  e deu dois tapinhas nas costas do seu pupilo.

— Então, está resolvido. Vejo os dois no coquetel de sexta-feira.

Sexta-feira?          

Oh, merda.

xXx

— Você poderia cuspir na bebida dela enquanto ela estivesse distraída. — Kerya insinuou com uma expressão maligna.

— Eu não vou cuspir na bebida da Marlucy. — Gil a repreendeu.

A mais velha fez uma careta.

— Ok. Mas não é como se ela não merecesse.

Gil balançou a cabeça negativamente enquanto disfarçava o sorriso. Aproveitou o seu horário de almoço para matar um pouco da saudade que sentia da irmã. E já que o chefe lhe dera carta branca para dirigir o SUV quando bem entendesse, Gil foi ao encontro de Kerya para colocarem os assuntos em dia.

— Estou te achando muito tensa.  — Kerya começou a falar antes de dar a primeira garfada em sua salada. — Pensei que te encontraria um pouco mais… Relaxada. — a mais velha ergueu a sobrancelha maliciosamente. — O seu marido tem te dado um trato?

Gil engasgou com um pedaço de seu sanduíche e bebeu um grande gole de Coca-Cola na tentativa de empurrar a comida para dentro.

— Kery, por favor! Não diga essas coisas.

— Eu só estou curiosa, e até parece que você é alguma santa. Não se esqueça que fui eu quem te criei.

— Curiosa com o que exatamente?

— Para falar a verdade, com tudo. Você não me conta mais nada. — e Kerya fez um beicinho chateado que Gil acharia fofo se não estivesse tão envergonhada. — Sinto falta das nossas conversas.

— Conversamos quase todos os dias por telefone, Kery. E bom, estamos conversando agora. — mordeu mais um pedaço do seu sanduíche.

— Sinto falta dos detalhes, então. — e a mais velha riu com malícia. — Ah! Me conta. Como ele é? O pau dele é grande?

— Meu Deus, Kerya, fala baixo! — Gil nunca havia ficado tão constrangida como agora. Talvez fosse demais ter que admitir que já se fizera essa pergunta algumas vezes. — Eu não vou te responder isso.

— Como se eu não soubesse de todos os seus namoradinhos. — Kerya retrucou entediada. — Você já usou as lingeries que eu te dei? Gostou daquela vermelha com um furo na-

— Kerya, fica quieta. — Gil praticamente escorregou para debaixo da mesa. — Só. Fica. Quieta.

— Depois não venha me implorar pelos meus conselhos, tá legal? — Kerya zombou enquanto mastigava um pedaço de torrada.

Gil bufou se rendendo.

— Vincent e eu estamos nos entendendo muito bem, era isso que queria saber? — começou a falar, fazendo com que Kerya focasse toda a sua atenção na caçula. — Não precisamos nem ao menos nos tocar para tudo entre nós ficar… Sufocante. Eu nem sabia que era possível se arrepiar só com ar quente da respiração de alguém. Nem que pudesse sentir a presença dele em qualquer cômodo mesmo sem termos contato visual. Ou que o meu corpo se tornasse tão acessível a um mísero olhar dele. — Gil encarou os seus próprios pés. —  E quando o Vincent me beija… Sabe aquela sensação de chegar na última peça de um quebra-cabeça? Você fica tanto tempo tentando completar aquilo que quando tudo finalmente se encaixa, o prazer daquilo quase te faz explodir.

Gil mal percebeu o quão ofegante estava quando terminou de falar. Ergueu o seu olhar e se deparou com uma Kerya de boca aberta.

— E sim, o pau dele é grande. — ela finalizou, e mesmo que não tivesse visto, o tinha sentido e sabia muito bem confirmar esse detalhe.

— Certo. Parece muito bom. — a mais velha finalmente falou.

— Tá suficiente de detalhes para você? — Gil zombou.

Kerya assentiu freneticamente e o seu rosto parecia um pouco mais rosado que o normal.

— Faltou bem pouco para isso se transformar em um conto erótico. — Kerya fingiu se abanar enquanto fazia uma careta. 

— Cala a boca! — e Gil tacou uma bolinha de guardanapo na irmã fazendo com que ambas caíssem na gargalhada.

xXx

Quando Gil retornou do almoço, mal teve tempo de respirar. E com a notícia do aumento do orçamento, muitos detalhes precisavam ser revistos para que os preparativos da transmissão da Rise&Sun continuassem seguindo o mesmo ritmo.

Esbarrou com o chefe em alguns momentos do dia, mas Vincent sequer lhe dirigia o olhar. Ele parecia distante e um tanto preocupado. Portanto, quando finalmente sentaram-se um ao lado do outro no carro, Gil sentiu a necessidade de começar um assunto qualquer.

— Foi incrível a rapidez que reservamos os horários da transmissão, não foi? — Gil disse animada.

— Foi mesmo. 

— E o Matt garantiu que os novos equipamentos são os melhores do mercado. — ela continuou.

— Pagamos uma boa grana para isso.

— Brianna foi bastante generosa na liberação do orçamento. — Gil tentou outro assunto.

— É. Ela foi.

— Amelia deve ter usado ótimos argumentos. — Gil sabia que não devia insistir, mas assim que citou a líder de equipe o chefe imediatamente se mexeu desconfortavelmente no banco.

Enfim, alguma reação.

Vincent fez uma curva brusca e Gil observou os seus dedos ganhando uma cor esbranquiçada ao apertarem o volante. 

— Amelia nos fez um grande favor, e eu me senti na obrigação de-

— Agradecê-la? — Gil completou, ficando um pouco sem graça com a sua própria ansiedade quando notou o olhar de Vincent.

— Eu me disponibilizei a retribuir o favor. — o chefe continuou, ignorando a interrupção de Gil. 

 — Entendo. — Gil encarou a paisagem da janela, buscando disfarçar a sua frustração. — E que tipo de ajuda podemos dar à equipe da Moda Mulher? — perguntou sem desgrudar os seus olhos da janela.

— Larsson me pediu que eu a acompanhasse em um coquetel da Starprise Mtm. — a voz de Vincent pareceu cautelosa demais e Gil se virou para encará-lo.

— Coquetel? — Gil não planejou soar tão incomodada.

— Harold estará lá e Amelia parecia desconfortável com isso.— Vincent falava sem desviar o olhar da estrada.

— E você vai resgatá-la das garras do ex-noivo mau-caráter? — revirou os olhos discretamente.

Vincent fez outra curva brusca, porém, Gil poderia jurar que havia um sinal de diversão em seu rosto.

— Digamos que eu apenas a tirarei de uma situação ruim, assim como ela fez conosco. — ele respondeu como se fosse o suficiente para justificar.

Gil não quis arriscar dizer mais nada e apenas concordou com o chefe. Pelo resto do trajeto, focou a sua atenção na janela do carro. 

Franziu a testa tentando afastar essa sensação esquisita que parecia sugar toda a sua energia. Era algo realmente incômodo, sentia os seus músculos tensionados e ao mesmo tempo uma tontura que a deixava fraca. Parecia que havia adoecido de repente.

Fechou os olhos e inspirou o ar pausadamente, encheu os pulmões até doer, soltando em seguida e sentindo um alívio momentâneo. Encarou as próprias mãos que se encontravam assustadoramente pálidas e geladas. 

O que diabos estava acontecendo com ela? 

Por que se sentia tão perturbada dessa maneira?

Vincent estacionou o carro na garagem do apartamento e puxou o freio de mão com uma força desnecessária, fazendo um barulho estridente ecoar pelo estacionamento.

— Gilan… — ele a chamou sem sequer encará-la. — O coquetel será na sexta-feira. Eu realmente sinto muito.

E então, Gil entendeu. Não estava doente. Muito menos perturbada. O que sentia tinha nome. Estava com ciúmes. 

Um maldito e dilacerante ciúmes.

 


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem... o/