Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 27
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Demorei de novo, será que até o final dessa história eu consigo postar um cap. sem pedir desculpas para vocês pela minha demora???? :(
Prometo não demorar tanto no próximo!!!! Boa leitura.



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"Certas coisas só são amargas se a gente as engole". (Millôr Fernandes)

 

Vincent entrou em sua sala extremamente atordoado e com as mãos trêmulas, procurou pelos seus comprimidos na primeira gaveta da mesa.

Desgraçado.

Não encontrou nem sinal dos malditos remédios e a dor dilacerante em seu estômago parecia aumentar a cada segundo, olhou em um dos seus armários e nada.

Maldito arrogante.

Revirou mais algumas gavetas e uma pontada em seu abdômen o fez desistir de procurá-los. Apertou o botão do seu telefone e chamou pela secretária.

— Sara, preciso que você vá numa farmácia e compre os meus remédios de gastrite. — Vincent pediu com a voz fraca. — Se eu soubesse onde coloquei essas porcarias eu não te ligaria! E não demore, eu estou a ponto de morrer aqui.

Outra pontada em seu ventre fez com que Vincent perdesse a força nos joelhos e fosse obrigado a sentar-se. Imediatamente, a imagem de Harold se inclinando e quase beijando a sua assistente lhe veio à cabeça.

Velho filho de uma puta.

Soltou um gemido e pegou o primeiro objeto que viu em sua frente, o seu inocente porta–canetas, e o tacou com toda a força contra a porta.

Levantou-se e andou de um lado para o outro. Já tivera todos os tipos de perturbações, mas nada que fizesse a sua gastrite arder com tanta intensidade. Suas mãos suavam e o seu corpo inteiro tremia. O barulho dentro do seu peito parecia dominar o silêncio da sala. Essa era a crise mais desconfortável que já havia tido, talvez devesse cogitar realmente procurar um médico.

— Sr. Parker, o seu remédio. — Sara abriu a porta da sala e entrou rapidamente, carregando em suas mãos os comprimidos e um copo d'água.

— Chame o Luhan… — Vincent balbuciou antes de engolir o remédio. — Imediatamente.

— Sim, senhor. — e Sara saiu da sala com a mesma rapidez que havia entrado.

Em menos de cinco minutos, a figura tranquila de Oliver sentou-se na cadeira em frente a mesa de Vincent.

— Você está com uma aparência horrível, sabia? — Oliver zombou em meio a um sorriso malicioso. — Gilan não te deixou descansar?

— Sua boca e sua bunda estão numa competição de merda? — Vincent rosnou irritado.

— Wow! Isso feriu os meus sentimentos. 

— Por que Harold Mars está rondando por aqui? — Vincent ignorou o colega.

— Ele tinha uma reunião com o Larsson. Mas pelo que notei, Harold não demorou muito na sala da presidência. — Oliver revelou.

— Aquele cretino estava aqui apenas para ver a Gilan. — Vincent murmurou, mas o chefe de pesquisas conseguiu escutar.

— Você e Harold  realmente tem o mesmo gosto para mulheres, Parker. — Oliver riu da própria piada.

— Só que a Gilan não é qualquer mulher, é a minha esposa! — Vincent arremessou o copo vazio, que antes Sara trouxera, fazendo o objeto se estilhaçar contra a parede.

— Porra! O que foi isso? Você ficou maluco? — Oliver arregalou os olhos assustado.

— Maluco eu vou ficar se aquele desgraçado se aproximar da Gilan novamente! — Vincent retrucou ofegante.

Oliver analisou com interesse as feições do líder de equipe e não conseguiu segurar  a gargalhada.

— Já vi homens ciumentos, mas isso é ridículo. — Oliver apertou o abdômen tentando cessar o riso. — Você se casou há dois dias, Parker. — o chefe de pesquisas ergueu uma sobrancelha. — Sua esposa ainda deve estar suspirando pela noite de núpcias, relaxe um pouco.

Não houve porcaria de noite de núpcias. Vincent quis confessar.

E o problema era exatamente esse. Não havia nada que pudesse impedir Gilan de se interessar por Harold Mars, por Matthew Green ou qualquer outro homem que se aproximasse dela. Porque, simplesmente, eles não estavam envolvidos de verdade.

— Por que vocês não saem um pouco mais cedo hoje? — Oliver sugeriu. — Recém-casados nem deveriam trabalhar para começar, não é mesmo?

— Você tem razão. Eu vou sair mais cedo.

Oliver sorriu lascivamente e Vincent revirou os olhos.

— Não vou sair para fazer o que você está pensando. — Vincent resmungou e discou um número em seu telefone. — Sara, avise a Gilan que deixarei o meu carro à disposição dela. E peça um táxi para mim, por favor. — Vincent desligou o telefone e encarou Oliver que parecia confuso. — Vou resolver um assunto que está me incomodando.

xXx

Já passava das oito da noite e nenhum sinal de Vincent. Apesar de estranhar o fato do chefe não esperá-la como haviam combinado, Gil precisava admitir que a experiência de dirigir o SUV dele havia sido indescritível. Uma das coisas que as irmãs Robert abriram mão para economizar na compra do apartamento, foi justamente um carro. E poder andar com aquela máquina pela cidade depois de tantos anos enfrentando o metrô, era simplesmente maravilhoso.

Havia desistido de cozinhar para Vincent, mas na realidade estava faminta e não ficaria à vontade usando tudo da cozinha dele sem dividir a refeição. E apesar de continuar irritada com a mudança de humor repentina do chefe, ainda sentia a necessidade de demonstrar o quanto estava satisfeita por vê-lo se esforçando para cumprir a sua parte no acordo. Portanto, mesmo que não fosse um jantar sofisticado como havia planejado, Gil cozinhou o melhor macarrão com queijo que pode e arrumou a mesa com bastante capricho para esperá-lo chegar.

Mas Vincent não apareceu.

Gil levantou-se para tirar a mesa e escutou o elevador apitar no hall particular. Não virou-se para vê-lo chegar, mas sentiu os seus dedos tremerem levemente enquanto recolhia a louça até a cozinha.

— Você cozinhou. — Vincent disse o óbvio.

Gil quis olhá-lo, mas resistiu, e continuou a organizar a louça suja na pia.

— Sim, eu cozinhei. — ela respondeu secamente.

— Você está brava. — aquilo não pareceu uma pergunta.

— Não estou. — Gil prensou os lábios quando notou que a sua resposta soou menos convincente do que esperava.

— Olhe para mim. — a voz grave de Vincent soprou em sua nuca, e Gil pode sentir o calor da presença dele atrás de si.

Rapidamente, ela ligou a torneira e começou a lavar um prato.

— Estou ocupada, Vincent. — Gil desconversou.

— Você cozinhou e está brava porque eu não apareci para o jantar. — ele murmurou as palavras. — Acho que isso é um casamento, afinal.

Vincent pareceu zombar com a sua última frase e Gil sentiu o seu sangue ferver, virou-se bruscamente encarando aqueles olhos escuros. Nunca havia reparado o quanto as suas pupilas se misturavam ao tom de sua íris.

— Eu não estava esperando por você. — ela mentiu raivosa e descaradamente.

— Não? — o chefe pareceu desapontado.

— Não. — Gil insistiu e virou-se novamente, voltando a lavar a louça.

— E por que ainda tem um prato vazio na mesa? — Vincent questionou.

Nervosa, Gil deixou a faca escorregar de sua mão, fazendo um barulho estridente na pia.

— Tenha cuidado! — o chefe reclamou. 

Vincent segurou com firmeza a cintura de Gil e a virou para ele, pegou um pano de prato e secou as mãos dela, analisando com cuidado se havia algum corte por ali.

— Não vá se machucar. — Vincent a alertou.

— Eu estou bem. — ela murmurou enquanto o chefe continuava a esfregar o tecido em suas mãos.

— Sinto muito. — Vincent disse, mantendo o seu olhar fixo para baixo. — Eu deveria ter avisado. Ainda não me acostumei com essa dinâmica de dar satisfações.— ele a encarou. — Eu sinto muito por tê-la deixado esperando.

— Era só um macarrão com queijo. — Gil bateu com os ombros, voltando a sua atenção para a pia. — Você não perdeu muita coisa.

— Eu tenho certeza que perdi.

— Ainda tem macarrão na panela, se você quiser experimentar. — ela informou, esperando que o chefe aceitasse.

— Claro. Mas antes, eu preciso de um banho. — o chefe falou, e em seguida, deixou a cozinha.

Gil sentiu o corpo de Vincent se afastar e só então foi capaz de se concentrar o suficiente para terminar de lavar a louça. Secou e a guardou, e depois, pegou uma caneca e preparou um chá.

Sentou-se em uma das cadeiras que havia na grande varanda do apartamento e bebericou o chá devagar, observando toda a movimentação da cidade. 

Essa vista, definitivamente, se tornou a sua favorita.

Um pouco mais tarde, escutou alguns barulhos de talheres e deduziu que o chefe estivesse jantando. Queria perguntar se ele havia gostado. Queria, na verdade, sentar-se ao seu lado naquela mesa e perguntar do seu dia. Queria lhe fazer companhia, mesmo que ele não tivesse pedido por ela. Queria aprender como aquele homem funcionava e transformar aquela convivência em algo menos difícil. Queria agir como uma esposa. Mas não era.

— O que Harold queria com você? — a voz de Vincent ecoou pela varanda.

— Apenas me cumprimentar. O Sr. Mars estava em uma reunião com o presidente Larsson.

— Vocês ficaram mais próximos do que eu imaginava. — o chefe insinuou e Gil não gostou nem um pouco disso.

— Vincent… — ela o chamou entredentes. — Apenas pergunte o que você deseja perguntar.

— Não existe nenhum assunto que seja da minha conta. — ele retrucou sem demonstrar emoção.

Gil bufou um pouco irritada e levantou-se da cadeira. Quando estava prestes a deixar a varanda, sentiu o toque suave de Vincent em seu braço.

— Se eu perguntasse, você me responderia?

— É esse o seu receio? Que eu não queira respondê-lo?

— A sua vida particular não me diz respeito, afinal. — Vincent tentou explicar. 

— Não existe nada acontecendo. O Sr. Mars é só um sedutor presunçoso.

— Eu não confio nele.

— E em mim? Você confia em mim?

— Completamente. — a resposta imediata de Vincent a deixou lisonjeada.

— Eu agradeço por isso. — Gil sorriu com suavidade. — E prometo que não darei motivos para que insinuem que a minha relação com o Sr. Mars seja a mesma que ele teve com Amelia.

Vincent franziu a testa.

— Você pensa que eu estou preocupado com isso? — ele quis saber, mas Gil continuou calada. — Eu sequer pensei em Amelia.

Gil bateu os dedos na caneca, tentando disfarçar o seu nervosismo.

— Às vezes parece que todos ao meu redor são um incômodo para você. — ela desabafou.

— E são. — Vincent admitiu, em seguida, desviou o olhar. — Eu prometi à sua irmã que iria te proteger.

— Tenho certeza que Kerya confia na minha capacidade de julgamento. — Gil retrucou.

O chefe apenas assentiu, como se não tivesse argumentos para rebater.

— Harold lhe faltou com o respeito? — Vincent prensou o maxilar parecendo bastante tenso. — Ele tocou em você?

— Se o Sr. Mars tivesse me tocado, um chute em suas bolas teria sido o começo. — Gil respondeu com seriedade.

Vincent cruzou os braços e a encarou com um misto de divertimento e admiração.

— Kerya me ensinou uns golpes de Krav Maga¹. — Gil bateu os ombros, como se fosse algo banal.

— Eu realmente adoro a sua irmã.

— Você e a metade da cidade. Ela é incrível.

Os seus olhos se encontraram e permaneceram estranhamente atraídos por tempo demais. Gil encarou outra direção buscando algum assunto qualquer.

— Já está tarde. Precisamos dormir. — ela se afastou alguns passos.

— Espere. — Vincent pediu, antes que Gil o deixasse na varanda. — Eu comprei um presente para você.

— Presente? — o chefe foi até a sala e voltou com um pacote retangular nas mãos.

— Abra. — a voz dele soou ansiosa.

Gil desembrulhou o pacote com um cuidado desnecessário e retirou de dentro uma placa transparente desenhada com letras douradas. Gil leu os dizeres e deixou um leve sorriso escapar. 

Gilan Parker / Assistente de vendas - Artigos Esportivos. Ela ergueu os olhos na direção do chefe.

— Você pode trocar o modelo se não tiver gostado. — Vincent passou as mãos pelos cabelos. — Eu só pensei que-

— Eu amei. — Gil o interrompeu. — Combina perfeitamente. — ela limpou a garganta. — Combina com a minha sala, eu quis dizer.

Vincent assentiu com um sorriso mínimo no rosto, ele parecia querer dizer alguma coisa, mas simplesmente se afastou e Gil escutou os passos dele ecoando pelas escadas.

Suspirou exausta quando se viu sozinha na varanda novamente. 

Andou até a cozinha para deixar a sua caneca de chá e sentou-se na cadeira em volta do balcão. Analisou a sua placa. Nunca pensou que fosse gostar tanto de um outro sobrenome quanto gostava de Robert. Se acostumou com tanta facilidade a ser chamada de Gilan Parker que até a assustava.

Cogitou subir até o seu quarto, mas preferiu assistir um pouco de televisão. Não conseguia entender o por que de estar tão resistente ao sono, nunca sofreu de insônia antes, mas desde que se mudou para o apartamento de Vincent, sentia bastante dificuldade em dormir uma noite inteira.  Mas, talvez, fosse apenas uma questão de tempo e adaptação, até Gil se acostumar completamente com a sua nova vida... E com a sua nova cama.

                                              xXx

Aquela manhã foi relativamente tranquila comparada ao começo da semana. Gil aproveitou os momentos raros de pausa e resolveu fazer uma boa arrumação em sua sala. Sua nova placa já enfeitava a sua mesa e isso lhe arrancava alguns sorrisos durante o dia. 

Novamente amanheceu em sua cama, e apesar de cogitar que estivesse sonâmbula, agradeceu por Vincent não flagrá-la dormindo no sofá. Depois de organizar alguns dos seus documentos, tirar o pó dos livros de sua prateleira e regar as suas plantas na borda da janela, Gil resolveu organizar a sua caixa de e-mail pessoal.

Duzentos e sessenta e-mails não lidos.

Talvez – só talvez – Gil devesse dar mais atenção a outras coisas em vez de só pensar no trabalho. Não que aqueles e-mails fossem de grande relevância. Notícias, propagandas, promoções. Em tempos de redes sociais, mandar e-mails se tornou tão raro quanto enviar cartas. E então, Gil leu um remetente familiar.

Marlucy Smith. E ela revirou os olhos.

Havia poucas coisas que Gil realmente gostou em sua época da escola, Margareth Lucy, definitivamente, não era uma delas. 

Não se tratava de uma colega antipática, daquelas que costumam humilhar os outros alunos quando ficam entediadas. Não. Marlucy estava longe de ser alguém desagradável.

Pelo contrário, foi a sua simpatia que a tornou uma das pessoas mais queridas da turma, e consequentemente, uma amiga e confidente de Gil. Entretanto, aos poucos, a sua personalidade foi se revelando um tanto duvidosa. Eram atitudes aparentemente inocentes, mas que faziam Gil se sentir um pouco incomodada.

Como a vez que Marlucy disse que as calças jeans de Gil disfarçavam muito bem a sua falta de forma. Ou quando a amiga a elogiou na frente de alguns garotos dizendo que os seus olhos eram lindos, apesar de deixá-la com a aparência pálida do Gasparzinho.

Uma vez, jantando com Kerya, Marlucy conquistara completamente a empatia da irmã, para mais tarde, acidentalmente, deixar escapar que Gil já havia experimentado um cigarro não legalizado, o que lhe resultou em um mês de castigo e muitos anos de sermão.

Nessa amizade um tanto contraditória, aconteceu, enfim, a gota d'água. Numa semana conturbada de trabalhos e provas, o destino quis que Gil pegasse uma gripe arrasadora. Marlucy, com toda a sua boa vontade, prometeu que colocaria o nome da amiga no trabalho, para que a mesma não perdesse a nota daquela matéria. 

Gil ficou imensamente grata por aquela atitude.

Porém, quando se recuperou, recebeu a notícia de que teria que refazer a matéria, pois havia sido a única da sala a não entregar o tal trabalho. Gil argumentou com o professor explicando que o fizera junto de Marlucy, e quando a amiga foi questionada pelo homem rabugento a resposta foi um pouco diferente do que Gil esperava: 

“Eu não sei de nada disso, professor”.

E essa era a triste história da única vez que Gil reprovara em alguma matéria.

Obviamente, a amizade das duas acabou e Gil poderia ter sofrido bem menos se Kerya não tivesse cancelado a viagem para a praia como punição pela nota baixa. Aquele foi, sem dúvidas, o pior verão da sua vida.

Maldita seja, Margareth Lucy.

E agora, Gil lia um e-mail da ex–amiga convidando todos os alunos do Woodrow High School para uma grande reunião. 

Obviamente que ela gostaria de rever algumas pessoas e alguns professores queridos, mas definitivamente, não estava a fim de reviver aquelas lembranças horríveis do colegial. 

Decidiu pensar sobre isso mais tarde, e não confirmou a sua presença. Quem sabe Vincent pudesse acompanhá-la? Se o chefe podia exibi-la por aí nos eventos, não seria nada mal poder fazer o mesmo. Gil sorriu enquanto preparava o material para a próxima reunião, precisava encontrar uma maneira de convencê-lo a acompanhá-la naquele encontro. 

Saiu de sua sala e foi à procura do chefe. No corredor, avistou Oliver e Vincent numa conversa um tanto quanto alterada.

— E o que você quer que eu faça, Parker? — Oliver praticamente rosnou. — Brianna é a responsável pela liberação do nosso orçamento.

— O problema é justamente o que vocês não fizeram, Luhan. — Vincent devolveu a grosseria. — Parece que nunca fez um planejamento antes.

— Não coloque o corpo fora, Parker! Não ultrapassamos o orçamento sozinhos. — Oliver elevou a voz e Gil se surpreendeu, nunca havia visto o chefe de pesquisas bravo antes. — Aumentamos as porcentagens dos patrocinadores para mais visibilidade, pagamos alto pela gráfica que você escolheu e cobrimos a oferta da Moda mulher com a produtora, porque o nosso grande líder não queria trabalhar com outro produtor sem ser Matthew Green.

— Não me culpe pela sua incompetência. — Vincent se aproximou ameaçadoramente. — Se Brianna recusou o seu pedido, eu não tenho nada a ver com isso.

— Claro, porque foder a irmã do presidente jamais prejudicaria a equipe, não é? — Oliver revirou os olhos, retrucando com ironia.

Gil fez um barulho com a garganta para avisá-los de sua presença. Não estava muito disposta a escutar mais detalhes daquela conversa. Oliver prensou os lábios assim que encarou Gil, e fez uma expressão arrependida para Vincent, como se pedisse desculpas pelo que havia dito.

Você deveria manter essa boca fechada, Luhan. — Vincent resmungou para o colega.

— Estouramos o orçamento? — Gil preferiu ignorar o fato de Vincent, aparentemente, já ter tido um caso com Brianna Larsson.

— Não é a primeira vez que isso acontece… — Oliver olhou com reprovação para Vincent. — Mas é a primeira vez que nos recusam a liberar uma extensão do budget.

— E vocês tentaram marcar uma reunião com a Srta. Larsson? — Gil perguntou ingenuamente.

Oliver balançou a cabeça e riu sarcástico.

— Já tentei de tudo. Brianna sequer retorna nossas ligações.

— E como sempre, terei que limpar a bagunça de vocês. — Vincent disse com arrogância. — Falarei com o velho Larsson.

— Isso será inútil. — uma voz feminina fez com que os três funcionários virassem em sua direção.

Amelia White.

Depois do e-mail indesejado de Margareth Lucy e de descobrir que Vincent aparentemente só saía com mulheres bonitas demais para a sua autoestima, lá estava Amelia, fechando com chave de ouro aquele dia maravilhoso. Gil se segurou para não bufar em voz alta.

Diante do silêncio dos três, a líder de equipe continuou.

— Agora você é um homem casado. — Amelia secou Vincent dos pés à cabeça. — Brianna não perderia a oportunidade de irritá-lo.

— Brianna não seria tão ridícula. — Vincent retrucou, ao mesmo tempo que tentou posicionar o seu corpo mais próximo ao de Gil.

— Nunca duvide de uma mulher ferida. — Amelia alfinetou.

Gil soltou uma risada debochada, fazendo com que a líder de equipe a encarasse com desdém.

— Eu posso ajudá-los. — Amelia revelou. — Brianna me deve alguns favores.

— Isso não é um problema da sua equipe, Amelia. — Vincent a dispensou um tanto rude demais.

— Eu também não sou um problema seu, e mesmo assim, você estava lá. — Amelia retrucou sem desviar o seu olhar de Vincent.

Oliver encarou os dois com uma expressão confusa.

— Minha mãe me contou. — Amelia parecia genuinamente emocionada. — Você esteve no hospital. Me deixe agradecê-lo por isso, Vince.

— Você não me deve nada, Amelia. Eu fiz por Ronnie. — Vincent murmurou, pousando a sua mão nos ombros de Gil. Aquele gesto era para passar segurança, Gil sabia. Entretanto, aquilo apenas fez com que ela se sentisse ainda mais deslocada. 

E discretamente, se esquivou do chefe. Gil percebeu o olhar de Vincent, mas ela não ousou encará-lo. Manteve  a sua atenção em seus próprios pés e suspirou exausta.

Talvez, se não existisse esse maldito contrato de casamento, Brianna não tivesse recusado o pedido de Oliver. Talvez, se Vincent reencontrasse com Amelia um pouco antes, ele estivesse casado com alguém com influência suficiente para ajudá-lo. Talvez, se não fosse pela sua presença, o chefe apenas aceitaria a intervenção de Amelia sem se preocupar com os sentimentos estúpidos de uma esposa de mentira.

— Nós precisamos muito desse orçamento... — Gil murmurou, sabendo que se arrependeria disso terrivelmente depois. — Nos ajude com isso, Srta. White... Por favor.

 


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem... o/



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