Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 21
Capítulo 18 - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Finalmente consegui postar a segunda parte. Boa leitura! :)



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"Me apaixonei do mesmo jeito que alguém cai no sono: gradativamente e de repente, de uma hora para outra". (A Culpa é das Estrelas)

Se existia algo que Vincent podia verdadeiramente se vangloriar era da sua inegável capacidade de manter as regras de etiquetas muito bem estabelecidas. Portanto, estar com a orelha na porta da sala de Gilan, na esperança de escutar a sua conversa com o produtor, não era exatamente a sua atitude mais nobre. 

Vincent sabia que não tinha o menor cabimento ficar escorado ali. Gilan estava certa, o que precisava fazer era apenas confiar.

Mas confiar em que exatamente? A assistente nem ao menos era a sua noiva de verdade, e o fato dela manter ou não, qualquer relacionamento amoroso paralelo ao acordo deles, não deveria sequer preocupá-lo. Mas aquele produtor o incomodava de verdade. 

Com aquele sorriso irritante no rosto só podia ser provocação, Vincent tinha certeza que era. Era um presunçoso intrometido.

Matthew Green nutria uma paixonite totalmente inapropriada pela sua noiva, e Vincent já havia percebido. E por isso, apenas estava agindo conforme a sua posição de futuro marido e zelando pela segurança de Gilan. Unicamente para o bem do contrato. Nem mais. Nem menos.

Risadas. Muitas risadas.

Vincent não segurou uma careta ao ouvir aqueles sons animados vindo do interior da sala. Tentou se concentrar o máximo que pode na esperança de escutar alguma coisa daquela conversa murmurada.

Um noivado um tanto repentino, não? — a voz de Gilan soou amistosa.

Eu não vou negar que estou surpreendido. Eu pensei-— a voz do produtor hesitou. — Eu devo ter confundido as coisas entre nós.  

 Entre nós?

Vincent se movimentou contra a porta e segurou-se para não invadir a sala e acabar com aquele papo furado. Desde quando existia “nós” entre Gilan e Matthew Green?

Quão próximos os dois realmente eram?

Quando nos conhecemos eu senti algo. — o produtor continuou. — Como se os nossos caminhos estivessem conectados.

Vincent bufou, inconformado com o rumo cafona daquela conversa.

E desde então, eu pensei que poderíamos... Que nós...— Matthew soltou uma risada frouxa. — É apenas bobagem minha.

E bota bobagem nisso. Vincent revirou os olhos com impaciência.

Não é nenhuma bobagem. — a voz de Gilan fez com que Vincent se agitasse e encostasse a sua orelha ainda mais perto da porta. — Eu também senti isso. E ainda sinto. Eu sinto essa conexão, Matt. — ela disse com firmeza.

Isso não é só coisa da minha cabeça, não é? — ele riu parecendo relaxado. — É tão... 

Natural. — Gilan completou com a voz fraca.

Mas que diabos está acontecendo naquela sala? 

Suando frio, Vincent agarrou a maçaneta decidido a acabar de vez com aquela conversa. Mas a voz de Matthew voltou a retumbar no ambiente, o fazendo recuar da ideia de interrompê-los.

Foi no acampamento, não foi? — a pergunta do produtor deixou Vincent estranhamente curioso. — Que você se apaixonou por ele.

Sim. — Gilan respondeu simplesmente, fazendo Vincent prender a respiração na garganta. — Talvez eu já estivesse. Vincent é um homem incrível quando temos a oportunidade de conhecê-lo. E é tão determinado às vezes que me assusta. — Gilan suspirou forte, tão intensamente que Vincent quase pode visualizar a sua expressão. — E eu o adoro, Matt. Mesmo com tantas  coisas difíceis ao nosso redor. Eu o adoro. E não consigo me afastar. Eu realmente me apaixonei por cada parte dele. Cada uma. Por pior que pareça ser. Porque eu sei que não são. Eu sei que ele é o certo para mim. Eu sinto.

Vincent deu alguns passos para trás e encostou as suas costas contra a parede do corredor. Passou alguns minutos encarando a porta fechada, sem coragem de aproximar-se novamente. 

Sentiu a força dilacerante das batidas do seu coração quase que explodindo em sua caixa torácica. Queria se mover, mas as suas pernas não o obedeciam. Recapitulou cada palavra e desejou tê-la visto dizer tudo aquilo. Queria analisar as suas expressões, o brilho dos seus olhos, o movimento de sua boca soltando cada sílaba.

Queria saber se as suas bochechas coravam enquanto ela falava dele. Vincent precisava confirmar se Gilan estava apenas agindo conforme o combinado. Encenando. Fingindo. Inventando. 

Ou se existia realmente algo mais.

Não poderia ser real. Gilan era infinitamente mais esperta do que a maioria das mulheres que cruzaram o seu caminho.  E não existia a menor possibilidade de que, justamente ela, se apaixonasse por ele.

— O que você está fazendo aqui, Parker? — Oliver surgiu sorrateiramente ao lado do líder de equipe o fazendo pular com o susto.

— Quer me matar do coração? — Vincent deixou escapar um berro.

— Por que está aí parado? — Oliver ergueu uma das sobrancelhas. — Vai entrar na sala da Gil, ou não?

Fica quieto! — Vincent sussurrou tentando não fazer barulho, algo que infelizmente era tarde demais. A pequena porta se abriu e revelou a desconfiada imagem da assistente. 

— O que está acontecendo aqui? — a jovem perguntou, soando mais calma do que parecia.

— Eu estava procurando pelo Matt, e o Vincent estava-- — Oliver foi bruscamente interrompido pelo líder de equipe.

— Nós temos uma reunião agora, não temos Matthew? — Vincent bateu com os dedos no seu relógio de pulso e encarou o produtor, que estava irritantemente escorado no batente da porta. — Já terminaram a conversa de vocês?

— Parcialmente. — Matthew encarou Gilan, ignorando a presença de Vincent. O produtor se aproximou da jovem com um sorriso exagerado. — Continuamos depois?

— Eu te mando uma mensagem. — a assistente respondeu com outro sorriso. Um maldito sorriso enorme.

O chefe de pesquisas e o produtor seguiram em direção à sala de reunião, mas Vincent continuou estático, sem tirar os olhos da noiva.

— Ei, Parker! Vamos? — Oliver o chamou.

— Comecem sem mim. — Vincent se aproximou da assistente e a cercou até que a sua única alternativa fosse entrar na sala novamente. 

— Posso saber qual o problema agora? — Gilan reclamou.

— Não quero que você o encontre fora da empresa.

— Sei que sou a sua assistente, mas isso não lhe dá o direito de controlar a minha vida pessoal. — Gilan retrucou com firmeza.

— Você é mais do que a minha assistente. Você é a minha noiva.

— Por contrato.

— Mas é minha. — a expressão da jovem lhe pareceu surpresa e Vincent suavizou a voz, tentando se recompor da irritação que estava sentindo. — Não a quero saindo com outros homens. Você se esqueceu que me pediu o mesmo? Fizemos um acordo justo.

— Eu apenas pedi que não levasse nenhuma mulher para a sua casa, pelo menos, enquanto eu estiver morando lá. — Gilan bufou. — Eu jamais me intrometeria na sua vida dessa maneira. Ou controlaria com quem você deve ou não sair.

— É esse o problema? — Vincent se aproximou perigosamente do rosto de Gilan. — Você deseja tanto assim sair com o produtor?

— Não foi isso que eu disse. — a jovem revirou os olhos.

— Você não respondeu a minha pergunta. Quer sair com o produtor? — Vincent se aproximou um pouco mais.

— Eu só não quero que você me dê ordens.

— Você quer sair com Matthew, ou não? — dessa vez, Vincent quase podia sentir o calor que cercava a assistente. 

Mais um passo e seus narizes se chocariam.

— Não. Eu não quero sair com o Matt. — a assistente aumentou a distância entre eles, mas não muito. Vincent ainda podia sentir o seu perfume de cereja. — Não da maneira que você imagina, mas ele é meu amigo. E eu não aceito me afastar dele.

— Você teve uma amostra do que é estar ao meu lado. — Vincent a relembrou. — Quer a sua foto e a do produtor estampada em uma porcaria de revista?

— Não. Por Deus! É claro que não. — o rosto da assistente ficou instantemente corado. E Vincent teve a certeza de que a lembrança do beijo também passou pela cabeça dela.

— Quer fofocas e boatos espalhados pela empresa? — ele continuou, se sentindo um merda por pressioná-la daquela maneira.

— Não. — a jovem murmurou.

— Então, me obedeça. — Vincent procurou soar enfático, dando a discussão por encerrada. Se afastou da noiva e abriu a porta, se preparando para sair da sala.

— Mas e quanto a você? — a jovem o questionou. — Pretende continuar descumprindo o nosso contrato?

— E quando eu fiz isso? — Vincent fechou a porta novamente e a encarou com ares de dúvida.

— Você me beijou... — Gilan desviou o olhar. — Me beijou mesmo sabendo que combinamos não nos tocarmos.

— É diferente. Eu precisei.

— Precisou mesmo?

— Aquele beijo foi um erro. E jamais se repetirá. — no momento em que disse essas palavras o estômago de Vincent torceu, entretanto, a jovem não esboçou nenhuma reação àquele comentário, talvez ela apenas concordasse com ele.

— Certo. — ela assentiu.

— Algo mais te incomoda?

— Você diz que eu não posso manter o meu relacionamento próximo com o Matt… — Gilan soltou um longo suspiro. — Entretanto, você sequer abandonou o seu.

— Eu não toquei em nenhuma mulher desde que iniciamos o nosso acordo, Gilan.

— Fisicamente, até pode ser... — a jovem mordeu os lábios, como se pensasse no assunto. 

— Eu não compreendo aonde você quer chegar. Apenas diga logo o que você quer dizer. 

— Amelia. 

— E o que ela tem a ver com essa conversa? — Vincent não gostou que Gilan a mencionasse. Fazia alguns dias que não dava um pensamento real sobre Amelia, e pensar no assunto o deixou bem mais desconfortável do que gostaria.

— O pedido de casamento, Vincent. — a jovem murmurou. Não. Ela sussurrou. 

— Continuo sem entender. — ele franziu a testa. Vincent se perguntava qual o problema das mulheres em serem diretas?

A assistente bufou impaciente.

— Usar as lembranças dela faz com que eu me sinta uma intrusa.

— Espera um momento. — Vincent finalmente se deu conta do que Gilan estava falando. — Você acha que aquele pedido de casamento que eu descrevi para a sua irmã... Foi real? — a jovem não respondeu. — Você acha que aquele pedido aconteceu... Com Amelia?

— E não foi assim? — Gilan empinou o nariz e o encarou com uma expressão desafiadora.

Vincent soltou uma risada debochada e se aproximou de Gilan. Abriu a boca algumas vezes. Queria falar. Mas desistiu.

Balançou a cabeça em negativa e fitou demoradamente o rosto da noiva, ele se afastou até a saída, bateu a porta com uma força desnecessária e marchou furiosamente pelo corredor.

Merda. Mais um segundo naquela sala e ele a teria beijado.

xXx

— Minha querida, eu não tenho palavras para te agradecer. — Elaine abraçou Gil e depositou um beijo em sua testa. — Tudo está ficando perfeito.

Gil sorriu timidamente. 

— Organizar esse leilão foi um prazer enorme, Elaine. Agora só precisamos checar alguns detalhes e-

— Não, não! Não se preocupe com mais nada. — a futura sogra a interrompeu. — Daqui há dois dias é o evento e eu já te incomodei demais. Se preocupe apenas em beber e se divertir. A última coisa que eu quero é te dar trabalho quando falta apenas uma semana para o seu casamento. — os olhos de Elaine lacrimejaram. — Meu Deus! Por que eu sempre choro quando lembro do casamento? — ela limpou as lágrimas que se acumularam no canto dos olhos.

Gil segurou em suas mãos com carinho. — Mas eu quero ajudar, Elaine. E você sabe que o casamento será apenas uma reunião com alguns amigos. Kerya já organizou praticamente tudo referente à cerimônia, e Vincent já providenciou toda a papelada. — Gil desviou o olhar quando se lembrou do chefe tratando as questões do casamento como um contrato casual de trabalho.

Bem, de qualquer maneira, não deixava de ser um contrato.

— Olhe para mim. — Elaine pediu subitamente. Gil levantou o olhar e observou a futura sogra a examinando fixamente. — Você ama o meu filho. Eu posso enxergar isso. Não tenho dúvidas. Entretanto... — Elaine apertou os lábios. — Por que tenho a impressão de que você se dedicou mais a um evento beneficente do que ao próprio casamento?

— Me desculpe, Elaine. — Gil se agitou com aquele comentário certeiro. — De forma alguma eu quis parecer desinteressada no casamento.

— Eu não estou te repreendendo, minha querida. — Elaine tratou de acalmá-la. — Só desejo entendê-la. Afinal, esse deverá ser um dos melhores dias da sua vida.

Gil sabia o quanto estava negligenciando os arranjos do casamento. Porém, ouvir aquelas observações da futura sogra a deixou profundamente constrangida.

Vincent não lhe dirigiu mais que duas ou três palavras desde aquela discussão em sua sala. Ele parecia focado em conversar com ela apenas o necessário. E isso conseguia deixá-la ainda mais desanimada. Para não dizer nervosa. Na próxima semana, ela se tornaria oficialmente a sua mulher, e passariam a morar debaixo do mesmo teto.

E de alguma forma, mergulhar de cabeça nos preparativos do leilão a impediu de pensar demais no fato de que logo a sua realidade seria acordar todos os dias no quarto ao lado do Sr. Parker.

— Eu preciso te fazer uma pergunta. — Elaine parecia receosa. Ela tirou um envelope da bolsa e o colocou em cima da mesa. — Esse é um convite para o evento.

— Pensei que já havíamos enviado todos.

— Não esse, minha querida. — Elaine empurrou o papel em direção à futura  nora.

Gil segurou o envelope, leu o nome do destinatário e um nó prendeu-se em sua garganta.

Amelia White.

— Eu imagino que você saiba sobre Amelia. — Elaine continuou, parecendo indecisa em quais palavras usar. — Mas não sei o quanto Vincent te contou.

— Eu acredito que ele tenha me contado o necessário.

— Pensei que seria melhor conversarmos antes de enviar esse convite. Gostaria de saber a sua opinião. — Elaine a encarou com ternura, como se entendesse perfeitamente caso acontecesse uma recusa.

— Não vejo motivos para impedir que ela compareça, se assim ela quiser. — Gil disse por fim. — Quanto mais pessoas dispostas a gastar, melhor. Não é mesmo?

— Certamente. — Elaine assentiu. — Mas eu precisava ter a certeza de que a presença de Amelia não fosse te aborrecer.

— Eu agradeço o cuidado, Elaine. — Gil sorriu sincera. — Mas eu nem mesmo a conheço. Talvez a opinião de Vincent seja mais relevante.

— Eu conversei com ele sobre o assunto. — Elaine confessou. E uma ansiedade irritante para saber a resposta do noivo remexeu no ventre de Gil. — Vincent foi muito vago, como sempre. Me disse para fazer o que achava conveniente. E eu decidi que o melhor seria falar com você antes de-

— Envie o convite. — as palavras escaparam da boca de Gil. 

Talvez aquela não fosse a sua decisão mais inteligente, mas algo lhe dizia que esse encontro deveria acontecer de uma vez por todas.

Gil não fazia ideia da reação que teria ao ver Amelia próxima de Vincent, mas definitivamente, ela não estava disposta a descobrir isso depois do casamento.

xXx

O dia do evento finalmente chegou. O dia estava quente e úmido, porém, bastante agradável. Gil não pode deixar de sorrir pelo clima favorável. Elaine passou a semana inteira apreensiva com qualquer sinal de chuva, mas o sol da manhã indicava que nada poderia estragar aquele dia. Tomou o seu café da manhã na companhia de Kerya antes da mesma se arrumar para um final de semana romântico com o namorado da vez, Juan. 

Ou seria Jose? 

De qualquer maneira, Gil se despediu da irmã desejando-lhe uma ótima viagem, sem perder a oportunidade de fazer um pouco de drama por ela não poder acompanhá-la ao leilão. Teria que aguentar outra noite posando ao lado de Vincent e isso realmente seria mais fácil se tivesse alguém conhecido por perto. Não que Elaine não fosse a melhor companhia, pelo contrário. Porém, Gil sabia que a futura sogra estaria ocupadíssima no papel de anfitriã e lhe dedicaria pouca atenção.

Separou um elegante vestido cor vinho que Kerya a ajudou a escolher e o combinou com um par de sandálias de tiras e jóias discretas. Cogitou dar uma volta pela cidade para que o tempo passasse um pouco mais rápido até que desse o horário de Vincent buscá-la, mas decidiu assistir uma série qualquer. E então, Gil teve uma ideia súbita.

Apesar de toda a fama e fofoca que envolvia Amelia White, ela jamais havia sentido a necessidade de pesquisar sobre a líder de equipe. E levando em conta os recentes acontecimentos, talvez fosse uma boa ideia ao menos saber como era o rosto da tal mulher. 

Gil ligou o seu notebook e com os dedos trêmulos, digitou o nome de Amelia no Google. Começou a procurar e... Merda! 

Ela. É. Linda.

Gil encarou as diversas imagens à sua frente. Amelia tinha uma pele bronzeada, quase cintilante. Cabelos castanhos e compridos. Olhos de um tom indecifrável, cor de âmbar com algumas pigmentações em verde. Boca grossa e bem desenhada, com incríveis dentes perfeitos. A cada foto, Amelia desfilava usando uma roupa de alguma grife famosa.

Era uma mulher que sustentava uma postura firme e elegante, e ao mesmo tempo, suave e feminina. Mas o que mais chamava a atenção era a força de sua expressão. Um olhar tão intenso que parecia atravessar a tela do computador. Ela posava como uma mulher confiante. Desafiadora. Sedutora. 

Para o seu zar, Amelia White era incontestavelmente bonita. 

Gil começou a passear pela aba de notícias. Leu diversos artigos falando dos notáveis contratos de Amelia, das impecáveis transmissões e os seus feitos na Moda Mulher. Elogios. Prêmios. Homenagens. Ela realmente parecia uma porcaria de mulher perfeita.

Gil fechou a tampa do notebook sem conseguir disfarçar a sua irritação. Não deveria ter pesquisado nada.

O seu estômago embrulhava com a expectativa de conhecer aquela mulher, que agora não era apenas uma fumaça em sua imaginação. Amelia tinha um rosto. 

E infelizmente, era um rosto atraente demais para ser ignorado.

Sentiu-se ainda pior quando se lembrou que Vincent também a veria. Como será que ele reagiria? Será que também estaria ansioso para esse encontro? Será que o chefe ainda alimentava a esperança de voltar com Amelia? 

O interfone tocou escandalosamente. O porteiro informou que havia um pacote para Gil na recepção. Ela buscou a tal encomenda, e em seguida, colocou a grande caixa em cima da mesa de jantar. 

Abriu o pacote e se impressionou com o vestido sofisticado que estava cuidadosamente embrulhado num papel de seda. Leu o pequeno bilhete que acompanhava o presente.

Use-o hoje à noite. 

Vincent. 

Gil bufou e revirou os olhos. Que maravilha. O noivo não era capaz de trocar meia dúzia de palavras com ela, mas não se esquecia de lhe dar ordens.

Teve vontade de mandá-lo à merda e usar a roupa que já havia escolhido. Porém, não pode ignorar a delicadeza e a beleza daquele presente. O vestido, de tom verde e corte longo, tinha uma discreta abertura no decote, que mostrava um tanto suficiente de pele. As costas eram forradas com renda alençon¹ que iam até o final da coluna. Gil não conseguiu resistir e experimentou a roupa.

Rodopiou em frente ao espelho e mal acreditou na perfeição que aquela peça lhe serviu. Era como se o noivo soubesse o tamanho exato do seu corpo. O pensamento fez com que ela ficasse um tanto quente. Afinal, não era como se Vincent nunca a tivesse tocado.

Balançou a cabeça em negativa, recuperando o foco. Se teria que conhecer Amelia White, o mínimo que poderia fazer era usar um bom vestido. Pegou o celular e mandou uma mensagem para o noivo.

Para: Vincent

De: Eu 

Usarei. Obrigada. 

Não se passou nem mesmo um minuto após a mensagem e o celular de Gil apitou uma resposta.

De: Vincent

Para: Eu 

Serviu? 

Gil deixou escapar um sorriso e digitou rapidamente.

Para: Vincent

De: Eu 

Perfeitamente.

E novamente, o celular apitou em menos de um minuto. Vincent estaria tão desocupado assim? 

De: Vincent

Para: Eu 

Eu tenho um bom olho.

Gil leu a mensagem mais de uma vez. Vincent realmente havia feito uma piada? Ela apressou-se em responder.

Para: Vincent

De: Eu 

E um ótimo tato, eu diria.

Enviar ou não? Gil ponderou por alguns segundos. Enviar. E mandou a resposta. Dessa vez, se passaram mais de dez minutos e nenhuma mensagem havia chegado. Se arrependeu por ter agido de maneira atrevida. Quis fazer uma brincadeira, mas Vincent era um homem de humores variados, ela nunca conseguia prever que tipo de reação ele teria. Então, o celular fez aquele barulho irritante de bip e Gil suspirou antes de pegar o aparelho.

De: Vincent

Para: Eu 

Você não imagina o quanto. 

Tirou o fino vestido do corpo e se jogou com tudo no sofá. O relógio apontava duas da tarde e Gil teve a impressão de que aquele seria o dia mais longo do ano. 


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Notas finais do capítulo

Até semana que vem... o/

Amelia White [IMAGEM] - Quando escrevi pensei nessa atriz, Mila Kunis. Agora, vocês leitores, conhecem o rosto de Amelia através de Gil. :)



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