Amor à venda. escrita por Nina Olli


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá leitores! Eu sou a Nina Olli, e essa é a minha primeira fanfic. Peço para que vocês leiam a nota que eu coloquei explicando qual ator/atriz eu imaginei para cada personagem, pois isso ajudará na visualização deles, já que eu não me apronfundei tanto nas descrições. Eu espero que vocês gostem dessa história. :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641819/chapter/1

“Segui as vossas impressões, sobretudo as primeiras, que são as melhores”.  
                                          (Francesco Sanctis)

 

— Corta na câmera dois. Foca. Certo. Agora... Close na câmera um e espera. Foca e... Atenção. Abre... Agora... Segura! Vamos lá, só mais alguns itens. — o líder de equipe do departamento esportivo, Vincent Parker, acompanhava os números nos gráficos de vendas.

— Puta merda, Parker. Nós vamos esgotar. Nós vamos esgotar. — o chefe de pesquisas, Oliver Luhan, mal conseguia controlar a sua ansiedade ao ver as vendas despontando na tela do televisor.

— Não consigo segurar mais tempo, Parker, vai sair do ar. — o renomado produtor, Matthew Green, estava prestes a encerrar a transmissão.

— Cinco segundos, Matthew. Preciso da porcaria de cinco segundos. — Vincent fixou o seu olhar nos monitores e os números não paravam de subir. Afastou bruscamente o microfone de sua boca e dirigiu-se ao jovem sentado à sua direita. — Só mais um refresh, rápido. — E então, com um sorriso satisfeito no rosto, voltou a sua atenção ao microfone. — Pode fechar essa merda, Matthew. Tá esgotado! Esgotado!

A cabine de transmissão foi inteiramente contagiada pela comemoração vibrante e barulhenta dos membros da equipe. Papéis foram arremessados para o alto enquanto as pessoas, ensandecidas pela euforia, se abraçavam e gritavam. 

Pela terceira vez consecutiva, a equipe esportiva da B&B Larsson Associados consolidava o primeiro lugar nas porcentagens de vendas e essa façanha continha um prestígio que ultrapassava os generosos bônus salariais. Era um resultado tão inacreditável que estabelecia uma expressiva conquista no segmento de shopping home. E por isso, as congratulações ao líder de equipe foram intensas.

— Você. É. Um. Tremendo. Filho. De. Uma. Puta. — Oliver balbuciava cada palavra, enquanto beijava a testa de Vincent.

— Conseguimos, Luhan. — Vincent abraçou o colega. — Creio que esse ano finalmente terá as suas férias nas Maldivas. — comemorou sem esconder o entusiasmo.

— Foi um prazer trabalhar com vocês, rapazes. —  Matthew se aproximou sorrindo.

— Eu não te disse que era a sua melhor opção? Esgotamos de novo. De novo. — o líder abraçou o produtor, que mais uma vez não se enganara ao escolher a equipe de Vincent para se associar.

Um homem grisalho entrou na cabine de transmissão, ele balançava a cabeça negativamente com a expressão incrédula.

— Tsc, tsc... O que eu faço com você, Parker?

— Larsson. — Vincent foi em direção ao homem e o cumprimentou de forma calorosa. — Creio que o senhor está me devendo o Margaux, querido Presidente.

— Perder um vinho tão bom é realmente uma pena. — lamentou Larsson.

— Com esses números, garanto que o senhor presidente será capaz de substituir a adega inteira. — Vincent debochou.

— Te espero na minha sala, Parker. Precisamos conversar. — Larsson sorriu, dando um tapinha nas costas de Vincent antes de retirar-se.

Vincent se despediu dos colegas e seguiu pelo extenso corredor em direção ao banheiro. Sua expressão era eufórica. Estava preenchido pela sensação de dever cumprido e com um orgulho genuíno de toda a sua equipe.

Alargou a gravata num gesto de conforto, molhou o seu rosto na água fria e encarou o espelho por alguns minutos. Os seus olhos negros e profundos evidenciavam o cansaço das noites mal dormidas. Não era uma tarefa fácil manter-se como líder de equipe, menos ainda quando o seu time se destacava de forma tão significativa. 

Vincent sabia muito bem que alguns de seus colegas, na realidade, ansiavam apenas por uma oportunidade para puxarem o seu tapete. Mas sentia-se leve.

Finalmente se livrara da majestosa pressão que pairou sobre os seus ombros por tantos meses. Essa transmissão pertencia a uma marca importante, que se comprometera a fechar com porcentagens acima das do ano passado, e Deus sabe a dificuldade de ultrapassar os números da equipe anterior.

Sugou o sangue de sua equipe, trabalhando até mesmo em feriados. E não houve para ninguém, nem mesmo para si próprio, qualquer folga ou privilégio. No meio desse objetivo, Vincent adicionou alguns inimigos em sua cota e fez com que uma boa parte de seus subordinados desistissem do projeto. Mas agora, sentindo a água refrescante em seu rosto, ele se deu ao luxo de respirar aliviado. Ele conseguiu. E nada no mundo era melhor do que estar, novamente, em primeiro lugar.

xXx

Vincent entrou na sala do Presidente Larsson, sentou-se de frente para o velhote e sentiu-se estranhamente nostálgico. Havia anos que entrara naquela empresa. Era um garoto jovem e inexperiente, porém, com um talento promissor e uma criatividade acima da média. E hoje, no auge dos seus trinta e cinco anos, Vincent era finalmente o líder do setor de vendas esportivas.

Um título que lhe trouxera uma incômoda gastrite de presente.

— Parker, Parker... — cantarolou Larsson. — Não sei se esse sorriso no rosto é pela porcentagem ou pelo Margaux.

— Presidente, só existe uma única coisa que me fará sorrir verdadeiramente... Diretor de Vendas. — respondeu Vincent.

E o velho homem limpou a garganta e tossiu algumas vezes.

— Nem comece, meu Presidente. Hoje eu não mereço ser enrolado. — apesar do assunto ser sério, Vincent manteve a expressão descontraída.

— Veja bem, Parker, temos algumas questões para discutir.

— Sabe que os meus resultados são os melhores. — Vincent semicerrou os olhos e sorriu com arrogância. — Mas entendo que exista algumas questões diplomáticas ao me promover antes de outros.

— Parker, você me conhece. Eu não avalio as coisas dessa maneira. Mas os sócios… Você conhece os sócios. — o velho ergueu a mão, impedindo Vincent de contra-argumentar. — Apenas ouça. Você tem razão. E existe uma solução. É de seu conhecimento que chegará uma nova conta, uma marca grandiosa. E ela vem acompanhada daquilo que mais amamos... Dinheiro. — Larsson apertou os olhos num sorriso. — Obviamente, você já ouviu falar da Rise&Sun.

— A linha de artigos de praia? Minha equipe não trabalha com essas peças, Larsson. — Vincent franziu a testa.

— Eu sei. Porém, eles estão lançando uma linha esportiva completamente nova, e com intenção de expandir.

— Eu realmente adoro ouvir isso!  — constatou Vincent, de forma animada. 

— Se for capaz de ascender essa nova marca, nenhum sócio será um problema, compreende?

— Parece fácil demais. Qual a parte ruim? Me diga logo a maldita parte ruim.

— Apenas uma pequena competição, Parker. A equipe com a melhor proposta e claro, o melhor resultado, ganhará o direito total da marca. E toda a grana alta que envolve essa comissão. — Larsson lançou uma piscadela para o líder de equipe.

Vincent levantou-se de repente, e com a expressão confiante olhou de forma pretensiosa para o presidente. 

— Quais serão os meus adversários?

— As equipes do topo, claro. E sim, a Moda Mulher está incluída. Isso por acaso te perturba? — debochou Larsson, segurando a vontade de rir. — Não se preocupe, Parker. Não existe nada mais revigorante do que competir com uma ex-namorada. Afinal, o que uma mulher pode fazer de pior depois de ter quebrado o coração de um homem, não é mesmo?

— Vencer, Presidente. Ela pode vencer. — disse Vincent, antes de abrir a porta e sair.

xXx

— Cadê as minhas chaves? Meu Deus, cadê? Aqui, encontrei. Vamos lá. Bolsa, pasta, chaves, celular e... Óculos? Cadê os meus óculos de leitura? Em que lugar eu deixei essa porcaria?

— Gil... Você precisa se acalmar.

— Se eu me atrasar para essa entrevista, nunca mais, no universo da minha miserável vida, terei outra oportunidade. — Gil fez uma careta para a sua irmã, Kerya, enquanto conferia mentalmente todos os pertences que precisaria levar.

— Se você aparecer dessa maneira na entrevista, com certeza, nunca mais terá outra chance. — zombou Kerya. — Venha cá, olhe para mim... Agora, respira.

Gil respirou fundo, acompanhando o ritmo da irmã, e sentiu-se um tanto febril. O seu rosto pálido deu lugar às bochechas coradas que alarmaram todo o seu nervosismo. Não era capaz de disfarçar o quanto estava em pânico. Precisaria de algum calmante, ou qualquer coisa que fizesse o seu coração desacelerar se não quisesse enfartar aos vinte e três anos.

Recém-graduada na área de marketing e vendas, Gilan Robert aguardou durante meses uma oportunidade na empresa de representação comercial e shopping home, B&B Larsson Associados. 

E quando o seu telefone finalmente tocou, marcando essa entrevista, foi como um sonho materializando-se em realidade. 

Então, jamais se perdoaria se cometesse um erro sequer. 

Essa era a sua grande chance.

E com uma personalidade espirituosa e sagaz, Gil aprendera a ser imbatível. A sua determinação sempre fora um destaque, e não importava o âmbito em que se comprometia, ela saía-se bem sucedida nos resultados. As circunstâncias a fizeram assim.

Desde que perdera a afetuosa presença da mãe, a sua irmã mais velha, Kerya Robert, assumiu a responsabilidade de sustentar um lar e educar uma criança de nove anos. Um fardo muito pesado para uma menina que acabara de completar dezoito. Com isso, Gil sentia a obrigação em amenizar os problemas da irmã e buscava sempre se esforçar ao máximo.

Suas notas eram as melhores e a sua postura, sempre  quieta e reservada, ajudaram a manter o foco em seus objetivos. Fez poucos amigos, e nenhum namorado que merecesse ser citado. E nunca tivera uma grande distração, a não ser é claro, a constante saudade da mãe que sempre a acompanhava.

No entanto, essa fatalidade na família serviu para fortalecer entre as irmãs uma relação afetuosa, de companheirismo irremediável e carinho super-protetor. Eram como unha e carne, desenvolvendo uma espécie de dom etéreo, uma conexão que dispensava o uso de palavras. Era em seu resumo, um sentimento muito intenso que as unia: Amor, simplesmente e puramente, amor.

— E veja só… Os seus óculos estão aqui. — revelou Kerya, apontando para a blusa da irmã, no lugar em que o objeto estava devidamente pendurado.

— É oficial, eu estou nervosa demais para lidar com isso, Kery. — choramingou Gil, enquanto ajeitava com cuidado os seus currículos na pasta. E sem conseguir disfarçar a sua expressão frustrada, ela soltou um longo suspiro e revirou os olhos. — Pelo menos uma vez na minha vida, eu gostaria de ter um nome comum.

— Poderia ser pior, você poderia se chamar Kerya. — A irmã piscou e ambas caíram na risada. Definitivamente, a criatividade não era um problema na família Robert. — Gil, me escuta, não se preocupe. Eu tenho um ótimo pressentimento sobre essa entrevista. Apenas acredite em mim… e em você.

xXx

Gilan Robert? Que espécie de nome é esse? — resmungou Vincent, bagunçando impacientemente os papéis em sua mesa.

— A candidata preenche todos os requisitos. — a assistente de RH respondeu secamente.

— Vinte e três anos. Muito jovem. — retrucou Vincent, analisando o currículo.

— Parker, fala sério! Você tinha quase a mesma idade quando começou a trabalhar aqui. — observou Oliver.

— Exatamente, e comecei como o garoto da correspondência. Não entrei aqui carregando uma plaquinha de assistente. — fez aspas aéreas. — Quero uma pessoa com muita experiência, não se esqueça de que vamos começar uma guerra aqui dentro.

Depois de algumas horas de exaustivas entrevistas, Vincent sentia-se esgotado. Escolher uma assistente no mercado não era algo que estivesse satisfeito em fazer, porém, em toda a sua equipe, não houvera sequer um indivíduo que manifestasse a ambição de se candidatar à vaga da assistência.

E ele sabia muito bem o motivo: a sua intransigente e terrificante personalidade.

Vincent não era um chefe fácil de aturar, mas agia de acordo com o que acreditava ser o melhor para o sucesso de todos. E com os anos, aprendera a blindar as suas emoções, sendo um tanto impetuoso, e às vezes, até mesmo cruel.

Julgava o seu quadro de funcionários impecável, porém, ainda tinha que encontrar o assistente mais apto entre os candidatos, e assim, poder tocar o projeto com total confiança na vitória. Pois perder, definitivamente, não era uma opção que Vincent estava disposto a cogitar.

— Sr. Parker, falta apenas a entrevista da Srta. Robert e terminamos por hoje. — informou a assistente de RH.

— Mande-a entrar, vamos acabar logo com isso. — Vincent resmungou bastante mal-humorado.

Quando uma figura miúda adentrou a sala de entrevista, Vincent quase teve o ímpeto de mandá-la de volta da onde veio. A jovem era uma criatura pálida e visivelmente assustada. Vincent sentiu-se imediatamente incomodado, e até mesmo ofendido que uma mulher com esse perfil tivesse a ousadia de se candidatar a um cargo dessa natureza. Obviamente, a desinformada candidata não tinha a menor ideia da onde estava se metendo. 

Vincent semicerrou os olhos e a examinou com minuciosidade. A moça se acomodou numa cadeira bem a sua frente, e então, os seus olhares se encontraram.

E Vincent oscilou.

Reparou nos olhos luminosos da jovem mulher, eram de um azul quase tempestuoso e algo incomodou o seu estômago, não sabendo ao certo se era culpa da sua gastrite. Porém, admitiu que apesar da roupa sem graça e da pouquíssima maquiagem, a candidata tinha presença e era muito agradável de se olhar.

Não que isso fosse relevante para o cargo, é claro.

A garota não parecia nem um pouco à vontade e os seus ombros permaneciam imóveis. Vincent se divertiu com a situação, lembrando-se de como fora difícil segurar o seu nervosismo no dia em que encarou o velho Larsson pela primeira vez. E enquanto observava a jovem candidata, algo inesperado aconteceu: Um sentimento incomum de empatia se acendeu dentro dele.

Não seja um merda hoje, Parker. Pensou, antes de finalmente começar a falar.

xXx

Gil entrou na sala de entrevista sentindo um buraco negro abrindo em seu estômago. Precisaria controlar a sua ansiedade caso quisesse realmente impressionar a B&B Larsson.

Na noite anterior, havia ensaiado incontáveis respostas e expressões faciais, premeditando cada possível pergunta. Se dependesse apenas da sua atuação, sairia de lá com a vaga de emprego e possivelmente um Oscar.

Porém, ela não contava que o seu plano de mostrar-se confiante fosse por água abaixo tão rapidamente.

Assim que fixou o seu olhar em um dos entrevistadores, se viu incapaz de manter a calma. Nunca havia se deparado com um homem tão intimidante. E não afirmava isso se guiando apenas pela beleza dele, que era bastante óbvia. Não era uma questão de aparência. 

Algo na postura dele lhe parecia incontrolavelmente dominante. 

O homem continha em seus traços um aspecto sério e rústico, a sua expressão era felina, se é que isso sequer existisse. Gil só sabia que se sentia como um animal sem defesa, prestes a ser abatida.

Mas de qualquer forma, o tal entrevistador a analisou de maneira tão concentrada e profissional, que ela se sentiu inapropriada por secá-lo com tanto atrevimento. E para piorar ainda mais o seu embaraço, foi justamente esse homem quem quebrou o silêncio da sala:

— Gi-... — o homem oscilou e leu o currículo em suas mãos. — ... Gilan Robert. Eu sou Vincent Parker, líder da equipe de vendas esportivas da B&B Larsson, seja bem-vinda. — o homem a saudou, ainda sustentando aquele olhar de autoridade.

— M-muito obrigada. — respondeu Gil, se odiando por gaguejar.

— O seu currículo é satisfatório, apesar da pouca idade. — ele observou.

— Obrigada. Sou formada em marketing e vendas e esse ano concluí a minha pós-graduação em gestão comercial. No momento, participo do programa de trainee da... — Gil pigarreou nervosamente. — Da concorrência. E esse ano eu também terminei a minha especialização em-

— Eu sei ler, Srta. Robert. — o homem a interrompeu bruscamente. — Tenho todas essas informações no seu currículo. Vamos pular essa parte. Gostaria de saber por que a senhorita escolheu a B&B Larsson se já participa do programa de trainee da concorrência?

Gil engoliu em seco por causa da interrupção do seu entrevistador, mas decidiu ignorar essa intervenção rude e concentrou-se ao máximo para responder com segurança.

— Eu sempre quis trabalhar na B&B Larsson. Me identifico muito com os projetos da empresa. Acompanhei diversas de suas convenções comerciais e perdi as contas das inúmeras transmissões que já assisti, sou antes de tudo uma grande fã do trabalho de vocês, e ao ter conhecimento dessa vaga, imediatamente me candidatei.

— O que te faz pensar que é capacitada para competir com profissionais já consolidados no mercado? — o homem perguntou com a expressão tediosa.

— Bem, como o senhor pode ver em meu currículo, eu-

— Francamente, Srta. Robert… — ele a interrompeu outra vez. — Eu tenho, pelo menos, uns duzentos currículos idênticos ao seu.

Gil arregalou os olhos totalmente surpresa. Piscou diversas vezes, tentando disfarçar a sua expressão atônita. Havia sido interrompida, caçoada e diminuída – tudo isso em menos de cinco minutos de entrevista.  

A forma ríspida e o tom de voz debochado do entrevistador, tiraram totalmente a sua concentração. O seu foco, que antes era em pontuar as suas qualidades, agora se resumia em manter o mínimo de dignidade que pudesse. Não bancaria a ridícula de fazer uma cena no meio de uma entrevista de emprego, portanto, segurou o nó em sua garganta, e com todo o orgulho que ainda lhe restava, retrucou:

— Se fossem currículos tão idênticos não seriam necessárias essas entrevistas, senhor. Era só sortear qualquer um desses e contratar. — Gil sustentou uma expressão impassível e o tal de Vincent fez menção de interrompê-la, porém, o outro entrevistador, um moreno de olhos simpáticos, o impediu. E Gil respirou fundo antes de continuar. — Num mercado saturado, com tantas marcas já consolidadas, admito que a experiência pode ser essencial no desenvolvimento de um produto. Porém, o que eu ofereço é uma nova forma de encarar o shopping home, com criatividade, determinação e o que eu considero crucial, inovação. E eu garanto, farei parte desse novo mercado. Em qualquer empresa, em qualquer lugar... Isso não está escrito aí no meu currículo, mas pode acreditar que está no meu futuro, Sr. Parker. Só preciso começar de algum lugar. E eu escolhi começar por aqui.

xXx

Vincent ergueu uma de suas sobrancelhas e examinou a candidata, tendo o cuidado de disfarçar a sua perplexidade. A garota não deu nenhuma resposta surpreendente ou inédita, porém, Vincent se viu intrigado pela firmeza na voz da jovem mulher. Ela era audaciosa, tinha que admitir, e Vincent enxergou a si mesmo anos atrás, encoberto de arrogância e auto-suficiência.

Mas afinal, não era exatamente esse perfil que ele procurava? 

Um espírito astuto e cheio de energia e que fosse capaz de acreditar no projeto sem colocar em dúvida o triunfo da equipe? 

Vincent tinha mais de vinte homens trabalhando ao seu lado, e nenhum deles havia se posicionado de forma tão genuína quanto essa garota com cheiro de cereja.

Essa ousadia toda seria hilária se não fosse tão… Interessante.

Vincent se movimentou lentamente na cadeira e limitou-se apenas em assentir positivamente, permitindo que Oliver seguisse com mais algumas perguntas para a jovem.

Enquanto o colega e a assistente de RH continuavam a entrevista, Vincent distanciou os seus pensamentos da sala, e retornou há alguns anos, em sua primeira entrevista com o velho Larsson.

— E o que te faz pensar que é capacitado para competir com profissionais já consolidados no mercado? — questionou Larsson.

— Acho que posso fazer muito melhor do que eles. — Vincent retrucou.

— Eu só trabalho com certezas, Parker. — debochou Larsson.

— Eu posso! Minhas ideias são excelentes. — afirmou o jovem Vincent. — E eu desenvolvi uma fórmula para executá-las.

Larsson gargalhou. — Você acha que só porque deu uma ou duas sugestões razoáveis sabe de alguma coisa?

— Eu sei multiplicar o dinheiro, e me parece um talento bastante eficiente.

Larsson ficou calado por alguns minutos e encarou os olhos apreensivos do jovem Vincent. Em seguida, murmurou sem demonstrar muita emoção. — Estágio. Três meses. — Vincent pulava de alegria. — Não comemore muito, Parker. Você não durará uma semana aqui.

Vincent sentiu o olhar incrédulo de Oliver em sua direção. A expressão da assistente de RH era séria e de poucos amigos. E percebeu, que ao se esquecer completamente da onde estava, havia sido incapaz de segurar a espontaneidade de uma sonora e inapropriada gargalhada.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por terem lido até aqui, queridos leitores. Tentarei postar fielmente toda semana. Até mais.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Amor à venda." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.