A caminho de casa escrita por Liah


Capítulo 7
Eu tenho uma queda por uma garota


Notas iniciais do capítulo

Ouçam a música que coloquei no meio do capítulo pra entrarem no clima. Espero que gostem ;)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641735/chapter/7

Bella

Depois que conversei com Jake percebi que estava de novo me deixando levar pelos dilemas de esquecer/ser esquecida por Edward e parando de tentar viver.

Prometi que usaria o meu tempo na eternidade para ser útil, para fazer as pessoas felizes e para ser feliz também. Então isso é o que eu faria a partir de agora.

Não pedi pra voltar a uma rotina normal. Não acredito que terminar o colegial acrescentaria qualquer coisa ao meu cérebro super gênio star. Também não me sentia pronta pra retomar os planos pra faculdade.

Meu luto por Charlie não havia passado e achei que começaria por aí, tirar uma tristeza dos ombros por vez podia ser o melhor caminho pra finalmente me sentir plena novamente. Mas o que fazer? O que eu e Charlie gostávamos realmente? Com certeza não compartilhava seu gosto por esportes ou pesca, e nunca me interessei por sua profissão, e Charlie certamente não entendia nada sobre os meus livros. Me dei conta, com tristeza, que apesar de compartilharmos uma casa e termos uma personalidade bastante parecida, nunca fomos realmente próximos. Eu amo muito meu pai, e sei que ele me amava também. Mas será que ele sabia o quanto eu o amo? O que fiz pra tornar a sua vida melhor além de lhe emprestar minha presença de má vontade? É claro que eu fui uma filha comportada, e talvez até prestativa. Não me lembro de desrespeitar Charlie e enquanto morei com ele tomei pra mim as responsabilidades da casa. É isso! Tenho certeza que a vida de Charlie ficou muito mais fácil quando, depois de um dia de trabalho, encontrava uma casa organizada e a comida pronta. Comida. Nós dividimos nosso gosto pela comida. Pela minha, obviamente. Charlie era péssimo cozinheiro. Mas sempre ficava muito feliz com o que eu cozinhava pra ele, e fazia questão de me levar em alguma lanchonete legal de vez em quando, ou pedir pizza pra me dar uma folga. Esse era o meu jeito de cuidar de Charlie e agradecer por ser um pai preocupado mas que não se metia em meus problemas. Oh! Droga. Comida humana é repulsiva agora, e caçar não parece uma forma apropriada pra homenageá-lo. Se ao menos tivesse alguém aqui, um humano pra quem eu pudesse fazer os pratos favoritos de Charlie. Mas há alguém aqui! Essa é uma cidade grande, com certeza existem moradores de rua que precisam ser alimentados.

Corri para Esme e lhe contei a minha ideia. Logo estávamos vendo receitas e indo ao supermercado para comprar o que precisávamos. Não que faltasse muitas coisas, a cozinha era muito bem abastecida. Ela conversou com o dono de um galpão e o alugou para todas as terças e sextas a noite, colocou montes de mesas e cadeiras lá e um balcão self service. Montamos um refeitório e ficou combinado que Esme cozinharia as terças e eu as sextas. Ela também estava louca para retomar suas atividades de caridade e eu entendi que cuidar das pessoas é sua forma de se sentir humana.

Feliz com as minhas decisões comecei a buscar outros projetos e a participar mais da vida da minha nova família. A vantagem de ser uma Denali/Cullen é que tempo e dinheiro não tinham limites e, já que estava tão animada com as mudanças em mim mesma, parei de reclamar sobre os gastos, já que eram inevitáveis, e comecei a aproveitá-los.

Havia um sonho antigo, um que criei depois que os Cullens me deixaram em Forks e, a apesar de que eu não podia de jeito nenhum pensar em deixar aquele lugar pra trás, sabia que a falta de agito realmente me incomodava e que precisaria de objetivos pra não ficar louca. Mas as economias de Charlie eram poucas e eu provavelmente teria problemas com a minha decisão de não ir à faculdade. Então acabei não me concentrando muito nisso. Agora, que tudo é possível, e eu resolvi me concentrar em meu sonho e torná-lo realidade. Seria algo a fazer por mim mesma. Eu queria uma livraria/café. Um local aconchegante e familiar onde as pessoas pudessem tomar o café da manhã e ler. Talvez tivesse um clube de leitura, e talvez um clube de autores, onde apresentariam novas histórias. Acabei compartilhando esse plano com Dylan, e ele me deu uma ideia ainda melhor.

– Porque não uma livraria café de dia e um bar country a noite?

Eu achei que a ideia era absurda, mas ele insistiu. E, na verdade, eu havia mesmo gostado dos pubs country que fomos. O problema mesmo era o espaço, como transformar uma livraria em um bar, do dia para a noite?

– Isso a gente pode resolver juntos, eu soube que Emmett é um ótimo engenheiro, a gente pode começar falando com ele.

Falamos com Emmett e ele adorou a ideia, seria um desafio, e era disso que ele gostava. E assim o projeto começou. É claro que eu não dispensaria as boas ideias da Esme também, e Alice jamais se deixaria de fora porque... Oh, bem, porque ela é Alice. Tanya conhecia muito de bares pra ser deixada de lado e Jasper e Carlisle conheciam muito sobre livros pra eu não consultá-los. Aos pouquinhos todos estavam envolvidos e eu acabei me aproximando ainda mais de todos eles. Todos exceto Edward.

As coisas que Alice me disse me deixaram um pouco confusa. Será que ele realmente sofreu minha ausência? Será que ele queria mesmo uma chance? Mas foi ele quem disse que eu não era boa pra ele... Quanto mais pensava nisso mais perdida me sentia. Eu havia decidido que meu tratamento com ele seria simpático e distante, como dois parentes que se conhecem a vida toda mas não têm muito em comum. Só que na primeira vez que estava na cozinha, resolvi ouvir um pouquinho de música e a primeira coisa que apareceu na minha lista foi Debussy. Fui transportada pra outro tempo, dentro de um Volvo, quando Edward ainda era um completo mistério. Eu já estava tão apaixonada e nem me dei conta. Saí do meu transe quando me dei conta de que meu coração parecia apertado. Então resolvi mudar pra uma playlist aleatória online que tocava apenas músicas animadas e novas. Sabia que estaria segura, Edward nunca gostou de nada parecido. Me peguei realmente gostando do ritmo envolvente. Então Edward entrou na cozinha. Eu sabia que ele estava ali, mas não estava pronta pra olhá-lo. Se eu simplesmente parasse agora, mortificada como estava por estar dançando no meio da cozinha, ele saberia que recebia um tratamento diferenciado, porque eu teria chamado qualquer outro que passasse por aquela porta pra dançar comigo. Então me dei um tempo ignorando sua presença, pra não fazer nenhuma besteira quando o visse, tipo desmaiar. Vampiros não desmaiam Bella, se toca.

Finalmente olhei pra ele fingindo naturalidade. A ideia era apenas desejar bom dia e sorrir, mas as palavras de Alice voltaram a minha mente. Dê uma chance a ele. Será que se eu abrisse espaço ele se aproximaria como os outros? Talvez nos tornássemos realmente amigos... Seria melhor do que nada, não seria? Quando me vi estava indo até ele e beijando seu rosto, comentando casualmente sobre o que estava fazendo. Será que ele reparou que é minha pessoa favorita no mundo? Se controla Bella. Mas a expressão de Edward mudou para frustrado e ele se retirou mal disfarçando um sorriso forçado.

Ai Bella bobinha. Você realmente não tem semancol né?! Que tonta.

Mas os dias passavam e eu dava essas pequenas brechas, como se fossem casuais. Simplesmente não podia me controlar. Edward parecia cada vez mais reticente. Nem mesmo pelo projeto que todos, incluindo Irina de vez em quando, estavam interessados ele tinha algo a dizer, mesmo quando eu propositalmente sugerira que um piano deveria ser colocado e deixado para livre acesso. Achei que pelo menos dos meus treinos com Eleazar ele faria questão, já que sempre foi o mais frustrado pelos mistérios da minha mente. E quando Jasper e Kate começaram a me ajudar também, e eu o vi sempre por perto, realmente achei que ele finalmente viria. Mas nada aconteceu. Somente os meus bons dias eram aceitos por ele, pequenos momentos corteses e nada mais.

Estava perdida em pensamentos quando Dylan apareceu jogando um pouco de neve em mim.

– Hey Bella, vem cá, aprendi a fazer uma coisa legal. Tire os sapatos.

Eu estranhei, mas Dylan sempre tinha alguma loucura em mente então não questionei. Ele me levou até o lago e começou a deslizar. Era como se estivéssemos patinando. Nossas peles duras não precisavam de patins. Demos as mãos e começamos a girar e eu me senti tão leve, como se estivesse voando. Começamos a rir e eu quase não vi Edward entrando em seu carro. Quase. Também quase não vi quando Tanya o seguiu, entrando no lado do passageiro. Senti gelo penetrar em minha pele, direto onde deveria ter um coração. Somente o sorriso cálido de Dylan foi capaz de aplacar um pouco do ciúmes frio que senti. Muito mais rápido que o habitual encerrei minha atividade com Dylan e, numa atitude muito mais anormal, me tranquei no quarto. Senti a confusão de minha família, acostumada a me ter por perto distraindo qualquer um que estivesse disponível. Eu não conseguia parar de pensar no dia em que Tanya me disse que tinha uma quedinha por Edward. Quedinha nada, um tombo inteiro. Palavras dela. Que me disse isso rindo, aparentemente sem perceber que meu sorriso estava congelado enquanto eu considerava todas as implicações disso. Tanya tem um dom especial para seduzir o sexo oposto, e era malditamente sexy. Eu mesma já a vi em ação algumas vezes e era mesmo impressionante. As horas passaram e eu não podia deixar de imaginar ela e Edward juntos. As mãos de Edward em sua cintura enquanto dançavam. Um convite que ele não recusaria. Ou talvez o convite partiria dele. Onde eles passariam a noite? Quando vi que já quase amanhecia e eles não voltavam, senti meu corpo se esvaziar. Uma vez ouvi um poema que dizia "socorro, alguma alma mesmo que penada, me empreste suas penas, já não sinto amor nem dor, já não sinto nada. Socorro, alguém me dê um coração, que esse já não bate nem apanha. Por favor, uma emoção pequena. Qualquer coisa que se sinta". Eu entendi esse poema agora. Percebi como fui ridícula querendo dar uma chance a Edward enquanto ele estava nos braços de outra. Alice estava enganada, eu estava me enganando.

Vi os dois voltarem pela janela, ele ria, uma risada abandonada. Há quanto tempo não o via sorrir assim? Mas a risada não era pra mim, era pra ela. Sem me conter forcei minha bolha até que ela chegasse nele, como se assim pudesse ter uma parte dele pra mim. Seus pensamentos agora eram sérios, concentrados em Jasper.

O que está acontecendo com ela, não consigo identificar suas emoções...

Ignorando o tom preocupado da cabeça de Edward, o libertei da minha bolha. Não podia usar meus poderes pra invadir a privacidade da minha família.

Fui até o meu violão. Música se tornou minha válvula de escape, e era isso o que eu precisava agora. Me libertar dos meus sentimentos por Edward. Assim comecei tocar uma canção antiga e a cantar bem baixinho, rezando pra que em alguma hora eu voltasse a superfície.


https://www.youtube.com/watch?v=7tJrkJQazIU

Edward

Eu tenho uma queda por uma garota.

Uma canção começou a soar tão baixinho, a voz de Bella tão suave.

Odeio admitir isso, mas tenho um coração acelerado, e não está se acalmando.

Eu já ouvi essa música antes, embora fosse em uma versão country que detestei. Na voz de Bella ficou linda. Linda e triste.

Eu tenho uma queda muito séria, quero tudo o que é dela. Aquele sorriso e aquela risada de meia noite que ela está dando a você agora.

Por quê Bella estava triste? O que essa música queria dizer? Como ela pode invejar qualquer garota?

Eu quero provar os lábios dela, sim porque eles tem o seu gosto. Eu quero me jogar em uma garrafa de seu perfume.

Sem pensar, comecei a subir as escadas, em lentos passos humanos.

Eu quero seus longos cabelos loiros, quero seu toque mágico. Porque talvez então você me queira desse jeito. Eu tenho uma queda por uma garota.

Todos na casa estavam parados apenas ouvindo, e sei pelo teor de seus pensamentos que estariam com lágrimas nos olhos se pudessem chorar, mas não me concentrei realmente neles.

Não consigo dormir, não tenho nenhuma paz pensando nela sob os seus lençóis.

Deus, eu precisava confortá-la. Chega de ser comedido, de esperar. Eu tenho que tirar essa tristeza dela.

A maneira como ela está sussurrando, a maneira como está te puxando. Deus sabe que eu tentei, mas não consigo tirá-la da minha mente.

Eu entro no quarto sem me importar em bater e fico parado a olhando de costas enquanto ela termina a canção. Então ela se vira e me olha, e não me seguro mais. Simplesmente vou até lá e a beijo. Um beijo terno, quase casto. Seguro seu rosto e tento fazê-la abrir os lábios para mim. Sinto que vou explodir se não me conectar com ela agora. Preciso que ela reaja a mim, minha pele está queimando na sua. Mesmo os beijos que demos antes nunca foram assim. Não há mais receios, eu não vou mais machucá-la. Ela já pertence ao meu mundo, não posso mais prejudicar sua alma. Conforme ela se mantém imóvel eu me torno mais agressivo e o beijo se transforma. Coloco a mão no meio dos seus cabelos e os puxo, fazendo com que levante o rosto para mim, e ela finalmente cede. Com um gemido rouco uma de suas mãos está enroscada em meus cabelos me puxando para mais perto e a outra mão está em toda parte apertando minhas costas. Fogos de artifício estão explodindo por todo o meu corpo e sinto a necessidade de tê-la ainda mais perto, o que faço colando meu corpo no dela e a empurrando até que ela deite-se de costas na cama comigo por cima dela. Quando finalmente interrompo o beijo deixando nossos narizes encostados, sinto como se nada mais no mundo existisse além de mim e Bella e aquele momento. Ela me olha como se me visse pela primeira vez, e, de certa forma é assim.

– Tão linda. - Respiro em seu rosto.

E então um barulho vem da porta e nós dois olhamos. Estou puto por terem interrompido meu momento, mas quase sorrio quando vejo quem está na porta. Dylan. Sim! Veja. Ela é minha.

Mas meu sorriso se desfaz quando sinto Bella se mexer embaixo de mim e sua expressão se transforma em horror levando as mãos aos lábios.

– Eu vim ver se estava bem, mas percebo que cheguei tarde. - Ele diz mais pra si mesmo e sai correndo.

Bella está me empurrando.

– Por que é que você fez isso? Olha Edward, eu não sou seu brinquedo e nunca mais serei. - Ela está furiosa, e entendeu tudo errado.

– Bella, espere. - Mas ela já saiu como um furacão.

Não posso perdê-la agora, ainda não conversamos. Não é possível que ela não tenha sentido nossa conexão. Preciso pará-la, ela tem que me ouvir.

Mas Alice se materializa na minha frente e bloqueia meu caminho. Presto atenção em sua mente e percebo o que ela vê. Qualquer coisa que eu faça agora acabará em uma briga estupenda.

– O que eu faço Alice?

– Vá com calma. Parabéns Edward, você é um ator muito convincente, Bella realmente acreditou em você há quase um ano. Agora precisa reconquistá-la. E não vai fazer isso precipitadamente.

Não, não ia. Eu ia brigar por Bella. E ia vencer. Porque disso depende a minha vida.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A caminho de casa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.