A caminho de casa escrita por Liah


Capítulo 4
Surpresas


Notas iniciais do capítulo

Então, postei quatro capitulinhos hoje, e mereço um descanso né? Agora vou dormir. besos besos



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/641735/chapter/4

Bella

– Olá, sou Isabella Swan. Bella. - Disse no que torci para que fosse uma voz firme, mas aparentemente não surtiu efeito nos rostos esculpidos em pedra à minha frente. Tentei de novo - Desculpem aparecer sem avisar, sou recém nascida. Não sabia que era cheiro de vampiro o que eu estava seguindo.

Minha nossa, minhas desculpas pareciam esfarrapadas até pros meus próprios ouvidos.

A mulher morena se adiantou.

– Olá Bella. Sou Carmen. - Apesar de sua beleza quase austera, Carmen tinha um sorriso simpático e um ar materno. - Há quanto tempo foi transformada?

– Uma semana, mais ou menos. - Todos eles ofegaram - Oh! Não se preocupem, não estou fora de controle, nem caço humanos. - Seis pares de olhos me encaravam como se eu fosse uma alienígena.

– Uma semana? - Um dos homens, o mais baixo, e também mais bonito, com um sorriso de covinhas e olhos apertados, perguntou parecendo um pouco desconfiado.

– Sim - mordi os lábios pensando se não estava dando informações demais.

– Meu Deus veem o controle dela? A última vez que vi algo assim foi há mais de 400 anos - O outro homem, de rosto mais severo e um olhar que dizia que via muito mais do que demonstrava, sussurrou praticamente para si mesmo, antes de falar comigo - Disse que não caça humanos, e que está sozinha. Correto?

– Sim, eu... Eu não pretendo caçar humanos.

– Por favor entre, estamos sendo mal educados. Me chamo Eleazar, e Carmen é minha companheira. Essas são suas irmãs, Tanya, Irina e Kate, e nosso amigo Dylan - Disse apontando para as três loiras e o homem que havia falado comigo primeiro. Tanya era uma loira morango espetacular, com um sorriso convidativo e um ar sexy. Irina tinha uma beleza mais reservada e uma expressão distante. Já Kate tinha as feições alegres de uma menina travessa. Sempre me perguntei como seriam as primas de Edward, mas imaginava pessoas mais próximas a beleza fria e estonteante de Rosalie. Certamente nada como o grupo de pessoas completamente diferentes que estava vendo.

E então eu contei toda a minha história pra eles, excluindo apenas meu namoro com Edward, essa parte eles provavelmente concluiriam por si mesmos, e eu não precisaria me ater a lembranças tão dolorosas. Falei sobre os Cullens e as coisas que aprendi sobre vampiros com eles, sobre Laurent, James e Victória e até um pouco sobre os lobisomens e como meu amigo provavelmente intercedeu pela minha vida. Eu não queria contar sobre tudo, mas algo no sorriso de Carmen me fazia pensar que se confiasse nela, tudo daria certo. Quando falava sobre Laurent, Irina rosnou e acho que, se suas irmãs não tivessem intercedido, ela teria arrancado minha cabeça. Tarde demais me dei conta de que Laurent havia passado um tempo por aqui e, com três lindas mulheres solteiras, não era difícil imaginar uma relação entre eles.

Eles pareceram encantados com o meu auto controle e ficou decidido que eu ficaria com eles, desde que mantivesse minha dieta vegana. Me deram um quarto muito bonito com vista para o lago e disseram que eu poderia decorar da forma que quisesse. Tanya, que parecia ser a mais atrevida de todas me chamou para comprar roupas e, uma vez que eu realmente não tinha nada e que a eternidade se estendia a minha frente, não me importava em gastar algum tempo com a minha aparência.

Dois dias após minha chegada estava na sala copiando os movimentos de Dylan no violão.

– É incrível como é fácil aprender isso agora - Me lembrei das tentativas frustradas de minha mãe tentando aprender e me ensinar os vários instrumentos pelos quais se interessou ao longo dos anos. Tudo é fácil com a minha nova mente.

– Das vantagens de se ter um super cérebro - ele disse de maneira brincalhona e bateu de leve uma almofada na minha cabeça. Era fácil estar com Dylan, eu me sentia quase... humana.

Dylan foi o mais receptivo a mim, além de tocar violão, tinha ido caçar comigo no dia anterior e me ensinou a caçar com classe, sem fazer aquela sujeira toda que eu fazia até então. Na volta apostamos corrida até o lago, e, apesar dele ser muito rápido, minha condição de recém nascida me deu vantagem através da força extra que o sangue humano no meu corpo permitia e eu ganhei. Saí rindo e então parei quando senti uma bola de neve nas minhas costas pensando em como iria me vingar. Mas antes que eu tivesse tempo para pegar um punhado de neve, Dylan me atacou e quando dei por mim estávamos escorregando pelo lago e caímos rolando um por cima do outro, rindo como duas crianças.

– Peguei você - ele disse quando finalmente paramos de rolar e eu acabei por baixo dele. Senti o peso do olhar dele mudando o clima sutilmente e me levantei de maneira quase brusca. Não. Eu ainda não estava pronta para isso. Não quando olhar para aqueles olhos dourados me lembravam as vezes em que me perdi em outro par de olhos da mesma cor. Fiquei feliz quando Dylan me deu espaço e não questionou nada.

Agora, enquanto tocávamos, eu percebi Eleazar muito mais atento a nós do que em sua leitura. Muito mais atento a mim, na verdade.

– Bella, já tentou explorar seu poder?

– Meu poder? - Fiquei confusa, até então nada de diferente aconteceu comigo, a não ser um auto controle fora do comum.

– Sim. Eu achei desde o começo que você é um escudo, e um bastante poderoso, mas há mais. Não consegue sentir?

Oh! Claro! Eleazar me contou brevemente que fez parte da guarda dos Volturi porque conseguia adivinhar os talentos especiais de outros vampiros e o talento potencial dos humanos.

– Bem, um escudo faz sentido, já que Edward nunca conseguiu ler meus pensamentos quando eu era humana. - As palavras morreram em minha boca quando me dei conta das lembranças que estava evocando, mas Eleazar não pareceu perceber.

– Um talento manifestado de forma tão clara enquanto ainda humana é muito raro... Bella, por que não tenta imaginar seu escudo? Ele está naturalmente em volta da sua mente, tente enxergá-lo, tente tocá-lo.

Como eu poderia tocar algo que estava na minha mente? Não fazia sentido.

– Feche os olhos Bella, esvazie sua mente, concentre-se.

Eu obedeci, tentei parar de escutar todos os sons ao redor, ignorar os meus instintos que me diziam para jamais baixar a guarda assim e, finalmente, eu podia ouvir, ou melhor, sentir um zumbido. Quase como um elástico de eletricidade. Meu escudo. Eu o alcancei. E então comecei a puxá-lo. Senti uma dor de cabeça a princípio, parecia impossível tirá-lo dos limites da minha cabeça, mas então ele saiu. E era como se eu pudesse enxergá-lo, como uma bolha transparente, e sua resistência se quebrou. Pude cercar Eleazar com ele, e depois Dylan, que eram os mais próximos e então toda a sala. Quando estavam todos dentro do escudo a atmosfera mudou completamente. Eu podia sentir a sensualidade da Tanya e a eletricidade de Kate, sentir realmente. Não como algo delas, mas como se estivesse no meu corpo, como se eu estivesse produzindo aquele poder. Havia mais que isso, mas era muita informação pra eu me concentrar de uma vez, então foquei em Kate. E foi um erro. Uma onda de choque passou por todos dentro do escudo e todos foram ao chão. Meu elástico voltou ao seu formato original e estalou como um estilingue. Abri os olhos e encarei aquelas pessoas que haviam me acolhido. Por um momento vi apenas medo estampado em seus rostos, medo e preocupação. Mas então prestei mais atenção e reparei em Tanya, que sorria, como se tivesse fazendo um brinde à vitória, e Dylan cujo rosto demonstrava uma admiração que beirava a adoração. E havia, é claro, Eleazar, que estava exultante e soltou uma sonora gargalhada.

– Que surpresa! Que grata surpresa! Há tanto tempo não descobria um talento tão potente. Você não tem um escudo. É claro que seu dom te protege, mas é porque o seu poder é sobre manipulação. Você manipula as outras mentes, e não só manipula, mas também amplifica. Kate nunca foi capaz de ferir mais de uma pessoa ao mesmo tempo. Ahhh, as possibilidades! Vai me deixar treiná-la, não vai querida?

Ele parecia uma criança na manhã de natal, e eu era seu novo brinquedo grande e brilhante. Mas não sentia interesses escusos em Eleazar, apenas a real satisfação por ter encontrado um dom novo e poderoso e a vontade de vê-lo crescer. Então concordei. Até porquê estava muito satisfeita por finalmente me sentir poderosa. Há! Ponto pra Bella.

Tanya se adiantou.

– Oh querida, venha, vou te arrumar. Iremos à um pub que adoro. Precisamos comemorar a sua entrada à família. Principalmente agora que sabemos que você é provavelmente o vampiro mais poderoso existente.

– Não exagere - eu disse envergonhada, mas acho que Tanya não ouviu, porque já estava me puxando pro seu quarto.

Ela escolheu um vestido de inverno em tom de vinho que ia até o meio das coxas, com mangas compridas e um decote em formato de coração na frente e fechado atrás. Era colado até a cintura e então uma saia godê finalizada com uma fina renda preta na barra que dava um quê sensual clássico que eu adorei. Os saltos altos pretos fizeram minhas pernas parecerem mais longas e a maquiagem mais pesada pra noite me deram um ar mais velho. Me olhei no espelho e quase não me reconheci. As lentes que coloquei deixaram os meus olhos castanhos, e era mais fácil de encarar do que os vermelhos sangues que vi quando me troquei naquela loja quase três dias atrás. Me senti bonita, na verdade linda, pela primeira vez na minha vida. Não pude deixar de me perguntar o que Edward pensaria se me visse assim... Não! Não posso pensar assim agora. Fui apenas uma distração para Edward. Um desafio por causa da minha mente fechada. Sou grata pelo tempo que ele me deu e, mesmo que ele me visse nessa vida, eu jamais o importunaria. Edward é passado.

Dylan e Kate também foram ao pub. Carmen e Eleazar não foram porque, obviamente, preferiam passar seu tempo sozinhos, e Irina ainda era bastante avessa a minha presença, e eu não podia culpá-la. Era a minha primeira vez em um ambiente como aquele e me perguntei por que foi que perdi tanto tempo me recusando a sair de casa quando havia um mundo muito mais divertido lá fora?

– Oh por favor, você precisa responder quando um homem tenta te seduzir.

– O quê? - Tanya estava ao meu lado me encarando com o sorriso mais sexy que já vi na vida e piscou para uma mesa perto de nós. Dois amigos levantaram seus copos de cerveja. Eu estava tão distraída com o ambiente que nem reparei nos dois. E agora que Tanya havia dado a chance, eles estavam se aproximando.

– Oi, posso te pagar uma bebida? - Droga, o quê que eu respondo? Achei que minha pior preocupação seria evitar a aproximação dos humanos porque tinha acabado de perceber que Tanya não tinha o menor senso do perigo. Mas o líquido em seu copo, e na verdade em todos os copos, era simplesmente repulsivo. Claro, eu não sou humana. Mas Tanya me salvou.

– Vem Bella, vamos dançar.

E eu fui. Eu. Bella Swan. A garota de dois pés esquerdos. A que toma mais tombos em um mês do que uma pessoa comum a vida toda. Estava dançando. O ritmo era contagiante e eu me deixei levar imitando o que Tanya fazia. A dança era muito mais ousada do que o que eu normalmente faria mesmo sem a minha falta de jeito e, pra minha total surpresa, eu estava adorando cada minuto. Os homens que nos abordaram e vieram atrás da gente estavam realmente excitados, e eu resolvi provocar o meu parceiro um pouco, dando um olhar lascivo sob o ombro e o chamando pra dançar mais perto. Mas quando olhei pra trás, não era o homem do bar que estava comigo e sim Dylan.

Dylan grudou na minha cintura e nós começamos a dançar juntinhos. Nossos corpos se conectaram como se fossem feitos para aquilo. E em algum momento eu ouvi "isso é fodidamente sexy" o que me fez rir e rebolar ainda mais. Ele me girava e me pegava de novo, e eu me senti no céu. Era a primeira vez em muito tempo que o passado não importava.

Fomos pra casa já quase de manhã. E quando estávamos perto chamei Dylan para ir caçar. A noitada esgotou todas as minhas reservas de auto controle e, pra ser honesta, eu queria passar mais tempo com o sorriso fácil de Dylan e aquele flerte velado que surgiu desde que caímos no gelo na última vez.

– Oh bem, divirtam-se - foi Tanya quem disse e Kate deu vários risinhos deixando claro o que pensavam sobre nossa caçada. E, já que as surpresas não paravam de acontecer, eu não estava nem um pouco preocupada com o que elas pensavam.

Assim como foi há dois dias, nós rimos e brincamos como crianças enquanto caçávamos, e dessa vez, quando apostamos corrida na volta eu o deixei ganhar, apenas para ser eu a pegá-lo. Mas ele foi mais esperto.

– Te peguei outra vez - E eu ri num misto de frustração e diversão. E quando o clima mudou, eu não me importei. Fechei os olhos e me senti ansiosa em antecipação. Só que quando fechei os olhos, me concentrei melhor na casa. Havia outros cheiros lá. Eu pulei e Dylan me olhou confuso.

– Eles não estão sozinhos.

Saímos correndo, o senso de preservação e de proteção por aqueles que eu já considerava minha família falando mais alto.

Mas eu estaquei assim que passei pela porta.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Genteee, quem quer encontro bafão Bella&Edward no próximo capítulo?? *Ansiedade oie*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A caminho de casa" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.