A caminho de casa escrita por Liah


Capítulo 3
Viagens




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Alice

Eu prometi não procurar vê-la. Isso não significava que as visões não ME encontravam. Edward teimoso. Cada e-mail que eu via me cortava o coração. Pode dizer o que quiser, meu coração não bate mais há bastante tempo, mas existe e se parte. Ele me proibiu de entrar em contato com ela, é claro, não é ele que a vê definhar. Edward insensível. Sempre amei meu irmão, mesmo ele sendo cabeçudo como é, nós nos entendemos. É por isso que me meto em sua vida. Me preocupo ué e, além disso, quem mais resolveria os problemas dele, já que ele não tem o menor senso de auto preservação. E ele ainda me chama de xereta. Edward mal agradecido. Mas, olha, vou te contar, eu sei que prometi respeitar o tempo dele, até porque, tenho certeza que ele vai voltar atrás, eu já vi, Bella será uma de nós, mas estou quase mandando tudo pras cucunhas e indo atrás da Bella. E depois vou atrás do Edward e vou trancá-los juntos até que tudo se resolva. Eles se amam, porque é que não pode transformá-la e viverem felizes para sempre, como eu e o Jaz? Que coisa.

E quando vi Charlie morrer... Fiquei tão triste. Se estivéssemos lá eu poderia ter evitado. Mas não estamos. Contei ao Edward, pedi, implorei, para me deixar ir vê-la. Mas ele não deixou. Argumentou que ela é humana, e humanos lidam com a morte o tempo todo. Faz parte da existência deles.

– Ah é?! E você? Ta pronto pra lidar com a morte dela quando a hora chegar? EU NÃO ESTOU! - e bati o telefone na cara dele. Esperei que ele me ligasse. Mas ele não quer falar comigo, quer ficar longe de todo mundo sofrendo como o bom masoquista que é. humpf.

Eu vi quando ele foi até ela, e achei que finalmente tinha colocado um pouco de juízo na cabeça. Mas não. Nada mudou. Edward estúpido.

– Está um poço de ressentimento ultimamente querida - era Jaz. Estou tão distraída que nem percebi quando ele chegou.

– Olha essa família Jaz! Está todo mundo chateado. Ta tudo incompleto. E eu sinto tanta, tanta falta dela. Ela é minha melhor amiga, não é justo. - Funguei fazendo biquinho e aí vi a proposta que ele veio me fazer - Oh! Sim! Será maravilhoso! Dois meses em Paris! O tempo está perfeito, quase não teremos sol. Será tão romântico.

Eu ri feliz e o beijei. Saí dando pulinhos animada com a distração a vista!

– Rosalie!!! Saia já de baixo desse capô e ven... - E então ofeguei com a nova visão.

Bella caindo. Laurent atrás. E confusão. Como se alguém estivesse ligando e desligando minhas visões. E então clareou de novo. É Bella mais uma vez, mas está diferente. Oh meu Deus, seus olhos. Ela foi transformada, e está sozinha. Correndo desesperada por uma floresta que não conheço.

– Alice! Alice! - É Jasper, finalmente me foco no presente - Querida se acalme.

Todos estão parados esperando, mas eu preciso é de Edward.

– UM TELEFONE! ONDE ESTÁ O MALDITO TELEFONE!

Edward

Oito meses.

Oito.Longos.Meses

Malditamente longos.

Achei que estava no purgatório. Bem, se eu estava, acabei de pular direto pro inferno. Como é que pode haver penitencia maior que essa?

Eu estive no paraíso, finalmente senti que havia mais dessa vida pra mim. Finalmente fui feliz, realmente feliz. Achei que, de alguma forma, minha alma pudesse ser devolvida. Eu já devia ter aprendido. Bella é muito boa, muito pura para estar perto de mim. Sempre seria um risco pra ela. Não adiantava nada fingir que era seu protetor, estava apenas adiando o inevitável. O fim esteve apenas a espreita, acenando logo ali com um sorriso de escárnio nos lábios. Um monstro. Isso é o que sou. Isso é tudo o que sou. Seduzir Bella apenas acrescentou mais um pecado à minha já extensa lista.

Estive todo esse tempo lutando com a ausência de Bella, sendo perseguido por Alice que alimentava minha culpa por fazer minha família sofrer e minha ânsia de vê-la.

Fui até ela quando soube sobre Charlie, não aguentei. Queria consolá-la. Mas aí a vi abraçada a Jacob no enterro. Senti um ciúmes assassino daquele muleque idiota que ousou chegar perto da minha Bella. Mas que direito eu tinha de sentir ciumes? Bella não era mais minha. Eu a deixei e abri espaço para que outro a levasse.

A dor do pensamento de Bella nos braços de outro é tão insuportável que sinto, pela primeira vez em um século, a necessidade de respirar. É como se estivesse me afogando.

Foco Edward, foco. Sua meta é caçar Victória e garantir a segurança de Bella.

Depois.Não.Vai.Procurá-la.

Vou passar o resto dos meus dias lambendo minhas feridas e rezando pra que ela seja feliz.

Soltei um palavrão quando ouvi o telefone tocar. De novo. E, oh que surpresa, era Alice. De novo. Caramba, já pedi pra me deixar em paz.

Mas ela estava realmente insistente hoje, e tive medo de que algo tivesse acontecido com a minha família.

– O que é Alice?

– Edward, é Bella.

Fiquei imediatamente alerta ao ouvir seu nome.

– O que aconteceu?

– Ela é uma de nós.

Bella

Eu corri, corri até perder a noção da hora e do dia. Não podia parar. Meu corpo não se cansava mas eu sabia que se chegasse em qualquer lugar remotamente perto de humanos meu auto controle já era. E eu não podia me tornar um monstro. Carlisle me disse uma vez que são nossas escolhas que importam, é isso o que define nossa essência. E eu acredito nele. Não sou um monstro porque me tornei vampira. Não seria justo ser condenada por algo que não tenho controle.

Charlie não merece uma filha monstro, portanto estou fugindo de humanos até que me sinta no controle o suficiente. Caçar seria bom. A queimação na minha garganta é muito maior que qualquer sede que já senti, preciso achar um animal logo. Mas como? Meus sentidos, embora aguçados, estão todos embaralhados. Não reconheço cheiros, ou passos. Tenho medo de ser um humano desavisado e não confio em mim mesma para me permitir caçar.

Tento me lembrar do que os Cullens me disseram sobre isso, mas eles sempre me contaram tão pouco sobre sua forma de se alimentar, e é irritante tentar cavar minhas memórias humanas. Está tudo tão confuso e borrado, é como se eu olhasse uma fotografia desfocada.

Tenho medo de perder quem sou. Sem minhas memórias e sozinha, como farei pra não me deixar guiar pelos instintos mais fortes, e horríveis, que estão em mim agora.

Mas ainda existe algumas coisas que sei. Princípios que meus pais me ensinaram. Sim, é muito mais fácil me guiar por minha personalidade que por minhas memórias. E eu escolho ser alguém bom, escolho usar a eternidade para fazer o bem, para amar, para cuidar de alguém. Quem sabe até não aparece um companheiro para mim.

E assim, me sentindo mais leve, consigo ouvir passos surdos em algum lugar a minha direita. Está a alguns quilômetros, mas sei que é animal, é muito pesado para ser humano, e há mais de dois pés sincronizados. Corro em sua direção. Um veado. É um nobre animal parado a minha frente. Sua atenção subitamente alerta por algum sentido que o avisou que o perigo está por perto. E o perigo sou eu, quase rio com essa constatação. E teria mesmo rido se não tivesse ouvido seu coração, sentido o cheiro do sangue que corre em suas veias e minha boca não tivesse enchido de água. Hum, não, a água não tem esse gosto. Isso é veneno. Me foco num ponto de fácil mordida e o ataco.

Cinco dias nessa floresta, é esse o tempo que passo aprendendo a caçar e testando os limites da minha velocidade. Se há algum poder em mim, ainda não apareceu. Minhas roupas estão um desastre e meu cabelo não deve estar muito melhor. Sinto falta da minha antiga vida. Preciso encontrar um propósito. É possível para outros vampiros, eu sei. Posso tentar me estabelecer em um lugar também.

Então paro e procuro ouvir os novos sons. Ouço pássaros agitados por perto, e aves maiores voando mais alto. Ouço passos rápidos de perninhas curtas, provavelmente coelhos ou esquilos, e então, buscando mais longe, ouço o som de motores. Carros. Vou para aquela direção, mas quando estou perto congelo. Há mais que sons de motores. Há sons de batidas, corações. Sangue pulsando por toda parte e sinto um rosnado brotar em mim. Praticamente me jogo na direção dos sons, o que estiver mais próximo, não importa. Sou rápida, ninguém me verá. Mas então, percebo qual é o som mais próximo.

Um garotinho, no máximo seis anos. Ri tão feliz, tão alheio ao perigo que corre. Estou em frente a um orfanato, vejo pelos portões de ferro várias crianças brincando em um parquinho. O garotinho que eu nem sabia que estava perseguindo me vê e acena. Ele é tão lindo. Como pude pensar em tirar sua vida? Acabar com sua risada tão preciosa? E o adulto que ele se tornará? Talvez, se torne um médico e salve muitas vidas. Talvez use uma das outras milhares de formas que há para salvar vidas. Talvez ele simplesmente faça alguém feliz.

Não, preciso me manter firme. Saio dali e invado uma loja. Me dou conta de que estou no Alasca e que minhas roupas, mesmo que não estivessem imundas, seriam facilmente notada por sua leveza. Preciso me misturar, então roubo rapidamente algumas peças e me troco, dando fim em uma lixeira qualquer em minhas roupas originais. Quando estou quase saindo da loja sinto um cheiro diferente. Não é atrativo como o dos animais ou, Deus me livre, dos humanos, mas também não é repulsivo como o cheiro de Jacob.

Ignorando a tristeza que sinto ao pensar no garoto que nem sei mais se é meu melhor amigo, sigo o cheiro até uma casa muito mais isolada que a maioria. Uma enorme casa flutuante construída sob um lago congelado, toda feita em madeira. Linda, gritando luxo e conforto. E de repente sinto perigo.

Vejo seis vampiros. Quatro mulheres loiras e uma morena e dois homens morenos. Me concentro em ser amigável e tentar me livrar do perigo que deve ser ter um vampiro invadindo seu território, mesmo sendo novata, consigo sentir a animosidade. Mas então sinto uma pontada aguda no peito quando reparo em seus olhos. Um tom dourado, como ouro líquido. E finalmente entendo quem são. Estou em frente aos Denali.


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